Editorial
No próximo dia 16 de junho, a Lowndes & Sons S.A. completa 77 anos de existência, na quinta geração da família. Leia mais sobre a história da empresa e suas constantes inovações no Espaço Lowndes.
Ao chegar em casa, queremos paz e sossego, porém a cada dia mais somos “invadidos” com os mais diversos tipos de poluição sonora. Leia na matéria “Barulho Consentido?” como agir e defender seus direitos.
Nada como um lindo e bem cuidado jardim para contemplar e valorizar ainda mais o condomínio! Conheça as experiências de síndicos que tiram bom proveito desta área nobre!
Conheça ainda a jornada do síndico do edifício Patrícia para tornar o condomínio uma referência no tradicional bairro do Méier.
Boa leitura!
Espaço Lowndes
Lowndes 77 Anos: Empreendedora de Geração em Geração
Estudos de organismos nacionais e internacionais demonstram que as empresas familiares são as que mais têm se mantido ativas por mais tempo e, entre elas, as melhores qualificadas são as que se mantêm empreendedoras, inovando sempre, acompanhando os movimentos da sociedade.
Se, apesar do colapso das grandes corporações mundiais, existem ainda muitas empresas focadas apenas em maximizar o lucro a qualquer preço, estas organizações familiares avançam, concentrando energia em fazer bem feito, em fazer o bem e contribuir de modo significativo buscando valorizar o seu lugar no mundo. Perpetuam-se produzindo bens e serviços para a melhoria da qualidade de vida das pessoas.
Ao completar 77 anos, no próximo dia 16 de junho, a Lowndes comemora com clientes, parceiros e amigos esta que é a sua história. Na sua duradoura e fecunda relação com o mercado carioca de administração de imóveis, é reconhecida como empresa que sempre prezou o bem servir.
Esta história é, em muito, acompanhada através dos meios de comunicação em que a empresa vem investindo quase desde a sua fundação, a fim de estreitar o relacionamento com seus diferentes públicos. Para a Lowndes, a comunicação é um meio de oferecer um serviço a mais para o mercado: a informação útil.
Entre as mídias mais recentes, a empresa passou a utilizar-se do QR Code, o código de barras que permite acessar conteúdos complementares por meio do celular. Com ele, é possível carregar automaticamente uma página na web ou enviar uma mensagem ou um e-mail para um departamento da empresa, por exemplo. Modernidade absoluta em tecnologia da comunicação, o QR Code visa a oferecer facilidade no acesso a informações relevantes para as pessoas.
Entre as mídias mais tradicionais, a empresa segue corn a sua revista bimestral, a Lowndes Report, que debuta, completando 15 anos de relacionamento estreito e proveitoso com síndicos, fornecedores, representantes das entidades reguladoras do setor e autoridades dos órgãos públicos — cada vez mais interessados nos condomínios.
Para a empresa, manter-se presente na vida cotidiana das pessoas é uma maneira de deixar claro a seus clientes que eles poderão contar com a Lowndes sempre, com os seus serviços e o seu bem servir.
Barulho Consentido?
Reclamações aumentam e desequilibram queda de braço entre fontes de ruído e incomodados.
Carro da pamonha, carros de competição de som, bares, eventos de rua, o salto da vizinha de cima, o ar condicionado do hotel ao lado. Em meio à divulgação de dados que colocam o barulho em primeiro lugar no ranking de reclamações do carioca, fica a pergunta: a quem recorrer nos diferentes casos? Saber com quem reclamar pode fazer a diferença. Da mesma forma que persistir na busca por, ao menos, reduzir o desconforto.
Foi o que fizeram os moradores vizinhos de um hotel em São Conrado. Tanto reclamaram do aparelho de ar condicionado do estabelecimento que os administradores tiveram que tomar providências. Primeiro instalaram tapumes, como forma de proteção acústica. Como isto não resolveu o problema, os vizinhos continuaram a reclamar e o hotel contratou um serviço de engenharia para trocar o aparelho, de 13 toneladas, de lugar. A expectativa é de que, com o remanejamento, o ruído diminua. Os vizinhos aguardam, prometendo continuar atentos e insistentes em sua reivindicação.
Casos como este são cada vez mais comuns.
David Gurevitz, engenheiro mecânico que vem desenvolvendo pesquisa sobre poluição sonora, já produziu laudos para situações semelhantes. Ele conta que, em um deles, um condomínio conseguiu levar um albergue vizinho à justiça, com uma ação de obrigação de fazer cessar o dano, no caso o excesso de barulho.
David Gurevitz, engenheiro mecânico que vem desenvolvendo pesquisa sobre poluição sonora, já produziu laudos para situações de conflito.
“Visitamos o condomínio diversas vezes para fazer medições e avaliar o nível de ruído, de acordo com a legislação. Com o laudo ficou comprovado o desrespeito”, afirma.
Segundo dados do Disque Denúncia, o barulho ocupa a 3ª posição no ranking dos assuntos mais denunciados. As principais queixas são contra bailes, obras e templos religiosos. O anonimato é um princípio do serviço e o órgão não tem como saber quem está fazendo as denúncias, que são enviadas em seguida para a polícia. Sem maiores dados, são apenas números. Fornecidos os endereços, a polícia vai até o local e solicita que o proprietário diminua o volume.
As principais queixas são contra bailes, obras e templos religiosos. O anonimato é um princípio do serviço e o órgão não tem como saber quem está fazendo as denúncias, que são enviadas em seguida para a polícia.
Incomodados que reclamem
O Órgão enfatiza a importância de o denunciante informar o endereço completo e pontos de referências do endereço, o que funciona no local e quem é o responsável pelo local, que tipo de barulho produz e com que frequência.
A Secretaria Municipal de Meio Ambiente — SMAC, por meio da Central de Poluição Sonora, que recebe queixas no portal 1746, reforça a orientação. Segundo a sua assessoria de imprensa, a população, por vezes, busca ajuda junto a órgãos que nada podem fazer diante do problema. “Se o problema ocorre em um condomínio e ligam para a Secretaria no meio da madrugada, esta em nada poderá ajudá-los”, informa.
Ela segue detalhando: “No condomínio, deve-se buscar no regulamento as possibilidades de realização de eventos, horários, limites e punições. Se o barulho vem do entorno, deve-se acionar a polícia, por meio do telefone 190; ela irá até o local e pedirá a redução do volume. Só quando o barulho for continuado que a Secretaria interferirá”.
A SMAC pede que, ao ligar, o denunciante forneça data e hora da ocorrência e o endereço completo. “Para que possamos ir até o local aferir os ruídos, precisamos destes dados”, completa.
No Rio, a população conta com a Lei n° 3.268, de 29 de agosto de 2001, que fala sobre a proteção da coletividade contra a poluição sonora, garantias para não calar diante de abusos. E é com base nos parâmetros ali estabelecidos que as ações dos órgãos podem ser empreendidas.
População unida para ganhar voz
Horácio Magalhães, presidente da Sociedade Amigos de Copacabana, afirma que os órgãos públicos não têm por hábito ouvir a população antes de decidir pela permissão para realização de grandes eventos nos bairros, muitas vezes fonte de grande desconforto pelo excesso de barulho produzido. “Na maioria das vezes, não somos ouvidos, nos fazemos ouvir pela demanda dos moradores”, afirma.
Horácio Magalhães Gomes (de terno, no centro), em reunião no Conselho Comunitário de Segurança de Copacabana e Leme, com a presença das autoridades de segurança da região.
Ela cita a parada gay, cuja organização passou a contar com a participação da Sociedade. “Há dois anos soubemos do local e da hora em que iam se reunir e fomos até 1a. Foi positivo, pois no ano seguinte já nos convidaram”, conta. O resultado desta participação foi o estabelecimento de duração do evento e a orientação para que os trios elétricos reduzam o volume das caixas de som viradas para os prédios.
“Não dá para impedir que os eventos aconteçam. Alguns são importantes para a cidade, mas dá para buscar mitigar os danos”, diz Horácio. No bairro, reduto de megaeventos, os moradores encontram na sociedade um meio de dialogar com a Prefeitura. “No show de Steve Wonder no Natal, nos posicionamos contrários, mas, se não conseguimos impedir, ao menos conseguimos que estabelecessem um esquema especial para o trânsito. Sabemos que agimos no limite do possível, mas é importante não ficarmos calados”, conclui.
Medir é o primeiro passo para buscar solução na Justiça
Segundo David Gurevitz, para a medição dos níveis de ruídos, são seguidas as determinações da Lei Municipal N° 3.268 de 29/08/2001, alterada pela Lei N° 3.342, de 28/12/2001, e, em especial, as do Decreto Municipal N° 29.881, de 18/09/2008 no seu Regulamento n° 2 — Da Proteção Contra Ruídos. “Os níveis máximos permitidos — medidos na unidade Decibel, dB(A) — são enquadrados por horário, diurno e noturno, e pelo zoneamento da cidade”, explica.
A medição de emissões sonoras é feita a, no mínimo, 1,50m de onde está ocorrendo o ruído, ou no recinto onde é percebido o incômodo. “Buscar meios de fazer cessar ou reduzir é fundamental, pois, dependendo da sua intensidade, o barulho pode causar danos irreversíveis aos seres humanos”, alerta.
Segundo a OMS — Organização Mundial da Saúde, o limite tolerável ao ouvido humano é de 65 dB, pois são comprovados danos ao nosso organismo já a partir daí. Com ruídos acima de 85 dB, há risco de comprometimento auditivo definitivo.
Jardins
Item importante na valorização dos imóveis, o jardim depende de cuidados especializados.
O Edifício Moretto, na Barra da Tijuca, com amplo jardim em sua entrada, contou por 11 anos com um jardineiro excepcional. O dom, a dedicação e o conhecimento do profissional permitiam a manutenção das plantas do projeto paisagístico sempre impecáveis.
Quis a sorte, ou a má sorte para o condomínio, que ele se formasse pastor, deixando de vez a profissão de jardineiro. “Foi quando começamos a frustrante busca por alguém que o substituísse à altura”, conta a síndica, Duleina Bacelar Duarte. Ela considera que o jardim é um dos itens que mais valorizam um prédio, sendo, junto com a fachada e a portaria, um cartão de visitas do condomínio e, por isto, não é possível abrir mão dos cuidados que ele exige.
Duleina Bacelar Duarte, síndica do Edifício Moretto.
Foi por isto que, depois de várias entrevistas infrutíferas, a síndica resolveu experimentar terceirizar o serviço. “A empresa começou no final de janeiro por um período de experiência de três meses, mas já estamos decididos a ficar com ela”, adianta. A opção representou uma diferença nas despesas. Houve redução na folha de pessoal e também no custo com material, já que é a empresa quem fornece herbicidas, adubos, máquinas e tudo o mais que precisa para executar a manutenção do jardim.
Encontrar bons profissionais é um desafio até para quem é do ramo. O paisagista Marcelo Beltrão Ávila, à frente de uma empresa que presta serviços de jardinagem há 20 anos, diz que ter uma boa equipe é cada vez mais difícil. “A falta de profissionais exige que a empresa prepare os empregados em serviço para atender aos clientes”, conta.
Encontrar bons profissionais é um desafio na área da jardinagem.
Se a terra não for afofada de tempos em tempos, vira um torrão sem nutrientes capazes de manter viva e saudável as plantas.
Complexidade e falta de mão de obra qualificada encarecem
Um olhar superficial para o serviço e pode-se pensar que cuidar do jardim é algo simples. O síndico do Solar de Laranjeiras, em Laranjeiras, De Sordi Roncetti, descobriu que não é bem assim. Ele já assumiu com o problema no jardim, que estava com plantas em desarmonia com a fachada e fechando a visão da portaria.
“Levei a ideia aos moradores e formou-se uma comissão para cuidar do item jardim. Achei que isto resolveria”, conta. Mas os orçamentos feitos surpreenderam. O Solar de Laranjeiras tem um jardim que circunda o prédio, mas fica em uma área verde, cujos fundos seguem floresta adentro até Santa Teresa. “Só para a área em volta do prédio tivemos orçamentos de 18 a 30 mil reais, valores incompatíveis com as nossas condições naquele momento”, lembra.
Foi quando consultou a empresa que atende a um prédio vizinho, que aceitou oferecer apenas a mão de obra, ficando a cargo do condomínio a compra das plantas e dos insumos. “Em 3 meses estava tudo pronto e com custo possível para a gente. Mas nos surpreendeu a complexidade do trabalho e das necessidades para a realização do serviço”, afirma.
Depois do projeto realizado, o condomínio contratou a empresa para manutenção do jardim. “Ainda trocamos com ele, de tempos em tempos, o projeto paisagístico para que o jardim esteja sempre valorizando o prédio. No final, foi bom para os dois lados”, destaca.
Empresas de manutenção de jardins oferecem serviços para condomínios de todos os portes
As empresas oferecem uma gama de serviços para os condomínios, desde a manutenção de jardim até a criação de projeto paisagístico. Dentre os serviços básicos estão o corte de grama, a poda das plantas ornamentais, a adubação do solo, o controle de pragas e a aeração do solo.
Elas precisam ter um engenheiro responsável e um paisagista. Marcelo é de uma família de profissionais, pai, mãe e ele tem curso de paisagismo e especialização no setor, além de longa experiência no mercado. Um fator que deve ser considerado na escolha da empresa. “Um sujeito de bicicleta, com uma máquina de cortar grama nas costas, pode oferecer um serviço tipo de jardineiro, nunca o que a área, as plantas e o condomínio de fato precisam”, afirma.
O preço pode ser estabelecido por diferentes critérios e variam muito, podendo ser por metro quadrado, custo item a item ou serviços personalizados.
O atendimento, na orientação do condomínio sobre as peculiaridades do serviço, é fundamental. A necessidade de aeração do solo é um exemplo. Se a terra não for afofada de tempos em tempos, vira um torrão sem nutrientes capazes de manter as plantas vivas e saudáveis. O corte de grama envolve necessariamente um controle de tiriricas. Embora elas não sejam pragas, mas um tipo de planta semelhante a grama, ela deixa um gramado feio cheio de tufos. “O síndico ou porteiro chefe não tem como saber destes detalhes”, explica.
Paisagista Marcelo Ávila atento aos cuidados com os jardins.
Poda de árvore, um caso à parte
A poda de árvores é um dos itens que mais exigem atenção. “Síndicos por vezes nos questionam, dizendo que é só um galhinho, que não custa a gente cortar. Mas não é tão simples”, adverte, explicando que a poda tem legislação própria – Código de Obras da Cidade (Lei 3.800/70) e Lei de Crimes Ambientais (Lei 9.605/98) -, que prevêem multas altas por descumprimento.
O serviço só pode ser executado por pessoa ou firma credenciada após a abertura do processo pelo condomínio na Fundação Parques e Jardins (FPJ). O diretor de arborização da FPJ, Flávio Teles, esclarece que a Fundação indica um técnico para realizar uma vistoria e só depois o órgão emite o documento necessário para que a empresa credenciada execute o serviço. “As autorizações são dadas quando a danos reais à planta, como quando apresentam partes podres, ou quando elas representam risco de queda ou interferências na fiação elétrica, por exemplo”. O diretor destaca, ainda, que a autorização é importante porque resguarda o condomínio de responsabilidade caso ocorra algum acidente com um profissional durante a feitura da poda.
Irrigação representa economia de água
Ter um empregado no prédio para a regra pode representar um custo a mais para o condomínio também na conta de água. Para resolver o problema, projetos de irrigação automatizados, garantem economia. Isto com uma correta rega, de acordo com a necessidade de cada planta e da sazonalidade. “A irrigação é feita por setor e pode variar para atender às especificidades da planta, no inverno ou no verão. Isso representa economia de água e jardim sempre bonito, em qualquer época do ano”, explica Marcelo. Uma novidade no mercado é o Dry Water, um gel cuja fórmula é feita com 97,85% de água, 2% goma vegetal e 0,15% sulfeto de alumínio. As bactérias do solo quebram os ingredientes do produto, que volta ao estado líquido, sendo absorvido diretamente pelas raízes da planta. Essa liberação ocorre de forma lenta, permitindo uma aplicação de 30 dias, na embalagem perfurada, a 90 dias na embalagem fechada, apenas com uma abertura em sua base. “O produto é 100% biodegradável e mais indicado para irrigação temporária ou suplementar. Para irrigação definitiva somente para vasos, jardineiras ou plantas isoladas”, explica.
Hortaliças e temperos ganham terreno
Com o movimento por uma vida mais saudável, cresce o apreço pelo cultivo de alimentos orgânicos e, com isto, as hortas passaram a contar cada vez mais com o interesse dos moradores. Seu cultivo, no entanto, é mais delicado. Iluminação, vento, regras e tudo ou mais que afeta as plantas tem poder de dando maior sobre as hortaliças.
“Não dá para ter uma horta apenas para contemplar. É preciso colher, se não elas morrem. Além de ter uma atenção maior com regas e adubações, que variam muito de planta para planta”, explica o paisagista, que tem recebido mais pedidos de orientação e orçamento para implantação de hortas nos condomínios.
O gerente de condomínio da Lowndes Marcelo Ribeiro alerta para necessidade de votação em assembleia para alteração de finalidade da área comum. “A adoção de uma horta pode exigir votação para alteração de área de acordo com o que determina a convenção do condomínio”, conclui.
Entrevista
Gestão Condominial Eficiente
Deborah O’Dena Mendonça, Presidente da ABADI
Deborah O’ Mendonça traça um panorama do que virá, com base no cenário atual da gestão condominial.
Com o desenvolvimento do mercado imobiliário e a manutenção da construção civil em alta, além das crescentes demandas sobre os condomínios, são necessários cada vez mais síndicos e com uma qualificação cada dia maior. A Presidente da ABADI, Deborah O’Dena Mendonça, nos fala sobre o assunto, traçando um panorama do que virá com base no que já está acontecendo. Mais serviços específicos, maior complexidade na gestão e condôminos cada vez mais exigentes. Administradoras e entidades do setor estão mobilizadas para prestar o suporte necessário para gestores condominiais mais eficientes.
Lowndes Report – Por que o conceito de gestão eficiente se torna cada vez mais relevante para a administração condominial?
Deborah Mendonça – O desafio que todas as administradoras enfrentam hoje é prestar serviços de qualidade dentro de um mercado que se torna cada vez mais complexo e que exige habilidades e serviços mais específicos.
Num mundo globalizado e diante do avanço da tecnologia em termos de comunicação, o condômino de hoje, ao contrário daquele de alguns anos atrás, passou a ser mais bem informado sobre seus direitos e obrigações e, portanto, muito mais exigente com a equipe que administra o seu condomínio. Este novo cenário implica em maiores responsabilidades por parte dos síndicos e de seus colaboradores (aí incluídas as Administradoras), o que os obriga a um constante aperfeiçoamento profissional, principalmente no que tange à legislação condominial vigente e suas implicações.
Lowndes Report – Quais os princípios da gestão eficiente são mais importantes para a administração condominial?
Deborah Mendonça – Para garantir uma gestão eficiente, líderes condominiais precisam ampliar a visão a respeito da administração condominial, especialmente em áreas de conhecimento como Direito Civil, Incorporação Imobiliária, Legislação Condominial, Assembleias, Aspectos Trabalhistas e Tributários, Gestão Financeira, sem deixar de lado habilidades comportamentais como, por exemplo, Ética e Relacionamento Interpessoal.
Para se apropriar destes conhecimentos, os gestores devem buscar entidades que, como a ABADl, ofereçam treinamento especializado, ministrado por professores com vasta experiência, atualizados e que estejam atuando no mercado. O triângulo Pessoas, Processos e Tecnologia deve ser constantemente trabalhado e aperfeiçoado para que se consiga alcançar a eficiência na gestão condominial.
Lowndes Report – A necessidade de um novo tipo de gestão também demanda um novo perfil para o síndico. É possível ver esta mudança acontecendo?
Deborah Mendonça – Também ao contrário do que havia no passado – em que o perfil dos síndicos recaia em senhores e senhoras de idade avançada, geralmente mais despreparados, e que tomavam em pequenos prédios ou vilas que administravam decisões baseadas em mera intuição -, o que encontramos hoje são profissionais em plena atividade laboral, que passam a acumular a responsabilidade pela gestão dos condomínios de grande porte onde residem. Essa nova classe, bem mais esclarecida, passou a buscar conhecimentos, participando de treinamentos, como os cursos oferecidos pelo NUFEI – Núcleo de Formação e Excelência Imobiliária – da ABADI, bem como de Seminários, como os Encontros de Síndicos, e fazendo consultas jurídicas a entidades de classe.
Lowndes Report – O que podemos esperar para os próximos anos?
Deborah Mendonça – Já se percebe claramente por parte de profissionais que atuam ou pretendem atuar no segmento, uma busca bem mais significativa por cursos completos envolvendo gestão condominial e também por módulos específicos de assuntos pertinentes à atividade, para os quais carecem de informações.
Lowndes Report – O que a ABADI está planejando para atender, e até antecipar-se, a este movimento?
Deborah Mendonça – Fundada em 1974 para organizar e regulamentar a atividade de administração de imóveis e condomínios, a ABADI teve participação ativa em todas as discussões e deliberações que influenciaram o mercado imobiliário nacional. Uma das muitas iniciativas pioneiras da entidade foi a criação do NUFEI – Núcleo de Formação e Excelência Imobiliária cujo objetivo foi e continuará sendo a disseminação do conhecimento e a valorização da atividade pela promoção de módulos de capacitação e qualificação profissional, assim como cursos de estímulo às habilidades e competências que o mercado demandar.
Lowndes Report – Hoje em dia, quem pensa em ser síndico de um prédio deve estar preparado para o quê? E quem está em uma faculdade de administração já focando no mercado de condomínios, qual é o futuro da administração condominial?
Deborah Mendonça – Num país em franco desenvolvimento como o Brasil, em que se observa um aumento expressivo na renda “per capita” das classes C e D, é de se esperar um crescimento significativo e irreversível do mercado da construção civil, pela construção de novas unidades residenciais. Portanto, trata-se de um segmento em franca expansão, que deverá absorver uma massa trabalhadora significativa, dando oportunidade a universitários que optem por se especializar na administração condominial.
Já quem pensa em ser síndico precisa entender que a ele não bastará boa vontade e disponibilidade. Há que se preparar para exercer uma atividade de alta complexidade e que de/e exigirá estudo e pesquisa, sem o que não conseguirá a gestão eficiente exigida nos dias atuais. Também precisará do apoio de uma administradora capacitada, profissionalizada e associada à Abadi.
Ações Positivas
Todos Contra o Câncer Infantil
O GRAACC – Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer – é uma instituição sem fins lucrativos criada para garantir a crianças e adolescentes com câncer o direito de alcançar todas as chances de cura com qualidade de vida, dentro do mais avançado padrão científico. O grande trunfo do GRAACC para combater o câncer infanto-juvenil é o seu hospital, o Instituto de Oncologia Pediátrica – IOP/GRAACC/ UNIFESP. Fundado em maio de 1998, o moderno hospital dispõe de nove andares e dois subsolos, em 4.200 m2, e é considerado um centro de referência no tratamento da doença, atendendo a crianças e adolescentes de todo o Brasil, garantindo a todos uma assistência de altíssimo nível e realizando milhares de atendimentos por mês. Mensalmente são atendidas cerca de 2.500 crianças, entre sessões de quimioterapia, consultas, procedimentos ambulatoriais, cirurgias, transplantes de medula óssea e outros. Além de diagnosticar e tratar o câncer infantil, o GRAACC atua também no desenvolvimento do ensino e na pesquisa.
Mensalmente são atendidas cerca de 2.500 crianças, entre sessões de quimioterapia, consultas, procedimentos ambulatoriais e outros.
Como atende a crianças e adolescentes de diversos estados do Brasil e de cidades do interior do estado de São Paulo, a maioria sem ter onde se hospedar para poder dar sequência ao tratamento, o que exige, em média, 18 meses de cuidados intensos, o GRAACC resolveu implantar, em 1993, o projeta Casa de Apoio. A primeira unidade hospedava até oito pacientes e seus acompanhantes. Como o atendimento do hospital cresceu, as acomodações foram ampliadas e, em 2001, foi inaugurada a segunda Casa de Apoio do GRAACC. Nestes locais, trabalham dois funcionários e 50 voluntários que acompanham as crianças e os adolescentes. As crianças hospedadas recebem todo o suporte psicossocial, nutricional, pedagógico e, principalmente, afetivo.
Para Saber Mais e Ajudar
O GRAACC conta com o apoio de doações feitas por pessoas físicas ou jurídicas. Você pode ajudar sendo um sócio mantenedor.
As doações podem ser feitas no site da instituição: www.graacc.org.br/
Deu Certo
José Trindade Brito, síndico do Edifício Patrícia, no Méier, desde 2004, e morador há 29 anos.
melhoria no play e no salão de festas. Sua meta atual é unir os moradores em torno de um só objetivo: manter o condomínio nas boas condições em que se encontra e melhorando sempre mais. “Sem união, não podemos ir muito à frente. Avançamos, conquistamos valorização, mas precisamos seguir adiante”, enaltece.
Ele vem criando eventos, momentos que permitam reunir as pessoas para trocar ideias, permitindo que encarem a administração do condomínio como uma coisa que faz parte da vida de todo morador. Os empregados não poderiam ficar de fora das atenções do síndico e, além de uniformes novos, todos passaram por cursos para melhor cumprir com suas funções. Brito conta que hoje, no condomínio, há um padrão de atendimento de alto nível. “Eu mesmo participo de cursos e eventos, como o Encontro de Síndicos. São oportunidades de trocar experiência e aprender”, diz, contando que mais de uma vez encontrou nestes contatos a solução para uma questão do condomínio que não sabia como resolver. “É estudando e trocando que conseguimos o pulo do gato”, defende.
Eu mesmo participo de cursos e eventos, como o Encontro de Síndicos. São oportunidades de trocar experiência e aprender.
Atento à segurança, instalou um circuito fechado de TV em que os moradores podem acessar de casa as imagens de todos os pontos em que há uma câmera. “Os moradores têm participação ativa no processo, são integrantes de uma grande equipe e contribuem para a prevenção e a segurança de todos”, destaca.
Para manter uma ampla comunicação, além das circulares, criou o Informe Patrícia, que circula sempre com um artigo de conscientização na primeira página e uma lista do que foi feito no prédio na segunda página. A publicação é mensal e corn ela tem-se um histórico das realizações mês a mês. “É uma forma de dar transparência, participar os moradores sobre o que é feito com o dinheiro deles e uma maneira de eles, por sua vez, também participarem da administração”, considera. Eles recebem no final do ano um relatório com um condensado de tudo o que foi feito. “O objetivo é que tenham tempo para ver tudo com atenção, antes da assembleia para a aprovação das contas. Disponibilizo sempre com um mês de antecedência para que tudo transcorra com bastante tranquilidade”, justifica.
O resultado direto dos cuidados com a conservação, a limpeza e o funcionamento do prédio, dos investimentos em treinamento para a conscientização para os moradores é um orgulho para o síndico. “Quem passa se impressiona. Somos vistos com outros olhos”, conclui.
Olho Vivo
Os condomínios devem estar atentos e criar normas internas para evitar transtornos com o uso inapropriado de áreas comuns
Há um ditado antigo que diz que é o olho do dono que engorda o gado. Nem sempre compreensível para quem vive na cidade, a máxima alerta para o necessário controle daquilo que se tem por obrigação de cuidar.
Em condomínios, são muitas as áreas comuns e, nos pontos de menor controle, são constantes os usos abusivos. É um cantinho na garagem onde colocam aquele móvel antigo que não querem mais, é uma parte menos iluminada do jardim preferida pelos adolescentes para experimentações diversas. Ao síndico fica a responsabilidade de responder às queixas, geralmente quando a situação resulta em dano ou em conflito entre os moradores.
“Fui surpreendido por uma moradora que interfonou perguntando sobre a procedência e a permanência de entulho acumulado em um vão junto aos relógios de água do prédio”, conta Ubiraci Fernandes, síndico do Condomínio Sevres, na Tijuca, que se viu obrigado a reconhecer que não sabia, mas que buscaria esclarecimento e solução.
Cantinho escondido pelo jardim exige atenção do síndico Ubiraci Fernandes para evitar uso indevido.
O lixo foi retirado e os porteiros foram orientados a ter maior vigilância sobre o local para que o problema não voltasse a ocorrer. “É um canto pequeno e escondido, que não permite fazer muita coisa. Mas alguém entendeu por bem descarregar ali sobras de obras. Não mais que duas latas de tinta abertas, pedaços de madeira e de concreto que, possivelmente, foram colocados ali porque não era quantidade suficiente para uma caçamba. Mas não podemos permitir. Em condomínio, todo controle é pouco”, avalia.
O descarte de lixo em local indevido é um dos principais motivos de queixas. Assim como a falta de cuidado com a higiene. Cenira Vasconcellos, moradora que se diz até pouco atenta ao condomínio onde mora na Barra da Tijuca, não se calou ao ver uma vizinha utilizar a sua vaga de garagem para que o cachorro fizesse as suas necessidades. “A alegação dela foi a de que estava chovendo lá fora. Perguntei então por que, ao menos, ele não está sujando a sua vaga, mas a minha?”, conta, dizendo que não levou a sua queixa ao síndico porque o problema não se repetiu. “Fiquei atenta e, se acontecesse de novo, levaria o problema para ele”, diz.
Alternativas Ajudam
No condomínio do Edifício Príncipe de Gales, em Niterói, o subsíndico Luiz Antonio Teixeira destinou um espaço morto da garagem para que, por um período curto, os moradores possam deixar material de descarte até que uma solução definitiva seja encontrada.
Em condomínios, são muitas áreas comuns e, nos pontos de menor controle, são constantes os usos abusivos no descarte de materiais ou entulho
“Às vezes, a caçamba para a retirada de um entulho está para chegar. Em outras é um comprador. Há um ferro velho que passa por aqui em dia da semana. Com a utilização deste espaço, que antes não era usado para nada, damos um tempo para que o morador também não fique sem alternativa para resolver o seu problema”, considera.
Teixeira mantém-se atento. Para controlar tudo nos cinco blocos que compõem o condomínio, ele conta com regras detalhadas e fartamente divulgadas nos quadros de aviso, com ações preventivas e, ainda, com o olhar atento da equipe de empregados. “Procuramos não dar margem. Áreas perigosas, como os telhados, ficam fechadas com chave. Só os empregados têm autorização para acessá-las. Tudo é bem iluminado e eles ficam de olho. A norma é evitar reclamações futuras”, diz.
Regras precisam ser de conhecimento de todos
Guilherme Ferreira, gerente de condomínios da Lowndes, diz que o fundamental é estabelecer regras e cobrar o seu cumprimento, mas que elas de nada valem se não forem de conhecimento de todos. “Para uma convivência harmoniosa em condomínio, é necessário valer-se de regras para o uso das áreas comuns. Para isto existe o Regimento Interno e, na sua omissão, as deliberações em assembleia. É importante ainda que elas contemplem as punições cabíveis”, orienta.
O gerente sugere que quadro de avisos, reuniões e circulares sejam instrumentos constantes para a divulgação de regras e sugestões para um melhor aproveitamento do espaço que é de todos. “São muitos os meios válidos para reforçar que, no condomínio, existem regras e que a sua utilização visa dar melhor uso às áreas comuns”, afirma.
Sua recomendação é para que sejam valorizados os aspectos de ordem e higiene, pois sâo os que mais incomodam moradores e visitantes. “Um condomínio com aspecto desleixado é um péssimo cartão de visitas”, conclui.
Qualidade nos Serviços de Portaria
Curso visa preencher a lacuna na formação e na qualificação dos empregados neste setor fundamental dos condomínios
Investir em cursos para os porteiros é a alternativa encontrada pelos síndicos para suprir a falta de mão de obra qualificada para os condomínios. Eles buscam atender à crescente demanda por mais qualidade nos serviços de portaria e a um pedido dos próprios empregados. Para a especialista em treinamento Vitória Werneck, os porteiros se sentem pressionados a responder com mais eficiência às cobranças de moradores e visitantes. “O aprimoramento pessoal e profissional tornou-se para estes empregados tão importante quanto para qualquer outro da economia brasileira. Eles sentem falta de mais conhecimento, especialmente prático, para lidar com as situações do dia a dia”, afirma.
Para ser um porteiro nota 10
A qualidade nos serviços de portaria é reflexo da segurança do profissional no conhecimento que dispõe sobre sua atividade. Mas, como lembretes, as dicas abaixo, elaboradas pela professora Vitória Werneck, podem ajudar. Anote e divulgue entre os seus empregados:
• Você é a primeira pessoa que quem visita o condomínio vê. Por isto, o cuidado com a aparência é tão importante. Esteja sempre limpo e bem vestido.
• A segurança é um dos itens mais importantes de seu trabalho. Respeite as regras do condomínio e seja firme ao fazer com que sejam cumpridas.
• A educação é a base do trabalho de qualquer pessoa que trabalhe com atendimento ao público. Por isto, toda abordagem deve ser feita de modo educado e gentil.
• Atenção ao movimento no condomínio e não abra exceções quanto à identificação dos que entram e saem, sejam moradores, visitantes ou prestadores de serviços.
• O bom ambiente condominial envolve relacionamentos muito próximos. Mas as informações que tem sobre a vida e a rotina das pessoas não devem ser comentadas com ninguém.
• Por melhor que seja o relacionamento com moradores e vizinhos, mantenha os portões fechados, abrindo somente depois da identificação de estranhos.
Ela explica que é por isto que a base do curso é comportamental, visando desenvolver habilidades como liderança, dentro de uma perspectiva situacional. ”Eles trocam experiência, tiram dúvidas, analisam problemas reais, além de adquirir conhecimentos novos e específicos essenciais para a formação e qualificação de um porteiro”, detalha.
Autoestima e conhecimento que fazem a diferença
Para quem treina regularmente seus empregados, um dos aspectos mais positivos do curso é a resposta em autoestima e valorização do empregado. “Eles retornam com mais conhecimento sobre o seu trabalho e também se relacionando melhor tanto com os colegas quanto com os moradores e visitantes. Voltam sempre mais desinibidos e confiantes”, avalia Cid Gonçalves Ferreira, síndico do Condomínio Ipê, na Tijuca.
O síndico não está sozinho. As administrações condominiais se vêem pressionadas pela impaciência generalizada com pessoas de um nível de instrução menor. Além disto, é a falta de recursos para contratar pessoal mais qualificado.
Para João Luis Martins, supervisor de pessoal da Lowndes, não há investimento melhor que um empregador possa fazer, pois a profissionalização da administração de condomínios é um fenômeno sem volta. “Os síndicos precisam contar com empregados mais capacitados para enfrentar a complexidade dos problemas do cotidiano de um condominio”, diz.
Manter a postura, atender com educação e estar atento para que o prédio esteja sempre seguro e bem cuidado são atitudes de quem se sente apto a cumprir com suas obrigações, por dispor de mais informações referentes à função que ocupa. “Há uma ênfase nas relações humanas, pois o porteiro é o cartão de visitas do condomínio. O primeiro contato que uma visita, um prestador de serviço ou um proprietário tem no prédio”, conclui Vitória.
Porteiro
Porteiro Amigo, Mas Também Para-Raios
Sebastião José da Silva é porteiro do Edificio Patricia, no Méier, desde a fundação do prédio, tendo participado de sua construção. Os desafios dos primeiros tempos foram vencidos e ficou o aprendizado conquistado ao longo de tantos anos de experiência. Hoje ele considera o condomínio uma parte de sua família. Síndicos e moradores reconhecem a dedicação e, especialmente, a amizade daquele que está com eles há 34 anos.
Síndicos e moradores reconhecem a dedicação e, especialmente a amizade daquele que está com eles há 34 anos.
Vindo do Recife à procura de emprego, teve a sorte de conhecer a irmã do construtor do edifício Patrícia, que o indicou para trabalhar na construtora. Começou como servente e, com o lançamento, os moradores pediram para ele ficar. Com dois meses era o porteiro, somente ele e mais um colega que trabalhava como faxineiro. Hoje, estou à frente de sete funcionários, atendendo às diretrizes do síndico. “Ele cobra, mas mudou a realidade do prédio e a gente faz parte disto”, conta. Para o síndico José Trindade Brito, contar com um bom funcionário como o Sebastião não é para qualquer condomínio. “A dedicação dele é histórica”, brinca.
Com mais de 30 anos de trabalho, é a convivência com os moradores o seu principal motivo de satisfação. Quando chegou já era casado e viu os filhos, Edson e Jean, crescerem no prédio. Educou-os e adquiriu sua casa. “É motivo de felicidade ter hoje a minha casinha em Quintino para receber os netinhos no final de semana. São quatro: Isabela, Gabriel, João Pedro e Maria Luiza”, conta orgulhoso, acrescentando que é a mesma felicidade que sente quando as crianças que cresceram no prédio voltam com os filhos somente para apresentá-los a ele.
É motivo de felicidade ter hoje a minha casinha em Quintino para receber os netinhos no final de semana. São quatro: Isabela, Gabriel, João Pedro e Maria Luiza.
Rotina de cuidados com o prédio e a orientação dos empregados Para o síndico e os moradores, favorece o bom relacionamento e a ausência de surpresas desagradáveis, em muito pela vigilância diária que o porteiro mantém. Sua rotina começa cedo, com uma vistoria em que checa cada item, verificando desde lâmpadas apagadas até o funcionamento da bomba de incêndio. Como aprendeu tudo na prática, esta rotina foi estabelecida por ele e aprimorada com o tempo. “Na relação com o síndico e nos cursos também pude ir melhorando”, conta. Percorrendo todo o prédio, corrige o que pode e comunica ao síndico quando a questão exige a intervenção de uma empresa ou de um técnico. “Com esta forma de trabalhar, a gente tem mais tranquilidade, não deixa os problemas aparecerem e se agravarem”, considera.
Nos horários de maior movimento, ele está sempre na portaria e não perde uma oportunidade de orientar os demais empregados para a importância de atender bem ao morador. Entre as instruções que considera mais importantes está a de saber portar-se quando um morador chega estressado. ”A maneira como vai falar pode reverter o seu estado de ânimo, quebrar o clima de tensâo”, ensina.
Mostrar educação, ser gentil, solidário e, ao mesmo tempo, ter postura profissional são algumas das orientações que não cansa de transmitir. “Uma senhora vem com duas bolsas pesadas e o porteiro demora a abrir a porta; é preciso tentar entender se ela fica irritada. Sou o primeiro a ir até ela, pegar as bolsas e levá-las até o elevador, dar o exemplo. Nestas situações de desconforto, se podemos ajudar, por que não fazer isto?”, questiona.
É este tipo de entendimento que o porteiro passa para os demais, considerando que, para que o ambiente fique ótimo, como diz, é importante que esteja ótimo para todos. “Procura mostrar que o melhor é não ter que ouvir reclamação contra eles. E fico atento. Ainda que aparentemente conversando, estou sempre observando, vendo a forma de trabalhar de cada um, alertando para uma correção aqui, outra ali”, diz.
Esta forma de trabalhar não foi algo que apareceu do nada, segundo Sebastião. Foi algo que aprendeu com o tempo. “No início aprendi tudo sozinho, depois, especialmente com o síndico atual, pude estudar e melhorar”.
Para Sebastião o único lado chato da profissão é o fato de as pessoas pensarem que o porteiro é uma espécie de para-raios, que está na portaria para ouvir todo o tipo de queixa, mesmo quando as queixas não dizem respeito ao trabalho ou à pessoa dele. “Não gosto quando vêm falar mal de alguém. Mas isto é também algo que, com o tempo, a gente aprende a contornar, e tem que ser assim”, diz.
Aposentado, Sebastião segue trabalhando sem se cansar. ”Não tenho vontade de parar, pois seria como abandonar um filho”. Sua vida se resume ao trabalho e a curtir a casa, onde pode brincar com os netos. As reuniões familiares são o máximo de sua diversão. “No mais, é uma pintura aqui, um conserto ali. Sou uma pessoa simples até nos gostos”, afirma.
Não tenho vontade de parar, pois seria como abandonar um filho.
Para quem pretende ingressar na profissão, ele diz que é preciso estudar, estar aberto a aprender sempre e, acima de tudo, ter paciência. Saber conversar, ter atenção e cuidado. Ele considera que a questão da segurança tornou a portaria um lugar mais exigente. “Saber acalmar e reverter situações é o grande valor do profissional de portaria”, conclui.