Editorial
Mobilização e comprometimento são as palavras de ordem dos últimos dias. Conheça histórias de síndicos e associações que estão fazendo grandes trabalhos para melhorar e aumentar o envolvimento dos condôminos na vida condominial.
Não deixe de ler o Deu Certo desta edição e veja como o trabalho em equipe e o engajamento podem ajudar, e muito, na gestão do seu condomínio.
Pagar para consertar ou pagar para prevenir? Leia na entrevista com o engenheiro Antero Parahyba a importância de levar em consideração manutenções e vistorias preventivas.
Vinte e oito anos de experiência em portarias, uma vida dedicada a servir aos condóminos com elegância e simpatia, esta é a história do Raimundo Alexandre, que você poderá conhecer melhor na seção Porteiros.
Boa leitura!
Espaço Lowndes
Informação para a sua Gestão
Atenta à qualificação profissional dos síndicos e à permanente atualização, a Lowndes realiza em sua sede uma série de eventos informativos, por meio do seu Ciclo de Palestras. A agenda anual de eventos permite atender a demandas, por vezes emergenciais. Foi assim com a obrigatoriedade da certificação digital, que exigiu mudanças e a adaptação aos novos procedimentos. O mesmo acontecendo com a Lei da autovistoria e Lei da coleta seletiva de lixo.
Uma nova legislação, com toda a sua complexidade normativa sempre suscita dúvidas e ansiedade. E a Lowndes entende que a informação rápida se faz necessária não apenas para o cumprimento de novas regras, mas também para garantir um sentimento de segurança e tranquilidade.
Nas palestras, os aspectos mais relevantes das legislações e suas implicações são apresentados e debatidos com especialistas. Os temas são variados e sempre oportunos, conduzidos pelos principais especialistas do segmento, a fim de fornecer aos participantes uma visão mais abrangente sobre o assunto. Um encontro elucidativo com espaço para a troca de informação, onde os síndicos aproveitam a oportunidade para tirar dúvidas e esclarecer questões do dia a dia da administração de seu condomínio.
Em um momento em que o setor de administração condominial passa por tantas mudanças, instrumentalizar-se para atender às novas demandas com toda a informação necessária é a garantia de poder seguir adiante, sem sobressaltos e com maior confiança para cumprir com as suas responsabilidades.
Melhor ainda quando esta informação é transmitida por uma Empresa que conhece seus clientes e as suas necessidades e tem toda a confiabilidade que os seus 77 anos no mercado, completas em 16 de junho, lhe confere.
As palestras são realizadas sempre no período da manhã, com duração de duas horas, em dias do mês mais tranquilos para a administração condominial. Aproveite, participe e mantenha-se atualizado. O Ciclo de Palestras Lowndes é mais um serviço da Empresa para seus clientes e para o mercado.
Condomínios na Mira
A criação de leis visando à regulamentação até de questões cotidianas é uma das principais características da nossa sociedade. Algumas vezes, essas iniciativas apenas normatizam situações e práticas já adotadas comumente. Em outros casos, criam novas obrigações que desconsideram a realidade daqueles a quem se destinam.
De um modo geral, a percepção de quem atua no setor de administração condominial é de que o legislador brasileiro tem sido bastante criativo na elaboração de leis que impactam os condomínios. Considerando o quanto afetam o mercado, Mônica Rocha, coordenadora de Relações Político-Institucionais do Secovi Rio, diz que, em certa medida, as novas proposições acabam por exigir até mesmo que as administradoras façam ajustes nos serviços oferecidos, considerando a aprovação dos projetos de lei em andamento. Para os síndicos, elas representam sempre um desafio a mais.
Tramitação acompanhada de perto
É por isto que todas as propostas de lei são acompanhadas pela ABADI, juntamente com os Secovis Brasil na Câmara Brasileira de Comércio e Serviços Imobiliários, como informa Marcelo Borges, diretor jurídico da ABADI.
Para que a legislação não deixe de considerar as características da vida condominial, as entidades buscam manter diálogo com os legisladores, diz.
Entre o que já está em andamento, com possibilidade de se transformar em novas regras em condomínios, Borges cita o PL 02225/2011, que dispõe sobre a regulamentação do exercício da profissão de síndico administrador de condomínios. E, também, o PL 02476/2003, que altera a redação do artigo 1.336 da Lei n°. 10.406/2002 (Código Civil) para permitir a cobrança de multa de até 20% pelo atraso no pagamento da prestação condominial. Ou, ainda, o PL 00462/2011, que institui a consignação em folha de pagamento de aluguéis residenciais.
“A Constituição Federal estabelece a competência para o legislador municipal, estadual e federal para criar normas e, neste cenário, os mais diversos assuntos são abordados. No âmbito federal, por exemplo, podemos falar que o maior percentual dos projetos de Lei de um tema específico é na área de condomínios, não sendo este menos frequente nos âmbitos estadual e municipal. Monitoramos iniciativas as mais variadas”, afirma.
O Secovi Rio tem um departamento próprio para realizar este trabalho. A Coordenação de Relações Político Institucionais (CRPI) acompanha as proposições legislativas nos âmbitos municipal, estadual e federal, levando sugestões, propondo alterações em leis, se necessário, e intervindo quando considera que determinada proposição merece apreciação. Para orientar o legislador, são apresentadas informações sobre o impacto de novas obrigações no que diz respeito à sua implementação, incluindo avaliações sobre repercussões nos orçamentos dos condomínios. “Ao avaliar o impacto das novas legislações na vida condominial, tem-se uma visão melhor do que, de fato, será benéfico”, acrescenta Mônica.
Ao avaliar o impacto das novas legislações na vida condominial, tem-se uma visão melhor do que, de fato, será benéfico.
Nem sempre vãs
Avaliando apenas as leis recém aprovadas, como as que tornam obrigatórias as autovistorias e a coleta seletiva, as entidades consideram o que têm de positivo. “A legislação sobre autovistoria busca garantir maior segurança aos habitantes. Já a de coleta seletiva integra um conjunto de normas que dispõe sobre coleta e destinação de resíduos sólidos de forma ambientalmente adequada, o que certamente é benéfico para todos”, considera a coordenadora do CRPI.
“As leis de autovistoria, já em vigor, ainda carecem de regulamentação e, neste momento, a ABADI tem contribuído junto às secretarias envolvidas (Secretaria Municipal de Urbanismo e Secretaria Municipal da Casa Civil) com sugestões e considerações, justamente para que o decreta regulamentador atenda às necessidades e praticidades dos condomínios e das administradoras”, afirma Marcelo Borges.
O Secovi Rio também participa do processo de regulamentação da legislação municipal e estadual e adianta que, logo após a publicação da regulamentação, iniciará um trabalho de conscientização para a manutenção das instalações e infraestrutura dos edifícios.
Entre outros projetos em estudo estão os que tramitam na Assembleia Legislativa sobre a obrigatoriedade de disponibilizar desfibriladores cardíacos nas portarias dos edifícios e o que tramita tanto na casa legislativa estadual, como na municipal, que pretende obrigar a instalação de geradores de energia nos condomínios que possuam elevadores.
Informação Fundamental
Com o condomínio no foco das atenções dos legisladores, é preciso manter-se atento e bem informado para evitar qualquer surpresa ou contratempo.
Para ajudar, tanto as entidades, a ABADI e o Secovi Rio, quanto as administradoras, divulgam informações em seus sites, promovem eventos, como cursos e palestras, e disponibilizam seus departamentos jurídicos para prestar orientações aos síndicos.
Recorrer a elas é fundamental para manter-se atualizado. A contratação de uma administradora eficiente também é sugerida pelos especialistas. “Ao auxiliar e orientar o síndico no desempenho de suas funções, as administradoras se revelam uma boa solução para manter o condomínio sempre no correto cumprimento da legislação”, conclui Mônica Rocha.
Conceito cultural, uma tendência crescente no mercado imobiliário, impõe cuidados específicos da administração do condomínio
O condomínio Fontvieille, do complexo Península, na Barra da Tijuca, é um museu. Entre pinturas, esculturas, lustres e um monumental espelho com a moldura toda entalhada do século XVIII contabiliza 100 obras, entre réplicas e peças de diversos artistas, muitos de grande projeção no mundo das artes. Elas fazem parte não só do conceito impresso para o empreendimento, mas do conceito da empresa construtora, que vem espalhando condomínios com obras de arte pelo País.
Mas ter um museu particular no condomínio envolve cuidados diferenciados. Por isto, o Fontvieille, assim como todo o complexo, foi entregue com orientações definidas. São cuidados de conservação específicos para cada obra e, para tal, a construtora mantém museólogos no empreendimento para qualquer necessidade, seja de conservação ou de movimentação das peças.
Entre as muitas demandas que as obras de arte obrigam está a contratação de seguro, o uso de segurança por meio do monitoramento de câmeras, produtos específicos para higienização das obras de arte e um treinamento constante para a equipe de segurança. A contratação do seguro exige a avaliação das peças, feitas por peritos e marchands contratados pelas seguradoras. Estes profissionais são também especialistas recomendáveis para orientar os condomínios no que diz respeito aos cuidados com as obras de arte.
Quando o edifício é uma obra de arte
Por sua arquitetura e seu valor histórico, alguns edifícios do Rio de Janeiro, especialmente de alguns bairros, são eles mesmos uma obra de arte.
O edifício Ribeiro Moreira, em Copacabana, construído em 1928, é reconhecido como exemplo de art déco. Ele integra a Área de Proteção ao Ambiente Cultural (Apac) do Lido e, como tal, deve ser preservado. Por seu valor arquitetônico, ainda integra o roteiro das aulas do Instituto Art Déco Brasil, para estudantes de arquitetura e demais interessados no estilo. A portaria é o ponto alto do percurso, com o pé direito duplo, de 8 metros, e uma entrada suntuosa. “Os primeiros moradores eram egressos de casas, mansões na verdade, e precisavam de um local que oferecesse o mesmo padrão. O edifício foi construído para ser um apart-hotel, com lojas no térreo que atendiam aos moradores, inclusive um restaurante frequentado por figuras como Getúlio Vargas”, conta o síndico José Carvalho.
O síndico, que nasceu e cresceu no edifício, diz que, para ele, o valor do edifício vai além do fato de ser um patrimônio histórico. E é por isto que zela com tanto cuidado pela manutenção dos aspectos originais da construção. Foi ele quem procurou e firmou parceria com Marcio Alves Roiter, presidente do Instituto Art Déco do Brasil e maior conhecedor do assunto no País, que já organiza visitas guiadas ao edifício, para que preste assessoria quando da necessidade de reformas.
Carvalho explica, no entanto, que as obras são raras. “O edifício é de concreto armado. As paredes têm 27 centímetros de tijolos maciços. As ferragens são em aço. A nossa demanda maior é com a pintura dessas ferragens, que precisa ser realizada a cada seis meses. É dispendioso? É. Mas se tivesse que trocar sempre seria pior”, avalia. A espessura das paredes é de grande valia para as adaptações, como a colocação de tubulação para fiação de telefonia, internet e TV a cabo. Um aumento de carga foi outra iniciativa que também permitiu ao edifício oferecer condições de vida moderna no prédio histórico. Os elevadores foram modernizados em seu maquinário, mas mantêm portas pantográficas, painel e botoeiras de 85 anos.
Síndico há cinco anos, Carvalho vem investindo na restauração do que foi modificado por outras gestões, como a pintura feita nas portas dos elevadores. Alguns cuidados envolvem, por vezes, a busca em demolições de uma peça ou outra em bronze, ou outro material mais raro no mercado, como os ponteiros do relógio do elevador, um parafuso para um lustre ou uma dobradiça, ou uma peça de mármore de Carrara.
Prédios com nome de artistas e esculturas
Canova, Moretto, Masaccio, Lucca, Délia Robbia, Di Duccio, Ghirlandaio, Michelozzo e Pisano. Alguns dos principais nomes dos artistas italianos do período clássico emprestam seus nomes aos edifícios que compõem o condomínio Novo Leblon. E todos eles têm esculturas contemporâneas adornando a entrada. “Eles valorizam o condomínio como um todo e cada fachada em particular”, descreve a Superintendente Executiva do condomínio, Anna Regina Degering Ribeiro. São obras de arte em concreto, bronze ou ferro, cujos cuidados exigidos, em sua maioria, são os de limpeza regular. A síndica do Di Duccio, Flávia Bastos, conta que a cada 3 ou 4 meses faz uma lavagem com água e sabão neutro para retirar a poeira da escultura “Figura Reclinada”, que acredita mantém alta a valorização do prédio de mais de 30 anos. “O concreto é material poroso que acumula sujeira e é preciso cuidar, pois é indiscutível o valor desta obra para o embelezamento do edifício”, diz.
O concreto é material poroso que acumula sujeira e é preciso cuidar, pois é indiscutível o valor desta obra para o embelezamento do edifício
Devido à proximidade da praia, as peças em ferro são as que dão mais trabalho, exigindo repinturas e, por vezes, troca de placas devido à corrosão . A que exigiu maiores intervenções foi a obra do premiado escultor português José Manuel Aurélio, primeiro lugar no prêmio concedido pela Bienal Internacional de Artes Plásticas e Design Industrial da Marinha Grande, de 2012.
Conhecido por sua estreita relação com os metais, apesar de trabalhar também pedra, madeira e bronze, ele tem vasta e variada obra entre cata-ventos e obras sonoras, como chama em Portugal e em outros países. Entre elas está a escultura exposta no Novo Leblon “Rizoma metálico em desenvolvimento aéreo emissor-receptor de ondas cósmicas telúricas, alimenta de seres sensíveis e contemplativos”. Parte da obra foi soldada a pedido dos moradores, seres sensíveis ao barulho que ela produzia com a passagem de ventos mais fortes.
A superintendente Ana Regina está realizando a divulgação das obras no jornal de circulação interna, o que faz de tempos em tempos, para que todos tenham conhecimento sobre as obras e valorizem ainda mais o patrimônio de que dispõem. “As áreas comuns do condomínio são como extensões de nossa casa e ter obras de arte espalhadas por toda a parte é um privilégio”, conclui.
Entrevista
Manutenção Preventiva em Pauta
Antero Parahyba
Engenheiro e perito do Instituto de Engenharia Legal
Foto: arquivo pessoal Antero Parahyba,
Aos olhos de pessoas leigas, considerar a realização de manutenção em uma edificação, e fazer vistorias preventivas com este fim, pode abranger muitos elementos: a estrutura predial, instalações, equipamentos, fachadas. Geralmente, tudo junto. Porém, engenheiros e arquitetos entendem de um modo diferente. Diante das leis estadual e municipal de obrigatoriedade de vistoria e da possibilidade de uma nova lei federal sobre o assunto, o engenheiro Antero Parahyba, do Instituto de Engenharia Legal, experiente profissional de análises de risco e vistorias prediais, explica pontos importantes e tranquiliza os síndicos.
Lowndes Report – Como os síndicos estão reagindo diante das Leis que tornam obrigatórias as vistorias e que impactos elas terão para a manutenção das edificações?
Antero Parahyba – É grande a quantidade de síndicos voltados para a obtenção de propostas para essas vistorias. Provavelmente, muitos preocupados com a propalada responsabilidade que está se atribuindo aos síndicos e outros tantos com a intenção do planejamento financeiro.
A responsabilidade de uma edificação é de seu proprietário ou de seu possuidor. No caso do condomínio, a responsabilidade é do próprio condomínio. O síndico é apenas o representante das decisões condominiais e o condutor destas. Somente será responsabilizado por um evento infeliz no caso de omissão ou de extrapolação de sua competência.
No entanto, as novas regras são altamente benéficas. Em um condomínio conservado e mantido sob regras técnicas corretas, a vistoria obrigatória não representará aumento de custos porquanto a vistoria já estaria prevista e incluída no seu orçamento. Os serviços de reposições e de reparos seriam realizados conforme as necessidades ditadas por relatórios técnicos, que representam um percentual muito pequeno diante das respectivas despesas. Seguindo-se o que determina a Lei, os custos das manutenções serão reduzidos porque eles estarão planejados com técnica e não aleatoriamente por razões “emocionais” ou “políticas”.
não deve haver, portanto, preocupações com os aspectos, aparentemente, negativos. As leis, a Estadual e a Municipal, visam a proteção do cidadão e trarão benefícios para todos, inclusive para os síndicos e para suas gestões, que serão mais tranquilas pela segurança que as manutenções regulares permitem.
Lowndes Report – Afinal, qual das duas leis o síndico deve cumprir: a estadual ou a municipal?
Antero Parahyba – A competência sobre as edificações e dos municípios. Cada município do Estado do Rio de Janeiro regulamentará o que fazer e como fazer, para o seu melhor controle, de acordo com os recursos de que dispõe e de suas características urbanas. Em cada cidade do Estado do Rio de Janeiro, o síndico de um condomínio deve aguardar o que ditará sua prefeitura.
Provavelmente, haverá uma terceira lei, na esfera federal. De qualquer forma, a regulamentação deverá ser municipal, por questão da competência.
Lowndes Report – O foco das leis é a prevenção e, neste sentido, o que é importante vistoriar e como fica a questão do acesso às unidades privativas?
Antero Parahyba – A preocupação do piano de vistoria será do profissional contratado pelo condomínio. Ele estará atento à legislação e às normas pertinentes. A preocupação do condomínio se direciona, apenas, à escolha do profissional e ao possível fornecimento de documentos e informações pertinentes.
E, sim, como a intenção das legislações se prende aos aspectos das condições de conservação, de segurança e de estabilidade, o trabalho correto demandará a vistoria de todos os ambientes da edificação.
Mas isso ocasionará questionamentos legais que, provavelmente, não estarão abordados nas regulamentações. O Código Civil Brasileiro atribui ao síndico a competência de zelar pelo patrimônio comum. Mas este se encontra, também, no interior das unidades privativas. Se alguns usuários de unidades privativas se entenderem no direito de não permitir a entrada de estranhos em sua unidade, a coisa toda pode ficar mais difícil. Um profissional não poderá tecer considerações sobre a segurança das janelas, por exemplo, sem entrar nos apartamentos. Se acessar a janela por fora, terá de cobrar o equipamento. Os custos passariam a inviabilizar a vistoria, que deverá ser meramente visual, sem a utilização de equipamentos especiais, além de uma câmera fotográfica e de uma trena.
Este impasse, certamente, acarretará a busca por uma solução que atenda a todos. Novas regras poderão vir, ou os condôminos entenderão ser melhor permitir o acesso para a realização da vistoria. não existe problema sem solução. Existe vontade, ou não, de solucionar o problema.
Lowndes Report – Como deverá ser entendida, então, a responsabilidade entre o síndico e o profissional que fará a vistoria?
Antero Parahyba – O profissional que realizará a vistoria, o engenheiro civil ou o arquiteto, que poderá solicitar o concurso de profissional de outra atribuição (engenheiro mecânico, engenheiro eletricista, etc.) entregará ao condomínio, no final de seu trabalho, um relatório das condições que constatou em seu parecer sobre as providências necessárias. Nestas, poderão se incluir exames complementares, com utilização de equipamentos especiais.
O profissional será responsável pelo relatório do que constatou. Responderá por falsidade ideológica ou por procedimentos se auferir vantagens em decorrência de seu parecer.
Não poderá assumir co-responsabilidades pela elaboração dos diversos projetos, inclusive os de fundações e o de estrutura, e tampouco pela execução da obra (as fundações e as peças da estrutura são encobertas e não serão abertas). Não poderá responder por eventos que ocorram sem sua participação.
Não possuindo o poder de polícia, poderá, apenas, recomendar procedimentos em determinados tempos, prestando ao condomínio as informações inerentes.O síndico, de imediato, deverá cumprir o que determina a prefeitura de seu município e comunicar o relatório ao condomínio. A comunicação deste só se efetiva por meio de uma assembleia geral. Complementará a comunicação aos condôminos a disponibilização de cópias em locais acessíveis. O condomínio responderá pelas decisões da assembleia. O síndico responde relativamente por seus procedimentos.
Lowndes Report – Qual o custo médio de uma vistoria?
Antero Parahyba – O custo de uma vistoria é diretamente proporcional ao tamanho da edificação , isto é, a área total de piso que o vistoriador irá percorrer (mas ele examinará, também, paredes e tetos). Entretanto, é inversamente proporcional à facilidade em percorrer esses espaços. Também é diretamente proporcional à quantidade estimada de desgastes da edificação . Mas, também, é inversamente proporcional à quantidade de informações técnicas documentadas disponíveis (projetos de arquitetura, de estrutura, de instalações, etc.). não posso afirmar uma cifra porque há muitos itens a se considerar.
Lowndes Report – O que considerar ao procurar profissionais/serviços de vistoria?
Antero Parahyba – Os profissionais que elaboram a vistoria da edificação como um todo são arquitetos ou engenheiros civis. Todos os profissionais dessas formações, se registrados em seus respectivos conselhos, CAU e CREA, e em condições regulares com os próprios, estão legalmente habilitados para as vistorias. Entretanto, nem todos se dedicam a este tipo de serviço. Preferencialmente, devem ser procurados os que detêm experiência em vistorias de edificações. O histórico destes profissionais no mercado, as suas referências, são os principais itens a serem considerados.
Ações Positivas
Vencemos Dentro e Fora do Tatame
Transformar o conceito de responsabilidade social e ação social na vida do maior número de pessoas integrando classes sociais diferentes pelo esporte e por ações complementares de educação. Esta é a missão do Instituto Reação , um projeto sem fins lucrativos, fundado pelo judoca e medalhista olímpico brasileiro Flávio Canto em 2003.
Além de ensinar o judô, o Instituto desenvolve um projeto completo de inclusão social, a proposta é utilizar o esporte como instrumento de transformação social, auxiliando no desenvolvimento de competências sociais, produtivas e cognitivas.
Todo trabalho é realizado em cinco polos presentes em quatro comunidades do Rio de Janeiro: Rocinha, Cidade de Deus (2), Pequena Cruzada e Tubiacanga, atendendo, no conjunto, a cerca de 1.000 crianças, adolescentes e jovens, entre 4 e 25 anos.
Em 10 anos de atividades, o Instituto já preparou inúmeros atletas, com excelentes resultados e competições no país e no exterior, entre eles Rafaela Silva, Raquel Silva e Bianca Gonçalves.
Programas
Em todos os polos, o Instituto Reação realiza oito diferentes programas:
Reação Escola de Judô – Oferece aulas de judô para crianças e adolescentes entre 4 e 15 anos.
Reação Educação – Oferece oficinas educacionais para crianças e adolescentes de 4 a 15 anos, participantes do projeto Reação Escola de Judô.
Reação Olímpico – Oferece treinamento esportivo de judô, direcionado a adolescentes e jovens a partir de 12 anos, com o objetivo de desenvolver atletas de alto rendimento para participar de competições oficiais nacionais e internacionais.
Reação saúde – Realiza um trabalho de equipe multidisciplinar nas áreas de psicologia, nutrição e fisioterapia, principalmente para os atletas do programa Reação Olímpico.
Reação bolsa de estudo – Viabiliza o ingresso de alunos do Instituto em instituições particulares de ensino – do ensino fundamental, médio e superior -, por meio de bolsas de estudo.
Reação no Mercado de Trabalho – Forma monitores e futuros professores de judô. É destinado aos alunos do Instituto que cursam educação física e auxiliam, como monitores, os professores de judô do programa Reação Escola de Judô. Quando formados, são indicados para outras instituições que também trabalham com essa modalidade.
Reação cultural – Busca ampliar o repertório cultural dos alunos do Instituto, além de proporcionar a eles a circulação e a apropriação dos espaços culturais da cidade onde moram.
Reação Voluntário – Abre oportunidades para aquelas pessoas que possuem algum expertise específico e querem doar parte do seu tempo para colaborar com o Instituto Reação.
Para Saber Mais e Participar
O trabalho voluntário é fundamental para o Instituto Reação, assim como as parcerias e doações.
Entre as formas de ajudar estão as contribuições financeiras mensais, os depósitos livres em conta corrente, as parcerias com empresas e o apadrinhamento de crianças.
Para saber como participar e ajudar este importante projeto, acesse www.institutoreacao.org.br/reacaobr.html.
Deu certo
Gestão por Equipe
No edifício Port au Prince, do condomínio Village São Conrado, a gestão é feita por um síndico profissional, representado por duas síndicas. Um luxo para poucos! Devido à saída do administrador anterior, Lygia M. Caltabiano P. de Sá e Dumara Nogueira, ambas integrantes do conselho, se disponibilizaram a fazer algo pelo condomínio onde moram há mais de 30 anos. Gerenciaram interinamente por um período de 6 meses e após isto criaram a Profs — Serviço de síndico Profissional, que foi eleita como síndica do edifício.
A dupla não poderia ser melhor preparada: uma economista e uma arquiteta, auxiliadas por Carlos Alberto Pires de Sá, engenheiro pós-graduado em finanças, responsável pelo acompanhamento financeiro mensal e pelas projeções contábeis anuais. “É um somatório que tem dado muito certo”, diz Lygia.
E tem mesmo. Isto foi em 2010 e, desde então, o condomínio passou por uma transformação. “A integração entre síndicas, conselheiras, funcionários e moradores é o ponto alto para o sucesso da administração”, diz ainda Lygia.
A integração é o ponto alto da administração, pois a convivência no edifício sempre foi muito boa. Somos muito amigos.
Esta integração foi fundamental quando enfrentaram grandes desafios, como a impermeabilização das coberturas, que foi uma obra grande e cara que beneficiaria apenas quatro apartamentos e que era um problema antigo do prédio. Pintar o chão, paredes e teto da garagem foi outra atividade bastante desafiadora. Foi feito um planejamento da logística de utilização das vagas para que nenhum dos 200 carros ficasse fora da garagem durante a obra. “Quem tinha uma vaga disponível a cedeu para outro morador. Foi desgastante, mas deu tudo certo. Contamos com a colaboração de todos os moradores”, conta Dumara.
Atenção às finanças e determinação para fazer o que ninguém fez
De olho na economia, os gastos são controlados com rigor também por Lygia e Dumara. Como exemplos, uma vez ao ano todas as instalações hidráulicas das unidades são vistoriadas e os problemas detectados são corrigidos com mão-de-obra do condomínio; e quando um morador realiza obra no seu apartamento, o condomínio aproveita para substituir, naquele trecho da obra, as tubulações de responsabilidade do prédio. Com esta atuação , o Port au Prince ganhou em qualidade, o que se reverteu em valorização dos imóveis.
Atenção especial aos empregados é reconhecida pela equipe
Os funcionários do Port au Prince fazem questão de agradecer os mimos e até os puxões de orelha e dizem que a cobrança com a disciplina e com a eficiência na realização das tarefas é grande. De fato, as síndicas mudaram rotinas, adaptaram empregados a postos para os quais tinham mais perfil e estabeleceram metas, mas também criaram premiações. Duas vezes ao ano eles recebem um bônus, avaliados por desempenho. Há também uma premiação para o funcionário que foi destaque no mês. A confraternização de final de ano é feita sempre em um parque, em um dia especial para eles e suas famílias. Agradecidos, os empregados emocionaram as síndicas no dia das mães. Realizaram para elas uma festa com direito a presentes.
As síndicas mudaram a rotina, adaptaram os empregados aos postos para os quais tinham mais perfil e estabeleceram metas, mas também criaram premiações.
As síndicas se sentem recompensadas e recordam que, antes de tudo começar, sequer pensavam em assumir tamanha responsabilidade. Nenhuma das duas tinha qualquer experiência como síndica. “O pouco conhecimento do prédio vinha de um período em que atuamos como conselheiras”, lembra Dumara. “A gente passa a ver e a entender a administração com outros olhos. Acho que todos deveriam, ao menos uma vez, passar pela experiência de ser conselheiro”, diz Lygia.
Elas também reconhecem que se saíram muito bem e avaliam que o constante cuidado com aquilo que é aparente, como a fachada do prédio, os elevadores, a limpeza e a conservação das instalações, assim como o que não é aparente, como a troca de canos, a atenção às instalações elétricas e às finanças, é o que diferencia gestão bem sucedida de outra. O resultado de tudo isto se pode ver na reação dos moradores ao cruzar com as síndicas, cumprimentando-as sorrisos e elogios. “É este clima que nos alimenta, que nos faz querer fazer sempre mais e melhor”, concluem.
A satisfação com o resultado não deixa dúvidas sobre o sucesso da administração da trinca de ouro do Prince.
GENTE QUE FAZ
Na grande pirâmide que compõe a vida condominial, todos podem dar a sua contribuição. Conheça alguns dos que fizeram e fazem diferença em seus condomínios.
Entre a manutenção do histórico e a funcionalidade do moderno: zelador cuida da conservação do edifício e construiu um sistema de captação e reuso de água de chuva.
Cuidar de um edifício de valor histórico não é fácil. É preciso atenção redobrada para conservação, além de muito zelo e capricho para arremates a fim de disfarçar defeitos quando o mercado não oferece mais o mesmo material que o usado na construção . Mas garantir que este mesmo prédio ganhe economia e funcionalidade com soluções modernas, também não é para qualquer um.
Luiz Gonzaga é zelador e morador há 28 anos do condomínio Ribeiro de Carvalho, o primeiro “arranha-céu” construído em Copacabana, e é responsável por soluções por vezes inusitadas para problemas de difícil solução.
Quem olha a porta sanfonada do elevador não vê nada de diferente, sabe apenas que não apresenta mais um problema que a empresa conservadora não conseguiu resolver. Nos mármores de Carrara que revestem a parede que segura as pesadas portas de aço da portaria, da mesma forma, ninguém supõe emendas nas peças que perderam um pedaço devido à dilatação do material. O que os olhos permitem ver é que tudo está em bom estado de conservação, como sempre esteve.
Para isto, Luiz dá o seu toque especial para a conservação do condomínio trocando um puxador de lugar, sem modificar nada na porta sanfonada do elevador original da década de 20. Fez o mesmo ao vasculhar lojas de antiguidades em busca de um pedaço de mármore parecido com o utilizado no prédio e aplicá-lo com um cuidado tal que ninguém diz que ali tem uma emenda. E estas são apenas duas das muitas situações cotidianas em que fez diferença na manutenção do prédio.
Não bastasse, foi ele também quem permitiu a adoção da captação e o reuso da água de chuva, uma solução das mais atuais para o edifício histórico. Em dois espaços ociosos abaixo do telhado, onde não se podia fazer muito, ele vislumbrou a possibilidade de colocar algumas caixas de água, esticar uns canos e aproveitar a extensão do telhado para captar água. O resultado foi o abastecimento regular para três banheiros e limpezas em geral, bem como uma economia mensal de 2 mil reais na conta de água. “Antes de trabalhar no prédio, era funcionário de uma empresa de reforma predial. O conhecimento eu tinha para fazer, e a vontade também”, conta. O serviço, feito no horário de descanso, ainda rendeu uma receita extra para o zelador, que garante que a satisfação de realizar foi maior. “É como se estivesse cuidando da minha casa. Afinal, não é aqui que eu moro?”, justifica Gonzaga.
Segurança, beleza, funcionalidade e valorização: projeto de moradora arquiteta mudou mais que a fachada do prédio.
Maria Matilde Monteiro de Barros Matheus é arquiteta e moradora há 30 anos no condomínio Daniel Maclise, no Cosme Velho, desde o lançamento do empreendimento. Como arquiteta e usuária das instalações, enxergava uma solução para um problema que, a princípio, nem todos viam. A antiga portaria não permitia ao porteiro visibilidade da área externa ao prédio e obrigava-o a percorrer um extenso caminho até chegar ao local de onde podia abrir o portão da garagem. Paliativos eram necessários e outro porteiro foi contratado para auxiliá-lo, mas continuavam os riscos à segurança do prédio.
Com seus conhecimentos técnicos e fica muito mais BARATO! interesse da moradora, ela projetou a mudança da portaria de lugar. Seu objetivo era criar uma nova área que permitisse maior funcionalidade e perfeito controle de acesso ao edifício, não foi um trabalho simples. Além de precisar recorrer às plantas originais para verificar qualquer impedimento à quebra de paredes, foi necessário ainda obter a aprovação da grande obra. Foram cinco gestões até ver o sonho concretizado, mas os resultados foram enormes e imediatos.
Sem promover maiores alterações no desenho do edifício, seu projeto transformou tudo nos acessos ao prédio. A área utilizada anteriormente como portaria passou a ser uma confortável sala de espera. Outro espaço foi criado entre a entrada social e a entrada da garagem para abrigar uma central de controle de acesso onde trabalham os vigias e porteiros. Totalmente envidraçado e com janelas para entregas, permite a eles uma visão panorâmica de todo o entorno e ainda impede o acesso de entregadores ao interior do edifício. Uma bancada longa também garante espaço de sobra para os monitores, para que as imagens produzidas por 32 câmeras do circuito interno de TV sejam visualizadas.
A nova portaria, que tem passagem para a entrada social e vice-versa, ainda ganhou uma clausura, item que tornou completo o sistema de segurança do prédio. Também foi possível a criação de um depósito para material de limpeza no antigo corredor, mantido no projeto atual, que leva da garagem até à portaria e vice-versa. Esta nova portaria, que, na verdade, é uma central de controle de acesso, não tem passagem direta da rua. Seja pela modernidade e beleza, seja pela funcionalidade como item visível de serviço de segurança eficiente, ela representou valorização para os imóveis.
Para Luiz Afonso, o síndico que acompanhou toda a obra, um desenho inteligente assim talvez não fosse possível somente com conhecimentos técnicos. “Reconheço sem a vivência das demandas como moradora sentia, o projeto poderia ser diferente”, considera Matilde, que não cobrou pelo projeto. O custo ficou a cargo do desenho e dos cálculos, já que o trabalho exigido dificultaria o atendimento da arquiteta a seus clientes. Mas ela presidiu a comissão de obra criada para acompanhar todo o processo e foi a responsável desde a seleção até a entrega da planta final, além da escolha dos materiais utilizados pelo critério de durabilidade e facilidade de manutenção, até a realização da obra e a sua condução . “Foi muito trabalhoso, mas igualmente gratificante”, afirma.
Solução trabalhosa e de valor permanente para o condomínio: subsíndico refez plantas para encontrar origem de vazamentos que ofereciam riscos ao prédio
Antônio de Pádua é engenheiro civil por formação e prática, atual síndico e ex-subsíndico do condomínio Itapemirim, na Urca. Morador desde a construção, ele não pensou duas vezes quando a então síndica, Maria Beatriz Murtinho, disse que um prédio da década de 50, cheio de problemas de conservação, precisa de um engenheiro atuante. Desde então, Antônio de Pádua tem feito toda a diferença no condomínio. “Ele topou ajudar, e isso foi a minha sorte. Aliás, até hoje é a nossa sorte”, afirma Beatriz, hoje subsíndica.
O engenheiro civil foi fundamental especialmente quando surgiu no subsolo do prédio um enorme vazamento, justamente no local onde ficam os medidores de luz das lojas do térreo e das áreas comuns do prédio. Era um risco alto para todos. E Antônio não apenas resolveu o problema, como, para isto, refez todas as plantas do prédio, contribuindo de forma definitiva para soluções futuras mais fáceis.
Sua primeira medida foi buscar junto à prefeitura a planta original do prédio, mas, como descobriu que ela não existia mais, se dispôs a seguir em frente para encontrar da forma possível de onde vinha o vazamento. A iniciativa foi mais uma vez frustrada, agora pelos donos das lojas que não o deixaram entrar para verificar as tubulações. Foi quando decidiu refazer a planta, com as suas instalações.
Para que se possa entender melhor o tamanho da demanda, é preciso explicar um pouco sobre o desenho do prédio. Há num andar a portaria, que está no mesmo nível da rua, com as lojas ao lado. Abaixo deste está o subsolo e acima os apartamentos. Portanto, uma coisa está em cima da outra, mas, no andar térreo, as lojas têm um pequeno recuo por conta da projeção da marquise em toda a volta da edificação. Sem poder contar com a ajuda das lojas para medir onde começava e onde terminava cada local de possível ponto de infiltração e poder situar exatamente o ponto do vazamento, fez as medições da seguinte forma: media áreas comuns do condomínio, seguia ao apartamento exatamente em cima das lojas, media toda a área do imóvel, depois ia para a frente do prédio para medir a distância que sobrava. Desta forma, conseguiu chegar às plantas de cada andar, subsolo, lojas e apartamentos.
Ele fez três plantas, cada uma de um perímetro e de seu andar respectivo. No final, levou tudo a uma Assembleia Extraordinária, onde provou que eram três vazamentos, todos provenientes de três bares localizados nas lojas I/J, L e K, alguns de água pluvial e outros de esgoto. “Com esta prova cabal, os responsáveis pagaram por 80% das obras, pois entendemos ser mais justo o condomínio arcar com uma parte, já que nossos relógios medidores também ficavam no local”, conta.
“Neste momento, ele é o síndico e eu sou sua subsíndica, mas, naquela época, e até por força do trabalho dele (ele sai de manhã e só volta à noite), seu feito foi algo extraordinário”, elogia agradecida Beatriz. Para Antônio, o trabalho seria executado de qualquer forma, com a contratação de um engenheiro ou de uma empresa capacitada. Mas, com a sua colaboração, além da economia, já que não cobrou por isto, a busca pela solução foi mais focada em uma solução eficiente e definitiva. “E, acima de tudo, foi um trabalho de equipe, que tem muito mais a ver com o que deveria ser a administração condominial. Um trabalho feito em parceria com o conjunto dos moradores”, completa.
Iniciativas simples geram economia de água e eficiência nos serviços de limpeza
Jailson Moises da Silva é faxineiro do condomínio Missões, no Cosme Velho, há dois anos. Veio da Paraíba, da cidade de Cuité de Mamanguapé, perto de João Pessoa, direto para o trabalho no edifício, por indicação de um amigo da síndica, Maria Salete Lopes Paulo. O que a síndica não sabia é que o rapaz, que já chegou com o ensino médio concluído, faria tanta diferença para a sua gestão no quesito limpeza e organização, uma área pouco valorizada, mas bastante cobrada pelos moradores.
Partiu de Jailson a ideia de criar rotinas e controles, com cronograma de áreas a serem limpas, periodicidade de limpeza de caixas de gordura, reservatório de água, consumo de material com baixa para sinalizar quando é necessário repor o estoque deste ou daquele produto. “Ele é o chefe da limpeza; não é preciso pedir, não há cobrança dos moradores. Tudo ficou absolutamente cuidado e ele ainda sinaliza com sugestões e ideias para melhorar processos”, elogia a síndica. Ela destaca que o controle de qualidade é feito por ele, que testa os produtos em uso e anota se estão aprovados ou se sua compra deve ser descontinuada. O estoque é impecavelmente arrumado e os produtos diluídos em garrafas pet, deixados prontos para o uso.
Foi Jailson também quem teve a iniciativa que permitiu uma economia de cerca de 2 mil reais, por mês, na conta de água, com a simples troca do tamanho do saco de lixo utilizado nos contêineres. “Com um saco maior, foi possível reduzir as lavagens, economizando água e tempo de trabalho. Antes era preciso lavá-los diariamente, o que levava um tempo enorme e gastava muita agua”, explica. Os sacos majores evitam o contato do lixo com os contêineres, que podem ser lavados apenas uma vez ao mês.
Ele também conversou com catadores que passam pelas ruas do bairro e faz o descarte do lixo já previamente separado. “Com isto, não precisamos acumular aqui o material que faz mais volume. Só precisamos descartá-lo no dia e no horário certos”, diz.
Atenção, cuidado, organização e, acima de tudo, iniciativa e senso de responsabilidade são características pessoais que revertem para o condomínio, que nunca mais teve ocorrência de reclamação de qualquer espécie quanto à limpeza e à higiene do prédio. “Se isto não pode ser medido em cifras, faz uma grande de qualquer modo”, afirma a síndica.
Engajados
Síndicos realizam campanhas de conscientização e colhem bons resultados com mais envolvimento na vida condominial.
A boa convivência entre os condôminos é um desafio para os síndicos. A harmonia nos condomínios, assim como em qualquer organização social, depende de respeito às normas, respeito ao próximo e participação. Alcançar este objetivo é que é o problema.
Regina Laginestra, síndica do edifício Solar da Barra, na Barra da Tijuca, e Antonio Hamid Hamdar, síndico do Solar Martins Ferreira, em Botafogo, têm conseguido bons resultados utilizando-se de temas atuais para mobilizar os moradores em prol de melhores relações.
Presidente do Reviverde – Instituto Ambientalista da Cidade do Rio de Janeiro, Regina conseguiu envolver os moradores incentivando a coleta seletiva de lixo, de óleo e de outros materiais poluentes. Criou uma horta orgânica com aproveitamento do material recolhido e implementou ações que levaram a uma redução de 70% do consumo de energia elétrica, além de empreender diversas ações para a economia de água.
O sucesso das iniciativas valeram o 3° lugar na categoria condomínio Cidadão, de 2012, do Prêmio Secovi Rio. Mas, para a síndica, o mais importante é ver todos engajados, o que acaba por levar a outro tipo de comportamento. ”O engajamento torna- se uma atitude diante de tudo. O conceito de cidadania não está restrito a uma ação isolada”, afirma.
O engajamento torna-se uma atitude diante de tudo. O conceito de cidadania não está restrito a uma ação isolada
Cumprimento às regras como ação raciocinada
A base do trabalho do Reviverde não é centrada nos condôminos diretamente, mas nos empregados que trabalham nas unidades, pois são eles que lidam com o lixo. “O que acontece é que todos vêem o resultado da ação. Realizo palestras e cursos e divulgo regras, etapas, sucesso. Todos têm conhecimento do que está acontecendo. Acaba contagiando”, explica. Corredores, elevadores, quadro de avisos, todos os locais de grande circulação recebem cartazes ilustrados, divertidos. E, desta forma, a familiaridade com um conceito de comunidade de regras vai se sedimentando, sem que se dêem conta. “Conscientizar para o fato de que as regras existem e que devem ser respeitadas pode ser tarefa árdua sem uma motivação que não seja apenas a obediência à regra pela regra. Precisa ser algo raciocinado dentro de um contexto mais amplo”, considera Regina.
Conscientizar para o fato de que as regras existem e que devem ser respeitadas pode ser tarefa árdua sem uma motivação que não seja apenas a obediência à regra pela regra. Precisa ser algo raciocinado dentro de um contexto mais amplo.
Ainda que, de um modo indireto, o resultado é mais envolvimento, melhores relações e, consequentemente, uma convivência mais harmônica, com as pessoas se respeitando mais. “É claro que campanhas mais pontuais, como, por exemplo, para que fezes de animais sejam recolhidas por seus donos, são necessárias, assim como a aplicação de multas, quando nada mais funciona. Mas, em geral, os condôminos são mais conscientes de que respeitando e cumprindo com seus deveres todos vivem melhor”, garante.
Elevando o nível das discussões
Quem também come o mingau pelas beiradas, como se costuma dizer, é o síndico Antonio Hamdar. No condomínio que administra, também há uma horta, além de um pomar e uma biblioteca. Além disso, são fixados cartazes e promovidos eventos, que, neste caso, giram em torno da defesa dos direitos humanos. São regulares as palestras realizadas na área comum do edifício, entre a biblioteca e o pomar, com a presença de sociólogos, psicólogos e defensores públicos; sempre tendo o respeito ao outro como tema.
“Por vezes um simples olhar e o emocional da pessoa se desequilibra; isto é o quê? Entendo que a chave para uma convivência mais pacífica seja o desenvolvimento da sensibilidade. O respeito ao outro começa pelo reconhecimento do outro como um ser diferente de você. O respeito ao próximo envolve o respeito às regras, e vice-versa, pois não existe necessidade de regras quando só exista eu. As regras servem para normatizar a convivência; sem o outro, elas não fazem sentido”, justifica.
É por este entendimento que o síndico utiliza todos os espaços para levar os condôminos, moradores ou não, e até vizinhos, amigos e parentes, a pensarem juntos sobre questões que muitas vezes chegam à Justiça ou à Defensoria Pública sem necessidade. Ele conhece bem o assunto. Presidindo audiências preliminares de conciliação, do 1° Juizado Especial Criminal de Botafogo, ele tem muitos casos para contar e são eles que acabam se tornando temas para as palestras. Trinta por cento dos moradores são assíduos e, se o número não é maior, o síndico diz que ao menos isto significa que já não é mais uma voz isolada.
Cartazes nos corredores, nos elevadores, na portaria e enviados às unidades como circulares alertam para que sejam evitados conflitos nas garagens ou discussões por causa de barulho. “Em meu trabalho, sei de muitos casos ocorridos em condomínios e alerta para o fato de que, quando há diálogo, respeito e tolerância, as coisas sempre terminam melhor” relata.
E nem sempre o síndico pega leve. Ao chamar a atenção para a questão de barulho, diz que salão de festas não é clube, não tem tratamento acústico adequado. Por isso, pede aos condôminos que quiserem realizar eventos mais barulhentos para optarem por fazer a festa em local mais apropriado. “Somos um condomínio, há muita gente que gosta de festa e outros tantos que não gostam. Mesmo antes das 10 horas, um barulho muito alto, ou por longas horas, incomoda. É preciso se colocar no lugar do outre”, enfatiza.
Assim como a síndica do Solar da Barra, Hamdar também busca fazer com que os condôminos do Solar Martins Ferreira se iluminem. “não basta dizer que não pode; é preciso fazer a pessoa entender os diferentes pontos de vista e refletir sobre isto. só assim mudarão de atitude”, completa Hamdar.
Porteiros
Elegância e Simpatia na Recepção do Grimaud
Raimundo Alexandre da Silva Filho
Edifício Port Grimaud
Desde 2000, Raimundo Alexandre da Silva Filho é o porteiro do edifício Port Grimaud, que
integra o condomínio Village São Conrado, tendo tido anteriormente atendido por 12 anos
ao edifício Port Saint Maxime. São, ao todo, 28 anos de experiência a serviço do
condomínio, onde é conhecido e querido por todos. Depois de passar pelos diferentes
cargos possíveis em um edifício, conquistou o que considera uma base sólida, o
conhecimento e a desenvoltura para atuar em qualquer condomínio. Mas, para os
moradores do Village, Raimundo é o “simpático porteiro do Grimaud”. “Ele é uma pessoa
muito querida e, por sua disposição sempre alegre, é um cartão de visitas em nossa
recepção”, avalia João Luiz da Silva Aguiar, administrador do Grimaud.
Formação em trabalho
O edifício de alto padrão tem uma portaria diferenciada, como a recepção de um hotel, e é,
portanto, muito exigente. Raimundo corresponde e é reconhecido por ser sempre muito
elegante, tanto no vestir, quanto no atendimento às pessoas, sejam moradores ou
visitantes.
Ao longo da carreira, fez cursos para porteiros e acredita que sua escola foi mesmo o
trabalho. “Nos cursos, por vezes o professor dizia que eu era um caso à parte, pois muito
da infraestrutura de organização, de instalações e sistemas de segurança com a qual
trabalho não se compara com a dos demais condomínios. Até a nossa postura e jeito de
falar tem que ser diferenciado porque a qualidade Formação em trabalho exigida é muito
elevada”, diz.
Até a nossa postura e jeito de falar tem que ser diferenciado porque a qualidade exigida é muito elevada.
Vida simples e apoio à família
Chama a atenção sua história de vida. Filho de uma família de 23 filhos, atualmente apenas
13 vivos, trabalha desde cedo com muito empenho, atento ao bem-estar dos parentes que
deixou em Santa Luzia, no interior da Paraíba. Raramente tira férias completas e jamais
voltou, preferindo ocupar o tempo livre com a prestação de outros serviços, “bicos” como
ele chama, a fim de mandar dinheiro para que sua família possa ter melhores condições de
vida. Atualmente, a maioria dos irmãos está espalhada pelo Brasil, cada um trabalhando em
um lugar diferente — apenas duas irmãs moram no Rio, como Raimundo. No entanto, os
pais, já bastante idosos, continuam morando na Paraíba. No último ano, cinco dos irmãos e
a mãe de Raimundo vieram ao Rio para visitá-lo.
Com a indenização recebida do Port Sait Maxime pôde construir uma casa, em
Jacarepaguá, onde mora perto do único filho e da neta. Viúvo, casado pela segunda vez,
seu divertimento é jogar futebol, o que confessa tem feito cada vez menos, e assistir a
programas esportivos na TV.
O mesmo jeito prestativo e dedicado à família Raimundo empresta ao edifício, onde, além
dos serviços de interfone e recepção, preocupa-se com o bom funcionamento dos
elevadores, pois considera um problema as empresas conservadoras demorarem tanto para
atender ao condomínio quando necessário. Com 16 empregados no edifício, o porteiro com
tantos anos de experiência é quem dá aquela dica sempre importante para que atendam
bem ao condomínio.
Conhecimento e experiência são muito importantes nesta função, mas, acima de tudo, será a postura, a educação e a simpatia respeitosa que fará o profissional estar pronto para assumir qualquer portaria
Aos colegas e, especialmente, àqueles que querem começar a trabalhar como porteiro,
Raimundo aconselha vivenciar os diferentes cargos, de faxineiro, vigia até chegar à portaria,
para ir aos poucos conhecendo a rotina de um prédio e seus desafios e ganhando
experiência no contato com os muitos tipos de pessoas que por ali circulam. “Conhecimento
e experiência são muito importantes nesta função, mas, acima de tudo, será a postura, a
educação e a simpatia respeitosa que fará o profissional estar pronto para assumir qualquer
portaria”, conclui.