Editorial
Como proteger o patrimônio em meio a manifestações sociais? O carioca foi pego de surpresa com as passeatas e os atos de vandalismo que se seguiram. O jeito foi buscar alternativas para garantir o menor prejuízo durante o quebra-quebra. Cuidar da segurança da edificação, saber o que fazer para evitar danos e se o seguro contratado garante cobertura para este tipo de situação, tornaram-se uma preocupação maior para síndicos dentro e fora dos percursos comuns dos arruaceiros.
Vivemos um período de turbulência, com cobranças por gestões públicas mais eficientes, menos corrupção e melhores serviços. No inconsciente coletivo está instalado o ânimo de cobrar mais transparência. Quem administra sente a pressão. É hora de aproveitar para por a casa em ordem e não deixar margem a dúvidas.
E dúvidas é o que não falta a quem está atento ao prazo dado pela Prefeitura para o início da fiscalização prevista pela Lei de Autovistoria.
São muitos os assuntos desta edição para orientá-lo quanto à melhor forma de gerir o seu condomínio, cumprindo a legislação e ainda dando exemplo de civilidade e cidadania para os demais agrupamentos sociais no âmbito das cidades. Eleições, oposição, transparência, serviços. Em muitos itens, os condomínios têm demonstrado comprometimento e capacidade para garantir aos condôminos boa qualidade de vida e uma relação custo-benefício melhor do que a oferecida pelo poder público.
Aproveite as informações e boa leitura!
Espaço Lowndes
Assistência ao Cliente
Na área do direito, ter uma referência, uma base de confiança para orientar e, se necessário, acompanhar o seu caso, é essencial. Foi assim que surgiu o serviço para todos aqueles que têm dúvidas sobre direitos, deveres e ou obrigações. O Plano de Assistência criado para os moradores, como mais um serviço opcional prestado, é fruto de uma parceria com um escritório de advocacia e visa oferecer uma assistência de qualidade, mas de fácil contratação e a um preço acessível.
Muitas pessoas buscam a administradora, ou mesmo escritórios de advocacia, com dúvidas sobre questões de simples solução, ou com casos que realmente precisam de uma ação na justiça, mas sem saber como iniciá-la.
Com o Plano de Assistência ao Cliente, os moradores que contratarem o serviço terão acesso a aconselhamentos e pareceres jurídicos, esclarecimentos, por telefone e presenciais, para as áreas cível, empresarial, tributária, trabalhista, criminal e juizados especiais cíveis e criminais. Um suporte completo que busca resolver as questões, se possível, sem a necessidade de se entrar com uma ação na justiça. Porém, se o caso exigir, não terá a necessidade de procurar um advogado desconhecido.
A proposta da Lowndes, com o Plano de Assistência ao Cliente para os moradores dos condomínios, é oferecer uma consultoria capaz de deixar o cliente seguro
Ninguém quer ter de utilizar os serviços de um advogado, mas em caso de necessidade, poder contar com um serviço referendado é muito melhor. A proposta da Lowndes, com o Plano de Assistência ao Cliente para os moradores dos condomínios, é oferecer uma consultoria capaz de deixar o cliente seguro, sabedor de que detém um amparo jurídico especializado. Um serviço personalizado para garantir mais segurança e tranquilidade para a vida das pessoas. •
Atualidade
Em tempos de manifestações sociais
Como proteger o patrimônio contra vandalismo?
Não foram poucos os que comemoraram a retomada do povo às ruas em manifestações de caráter democrático contra os descasos do poder público. Porém, mesmo dentre aqueles que participam ativamente dos protestos, não há quem abone a ação de vândalos, os pequenos grupos que se aproveitam do anonimato da multidão, e do uso de máscaras, para destruir o patrimônio público ou privado.
O direito de manifestar o livre pensamento não inclui atos de violência. Em um estado de direito, algo inaceitável e ilegal. Vandalismo é crime, de acordo com o artigo 163, do Código Penal brasileiro, que sujeita à prisão, que varia de seis meses a três anos de detenção, e multa.
Mas, como evitar os prejuízos que o vandalismo pode causar?
Paulo Mouzinho, empresário do setor de segurança patrimonial, com mais de 30 anos de experiência, destaca a necessidade de se buscar preservar a integridade, não apenas do patrimônio, mas das vidas humanas. “As bombas incendiárias, por exemplo, podem causar vítimas fatais. Não é brincadeira o que estão fazendo”, alerta.
Para ele, o grande e novo desafio das manifestações, está na prevenção dos prejuízos, destacando a sensação de insegurança que os atos de vandalismo provocam.
Plano de Segurança
Para prevenir-se, o especialista aconselha que as administrações dos condomínios estejam atentas à aplicação de conceitos já consolidados dos planos de segurança, especialmente no seu terceiro item, o plano de contingência. Ele é, em resumo, a definição das diferentes situações críticas, de modo a oferecer a todos os envolvidos, durante a concretização do risco, um roteiro de ações visando o restabelecimento da normalidade. “Tendo em vista que toda situação crítica gera uma urgência, é preciso saber previamente o que fazer se ela acontecer”, orienta.
Um plano de segurança geralmente é dividido em três etapas, que incluem a análise das instalações físicas para adequá-las visando dificultar o acesso e evitar ao máximo a invasão, com soluções como a construção de clausuras, uso de catracas e outras barreiras e controles de acesso, além da utilização dos equipamentos eletrônicos, como câmeras, sensores de alarme e circuito fechado de TV, para auxiliar na vigilância das instalações. As outras duas partes são o plano operacional, no qual são estabelecidos os procedimentos operacionais com regras específicas para cada integrante do sistema (condômino, funcionários e usuários), e o plano de contingência.
“Cada prédio, residencial ou comercial, possui características próprias e somente com uma análise específica é possível traçar as contingências ideais para cada estrutura. Porém, algumas orientações genéricas podem evitar maiores danos”, afirma.
Entre as sugestões do especialista estão verificar se o sistema de segurança humana é capaz de conter a ameaça de invasões ocasionais, ou permite o emprego de reforço físico, dotados de equipamentos de não letalidade. “Diferente do que se imagina, à segurança privada também é permitida a utilização dessa logística, se for o caso, principalmente nessas situações”, diz.
Ele reforça a importância de se identificar os pontos de maior vulnerabilidade na estrutura, pois considera que as barreiras físicas nas edificações são geralmente frágeis, seja por enquadramentos arquitetônicos ou simplesmente estética predial.
Se a localização do imóvel está dentro de algum corredor já utilizado em manifestações anteriores, ou próxima a algum ponto que possam escolher para concentração, vale verificar se as instalações possuem acesso alternativo. “Desta forma, é possível programar previamente o bloqueio dos acessos principais e os procedimentos para a utilização do alternativo. Vale ainda analisar a possibilidade de instalar proteções removíveis para proteger acesso e vidros. E não se esqueça de guardar equipamentos ou materiais que fiquem expostos nas vias públicas”, complementa.
Mouzinho destaca a necessidade de verificar se o sistema de segurança eletrônica permite a identificação de possíveis responsáveis por eventuais danos. “Sem eficácia operacional e qualidade técnica, o uso de câmeras pode não servir para muita coisa”, exemplifica
Sem eficácia operacional e qualidade técnica, o uso de câmeras pode não servir para muita coisa
Paulo Mouzinho, empresário do setor de segurança patrimonial
Contrate Cobertura para Tumulto
Além dos riscos excluídos em cada cobertura e, salvo contratação de cobertura específica, os seguros dos condomínios não cobrem quaisquer prejuízos causados por atos de vandalismo, saques, motins, convulsões sociais, arruaças, greves, “lockout” ou quaisquer outras perturbações desta ordem.
O esclarecimento é fundamental, pois muitos acreditam que ter um seguro contratado garante os prejuízos de qualquer natureza. “O mercado de seguros considera danos decorrentes de tumultos, greves e qualquer outro tipo de perturbação da ordem pública como risco excluído. Ou seja, sem cobertura do seguro”, explica a corretora Heloísa Nogueira.
Mas, apesar de constar como risco excluído nas condições gerais das apólices, existe a possibilidade de contar com uma opção para garantir o recebimento de indenização por danos causados durante as manifestações. “Para a tranquilidade do segurado, recomendamos contratar ou inserir na sua apólice a cobertura de tumulto”, orienta.
Nesta estão cobertos o incêndio, perdas e danos materiais causados aos bens móveis ou imóveis pertencentes ao segurado, pela ação destrutiva de pessoas durante a ocorrência de tumulto, greve, “lockout” e atos dolosos. Heloisa, alerta, no entanto, que mesmo com a contratação da apólice há riscos e bens não cobertos. Por isto, o melhor é tomar todas as precauções.
Mantenha-se informado sobre a ocorrência de manifestação na área, ou nas proximidades do condomínio e, caso ainda não tenha, consulte os condôminos sobre a adoção de um plano de segurança que estabeleça regras e procedimentos a serem adotados para evitar problemas. •
Capa
Transparência sempre
A importância de administrar de forma clara, fornecendo acesso aos moradores sobre os números da gestão.
Em tempos de clamor popular por uma administração pública do bem comum menos corrupta e mais eficiente, todos os alarmes acionam no imaginário coletivo e a cobrança se generaliza. Fica no ar, quando não expressa diretamente, uma cobrança por gestões transparentes, que não deixem dúvidas ou quaisquer questionamentos sobre a administração financeira, também nos condomínios.
“Um dos motivos mais recorrentes de desconfianças dentro de condomínios, entre os condôminos, é a falta de informação sobre o que é feito do valor da cota condominial”, alerta Guilherme da Ferreira, Lowndes.
Esta falta de informação pode acontecer mesmo quando são obedecidos os prazos de entrega dos balancetes. Isto porque, muitas vezes, valores são arredondados, não alocados em rubricas claras e ações consideradas de menor importância são deixadas de lado.
Para ele, o lidar com o patrimônio de outras pessoas é sempre uma tarefa que envolve, ao mesmo tempo, manter controles e informar de forma farta e acessível a movimentação de receitas e despesas.
Contador Paulo César orienta os síndicos a detalhar informações da prestação de contas.
Seja Detalhista
Paulo César Martins Fernandes, contador da Lowndes, costuma aconselhar a se ater a detalhes. “É como se diz: A primeira impressão é a que fica. Demonstrar clareza na prestação de contas, já é meio caminho andado para inspirar um sentimento de mais confiança de que a saúde financeira do condomínio vai bem. Ou que, ao menos, está sendo bem administrada”, orienta.
Demonstrar clareza na prestação de contas já é meio caminho andado para inspirar um sentimento de mais confiança de que a saúde financeira do condomínio vai bem
Paulo César Martins Fernandes, contador da Lowndes
O contador lista ações que ajudam, começando pela fundamental importância de, a cada início de ano, apresentar um planejamento financeiro bem detalhado, onde estejam previstos todos os gastos do condomínio com manutenção, pessoal, água, luz, entre outros. Todos com rubricas próprias. “Inclua ainda valores referentes à arrecadação com fundo de reserva e não se esqueça de estimar um percentual de inadimplência”, relaciona.
Estes cuidados permitem dar a noção de como é feita a composição da taxa condominial. Um conhecimento que, por si só, já dá uma sensação de que não se está pagando além do necessário e de que o dinheiro está sendo empregado no que realmente é fundamental à funcionalidade do condomínio.
“As despesas fixas, fundo de reserva, de obra ou melhorias, rateios etc., são mais fáceis de explicar quando seus valores estão expostos de forma independente”, explica.
As movimentações das receitas e despesas nunca devem correr em conta particular, seja do síndico ou de outro condômino. Paulo acrescenta que as cobranças das cotas devem ser em boletos pagos através da rede bancária. “É mais seguro que permitir que o pagamento seja feito a um empregado do condomínio, em dinheiro ou cheque. E, com isto, o controle sobre todas as entradas também é facilitado”, completa.
Pagamentos devem ser Documentos
Com uma maior atenção do fisco para os condomínios, o síndico deve ter o cuidado de, ao realizar cada pagamento, exigir que este seja acompanhado de nota fiscal ou recibo. “Estes documentos devem ter a discriminaçào detalhada dos produtos e/ou serviços prestados, e todas as informações pertinentes a um fornecedor, como razão social/nome completo do prestador, CNPJ, CPF, nome completo, endereço etc.”, detalha.
A retenção e o recolhimento de impostos devidos, obrigatórios na contratação de autônomo, devem ser realizados mediantes documentação e informações necessárias anexadas a cada pagamento. “Todo processo deve ser documentado. É comum que serviços pequenos ainda sejam acordados “de boca”. Isto é um erro e torna qualquer esforço por controle financeiro nulo”, enfatiza.
Agregue Valor aos Balancetes
Os condomínios, mensalmente, devem preparar o balancete, normalmente em pastas, onde são apresentadas todas as despesas e receitas, incluindo ainda todas as notas fiscais e demais documentos pertinentes à movimentação no mês. É uma pasta cujo conteúdo deve ser analisado e aprovado, mês a mês, pelo conselho, que pode assinar aprovando ou, caso encontrem divergências nas informações, fazer ressalvas sobre dúvidas para posterior esclarecimento, pelo próprio síndico ou pela administradora. “Este procedimento é o correto e os conselheiros devem ser atentos fiscalizadores, de fato, do bem comum. É este o seu papel e nisto eles são parceiros do síndico na necessidade de se dar transparência à gestão financeira do condomínio”, destaca Guilherme Ferreira.
Guilherme Ferreira: Transparência evita desconfianças e melhora a convivência.
O gerente de condomínio recomenda ainda, que este balancete tenha uma versão resumida e analítica para seguir juntamente com o boleto da taxa condominial para cada um dos condôminos. “De posse das informações sobre a movimentação das contas, com uma lista das realizações, problemas e soluções do período, tem-se um clima de confiança”, aconselha.
De posse das informações sobre a movimentação das contas, tem-se um clima de confiança
Guilherme Ferreira, gerente de atendimento da Lowndes
Para a administração, esta prática torna o trabalho ao final do ano mais fácil, pois a memória detalhada de todas as ações estará arquivada para consulta e planejamento para o ano seguinte. Para os moradores, se estas informações forem apresentadas de forma mais informal, em uma circulação de comunicação mais próxima a eles, será um canal para aumentar a participação e a integração. “A boa convivência entre os moradores passa por este sentimento de que se faz parte de um grupo em que há comunicação, respeito e proximidade”, completa. •
Entrevista
Hora de Fazer Limonada
Simone Ramos
Gestora condominial da Lowndes
Os laudos técnicos, elaborados para atestar as condições de conservação, estabilidade e segurança das edificações, estão em alta. Com a Lei da Autovistoria, reclama-se da sobreposição deste tipo de obrigatoriedade. Simone Ramos, gestora condominial da Lowndes, prefere orientar para o que se pode tirar de proveito da situação. Administradora de empresas, contadora, consultora condominial e síndica com 14 anos de experiência, ela entende perfeitamente o sentimento dos síndicos, mas propõe: aproveitem o limão e façam uma limonada. Afinal, se bem feitos, os laudos garantem que as manutenções sejam realizadas com regularidade, baseadas em verificações técnicas, o que resulta em mais segurança para as edificações.
LOWNDES REPORT – Muitos síndicos entendem que a autovistoria torna os laudos cumulativos, pois se estaria repetindo avaliações técnicas. Questionam se laudos já executados não deveriam servir para a feitura do laudo de autovistoria. Como consultora de condomínios e síndica profissional, como vê a questão?
SIMONE RAMOS – É um ponto de vista, porém as Leis e decretos existentes não determinavam que os laudos fossem encaminhados para a Prefeitura. Com a publicação da Lei n° 6.400, de 05/03/2013, foi criado um novo formato. Ela estabeleceu a autovistoria buscando reunir em um só laudo informações quanto às condições de conservação, estabilidade e segurança, e com somente um responsável, que deverá obrigatoriamente ser um engenheiro ou arquiteto, ou empresa legalmente habilitada nos Conselhos Profissionais, Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro – CREA ou no Conselho de Arquitetura e Urbanismo – CAU. Fica evidente que o objetivo foi centralizar as informações de modo a facilitar a fiscalização. É possível que com o tempo, depois destes primeiros meses de avaliação por parte da Prefeitura e demais órgãos sobre funcionamento e aplicabilidade, ajustes sejam feitos.
LOWNDES REPORT – Qual deve ser então a postura do síndico diante destas obrigações?
SIMONE RAMOS – É dever do síndico cumprir as determinações da lei, pois ele é responsável pela administração interna do condomínio, sendo pressuposto de sua função a verificação das condições físicas das áreas comuns e mesmo as privadas caso possam afetar as áreas em condomínio. O Art 1.348 – Compete ao síndico (…) V- diligenciar a conservação e a guarda das partes comuns e zelar pela prestação de serviços que interessem aos possuidores. Então, ele não pode fugir disto. Não podemos esquecer que o síndico responde civil e criminalmente pelo condomínio. Depois, o laudo vai informar possíveis anomalias e indicar quais as medidas reparadoras ou preventivas a serem adotadas. Laudos técnicos trazem segurança aos imóveis. Ele agrupa todas as informações do prédio e, com ele, o síndico poderá, inclusive, confrontar outros laudos individuais, tais como RIA – Relatório de Inspeção Anual, o certificado de responsabilidade técnica ou uma medição eletrônica do aterramento e etc. Soube de um caso recente em que o condomínio, através do laudo de vistoria, descobriu que o pararraios existente não estava em conformidade com as normas ABNT. Mas o certificado que tinha em mãos, elaborado pela empresa contratada para fazer a manutenção anual do equipamento, atestava que estava tudo certo. Ou seja, a empresa não prestava um serviço adequado, o que motivou o síndico a substituí-la. É por isto que o síndico deve ver esta nova responsabilidade como mais uma ferramenta para auxiliá-lo na administração do condomínio. Pensar que o momento é o de aproveitar o limão e fazer uma limonada. Ver o que tem de positivo na iniciativa.
LOWNDES REPORT – Como ele deve colocar mais esta demanda para os condôminos?
SIMONE RAMOS – Um dos aspectos mais favoráveis da Lei é servir de instrumento para facilitar o convencimento dos condôminos a realizar obras importantes. O síndico preocupado com a segurança está sempre levando para as assembleias ações preventivas e corretivas que muitas vezes não são aprovadas em virtude dos custos. O laudo de autovistoria não apenas detalha todas as necessidades existentes, classificando-as pelo grau de risco, mas aponta as correções que devem ser feitas. Em caso de descumprimento do disposto na Lei, o síndico será pessoalmente responsabilizado, e o condomínio responderá solidariamente, por danos que a falta de reparos ou de manutenção da edificação venha a causar a moradores ou a terceiros. Este é o argumento mais importante que ele pode ter. Se a correção é realmente necessária, que ela seja feita para a segurança de todos.
Um dos aspectos mais favoráveis da Lei é servir de instrumento para facilitar o convencimento dos condôminos a realizar obras importantes
Simone Ramos é Gestora de Condomínios da Lowndes
LOWNDES REPORT – Quanto à escolha e contratação de uma empresa, ou profissional, há dúvidas sobre a capacidade de o mercado oferecer e garantir profissionais capazes de realizar estes laudos de autovistoria. O que tenho recomendado?
SIMONE RAMOS – A recomendação é buscar profissionais ou empresas habilitadas junto ao respectivo Conselho Regional de Engenharia, e Agronomia – CREA ou pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo no Rio de Janeiro – CAU/RJ. A contratação deve ser criteriosa. Este é um cuidado que estou tendo e orientando, pois é a única garantia que nós podemos ter.
LOWNDES REPORT – E o processo de informar os dados à Prefeitura?
SIMONE RAMOS – A Lei Complementar n° 126 de 26 de março de 2013, determina que o responsável pelo imóvel para efeitos desta Lei Complementar é o condomínio, como o responsável pelo condomínio é o síndico, ele será o responsável por informar à Prefeitura sobre o laudo. O síndico deverá preencher um formulário online, indicando o nome do profissional responsável, seu registro profissional e o número do registro ou da Anotação de Responsabilidade Técnica a ele relativa, além das medidas reparadoras necessárias para sua adequação, se houver, com o prazo para implementá-las. Após a implementação das medidas, e confirmado que o imóvel encontra-se em condições adequadas de uso, o síndico deverá dar conhecimento à Prefeitura e esta confirmação deverá ser feita através de laudo complementar emitido pelo profissional ou empresa habilitada. O síndico também deve dar ciência aos condôminos em assembleia. O endereço do site para saber mais e conhecer todo o procedimento é o vvwvv.rio.rj.gov.br link: comunicar vistoria.
LOWNDES REPORT – O que acha que pode vir a acontecer como ajuste, ou rearranjo no uso da Lei?
SIMONE RAMOS – Na minha opinião, o que deve acontecer é a prorrogação do prazo, pois o Art. 9 da Lei determina a data limite de 01 de janeiro de 2014, para cumprimento das obrigações previstas no Decreto. Efetivamente, um prazo muito curto. •
Ações Positivas
Apostando no Futuro
Em 2003, a Fundação Cesgranrio concebeu um projeto de desenvolvimento social global com o objetivo de melhorar a qualidade de vida dos moradores de quatre comunidades situadas no entorno de sua sede no Rio Comprido: Paula Ramos, Parque André Rebouças, Vila Santa Alexandrina e Escadaria. Assim, nasceu o “Apostando no Futuro”, que há quase 9 anos oferece várias atividades a mais de 500 famílias.
Um projeto inovador, concebido por Claudio Saraiva, consultor da Fundação com grande experiência na área social, que levantou inúmeras informações antes de elaborar o Projeto, a fim de conhecer em detalhes as comunidades, associação de moradores e lideranças locais. Vinte e dois aplicadores, moradores, com ensino médio, foram capacitados para aplicar os questionários.
Dentre as atividades que os moradores julgavam prioritárias estavam a regulamentação da documentação civil; o atendimento a crianças de 2 a 5 anos, já que não havia creche nas comunidades, nem próximas; a atenção preventiva a crianças e adolescentes de 6 a 14 anos; atividades esportivas, de cultura e de lazer, para todas as idades; capacitação profissional para os jovens; disseminação de informações de interesse da comunidade, nas áreas de saúde, alimentação, meio ambiente, drogas, cidadania, entre outras.
Parcerias para Realizar Mais
Para desenvolver as atividades, a Fundação convidou três organizações não-governamentais, a OMEP-BR-RJ, Centro de Estudos e Atendimento São Domingos Sávio, o Instituto Semente do Esporte, conveniadas, recebendo mensalmente recursos financeiros para desenvolver: brinquedoteca (2 a 5 anos); reforço escolar (6 a 14 anos); aulas de reforço para o ensino médio; natação, futebol society, futsal, kickboxing, recreação, voleibol, ginástica para adultos e idosos, basquetebol, handebol, hidroginástica para adultos e idosos; inclusão digital; orquestra de violées, canto e coral, roda de leitura, cinéma semanal, passeios culturais, turísticos e históricos; cursos de qualificação profissional, encaminhamento para estágio e trabalho; festas em datas cîvicas e festivas para ampliar os vínculos com as famílias e as comunidades.
Somente no mês de julho foram atendidos nas diversas atividades 293 moradores, de 3 a 73 anos, diretamente. Indiretamente, são atendidas, pelo jornal “O Progresso”, cerca de 2.000 moradores.
A Ordem Soberana e Militar de Malta é parceira voluntária e desenvolve ações pontuais, como exames de saúde, exames de vista, oferece ônibus para passeios históricos, culturais e turísticos e doa cestas básicas no Natal. A maioria das atividades é realizada no Clube Ginástico Desportivo, que fica próximo às comunidades, e cujas instalações são alugadas pela Cesgranrio.
Roda de leitura e aula de reforço escolar são algumas das atividades realizadas pelo projeto.
Às 4ª feiras, o Cine “Apostando no Futuro”, oferece sessão semanal de 17h30 às 19h30, no auditório do CAP/UERJ, parceiro voluntário.
A partir do aluguel de uma lan house na comunidade, o Projeto passou a oferecer aulas de informática a cerca de 120 moradores. A agenda cheia ainda inclui futebol todos os sábados, num terreno da Prefeitura cedido às comunidades.
Trabalho e Renda
Os jovens participam de cursos de qualificação profissional do SENAC-Rio. Três jovens foram encaminhados, pelo próprio SENAC para estagiar em recepção de hoteis. Em dezembro de 2012, a Fundação contratou, com carteira assinada, mais 8 jovens do Projeto, como Jovens Aprendizes, para trabalhar por 2 anos na Cesgranrio. Eles continuaram estudando em escolas públicas e uma vez por semana, frequentam um curso no CIEE-Rio. Este encaminhamento tem proporcionado emprego e renda para muitos jovens em empresas como a Lowndes.
Para Saber Mais e Participar
O projeto é financiado, integralmente, pela Fundação Cesgranrio. Não recebe doações em espécie, nem tem conta bancária para isto. Aceita, no entanto, doações, principalmente das instituições parceiras voluntárias. Mais informações do “Apostando no Futuro” no site http://w-wv.cesgranrio.org.br/projetos/ projetos_social_principal.aspx. •
Deu Certo
Pronta para a Autovistoria
Condomínio Solar da Barra
Rosa está preparando o Condomínio para o cumprimento da Lei de Autovistoria
Rosa Teixeira Lopes é síndica do Condomínio Solar da Barra desde janeiro, quando assumiu para dar um descanso para a antiga cintia, Regina Laginestra, já em sua terceira gestão. Ambas têm longo histórico de contribuições ao prédio, com anos de participação no Conselho, sempre muito ativas em todas as administrações.
Fachada de um dos blocos do Solar da Barra
O Condomínio tem 30 anos, o que exige uma atenção especial à manutenção. Mas, elas vão além. “Logo que assumi, veio a obrigatoriedade da autovistoria. E a gestão passou a ser toda pautada pelo atendimento das demandas desta nova Lei”, conta Rosa. Isto, é claro, sem deixar de lado os avanços e conquistas da antiga índia, que retomou seu papel no conselho e ainda segue à frente dos projetos de sustentabilidade que tornaram o prédio uma referência. Ele é o primeiro Ecoponto da região da Barra da Tijuca e detém um prêmio do Secovi Rio, do Condomínio Cidadão.
Logo que assumi veio a obrigatoriedade da autovistoria. E a gestão passou a ser toda pautada pelo atendimento das demandas desta nova Lei
Rosa Teixeira Lopes, síndica
Parceria Afinada
“A Regina teve papel fundamental em começar a colocar o Condomínio em condições de seguir por muitos outros anos. Agora é a minha vez”, diz.
Rosa e sua parceira, Regina: Síndica e Conselheira atentas aos problemas do Solar da Barra
Ambas têm a mesma preocupação. Dão a sua parcela de contribuição, pois reconhecem a dificuldade de encontrar quem tenha o mesmo comprometimento e o tempo disponível para se dedicar. “Agora eu pude rendê-la, não sei se poderei ser a síndica no próximo ano, mas nos preocupamos com quem assumirá. Não podemos voltar atrás. A ideia é acrescentar e não dividir. Sempre somar ao que já está feito e avançar’, defende.
Rosa é advogada e ajudou muito a gestão anterior, no acompanhamento de duas ações trabalhistas cabulosas, como diz. “Aposentada, não tive como fugir. Agora estou síndica, mas com a minha experiência posso contribuir muito para evitar que não tenhamos que passar pelo mesmo outra vez”, assegura.
Sem Medo da Autovistoria
A síndica tem atenção especial no acompanhamento das duas empresas terceirizadas, de limpeza e de segurança, não deixando que façam horas extras. Mais ainda com os empregados do condomínio, dez ao todo, que acabam de ganhar a reforma da sala e refeitório que utilizam. “Terão mais conforto desta forma”, explica.
A reforma correu em paralelo aos investimentos no sistema de incêndio. “Quando fui fazer a avaliação, descobrimos que os sprinklers não estavam funcionando a contento”, relata. Depois, foi a troca de cabos de dois dos elevadores, necessidade apontada pelo RJA deste ano. No momento, está investindo na troca do pararraio que, antigo, não atende mais aos requisitos obrigatórios. “Quando chegar a hora de fazer o laudo de autovistoria, estará tudo certo, sem qualquer pendência”, garante.
O futuro fica em suspense. “Tenho que fazer uma cirurgia no pé que exigirá ficar de molho por dois meses. Minha filha terá um bebê em novembro. Vou esperar chegar mais perto para saber das minhas possibilidades”, diz. Isto não a impede, no entanto, de ter projetos. Mas todos compartilhados com os demais integrantes do conselho. Temos a Regina, que já foi síndica, um dentista, que ainda trabalha, e um engenheiro aposentado. Quem pode, contribui. “E assim, vamos mantendo o patrimônio que, afinal, é nosso”, afirma.
Mão de Obra Escassa Dificulta Realização de Projetos
O Solar da Barra, por convenção, não tem subsíndico. “Temos uma ótima funcionária como administrativo e dedico todas as manhãs ao Condomínio. Mas é muita coisa para dar conta, exigências de manutenção devido à idade do prédio, e questões do dia a dia”, diz, acrescentando que atualmente, falta de recursos não é único problema para os síndicos, mas também a falta de mão de obra. Nossa sauna precisa de reforma, pois foi atacada por cupins. Mas não conseguimos quem faça o serviço”, critica.
Rosa conta que muitos que aparecem não querem assinar a carteira de trabalho, pois estão recebendo, ou querem receber, o seguro desemprego. “Mas ilegal aqui, nem pensar”, afirma.
Ainda para este ano, ela quer aproveitar uma área nos fundos do Condomínio para criar uma rampa de skate para as crianças e jovens do prédio terem mais lazer. Fica para a próxima gestão, a reforma da portaria que exigirá mais tempo e recursos. Demanda sua ou de um dos parceiros. A vez será de quem puder dar a sua contribuição em 2014. •
Fique Atento
O Preço da Fama
Paralelo ao entusiasmo com a cidade como foco mundial das atenções, há queixas pelos transtornos que tantas aglomerações, seja para celebrar, seja para protestar, podem acarretar
O Rio sempre foi uma cidade de grande efervescência cultural e social. Mas, neste ano está se superando. Aos grandes eventos regulares, como o Carnaval de rua, somaram- -se outras que ganharam vulto, como a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) e, ainda, as mobilizações e protestos iniciados em junho.
A Prefeitura alardeia números positivos e negativos. Nenhum outro evento na história trouxe tanta gente ao Rio como a JMJ. A cidade recebeu mais de 2 milhões de turistas, recorde de visitação no País, que injetaram R$1,2 bilhão na economia da cidade.
No mesmo período, no entanto, a Prefeitura e o comércio do Rio registraram prejuízos da ordem de R$1,5 milhão a 2 milhões com o patrimônio público danificado, somente nas manifestações iniciadas em junho. O clima obrigou o encerramento de atividades mais cedo em lojas e empresas localizadas nas ruas por onde seguiram as passeatas e a estimativa do comércio é de que perdeu R$130 milhões por dia de protesto.
No mês de agosto, ainda com protestos, apesar de menores, a cidade já estava às voltas com os preparativos para o Rock in Rio, que começou no dia 13 e seguiu até o dia 22 de setembro, com uma estimativa inicial de 700 mil pessoas, em muito superada. Foi então a vez da Barra da Tijuca e seu entorno, ter esquema especial de trânsito, interdições de ruas, restrição de circulação e estacionamento, e o mesmo já velho pedido de desculpas da Prefeitura aos que moram e trabalham na região para os transtornos e, especialmente, para os congestionamentos inevitáveis.
Os trechos em frente à Cidade do Rock e ao Riocentro ficaram totalmente interditados, não sendo permitida a circulação nem mesmo de viaturas oficiais ou veículos de moradores, somente dedicados ao público do evento.
Novo teste para a infraestrutura da cidade, transporte e segurança públicos, trânsito e, mais ainda, para a paciência dos cariocas.
Procedimentos Especiais, Única Opção para Quem tem A Responsabilidade de Zelar Pelo Patrimônio
Os síndicos de edifícios que ficam nos locais de maior concentração de público nestes grandes eventos têm que se precaver e criar rotinas diferenciadas para dar conta de minimizar os rastros deixados por festeiros ou manifestantes.
Os Edifícios Lowndes I e II, na Candelária, se viram obrigados a adotar medidas especiais durante o período dos protestos, ações velhas conhecidas porque o local é ponto de encontro e início de praticamente todas as manifestações e passeatas realizadas na Cidade, assim como a Cinelândia é, geralmente, o ponto final.
Logo que começam a se aglomerar na praça em frente ao prédio, a portaria é fechada, deixando-se apenas uma porta para afunilar o acesso e ter maior controle da entrada de pessoas no prédio. O segurança, que costumeiramente fica mais recuado, é posicionado mais à frente para inibir qualquer tentativa de invasão. Depois que a manifestação segue adiante, é a hora da limpeza. Durante o período de protestos, foi preciso contratar uma empresa, para limpar as pixações feitas nas pilastras, e outra para o refazimento da calçada em pedras portuguesas, arrancadas do chão para virar arma nas mãos dos vândalos. O acúmulo de lixo também é grande e a Comlurb não chega assim que a aglomeração se desfaz, deixando ao condomínio os cuidados de limpar e lavar para melhorar o aspecto geral no acesso ao prédio.
É importante notar que o síndico não tem nenhuma gerência sobre o que acontece fora do condomínio. No caso do Lowndes I, na última reforma de fachada, foi feito um alto investimento para trocar todas as janelas que passaram a contar com vidros duplos para diminuir o impacto do barulho. “Toda manifestação tem o aquece, a convocação e incitação do público utilizando-se alto falantes ou carros de som. Como se diz, a praça é do povo, mas quem quer trabalhar precisa fazer um esforço enorme com tanto barulho”, reclamam os condôminos.
Lado Positivo
Horácio Magalhães, presidente da Sociedade Amigos de Copacabana, ex-síndico e atual conselheiro do prédio que fica no bairro, reconhece que os condomínios mais próximos aos palcos montados para os grandes eventos na Praia de Copacabana são muito afetados. “Especialmente pelo barulho, cheiro ruim na porta dos prédios e muito lixo acumulado”, diz.
Multidão em Copacabana em mais um mega evento realizado no bairro
Muitos optam por proteger jardineiras e até fachadas com grades, especialmente para a passagem de blocos, durante o Carnaval.
Para minimizar os impactos negativos, o presidente da Sociedade recomenda a união. “Ainda é pouca a participação dos síndicos nas reuniões e a nossa força é maior com todos juntos”, convoca, argumentando que a única arma de que dispõem é a pressão para que o bairro seja ouvido desde a escolha do tipo de evento à logística da saída do público. “Copacabana não é uma casa de shows, é um bairro residencial. Entendemos que são eventos importantes para a cidade, temos rede hoteleira que gera emprego, mas não é possível que os eventos inviabilizam a vida das pessoas”, afirma.
Ele destaca a diferença que o bairro pode perceber na realização da JMJ. “Gerou mais público que o Réveillon e o show dos Rolling Stones e, no entanto, muito menos danos. O projeto Aquarius é outro exemplo. Começa que parte da produção do evento faz contato com a Centrais de telefonia gente para pensarmos juntos meios de minimizar o impacto”, defende, acrescentando que, excetuando-se as manifestações com vandalismo, o Rio tem dado exemplo de eventos de grande porte bem sucedidos. “Mas é preciso avançar no quesito infraestrutura e organização e para isto os moradores precisam ser ouvidos”, ressalta.
O síndico José Carvalho, do Edifício Ronald de Carvalho, na quadra do Copacabana Palace, bem perto de todos os grandes palcos montados na Praia de Copacabana, foi fundador de bloco de rua e também vê o lado positivo da realização dos grandes eventos no bairro. “Podemos assisti-los da sacada, reunir amigos e familiares para compartilhar disto com a gente. Temos uma vida social e cultural privilegiada”, enaltece.
A esposa do síndico, Maria Alice, gravou a passagem do Papa da janela de casa
O problema para ele é os órgãos públicos darem conta de fazer com que as aglomerações aconteçam sem causar maiores danos ao bairro e a seus moradores. A desorganização, a falta de planejamento e até a falta de cuidados recorrentes, como a omissão diante de comércio irregular, são para ele os pontos negativos. Ele reclama, por exemplo, de que atualmente há muitos blocos de Carnaval aprovados pela Prefeitura que tem apenas cunho comercial, para vender cerveja. “Tudo o que trazem para o bairro é barulho e sujeira”, reclama. Carvalho relata transtornos prosaicos causados pelas mega aglomerações, como a dificuldade de se fazer supermercado no bairro, mas destaca a projeção que dão para a cidade como um todo. “Temos uma série de dificuldades, até para ir a um supermercado porque fica tudo cheio. Mas é preciso também ver os benefícios. O mundo inteiro reconhece as belezas do Rio muito em função das imagens que veem das coberturas dos grandes eventos realizados aqui. Temos mais é que fazer melhor e isto tem mais a ver com quem tem a responsabilidade de gerir a vida da Cidade, ou seja, a Prefeitura, do que com a gente que é síndico”, conclui. •
Saiba Mais
Um País Chamado Condomínio
Eleições, gestão de setores fundamentais à vida das pessoas, como segurança, legislações, regulamentos e taxas, contentes e descontentes. Parece uma nação, mas é um condomínio. Porém, com muito mais civilidade.
Gerir um condomínio nunca foi tarefa simples, pelo volume de demandas e de responsabilidades. E, a cada dia, comparam-se mais a sua gestão com a de uma cidade.
O síndico terceirizado Marcos Vinicius concorda. Para ele, a administração condominial teria maior similaridade com as prefeituras municipais por suas prioridades em questões pontuais. Ênfase na limpeza, segurança e manutenção das coisas comuns. Outra semelhança destacada diz respeito ao perfil social mais singular que habitantes do condomínio teriam, padrão cultural e educacional mais próximo e menos genérico que os de uma cidade.
Mas nada é comparável quando o assunto é rigidez orçamentária e prestações de contas mensais. Ou ainda, na proximidade entre governantes e governados. “A voz do povo, em condomínios, tem hora e lugar marcado, com convite protocolado e assuntos previamente determinados. São as assembleias. Enquanto os governantes ouvem a voz do povo apenas pela mídia, a população condominial bate à porta de seus governantes, literalmente”, brinca.
Além da distância, que entre os governantes e governados é menor, o mandado dos eleitos não supera dois anos e não costuma passar de pai para filhos, ou para esposas.
Exemplar em Muitos Aspectos
As leis que regem os Condomínios são mais rígidas em relação aos seus gestores, e a oposição mais respeitosa e construtiva, divergindo nos meios, mas buscando os mesmos objetivos. Ou seja, há mais civilidade na gestão condominial, um exemplo que os nossos governantes deveriam copiar. Ao contribuinte cabe o direito de decisão. Só sendo permitido o cargo de gestor aos “ficha limpa’’. Os assuntos que dizem respeito ao comportamento individual, tornam-se mais delicados devido à proximidade que rege a relação de vizinhança. No entanto, a autoridade do síndico no cumprimento do seu dever é incontestável, apesar dele poder ser punido quando omisso em suas obrigações.
“São muitos os exemplos que poderiam ser seguidos”, avalia Catarina Oliveira, gerente de qualidade da Lowndes. Ela considera especialmente a relação responsabilidade e efetivo cumprimento do que lhe é confiado. “A escala menor, apesar das dimensões de alguns condomínios que chegam a ter 7 mil moradores, com uma gama de serviços diferenciados, propicia um maior controle. E não estamos entrando no mérito das cobranças dos órgãos públicos sempre prontos a transferir responsabilidades”, acrescenta.
O custo de tudo isto para a gestão condominial tem como retorno uma melhor qualidade de vida para o conjunto de habitantes do local, que, de uma forma ou de outra, acaba influenciando a vida na cidade. “Não podemos perder de vista este aspecto, porque pode parecer que somos sufocados por tantas demandas e malhamos em ferro frio. Não é verdade. Estamos em muitos aspectos transformando o modo como as coisas funcionam ao nosso redor”, enaltece.
Participação é Sempre o Divisor de Águas
Catarina acrescenta, no entanto, que ainda faz-se necessária uma participação atuante e engajada dos condôminos. “Neste aspecto, ainda se assemelha à administração pública, quando só reclamamos e esperamos as soluções sem efetivamente nos envolvermos nos problemas e ser participantes das soluções”, afirma. Para ela, o que deve ser considerado é que, embora exista o síndico como representante legal, a responsabilidade de cada um é proporcional à sua cota-parte e o maior de todos os erros é a omissão. O envolvimento é fundamental não só para a preservação do patrimônio, mas para a busca de uma convivência tranquila com os “sócios” e vizinhos, lembrando sempre que todos têm direitos e deveres e o de cada um termina onde começa o do outro, e vice-versa.
Para o síndico Paulo Roberto Fernandes, há 13 anos à frente da gestão de um dos maiores condomínios da Zona Norte, o Garden Park, no Andaraí, com 8 prédios, 495 unidades e muitos serviços, incluindo um espaço gourmet e cinema recém lançados, tudo sempre dependerá da índole e da intenção da pessoa que se dispõe a administrar, e do compromisso dos votantes com aquilo que é seu patrimônio. “Sempre há aqueles que já entram com segundas intenções. Isto, em toda parte. O consequente endividamento, com custos altos, sem o devido retorno em benefícios, também pode se dar em condomínios”, alerta.
No Garden Park, o síndico Paulo Roberto, ao centro de boné, investe sempre em atividades sociais e mobilizadores, para a participação dos condôminos
A fórmula de sucesso para ambos os casos, em sua visão, é a participação. Quanto mais o votante se fizer presente, atuante na fiscalização, nas cobranças, nas sugestões e contribuições, melhor. Mais que isto, ele acredita que, ao menos nos condomínios, a cada dia mais, tem-se a consciência de que não há meios de gerir se não for de forma profissional, com foco na administração do bem comum.
Catarina Oliveira: vizinhos são sócios e como tais devem corresponsabilizar-se pelo bom funcionamento do condomínio
Não existe gestão condominial bem sucedida sem uma parceria dos condôminos com o síndico. Nisto, os gestores públicos estão longe de avançar
Catarina Oliveira, gerente de qualidade da Lowndes
“Assim como a administração do bem comum é mais pontual, a presença de todos nas decisões também se faz necessária para o melhor andamento da gestão. Não existe gestão condominial bem sucedida sem uma parceria dos condôminos com o síndico. Nisto, os gestores públicos estão longe de avançar”, conclui Catarina. •
Porteiros
Claudio de Mesquita Duarte
Edifício Port au Prince
Claudio, Simpatia que conquista
Comprometimento e Simpatia
Claudio de Mesquita Duarte acaba de completar 18 anos, em agosto, como zelador do Edifício Port au Prince, em São Conrado. Profissional querido por todos, ele comemora a boa convivência e o clima de camaradagem conquistado no ambiente de trabalho. Ele ainda se lembra do emprego anterior, em uma indústria, onde começou como ajudante de caminhão, passou a auxiliar de estoque e conferente, até chegar a chefia do setor. Trabalho pesado, de grande responsabilidade e estresse. “Quando saí de lá, um amigo que até hoje atua no Prince me convidou para vir para cá. Foi uma mudança e tanto na minha vida. Com toda a responsabilidade que temos aqui, o ambiente é outro, de muito mais qualidade”, afirma. É neste clima que o zelador se empenha para manter a confiança conquistada e, mais ainda, o apreço de síndicos e moradores. “Ele tem muito comprometimento com o prédio. Algo que chama a atenção. Todos gostam dele, que é sempre simpático e atencioso no tratamento seja com quem mora, seja com visitantes ou prestadores de serviços. Uma pessoa realmente especial”, elogia a síndica Lygia Caltabiano de Sa Neto.
Simpatia no Trato com o Outro e Seriedade Quando o Assunto é o Futuro
Diferente da maioria dos colegas, Cláudio não veio do Nordeste, mas de Bangu, onde mora até hoje, em um bairro chamado Turiaçu. Mas, ele passa longe da malandragem carioca. Quando não está no trabalho, gosta de estar com a família e com amigos da igreja. E, sempre que possível, pegando no pesado. Está construindo uma casa em cima da que mora, maior e mais confortável, para no futuro alugar a debaixo e ter mais uma renda para somar com a aposentadoria. Seriedade também poderia ser o seu nome. “Acho que sempre devemos pensar no futuro. É o que tento passar todos os dias para os meus filhos, um com 19 e outro com 17 anos. E também para os colegas, especialmente para quem está começando. Você não vai a lugar nenhum levando tudo na malandragem”, diz.
No Condomínio, as regras são rígidas e são os zeladores, um do dia e outro da noite, que estão na linha de frente. Há muitos controles, o que para ele só facilita, pois considera que assim é mais fácil manter tudo em ordem. Porém, reconhece que é trabalhoso.
Rotina de Controles Garante Segurança e Tranquilidade
Ele ri ao lembrar do primeiro grande teste, uma mesa de telefone das antigas, que teve que encarar logo no primeiro dia de trabalho. “Um colega, com toda a paciência, disse que faria três vezes para que eu visse como funcionava. Aprender isto não foi difícil, mas decorar os apartamentos e os nomes dos moradores já foi outra história”, brinca. A saída ele mesmo encontrou no controle das correspondências. Ao separar as cartas endereçadas aos moradores, foi, aos poucos, gravando nomes e apartamentos.
Quando a atual gestão começou, os controles que implantaram foram até comemorados pelo zelador. “Sente maiores dificuldades para utilizá-los, pude apenas aproveitar para garantir mais segurança e tranquilidade à nossa rotina de trabalho”, afirma. O seu expediente, de dia, é bastante movimentado e, com as obras no prédio, o controle de acesso precisa ser ainda mais atento. Mas nada que Cláudio não tire de letra.
Para a síndica, os colegas até acham que ele é certinho demais. “Mas para a gente que está à frente da administração, contar com profissionais comprometidos é muito importante. Depois, ele tem esse jeito simpático que conquista e o nosso ambiente é de uma equipe muito entrosada”, diz.
A confiança só pode ser conquistada pelo nosso comportamento e este é um ensinamento que vale para uma vida inteira
Claudio de Mesquita Duarte, zelador
Claudio faz questão de orientar os colegas, com quem procura estar lado a lado nas responsabilidades do dia a dia, e também a quem está começando na profissão a pensar na importância do comprometimento, da boa convivência com todos e, acima de tudo, na confiança que só pode ser conquistada com um comportamento correto, sempre. “Agradeço todos os dias a educação que minha mãe me deu, pois isto teve e tem um peso muito grande na forma como eu lido com as pessoas e como elas me veem.
A confiança só pode ser conquistada pelo nosso comportamento, não tem outro jeito e este é um ensinamento que vale para uma vida inteira”, conclui. •