Editorial
Passado o Carnaval é hora de começar o ano. Na maioria dos condomínios, é tempo de prestar e aprovar contas, eleger ou se reeleger para nova gestão, aprovar previsão orçamentária e iniciar as número planejadas de manutenção e conservação. Quem tem obtido resultados positivos há muitas gestões, conta como se preparar para este momento.
Seguindo a mesma proposta, outros síndicos falam sobre as iniciativas que têm conseguido aumentar o número de condôminos participantes em assembleias. E, neste sentido, outros acrescentam suas experiências ao investir em ferramentas para melhorar a comunicação no condomínio, visando maior interação e reduzir desinformação e mal entendidos.
São muitas número bem sucedidas e de fácil aplicação para assuntos de grande relevância no cotidiano condominial. O difícil será, talvez, seguir os exemplos da síndica do Deu Certo da edição. Atleta de alta performance, ela resolveu assumir o comando da administração para resolver questões que via ao correr escada acima, os 20 andares do prédio, de dois em dois degraus.
Deixando a brincadeira de lado, abrimos espaço nesta edição para começar a falar sobre o eSocial, sistema que mudará a rotina de trabalho de todos os empregadores brasileiros, inclusive os condomínios. Mais demandas, rigor e fiscalização sobre questões fiscais, previdenciárias e trabalhistas.
Boa leitura e um ótimo 2015!
Espaço Lowndes
Arquivo Digital
Os condomínios geram grande volume de informações e documentos e, dentre eles, os de maior quantidade são, sem dúvida, os relativos à folha de pagamento e pagamentos feitos a prestadores de serviços. Basta pensar em quantos serviços, maiores e menores, são prestados ao condomínio ao longo de um ano para se ter uma ideia do volume enorme de papel que, por uma exigência legal, precisa ser mantido por muito tempo.
Nos últimos anos, a Receita Federal tornou obrigatória para todas as empresas, inclusive os condomínios, a disponibilização destes dados e informações fiscais e trabalhistas em arquivo digital, para efeitos de fiscalização.
Esta informação já é de conhecimento da maioria das administradoras, mas nem todas contam com o serviço, o que não acontece com os clientes Lowndes. A Empresa compila as informações e as grava em CD, entregando-o junto com o Relatório de Validação do Arquivo, que confirma o conteúdo da mídia digital, e o Recibo de Entrega de Arquivos Digitais, tudo devidamente assinado pelo Contador da empresa e pelo Responsável Técnico pela geração dos arquivos.
O serviço é feito com critério, pois é preciso que os dados sejam gravados em mídia específica, em formato determinado pelas Instruções Normativas MPS/SRP n° 12 e SRP n° 03, e validados pela Secretaria da Receita Previdenciária.
A mídia, que guarda a memória de um ano, poderá substituir o grande volume de documentos, após o prazo de guarda. Uma garantia de arquivamento e acesso mais fácil às informações por parte da administração e também para efeito de fiscalização.
Atenta à questão do volume de documentos de guarda obrigatória pelos condomínios, a Lowndes também está escaneando e salvando em mídia digital todos os documentos que compõem a pasta de prestação de contas. O arquivo entregue uma vez por ano ao condomínio contém cópia das pastas mês a mês.
Para a Lowndes, atender às obrigatoriedades e oferecer comodidade para os condomínios é mais uma forma de seguir com sua missão
Para a Lowndes, atender às obrigatoriedades e oferecer comodidade para os condomínios é mais uma forma de seguir com a sua missão. Ao garantir cada vez mais qualidade de atendimento e segurança àqueles que contam com a empresa como sua administradora, ela segue fiel ao objetivo de bem servir.
Atualidade
Reunião de Condomínio
Assembleias podem ser menos conflituosas
Um dos maiores desafios das administrações condominiais é conquistar a presença dos condôminos para que as assembleias atendam, de fato, às demandas da massa condominial. E, além disso, aumentar a participação e manter um clima mais colaborativo e mais amistoso durante as reuniões. Afinal, o quadro geral é de desinteresse ou de interesses pessoais expostos de forma, por vezes, exaltada, o que transforma a necessidade de convocação de uma nova assembleia numa previsão de mau tempo, ou tempestade.
Quais os segredos de quem conseguiu reverter este quadro? E o que os especialistas indicam para os condomínios que querem romper com o histórico de reuniões longas e repletas de animosidades?
A Síndica Maria Cristina Rodrigues Bello, do condomínio Mirante Cruzeiro do Sul, que possui 180 unidades, na Barra da Tijuca, investiu em prévias das reuniões, feitas através de impressos com as planilhas e os relatórios de realizações e benfeitorias realizadas, com fotos de antes e depois e gráficos por rubricas mostrando o movimento das despesas ao longo do período. Distribuídos aos condôminos, eles mantêm a todos informados sobre o que aconteceu para que, na hora da reunião, já tenham uma posição encaminhada, facilitando a votação.
Apresentação em slides tornou mais dinâmicas as assembleias realizadas pela síndica Maria Cristina
Uso de Recursos Audiovisuais
No dia da assembleia, eles verão novamente todos os dados, desta vez na tela da TV da sala de reunião, através da apresentação em slides, feita pela síndica. “As pessoas estão cada dia mais audiovisuais, então, monto os slides com fotos, informações resumidas demonstrando a demanda e o efetivo resultado dos investimentos. É um trabalho grande e, por isto, um mês antes já vou consolidando os dados, começando a montar com calma a apresentação. É claro que muita coisa escapa à memória e é por isto que esta prática de ir registrando cada evento, ajuda na hora da montagem da apresentação”, conta.
As pessoas estão cada dia mais audiovisuais, então, monto os slides com fotos, informações resumidas demonstrando a demanda e o efetivo resultado dos investimentos
Maria Cristina Rodrigues Bello, síndica
Uma das apresentações de maior repercussão aconteceu por ocasião da reforma cisterna, que resultou em uma grande economia na conta de água. “Os proprietários puderam ver os danos existentes, o processo de correção do problema e os números resultantes do trabalho”, detalha. Os condôminos também tiveram a oportunidade de valorizar ainda mais a ação da síndica, quando souberam que, por ter tudo documentado, com fotos, notas fiscais, planilha de consumo diário e mensal, foi possível obter em juízo uma decisão contra a Cedae que, diante da redução da conta, trocou o hidrômetro e a conta passou para 45 mil. “Com base nesta documentação, a juíza pode ver que nosso histórico de consumo não condizia com a conta. Se não fizéssemos este acompanhamento, talvez não tivéssemos conseguido e teríamos de dar adeus à economia conquistada. Nossa conta, que ainda é paga em juízo, não ultrapassa os 12 mil e antes disso girava em torno dos 29 mil, nunca 45″, diz.
As experiências bem sucedidas aumentaram a participação e tornaram as reuniões mais calorosas. “De uma média de 4, 6 pessoas, as assembleias passaram a contar com 30 a 45 condôminos. Adotei como prática chegar antes para receber um a um, iniciando a reunião da forma mais amistosa e acolhedora”, detalha Maria Cristina.
Uma Reunião de Trabalho
Durante as reuniões do Mirante, os temas vão sendo abordados um a um. Cada um, a seu tempo, é discutido e votado e, só depois, inicia-se outro. Por último, são apresentados os orçamentos para as propostas a realizar. A síndica disponibiliza papel e caneta para que anotem o que querem indagar, comentar ou sugerir, o que solicita que façam ao final da apresentação, para não perder o foco.
Cada um tem três minutos para se colocar, desde que se atenha aos temas para os quais a reunião foi convocada. “Tento imprimir uma dinâmica de reunião de trabalho. A duração média é de quatro horas, incluindo o tempo de apartes”, detalha. Mas a síndica não quer parar no aumento do número de participantes. “Meu intuito é que todos colaborem. Quebrar a postura dos que são do contra, por ser. Quero que o conjunto de moradores se veja como uma grande equipe de trabalho reunida em torno de uma missão comum”, afirma.
Dica de Especialista
Quem acompanha e preside reuniões condominiais há anos como consultor condominial afirma que as iniciativas da síndica são muito apropriadas e podem ser aproveitadas por qualquer condomínio, independente de seu porte, se comercial ou residencial. “A gestão profissional torna-se a cada dia mais relevante e no caso da condução das reuniões têm-se inúmeros benefícios. O mais importante talvez seja a de tornar as discussões menos pessoais, mais focadas em resultados”, afirma Guilherme Ferreira, Consultor de condomínios da Lowndes.
A gestão profissional é a cada dia mais relevante, inclusive, na condução das reuniões . O mais importante talvez seja tornar as discussões menos pessoais, mais focadas em resultados
Guilherme Ferreira, Consultor de condomínios da Lowndes
Guilherme destaca a pessoalidade por este ser um dos principais geradores de conflitos em condomínios, o que, no decorrer das reuniões, pode aflorar em animosidades, perda de objetividade e de tempo. Porém, sugere que seja dada à reunião um caráter de evento social. “O pulo do gato é o síndico oferecer alguns petiscos, sanduíches ou biscoitos, acompanhados de sucos, chás, café e água mineral. Com isto, fica mais calorosa, trazendo mais possibilidade de diálogo e compartilhamento de opiniões entre os condôminos presentes de forma mais amistosa”, conclui.
Ele lista algumas orientações que podem mudar as assembleias de seu condomínio:
Definição da pauta
Para que contribuam com opiniões e sugestões, ou até críticas, mais objetivas, antes da convocação, inicie o debate dos pontos mais complexos que estarão em pauta. Isto pode ser feito por meio de um impresso, por mensagens via e-mail, ou uma reunião informal. Neste caso, tenha o cuidado de não deixar ninguém fora da comunicação para evitar sentimentos de exclusão .
Convocação
Se a Convenção for omissa, aconselha-se que seja feita dez dias antes da realização da assembleia, com o edital exposto em local de ampla circulação no condomínio e também por notificação para cada unidade. Este cuidado é importante pois se um alegar não ter sido notificado, a assembleia pode perder a validade. Fique atento, pois só poderão ser discutidos os assuntos explicitados na convocação. Consulte o que diz a Convenção sobre quorum específico para os temas a serem tratados e também sobre o uso de procurações para que estes itens sejam comunicados na convocação.
Preparativos
Mantenha organizado e à disposição para consulta durante a reunião orçamentos, previsão orçamentária, extratos bancários, fotos de obras e serviços etc., além da Convenção e do Regulamento Interno.
Composição da mesa
Defina uma mesa com presidência e secretaria que sejam conhecidos e respeitados no condomínio.
Condução
Determine o assunto a ser tratado e só passe para outro depois de resolvido e anotado na ata. Mantenha a sequência estabelecida pela pauta.
Registro em Ata
A ata deve estar de acordo com o que foi deliberado e ser assinada pelo presidente da mesa e pelo secretário. Deve ser sucinta e objetiva. Basta citar os assuntos, o que foi deliberado, eventuais protestos e contestações . Cada condômino receberá uma cópia em oito dias. Atenção: se as decisões foram aprovadas com os quóruns e procedimentos corretos, ela já tem valor legal para os condôminos. E, portanto, não precisa ser registrada em cartório. Mas ela deve ser mantida no Livro de Atas do condomínio por, pelo menos, por 5 anos.
Farta comunicação
Um dia depois da reunião, coloque um cartaz nos elevadores informando os principais tópicos discutidos e seus resultados para que todos saibam o que aconteceu na assembleia. •
Capa
Prestação de Contas: a hora da verdade
Quanto maior o cuidado com a documentação e a transparência das contas, melhor
Não é uma regra, mas o mês de abril nos condomínios, geralmente, é marcado como o de fechamento de um ciclo. É quando muitos apresentam, para aprovação, a prestação de contas e a previsão orçamentária para o próximo exercício, além da intenção de permanecer, ou sair, do cargo de síndico. Ponto nevrálgico de toda a administração condominial, é a prestação de contas que exige um trabalho mais criterioso para que este momento transcorra com tranquilidade.
A prestação de contas nada mais é do que o resultado de um trabalho minucioso que se tem ao longo de todo o ano. Quanto maior o cuidado com a documentação e a transparência das contas, melhor. Com isto em ordem, tem-se uma visão mais clara para projetar o orçamento do próximo exercício. E é desta forma também que se pode conquistar a confiança dos condôminos, garantia não apenas da aprovação das contas e da previsão orçamentária, como da gestão realizada.
“Apesar de ser apenas um item entre todas as tarefas e regulamentações condominiais, a prestação de contas é a atividade das mais relevantes para a administração condominial. Sua importância está em tudo que é relacionado a ela, como a promoção do bem-estar aos condôminos, a manutenção e valorização do patrimônio com recursos bem aplicados, ajustamento entre necessidades e melhorias, garantia de não ter passivos referentes à falta de recolhimentos de tributos, controle da inadimplência, constituição e capacidade do fundo de reserva e, principalmente para os síndicos, a comprovação da transparência da condomínio”, avalia Deborah Mendonça, presidente da ABADI.
A presidente da entidade considera a relevância da transparência por também proporcionar a chance de se ter um consenso maior entre moradores, sobre como e onde investir ou poupar. “Condomínios de sucesso dão um detalhamento sobre onde a arrecadação foi gasta, o que demonstra para o condômino o retorno de seu investimento. Isto tem forte impacto com relação a tranquilidade destes com a administração”, diz, acrescentando que, com a ajuda de uma boa administradora é possível fazer as prestações de contas sempre assim, adotando a medida como uma boa prática, uma política perfeita para a valorização do patrimônio e a união de todos os condôminos.
Condomínios de sucesso dão um detalhamento sobre onde a arrecadação foi gasta, o que demonstra para o condômino o retorno de seu investimento
Deborah Mendonça, presidente da ABADI
Previsão de Sucesso
Alessandro Monteiro de Menezes, síndico do condomínio High Résidence, em Jacarepaguá, em sua primeira gestão, baseia sua administração no diálogo e na transparência, o que, espera, trará reflexos positivos para a sua prestação de contas.
Advogado de formação e gestor de pessoas no âmbito profissional, ele se vale no condomínio da mesma perspectiva que utiliza no meio empresarial. O síndico organiza planilhas criando conta própria para cada rubrica, destinando ainda campos em que as despesas são agrupadas a receitas específicas, um meio de ver claramente quais os custos fixos e os esporádicos. “Criamos vaga para motos e as alugamos, com isto ganhamos mais uma rubrica. Sendo extra, é com ela que custeamos gastos variáveis. Por exemplo, os enfeites de Natal do ano passado foram pagos com a receita obtida com esta locação. Desta forma, todo o caixa fica muito mais organizado, permitindo maior controle ”, detalha.
Alessandro Monteiro de Menezes, síndico do High Residence: expectativa para a primeira prestação de contas de sua gestão
Ele passará pela primeira experiência de aprovação de contas neste mês de abril. Entretanto, destaca que as assembleias que antes eram marcadas pela baixa procura e o grande número de discussões, além da demora na sua conclusão, hoje contam com pelo menos 30% de participação e sem bate-boca.
Tudo resultado de muito diálogo acerca do que se precisa fazer, o que se pode fazer e com que custo. “A intenção é que a prestação de contas ao final do período espelhe este empenho, pois todos os problemas e soluções já foram bastante discutidos, são do conhecimento de todos e o que aprovarão será apenas a documentação do processo. Um fluxo de caixa, com os comprovantes das principais aquisições e realizações”, diz. Para Alessandro, desde que tenham a destinação de sua cota parte comprovada, estará garantida a segurança de que o seu patrimônio e os seus investimentos estão sendo bem aplicados.
Detalhes que Importam
No extremo oposto, o gerente predial Carlos H. Kronemberger apresentará, no mesmo período, sua 10ª prestação de contas de final de gestão no condomínio Flamengo Park Towers, no Flamengo. E a sua experiência sinaliza que Alessandro está no caminho certo. A transparência e a correção do processo são os principais responsáveis pela reeleição sucessiva da atual administração. “Deu trabalho preparar as primeiras planilhas, e ainda dá. Mas o resultado é garantido”, afirma.
A prestação de contas do Park Towers, um edifício comercial de grande porte e muitos serviços que geram receitas extra, é toda pautada na documentação precisa, com a criação de planilhas específicas e grupos de rubricas pertinentes, capaz de, mais que reunir dados, representar informação que auxilie na tomada de decisão .
Com uma movimentação extraordinária, o balancete tem pelo menos 60 páginas. Para facilitar, um relatório analítico é gerado a partir dele, dando uma visão ampla e crítica do período. “Com as rubricas listadas sem uma ordenação, os antigos balancetes não serviam como instrumento de análise. Queria saber especificamente o que estávamos gastando com elevador, por exemplo, e o mesmo para outros itens”, explica.
Além do calhamaço que é a pasta de prestação de contas, este relatório analítico impresso e outro projetado na TV da sala de reuniões, incluindo gráficos para ilustrar, garantem ao gerente apresentar item a item as rubricas, agrupadas em 7 grandes grupos, em uma perspectiva de tempo, organizados sob as colunas previsto, realizado, diferença (se está fora ou dentro do orçamento), facilitando o trabalho dos conselheiros. “Documentamos tudo o que fazemos e com as rubricas específicas, agrupadas com coerência e atualizadas regularmente, encontramos a melhor maneira de ter um maior controle sobre as contas, identificar problemas e saber exatamente o que necessita de atenção e correção”, afirma, acrescentando que a atualização é importante, pois novas leis, alteração de índice de um tributo, tudo exige uma adequação.
Previsões têm garantido sucesso nas gestões do síndico Márcio Calleri e do gerente predial Carlos Kronemberger
O processo no Flamengo Park Towers também é verificado por uma auditoria externa, que a cada trimestre audita as contas do condomínio. É de posse do parecer dos auditores que o conselho se reúne também a cada trimestre para aprovar as contas do condomínio. “No final do período, que para a gente se encerra em abril, muito já foi feito”, conta Carlos, detalhando que a assembleia acontece sempre na última semana do mês, após convocação dentro dos critérios pertinentes, para tratar assuntos ordinários e a aprovação das contas. A cada dois anos, na mesma ocasião, é eleito novo conselho e este décidé se mantém, ou não, o síndico. Por convenção, quem escolhe o síndico no Towers é o conselho recém empossado. “O que a gente nota é que os conselheiros e também os condôminos, por terem tão claras as informações, tão auditadas, têm mais confiança na administração. Com isto, ganhamos praticidade e agilidade na conclusão do processo de aprovação.
Com a Ajuda da Administradora
Para quem conta com o serviço de uma administradora, a prestação de contas chega pronta: balancete, extrato com lançamentos datados, tudo em uma pasta organizada para facilitar a apresentação para o conselho fiscal. “Tudo feito com muito cuidado, pois afinal serão estas pastas que permitirão comprovar para onde foi o dinheiro do condomínio naquele período. Com tudo à mão , ninguém tem o que questionar”, afirma Paulo César Martins Fernandes, contador da Lowndes.
O Contador alerta, no entanto, que, para a administradora realizar este trabalho, o síndico precisa estar atento e encaminhar cada nota de serviço ou aquisição efetuada para a devida contabilização. Por exemplo: “Se uma obra custou R$200 mil, com o que foram gastos estes recursos, detalhadamente? Para cada pagamento é preciso mandar o documento que o comprove, que são as notas fiscais”, explica.
No final, a prestação de contas é o movimento de caixa, como em uma conta corrente do banco, só que discriminada item a item e acompanhada das correspondentes notas fiscais. Quanto foi gasto com luz, com equipamentos, serviços. “Não se pode esquecer das retenções. Hoje condomínio tem que fazer retenção em quase toda nota fiscal de execução de serviço. Se o imposto retido não for recolhido, está caracterizado um crime de apropriação indébita. E quem responde diretamente por isto? O síndico”, alerta.
Um erro na prestação de contas resultará na sua não aprovação, levantando ainda a dúvida sobre a transparência no uso dos recursos do condomínio
Paulo César Martins Fernandes, contador da Lowndes
É por isto que em contratos de serviço é preciso anotar todos os dados necessários para os recolhimentos. Paulo César aconselha a manutenção de um cadastro onde constem informações de cada novo prestador de serviço que atender o condomínio. “Um erro na prestação de contas evidencia não apenas uma falha. Certamente, resultará na sua não aprovação, levantando ainda a dúvida sobre a transparência no uso dos recursos do condomínio”, diz o Contador, que recomenda ainda que este balancete tenha uma versão resumida e analítica que pode seguir para os condôminos, acompanhado de uma comunicação que sirva para aproximá-los da administração. “De posse das informações sobre a movimentação das contas, com uma lista das realizações, problemas e soluções do período, tem-se um clima maior de confiança. Uma prática que torna mais fácil o trabalho ao final de cada gestão”, conclui.
Destaque
Linha Cruzada
Na era das redes sociais, síndicos e condôminos ainda convivem com falta a falta de comunicação
Quando as comunicações se restringiam a telefonemas recebidos por centrais telefônicas, era comum o problema da linha cruzada, que resultava em comunicações truncadas. O número reduzido de cabos também tornava difícil conseguir uma linha para se comunicar. Uma realidade em nada parecida com as mensagens instantâneas que dispomos nos dias atuais. E-mail, SMS, WhatsApp e um grande número de aplicativos permitem agilidade e eficácia, visto que é possível ter comunicação rápida e exclusiva com aqueles com quem precisamos nos comunicar, sejam taxistas, serviços de comida pronta, e até ajuda entre vizinho, como é o caso do sugestivo App Tem açúcar? Mas, apesar das inúmeras ferramentas disponíveis e do seu uso intenso, na maioria dos condomínios ainda é alto o número de reclamações pela falta de comunicação.
A baixa participação na vida condominial facilita e é, ao mesmo tempo, resultado da pouca interação entre os condôminos. Para dirimir o problema, alguns síndicos decidiram investir em número que melhorem a comunicação. Foi o que fez Paulo César Raibolt Pereira, síndico do condomínio Conde de Bonfim, na Tijuca. “Sempre me chamou a atenção o pequeno número de participantes em assembleias. Quando assumi, até por conta das inúmeras necessidades de manutenção, abri um e-mail para informar sobre os problemas e o andamento das obras. Mas ele acabou tendo uma função maior, aproximando mais os condôminos da administração”, conta.
Formado em letras e com longos anos de atuação na área de treinamento em empresas, Paulo conhece o valor da comunicação e o risco que a falta dela representa. “O espaço é preenchido pelo que acham que está acontecendo, ou pior. Conhecida como rádio corredor é como na brincadeira telefone sem fio, um exemplo claro de como um fato pode ser distorcido, muitas vezes, de forma absurda”, explica.
Além de encaminhar e-mail a cada nova ação realizada, o síndico também fala sobre as necessidades do prédio, alerta para um problema mais recorrente, como carros mal estacionados na garagem, ou até para dar uma nota de falecimento de um morador.
Ajuda Inesperada
A tradicional forma de comunicação em condomínios, que é o impresso no quadro de avisos, continua, mas a traça de e-mail tem obtido ótimos resultados. “Há mais participação e até oferta de ajuda. É um morador que é engenheiro e se oferece depois de saber que precisamos começar uma nova obra, ou mesmo se propondo a realizar um serviço completo, como fez um morador que é técnico de segurança do trabalho. Ele montou um relatório onde sinalizou as necessidades, como um extintor mal sinalizado na garagem e outros detalhes que, muitas vezes, passam despercebidos”, comemora.
Ao falar da importância do síndico tomar a iniciativa para melhorar a comunicação no condomínio, Paulo lembra dele mesmo, quando começou a morar no prédio, às voltas com dúvidas sobre a colocação de um toldo em seu apartamento. “Não sabia se era permitido, se havia alguma restrição ou definição sobre cor, material. Não sabia nada, nem quem era o síndico”, conta. É por isto que ele se apresenta a cada novo morador, oportunidade que utiliza para entregar uma cópia do Regimento Interno e se colocar à disposição, caso necessitem de alguma coisa. Uma forma de mostrar que a comunicação com ele pode ser direta.
Já o síndico Anísio Pereira da Silva, do condomínio Porto das Palmeiras, optou por este contato pessoal para tentar resolver tanto a falta, quanto os ruídos na comunicação. Em sua primeira gestão, sentia a distância entre os moradores, a baixa participação em assembleias e a dificuldade de encontrarem soluções para questões simples, o que afetava a vida condominial. “Me vi sozinho e ao mesmo tempo pensava: como saberão o que está sendo feito? A minha questão era como levar a informação até eles”, lembra.
O síndico retomou uma prática há muito abandonada no condomínio de fazer um informativo, optando por uma comunicação curta e direta. “Não há comentário, conclusão ou julgamento. A redação é enxuta. Diz: instalamos dois metros de serpentina, já estão sendo executadas as restaurações dos painéis frontais da fachada do prédio. Exclusivamente atos e fatos referentes à administração do condomínio”, detalha, acrescentando que coloca o impresso no elevador.
Informações pontuais acessíveis a todos através do Informativo colocado nos elevadores no Porto das Palmeiras
A percepção de Anísio é de que ninguém lê e, por isto, a opção de não investir dinheiro na impressão do informativo para cada um dos condôminos. Ele cita rindo que não é incomum que perguntem: “Mas onde isto está escrito? “Respondo com toda a calma que está escrito no contrato que assinou e também no regimento interno do edifício. E é por isso que digo que as pessoas não leem. Se não leem um contrato que assinam, o que acham que farão com o informativo do condomínio?”, brinca.
Contato Direto
Pareceu muito impessoal? “A comunicação do que é de cada um trato direta e pessoalmente”, diz. Para tanto, ele se vale do tradicional livro de ocorrências na portaria. Um dos problemas mais recorrentes que encontrou foi o grande número de reclamações por causa do barulho excessivo oriundo do salão de festas. “Percebi que a maioria tinha caráter pessoal, o tom não era coletivo, então o caminho que segui foi o de procurar diretamente o reclamante, até porque em um contato pessoal posso pegar mais subsídios para poder responder da melhor forma. Dá um trabalho danado, mas abriu um canal fantástico e tem se mostrado uma ótima ferramenta de administração”, defende, dizendo que tem conseguido quebrar barreiras, saber mais sobre o que incomoda e o que querem os condôminos. “Como procura, também se sentem mais à vontade para vir colocar suas questões”.
Muitos resultados têm sido obtidos com esta prática, como foi o caso da diminuição do número de reclamações por excesso de barulho no salão de festas. “Agora quem quer alugar o salão vem assinar o contrato comigo. Nestas oportunidades, conversamos sobre as questões mais relevantes e alguns até desistem de contratar o espaço, mas todos sabem exatamente as responsabilidades que o aluguel envolve e têm a oportunidade de perguntar o que quiserem e até protestar. Neste caso, peço que sugiram solução para que possamos discuti-las em assembleia com os demais moradores. Em todos os contatos tenho sido bem recebido, conseguindo me fazer entender e, também, compreender melhor a situação, fator que permite soluções mais assertivas. Tem sido um aprendizado enorme , conta.
Condomínio em Revista
Em um condomínio de grande porte, o acesso direto um a um, se faz impossível. Por isto, a Associação Mundo Novo produz site, comunicado semanal, revista impressa e digital. O Mundo Novo Notícias é uma revista colorida e distribuída bimestralmente aos condôminos. No caso, os proprietários e circulantes dos seis edifícios residenciais, dois apart-hotéis e um clube. “Somos três pessoas na administração, fazemos atendimento pessoal, por e-mail e telefone, mas é fundamental uma comunicação de maior alcance. Especialmente, para aumentar a integração e a participação de toda esta massa que forma o Mundo Novo”, explica Elaine Lira, Gerente da Associação Mundo Novo. Um dos temas de maior repercussão é a cobertura das ações de integração datadas, como os eventos sociais e esportivos, por exemplo.
Comunicação em revista no Mundo Novo
A revista informa, especialmente, sobre a prestação de contas, os resultados do trabalho da Associação, serviços e número que buscam garantir um ambiente de melhor qualidade e proximidade entre as pessoas. Para Elaine, a farta comunicação é também uma questão de ética, pois é um direito dos condôminos ter acesso a toda informação que diz respeito à administração do condomínio. O site é atualizado regularmente e, através dele, semanalmente, ou sempre que necessário, são divulgados comunicados pontuais e mais urgentes.
A impressão da revista é paga integralmente pelos anunciantes, assim como muitos dos eventos realizados para os condôminos, como as festas de Páscoa, Homenagem às mães, Dia das Crianças e Natal, que são feitos com o apoio de patrocinadores. “São comerciantes que atendem na região e percebem o benefício de interagir com um número tão grande de pessoas que podem se tornar bons consumidores de seus produtos e serviços”, diz.
Através da Carta de Leitores e das entrevistas, a Associação tem acesso maior as questões que mais interessam aos condôminos. “Apesar de todas as nossas ferramentas de comunicação ainda há muita desinformação. Por isto, queremos incrementar ainda mais as ações visando manter os condôminos inteirados sobre os temas de seu interesse e também mais participativos”, afirma.
Apesar de todas as nossas ferramentas de comunicação ainda há muita desinformação. Queremos incrementar as número visando manter os condôminos inteirados sobre os temas de seu interesse
Elaine Lira, Gerente da Associação Mundo Novo
Whatsapp e Facebook
No condomínio Royal Barravaí, a síndica Paola Polezel adotou uma comunicação rápida, dispondo de um número para acesso via Whatsapp pelos moradores, abrindo um canal que tem sido importante para uma maior participação de todos na vida condominial. “Se veem algum problema, querem sugerir uma ideia, fazem até foto e mandam. A comunicação é imediata e, na medida do possível, posso dar uma resposta na hora”, conta. Paola diz que com a agilidade que o aplicativo permite que se sintam mais amparados e têm mais confiança na administração.
Ferramentas modernas de comunicação entre as opções da síndica Paola Polezel, do condomínio Royal Barravaí
O condomínio conta ainda com uma página no Facebook, mas, neste caso, há um administrador que filtra as postagens, pois somente é permitido colocar questões genéricas, amenidades, fotos dos eventos, comunicados. “É preciso bom senso, pois apesar de ser privado, aberto exclusivamente aos moradores, não podem postar qualquer coisa”, conclui.
Saiba Mais
eSocial facilita fiscalização
Sistema que automatizará o atendimento às obrigações fiscais, previdenciárias e trabalhistas para fim à informalidade na gestão de pessoal
Aumentar a eficiência da gestão de pessoas e de tributos. Este é, ao mesmo tempo, o objetivo e o benefício prometido pelo Sistema de Escrituração Digital das obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas (eSocial), que ainda este ano unificará o envio de informações obrigatórias sobre os trabalhadores por parte dos empregadores – inclusive os domésticos e os condomínios. Na avaliação de João Luiz Martins, Supervisor de Pessoal da Lowndes, a administração condominial deve estar atenta, pois com o eSocial está decretado o fim da gestão informal de pessoal.
Ele diz que o Sistema trará benefícios aos empregados e empregadores mas, principalmente, aos órgãos fiscalizadores. Receita Federal, Ministério do Trabalho, Previdência Social e Caixa Econômica, passarão, em algumas situações, a ter informação online, em outras, antes do acontecimento do evento, conforme Resolução CGES 1/2015, publicada no Diário Oficial, no dia 24 de fevereiro.
Atualmente, as micro e pequenas empresas já estão obrigadas a se utilizar do livro de registro do empregado, da GFIP, da RAIS, do CAGED e de outras documentos e formulários da saúde e segurança do trabalho. “Com o eSocial, a prestação destas informações se dará por meio de acesso nos portais especialmente desenvolvidos para o eSocial. Os usuários se utilizarão de certificação digital, conforme obrigatoriedade para cada tipo de empregador prevista em lei”, informa.
Tudo online e com cruzamento de dados para sua validação
Henrique José Santana, que é Membro titular do Comitê Gestor do eSocial e Gerente Nacional do Passivo do FGTS da CAIXA, além de representante da instituição no Grupo Interministerial de Combate à Informalidade, adianta: “Para facilitar o cumprimento das obrigações por parte dos condomínios será viabilizado o acesso eletrônico as administradoras por meio de outorga de poderes”.
Mas o acesso eletrônico é o menor dos problemas. A grande dificuldade está nas profundas mudanças para a operacionalização das número relativas aos empregados que, no caso das administradoras, somente será possível com a participação ativa dos síndicos. Isto porque, além de unificar as informações referentes à escrituração das obrigações fiscais, previdenciárias e trabalhistas, o Sistema padroniza sua transmissão, validação, armazenamento e distribuição. E há todo um conjunto de regras específicas para validação de cada um dos eventos, que se iniciam com adequação das rubricas da folha de pagamento, relação de cargos, jornada de trabalho, cadastro dos condomínios e muitas outras informações que deverão ser enviadas previamente à efetiva transmissão de qualquer dado no Sistema.
Por exemplo: nos processos de admissão dos empregados, a cada nova contratação, o condomínio terá que informar os dados até o final do dia imediatamente anterior ao do início do trabalho do novo empregado, através de um registro preliminar. E, até o dia 7 do mês subsequente ao da admissão, complementar as informações. Ou ainda: para as informações sobre afastamentos de empregados por doença ou acidente de trabalho, desligamentos e vários outras tipos de eventos oriundos do vínculo empregatício, será preciso seguir a mesma lógica de imediatismo da transmissão da informação.
João Luiz Martins, Supervisor de Pessoal da Lowndes: sistema trará benefícios aos empregados, empregadores e, principalmente, aos órgãos fiscalizadores
Os dados serão cruzados enquanto estão sendo digitados e será impossível concluir a transmissão sem que as informações estejam corretas, algo semelhante ao que já ocorre com a transmissão do Imposto de Renda à Receita Federal.
Para João Luiz isto exigirá que o condomínio, sob a ótica trabalhista e previdenciária, a cada dia mais se assemelhe a uma empresa, o que torna mais difícil a sua administração por aqueles que não são especialistas na área. “O eSocial trará a necessidade de se adequar a um novo conceito de administração de pessoal, mais profissional, mais exigente e com maior rigor”, avalia.
Sistema deve Começar a Funcionar Ainda Este Ano
O gestor da CAIXA diz que o cronograma de implantação do eSocial se dará por meio de publicação de resolução do Comité Diretivo e do Comitê Gestor, que disciplinarão prazos compatíveis e negociados com as diversas entidades representantes dos empregadores, o qual levará em conta o volume de faturamento anual, de forma a possibilitar um prazo maior aos pequenos e microempresários, grupo ao qual os condomínios devem estar enquadrados. Mas, ainda este ano, o Sistema estará em funcionamento.
“Desde 2014, se iniciou uma verdadeira cruzada de eventos de divulgação e esclarecimentos aos empregadores, ação que deve ser intensificada a partir do momento em que for divulgada a Resolução do Comitê Gestor, que estabelecerá marcos relevantes dessa mudança, dando publicidade, inclusive, aos manuais de orientação e de padrão (layout) de arquivos de dados que devem ser utilizados pelos empregadores. Caberá às empresas se preparar para a nova sistemática, ajustando suas rotinas, integrando seus processos e estabelecendo um novo fluxo de tratamento e prestação das informações relativas ao FGTS, trabalhistas, previdenciárias e fiscais aos contratos de trabalhos a ela vinculada”, esclarece Santana.
Além destas medidas, os Ministérios do Trabalho e Emprego, da Previdência Social, da Fazenda, o INSS, a Receita Federal e a CAIXA também estão promovendo uma verdadeira revolução interna em seus sistemas que abrigarão os dados do eSocial. “São centenas de rotinas sistêmicas e aplicativos que estão sendo construídos ou adequados por essas entidades, que também estão promovendo treinamentos internos para seus empregados que atuarão como facilitadores da mudança a ser produzida pela implantação futura do eSocial”, acrescenta.
São centenas de rotinas sistêmicas e aplicativos que estão sendo construídos ou adequados para o processo que mudará o dia-a-dia das empresas
Henrique José Santana, membro titular do Comitê Gestor do eSocial
“É mais uma desafio para o condomínio que, cada vez mais, precisa estar preparado para mais este processo que os impulsiona, sem a possibilidade de retrocesso, para a profissionalização de sua administração”, conclui João Luiz.
Tome Nota
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INSTALAÇÕES DE GÁS
Desde 18 de março, a Lei Estadual 6.890, sancionada em 2014, entra em vigor no Rio. Ela determina que, a cada cinco anos, sejam feitas inspeções de segurança em todas as instalações a gás em residências e imóveis comerciais. Os moradores e os comerciantes do Rio deverão contratar o serviço de verificação das instalações , sob pena de multa.
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Falta de Dutos no ar Condicionado
Alguns condomínios já foram notificados pelo não cumprimento da Lei Municipal n° 2.749/1999. Ela estabelece que os aparelhos de ar condicionado projetados para o exterior das edificações deverão dispor de acessório, em forma de calha coletora, para captar a água produzida e impedir o gotejamento na via pública. O condomínio responde solidariamente com o infrator pela infração. A fiscalização é feita pela Coordenação de Licenciamento e Fiscalização da Secretaria Municipal de Fazenda e se a irregularidade não for sanada no prazo de trinta dias após a primeira multa, o infrator estará sujeito a multas diárias no valor de duzentos e cinquenta inteiros e oito décimos de Unidades Fiscais de Referência – Ufir.
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Estação de Tratamento de Esgoto
Os condomínios com tratamento de esgoto sanitário próprio devem estar atentos. Já está em vigor a Resolução SMAC n°. 584, de 23 de fevereiro de 2015, publicada no Diário Oficial do Município do Rio de Janeiro no dia 24. Ela determina a obrigatoriedade de apresentação de Termo de Responsabilidade Técnica pela Operação e Manutenção de Estaçôes de Tratamento de Esgoto Sanitário com carga orgânica superior a 25kg DBO/dia. O representante legal do empreendimento e/ou atividade e o responsável técnico pela operação do sistema de tratamento de esgoto, estão sujeitos às sanções administrativas, civis e penais previstas em Lei, nos termos da Lei 9.605/98 e Decreto 6514/2008, sem prejuízo das demais sanções cabíveis. Outra determinação da Lei é a de que na eventual substituição do profissional responsável pela operação do sistema de tratamento de esgotos, este fato deve ser comunicada oficialmente ao órgão ambiental do Município.
Deu Certo
Alta performance a serviço do condomínio
A síndica Andrea Caloni tem no currículo experiências que podem ser consideradas sui generis para a ideia que a maioria das pessoas faz dos síndicos. Administradora de empresas por formação e ex-gerente de banco, além de empresária do setor esportivo, ela é também triatleta há mais de 20 anos e maratonista de montanhas, competições conhecidas como Train Running. Já correu em dezenas de países e passou 30 horas correndo na Ultra Trail du Mont Blanc, considerada a maior prova do Trail Running mundial. Durante o evento os participantes percorrem França, Suíça e Itália, através de suas montanhas. É o que chamam atleta de alta performance.
Moradora do edifício Canova, parte de seu treinamento diário inclui subir as escadas do prédio, do térreo ao 20° andar, pulando de dois em dois degraus, descendo pelo elevador, repetindo o percurso e marcando os tempos. E foi com esta visão interna que resolveu assumir a função de síndica, depois de observar por muito tempo necessidades e melhorias que poderiam ser empreendidas. E foi com a garra e a coragem de competidora que enfrentou seu maior desafio, que foi a troca dos barriletes e barbará, a maior obra já feita no prédio de 160 unidades, tudo feito de uma vez.
Andrea tem como prioridade as número pela manutenção do edifício e deu vida nova às instalações, começando pelos fundos, como diz. E, antes mesmo de concluir sua primeira gestão, que completa agora um ano, empreendeu esta e outras reformas. Criou espaços e cuidou de detalhes que deram maior conforto aos moradores e nova dinâmica de trabalho aos empregados.
“Tenho um conselho participativo e uma postura que vai atrás, pede ajuda. É um morador que é engenheiro, um contador. Porque quando um morador quer uma resposta, ele não quer saber que você não é engenheiro hidráulico, ele quer solução, e você que assumiu o desafio tem que dar conta”, relata, dizendo, no entanto, que encara tudo como as suas competições. “O esporte dá disciplina, determinação, e todos os dias luto com vontade de vencer”, afirma. Nas relações com os moradores a postura muda. “Sinto-me como uma mãe com muitos filhos e uma casa muito grande para cuidar. E tento fazer isto da melhor forma, com uma energia generosa, ouvindo e buscando atender a todos naquilo que anseiam como qualidade de moradia”, completa.
Muitos Pódios nas Competições, Muitas Benfeitorias no Condomínio
No informativo distribuído aos condôminos, com dez meses de condomínio, uma lista de mais de 30 de benfeitorias, manutenções e aquisições.
Reforma e pintura do alojamento, copa, cozinha e banheiros masculino e feminino dos funcionários, da sala da administração, da sala da síndica, incluindo nova decoração e aquisição de novo computador e impressora. O mesmo foi feito para a área de lazer, incluindo piscina, churrasqueira e sauna, além da garagem e das escadas.
Ela criou e, ou, reorganizou espaços, atenta a detalhes que permitem melhor atendimento aos empregados, para que exerçam seu trabalho de forma mais dinâmica e inteligente, e, ao mesmo tempo, prestando melhores serviços aos moradores, incitando-os a cuidar melhor do prédio. Na lixeira, por exemplo, criou nichos, para organização de produtos de limpeza e bancadas para reciclagem do lixo, dando destinação específica e ordenada a cada coisa, tornando o local mais funcional. O mesmo fez em cada lixeira, andar por andar e também no playground, colocando uma prateleira com placas informativas sobre a nova utilização para atender ao recolhimento dos recicláveis.
A síndica criou também uma área com tanque para lavagem dos contêineres de lixo, pincéis, rolos de tintas, entre outros utensílios, e um espaço para a guarda temporária de objetos doados pelos moradores aos funcionários. Para eles, ainda comprou novos uniformes, feminino e masculino, padronizados para todos os cargos, e adotou novos crachás. No bicicletário, colocou um compressor para encher os pneus, uma bancada e uma lixeira, a fim de facilitar que os usuários mantenham o local limpo. Além disto, adotou o uso de interfone na garagem, pois o sinal de celular é ruim ali. “Para onde quer que se olhe, o que se vê é ordenamento e facilidade de utilização e manutenção. O piso é demarcado, cada espaço é bem identificado, perto tem uma lixeira, um interfone, uma bancada para apoiar uma bolsa, ou o que for preciso. Foi com a visão de morador, a partir das necessidades que sentia, que fui fazendo, adequando, visando sempre mais conforto e funcionalidade, e também aumentar a sensação de bem estar que as pessoas têm ao circular por um espaço ordenado”, explica.
Portaria redecorada
Com a conclusão dos cuidados com a retaguarda, como Andrea chama, partiu para a portaria, área que considerou a mais sensível, por acreditar que precisava ter a aprovação de todos os moradores. “É a recepção da nossa casa. Tem de ser do agrado de todos”, considera. Para realizar a tarefa, sentou-se na portaria e pacientemente, a cada um que passava, perguntava o que achava melhor. Por fim, pediu ajuda a um amigo que é artista plástico e ele trouxe um catálogo de cores e boas ideias. O objetivo da síndica era o de dar vida nova ao local, pois achava a antiga decoração meio morta. “Ele trabalha com um arquiteto e sugeriu uma iluminação para dar mais luz e destaque no desenho da portaria, que é muito bonito. Precisávamos apenas de cor, de um ar mais clean e despojado. Os moradores ajudaram com ideias e até objetos. Foi na época de Natal e a nossa árvore, por exemplo, teve a participação de todos”, conta.
Treinos e administração caprichadas: síndica Deu Certo mantém ritmo intenso com reforma total do condomínio
Fico feliz com cada resultado e gosto de saber que estou melhorando o edifício, mantendo o patrimônio que é meu também. É uma vitória superar os desafios que, em condomínio, podem ser diários
Andrea Caloni, síndica
No mesmo período, o jardineiro pediu para sair e a síndica contratou um serviço terceirizado, que já atende a prédios vizinhos e shoppings da região. Foram escolhidas plantas apropriadas para interior, que foram colocadas em vasos grandes, sobre um caminho de pedras brancas, e o resultado foi um sucesso absoluto. “Fico feliz com cada resultado e gosto de saber que estou melhorando o edifício, mantendo o patrimônio que é meu também. É uma vitória superar os desafios que, em condomínio, podem ser diários”, conclui.
Ações Positivas
Para Gostar de Ler
Incentivar a leitura de livros não didáticos. Este é o objetivo do Projeto Recicla Leitores, uma campanha permanente de arrecadação de livros (não didáticos) para serem entregues em comunidades do Estado do Rio de Janeiro, tendo como principal objetivo levar a paixão pela leitura a esta população.
Ele não funciona como uma biblioteca itinerante. As atividades se dividem em arrecadação e doação. Arrecada livros através do número e os entrega em eventos realizados em comunidades. A proposta é alcançar o maior número possível de leitores para o mesmo livro. Ou seja, quem recebe, se compromete a repassar o livro doado após finalizar a sua leitura, e assim sucessivamente, criando uma rede infinita, sustentável e colaborativa de novos leitores e apoiadores da cultura. Todo trabalho é feito através de encontros e eventos lítero-culturais, com a participação de escritores e contadores de histórias.
Sua história é peculiar, pois nasceu da sugestão da filha da fundadora, Victoria Woelbert, com 12 anos na época, hoje com 16, que ao conhecer um projeto social descobriu que as crianças e adolescentes da comunidade não tinham acesso a livros que não os da escola. Ela então decidiu reunir seus livros já lidos e doá-los. Mas como a quantidade era pouca para tantas crianças, começou a pedir aos amigos e familiares para fazer o mesmo. Seus pais se engajaram e em poucos meses realizaram o primeiro evento para a distribuição de livros, em 16 de julho de 2011, na Estrada Três Rios em Jacarepaguá durante a festa do dia das crianças que ocorria no local. O primeiro de muitos, pois seus idealizadores entendem que para gostar de ler é preciso primeiro ter acesso a livros.
O trabalho em torno da realização e participação em eventos objetiva que cada pessoa possa ter dois prazeres a partir do contato com o livro. Primeiro escolher um título que mais lhe agrada em meio a tantos que pode levar para a casa. O segundo, a própria experiência da leitura.
Como Participar?
Com pouco mais de três anos de atuação, o Projeto já distribuiu mais de 12 mil livros. Foram realizados eventos no Complexo do Alemão, com a doação de 2 mil livros em apenas 4 horas. O Projeto também realiza saraus em todo o Estado e está presente em eventos culturais e literários, como noites de autógrafos e feiras de livros, divulgando e angariando mais simpatizantes.
Para realizar tanto, conta apenas com as doações de livros e o trabalho voluntário. No site do projeto (www. reciclaleitores.com.br) é possível tomar-se um doador, ou um padrinho do Projeto, o que também pode ser feito através de e-mail [email protected]. br, ou pelo telefone (2t) 3471-7640. Lá também estão todas as informações sobre a história, os eventos já realizados e a agenda para os próximos encontros.
O Projeto necessita fundamentalmente de livros de literatura nacional e internacional. Não são aceitos livros didáticos, enciclopédias, nem livros técnicos.
Arrecadação de livros através de doações em eventos realizados em comunidades: festa literária para crianças sem acesso à leitura não didática.
Porteiros
Zeladoria com inteligência
Antônio Carlos Souza Almeida
Zelador do condomínio Sebastian Bach
Antônio Carlos Souza Almeida é zelador do condomínio Sebastian Bach, em Botafogo, há 13 anos. Nascido e criado no entorno do edifício, tem longa experiência como zelador, administrando condomínios há décadas. Foram quatro grandes residenciais ao longo da carreira. Os moradores o qualificam como um profissional que se destaca não apenas pela liderança e dedicação, mas especialmente pela lealdade.
Para Antônio, sua principal característica é o senso de responsabilidade e o compromisso. “Visto a camisa mesmo. Foi por este motivo que comecei a trabalhar como zelador. Um amigo que é chefe de departamento pessoal em uma administradora disse que, para os condomínios, pessoas com este perfil são essenciais. E assim começou esta história. Sou muito satisfeito por ter aceitado o convite, porque gosto muito do que faço”, diz. Com uma atuação marcante, ele contabiliza parcerias de longas datas com síndicos. Um deles, com quem esteve por 16 anos, deixou o cargo, quando Antônio decidiu trocar de emprego.
Sua experiência anterior, como auxiliar de escritório, contribuiu e diz não ter tido problemas de adaptação. “Gosto de lidar com pessoas e condomínio tem esta particularidade. Grande parte do trabalho é este contato com o ser humano”, diz. Para o zelador, o maior desafio foi fazer com que a maioria dos funcionários entendessem o seu trabalho. Ele já teve 50 para controlar em residencial de grande porte. “Fui aos poucos fazendo com que entendessem que estava ali para somar”, conta.
Gosto de lidar com pessoas e condomínio tem esta particularidade. Grande parte do trabalho é este contato com o ser humano
Antônio Carlos Souza Almeida, zelador
Conhecimento e Experiência para Contornar a “Cultura do Jeitinho”
Outro desafio é conseguir contornar a cultura brasileira do jeitinho. “Em condomínio, todos são proprietários e a ideia de que você tem sempre que dizer sim, faz com que, quando precise dizer não , não seja bem aceito. Precisamos fazer cumprir as regras e tem sempre aqueles que acham que dá para dar um jeitinho. Faz parte de nossa cultura, mas é que o nosso papel muitas vezes não permite, e para eles também não é bom que as regras não sejam obedecidas”, diz.
Para ele, a coisa mais difícil é ter que escolher quem será demitido, quando o condomínio precisa enxugar o quadro de funcionários. Mas Antônio diz que conversando, observando, é possível ter uma visão mais clara e identificar os que destoam e não correspondem aos objetivos da administração.
Para que o atendimento ao morador não mude e os profissionais se mantenham motivados, ou na mesma batida, como diz, ele costuma fazer um rodízio, alternando os empregados nas diversas atividades. “Assim, não se cansam, ou desanimam por fazer sempre a mesma coisa”, defende. Eles também são orientados a ser prestativos e a fazer o melhor, sempre.
Outra recomendação é para que andem sempre com o Regimento Interno debaixo do braço, assim como uma boa dose de bom senso. “Eles também precisam entender que nem sempre é possível dar um jeitinho, por isto precisam saber abordar o problema e controlá-lo”.
Rotina Organizada e Camaradagem
Antônio trabalha das 7 às 15h20 e mantém rigoroso controle sobre a rotina de trabalho a fim de que tudo funcione plenamente. Playground, portaria, serviços de limpeza e retirada do lixo são prioridades. “Não podemos permitir que um morador veja alguma coisa no corredor, ou no play, à noite e no dia seguinte ainda esteja lá. É preciso que ao acordar veja que está tudo limpo e ordenado, que sintam que estão sendo assistidos, afirma.
E, além de conhecer muito dos trabalhos comuns em um condomínio, eletricidade e instalações hidráulicas, o zelador acabou conquistando ao longo do tempo uma agenda de contatos com profissionais destas áreas, com serviço de qualidade e confiança, uma grande vantagem para o condomínio e também para os moradores. “Em edifício, os problemas exigem solução urgente. É uma bomba de água que dá problema num domingo à noite. É um morador que inadvertidamente fura um cano. Por isto, é preciso contar com profissionais que você sabe que não te deixarão na mão, a quem pode recorrer mesmo à noite, aos domingos ou feriados”, diz.
Casado, com quatro filhos e um neto, Antônio mantém a mesma dinâmica em casa. Ele adora a família e diz que teria 300 filhos, se pudesse. Atualmente, seu xodó é o primeiro neto. Por morar em casa diz que não para, pois há sempre o que fazer. Mas não abre mão do lazer. Diz ser um bom carioca, e como tal gosta de tudo, de samba a futebol, conhece todos os pontos turísticos da cidade e aproveita das praias às cachoeiras. Torcedor do Flamengo, acompanha, no entanto, todos os jogos e quando um chega contando vantagem de seu time, replica perguntando em que TV passou aquele jogo, pois este não foi o que ele viu. Os moradores, por sua vez, a maioria tricolores, gostam de pegar no pé dele, mas Antônio afirma que não liga. “É o de sempre. Com a maior torcida do Brasil, quem não é flamenguista é contra o Flamengo. Mas é mais importante manter o bom relacionamento que tenho com todos do que esquentar a cabeça por causa de futebol”, conclui.