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O Problema Alimentar Na Grã Bretanha
Do B. N. S., para Noticiário Lowndes
Em todos os bairros de Londres e em muitas cidades do interior, Centros de Consulta como este prestaram valiosas informações às donas de casa
LONDRES, Janeiro. Não há quem desconheça, atualmente, o fato da Grã-Bretanha ter atravessado quase seis anos de guerra sujeita a um rigoroso racionamento de gêneros alimentícios. Se há qualquer laivo de verdade no famoso dito de Napoleão de que “os exércitos marcham com os estômagos”, então o exército britânico, bem como os homens e mulheres que não regatearam esforços para alcançar a vitória, deviam estar muito bem nutridos.
Durante os anos em que a Marinha Mercante da Grã-Bretanha travou decisiva batalha no Atlântico para manter o abastecimento de víveres, o povo britânico adquiriu plena consciência, provavelmente pela primeira vez, do valor de cada refeição. Além disso, começou a perceber a importância de aplicar todos os seus recursos para melhorar as condições das reservas alimentares do país.
Desde os primeiros dias da guerra, o Governo Britânico procurou sempre que possível apresentar ao povo sugestões úteis para fazer com que pequenas quantidades de carne, gorduras, frutas, etc. oferecessem elevado coeficiente nutritivo. O Ministério da Alimentação, inaugurado a princípio para controlar a distribuição nacional e os preços, arregimentou grande número de técnicos e nutricionistas, cuja tarefa consistia em orientar o povo sobre os problemas de ordem alimentar. Quase todos os dias apareciam na imprensa pequenas receitas ilustradas, instruindo o povo sobre o valor alimentício de certos pratos. Periodicamente, eram editados folhetos contendo um sem número de receitas e conselhos práticos às donas de casa sobre o melhor modo de preparar refeições leves e substanciais.
Freddie Grisewood, um dos locutores da B. B. C., prestou valiosa contribuição à campanha de “Educação Alimentar” e o Professor Jack Drummond, notável nutricionista, consultor científico do Ministério da Alimentação.
Uma das séries mais populares da “Campanha de Educação Alimentar” mantida pelo Governo foi o ciclo de palestras sobre “A dieta com relação à saúde” proferidas por um eminente médico – Dr. Charles Hill, Secretário da Associação Médica Britânica, conhecido em todo o país como o “Doutor do Rádio”.
Os filmes também tiveram grande importância na referida campanha. Além de películas educativas, foram rodados inúmeros filmes de pequena metragem, incluídos em quase todos os programas de cinema.
Além de conselhos sobre o preparo das refeições, foi distribuída grande quantidade de informações sobre os problemas mais diversos, como sejam a conservação dos gêneros e o cultivo de pequenas hortas.
Paralelamente à notável tarefa de educar o povo sobre assuntos alimentares, o Governo é merecedor dos maiores encômios por ter conseguido assegurar às crianças e aos enfermos o fornecimento regular de preparados de alto teor vitamínico, e por ter tornado obrigatória a inclusão de uma quantidade mínima de vitaminas no pão fabricado na Grã-Bretanha, impedindo desta forma a menor possibilidade de má nutrição em qualquer região do país.
Aspecto exterior de um dos muitos Centros de Consultas mantidos pelo Ministério da Alimentação.
Apesar dos rigores do racionamento ainda existentes na Grã-Bretanha, caixas contendo gêneros alimentícios são enviadas regularmente às populações dos países devastados da Europa.
COISAS DO BRASIL ANTIGO
Existiram As Amazonas?
DE HAROLDO AGUINAGA
(Expressamente para o Noticiário Lowndes)
Tão difundida é a sedutora lenda das Amazonas que facilmente temos presente em nosso espírito a figura das bravas cavaleiras em galopada pelas planuras amazônicas brandindo armas e fazendo soar seus gritos de guerra.
Preferimos chamar e tratar das Amazonas como sedutora lenda porque, como tal, sugere tantos motivos poéticos e românticos, que nos parecem assim bem mais reais, bem mais integrados em nosso espírito, do que através da palavra dos antropologistas e sociólogos.
Embora este seja um ponto de vista pessoal, não podemos deixar de divulgar a opinião daqueles que afirmam a existência das Amazonas e tentam comprová-la. A documentação, porém, é tão precária e as referências nos são apresentadas vestidas com caracteres imaginários que, estabelecendo maior dúvida, tornam a fábula mais encantadora.
Quem primeiro tratou do assunto, segundo nossas informações, foi Frei Gaspar de Carvajal, frade dominicano nascido em Trujillo, Espanha, em 1504. Acompanhou Gonçalo Pizarro na tentativa de chegar ao Atlântico partindo de Quito e, posteriormente, realizou esse intento seguindo Francisco Orellana. Desta viagem, ele nos deu um interessante relato do qual focalizamos o trecho seguinte, relativo às Amazonas.
TAL COMO AS VIU FREI GASPAR
“Estas mulheres são muito altas, com cabelo muito comprido, entrançado e enrolado na cabeça. São muito membrudas e andam nuas em pelo, tapadas as suas vergonhas, com seus arcos e flechas nas mãos, fazendo tanta guerra como dez índios. E, em verdade, houve uma destas mulheres que meteu um palmo de flecha por um dos bergantins e as outras um pouco menos, de modo que os nossos bergantins pareciam porco-espinho”.
Escolhemos o depoimento do frade dominicano por ser o mais preciso na descrição das também denominadas amazonas, embora antes dele, vários navegantes, exploradores e religiosos como Américo Vespúcio, Hulderic Schmidel, Orellana, Berrio, Sir Walter Raleigh, P. d’Acuña e outros, tenham-se referido à República de mulheres ou ao Reino das Amazonas.
UMA EXPEDIÇÃO CIENTÍFICA
Em 1735, o Conde de Maurepas, ministro da França, organizou três expedições de caráter puramente científico com o objetivo de medir o arco do meridiano, determinar o comprimento do pêndulo que bate o segundo e verificar a atração do fio-a-prumo pela massa semi-esférica do Chimborazo para confirmar as previsões de Newton.
Partiram as três expedições em datas e com destinos diversos. A primeira saiu de La Rochelle em 1735 e dirigiu-se às terras do Novo Mundo; a segunda, em 1736, partiu de Ruão e foi para a Laponia; e a terceira, em 1751, chefiada pelo padre De La Coille, entregou-se aos seus trabalhos no Cabo da Boa Esperança.
Em todas elas partiram cientistas franceses e estrangeiros, sendo que suas observações constituíram notável contribuição em vários campos da ciência, especialmente à astronomia e à botânica. No entanto, para o nosso assunto, interessa a primeira, cujas peripécias nos são relatadas por seu repórter La Condamine.
CIENTISTA-LITERATO-AVENTUREIRO
Charles Marie de La Condamine nasceu em Paris no ano de 1701, revelando, desde cedo, pendor acentuado para o estudo das ciências positivas. Aos 17 anos abraçou a carreira das armas onde teve oportunidade de demonstrar outra faceta de seu caráter: a ousadia própria dos aventureiros. Em 1735, tendo já abandonado a espada e inteiramente entregue ao estudo, participa da primeira expedição e a ele coube a tarefa de relator de seus trabalhos e sucessos pela América Meridional. Como não podia deixar de acontecer, ao pisar na jovem terra americana, teve a curiosidade despertada pela estupenda novidade. Passemos a palavra a La Condamine.
AS AMAZONAS AMERICANAS
“No decurso de nossa navegação, indagamos por toda a parte dos índios das diversas nações, e com grande cuidado o fizemos, se tinham algum conhecimento das mulheres belicosas que Orellana pretendia ter encontrado e combatido, e se era certo que elas conservavam fora do comércio dos homens, não os recebendo entre si senão uma vez por ano, como nos refere o padre d’Acuña na sua relação, onde o assunto merece ser lido pela singularidade. Todos nos disseram que ouviram falar disso por seus pais, e juntaram mil particularidades longas demais para serem repetidas, e tudo tendente a confirmar que houve no continente uma República de mulheres solitárias, que se retiraram para as bandas do Norte, no interior das terras, pelo rio Negro, ou por outro que pelo mesmo lado vem ter ao Maranhão.
Um índio de São Joaquim d’Omáguas nos disse que encontraríamos talvez ainda em Coari um velho cujos pais avistaram as amazonas. Soubemos aí que o índio que nos fora indicado havia morrido; mas falamos com o filho que parecia ter 70 anos, e que chefiava os outros índios da mesma aldeia. Ele nos afirmou que seu avô viu com efeito discorrer tais mulheres pela entrada do rio Cuchivara, provindo do rio Calame que desemboca no Amazonas pelo lado Sul, entre o Tefé e o Coari; que ele chegou a falar com quatro dentre elas; e que uma trazia uma criança no peito. Ele nos disse o nome de cada uma, e acrescentou que, partindo do Cuchivara, elas atravessaram o grande Rio, e tomaram o rumo do Rio Negro. Omito certos pormenores pouco verossímeis, mas que em nada importam para o essencial da coisa. Abaixo do Coari, os índios nos disseram sempre o mesmo, com algumas variantes circunstâncias: mas todos estavam de acordo no principal.
“Deve-se preliminarmente notar que todos os testemunhos que acabo de mencionar, outros que deixo de referir, assim como os das informações dadas em 1726, e depois os dos governadores espanhóis da Província de Venezuela, concordam no fundo na existência das Amazonas; mas o que não merece menor atenção é que, enquanto essas diversas relações designam o lugar de retirada das Amazonas Americanas, umas para o Oriente, outras para o Norte, ainda outras para o Ocidente; todas essas direções diferentes concorrem em situar um ponto de convergência nas montanhas da Guiana, e num contão onde nem os portugueses do Pará, nem os franceses de Caiena, ainda penetraram.
“Mas chego ao principal. Se alguém alega a falta de verossimilhança para negar a lenda, a quase impossibilidade moral de poder estabelecer-se e subsistir uma tal República; eu não insisto no exemplo das antigas Amazonas asiáticas, nem das Amazonas africanas modernas, pois o que lemos nas histórias antigas e modernas é, pelo menos, misturado de muitas fábulas e sujeito a contestações. Contento-me em assinalar que se alguma vez pôde haver Amazonas no mundo, isso foi na América, onde a vida errante das esposas que acompanham os maridos à guerra, e que não são mais felizes no lar, lhes deve ter feito nascer a ideia e ocasião frequente de se furtarem ao jugo dos tiranos, buscando fazer para si um estabelecimento onde pudessem viver na independência e, pelo menos, não serem reduzidas à condição de escravas e bestas de carga.
Semelhante resolução, uma vez tomada e executada, não teria nada de extraordinário, nem de mais difícil do que o que se observa todos os dias em todas as colônias europeias da América, onde não é senão demasiado comum que servos maltratados e descontentes fujam em grupos para os bosques e, quando não encontram com quem se associar, passem assim vários anos, e talvez toda a vida, em solidão.”
UMA AFIRMATIVA RECENTE
O Instituto Equatoriano de Estudos Amazônicos e a Academia de Geografia e História de Quito realizaram, em 1942, interessante concurso de manografias sobre o Rio Amazonas. A tese vencedora, de autoria do ex-ministro da Instrução Pública do Uruguai e catedrático de literatura hispano-americana de nossa Faculdade de Filosofia, o Prof. Enrique Rodrigues Fabregat, intitula-se “Epopéia do Rio das Amazonas” e aborda com segurança e vastos conhecimentos de antropologia, sociologia, história e literatura das Américas, a questão das amazonas. Ele mesmo sintetiza a sua tese nos seguintes termos: “Ao contrário do que se poderia imaginar, a expressão ‘Rio das Amazonas’ não aparece no título como recurso literário: as amazonas são os personagens mais importantes da monografia. Suas figuras atravessam-na como uma fantástica realidade.
E, segundo consta, foram tão belas quanto querem as lendas. As cunhãs jaci-varas eram altas, muito claras e tinham as cabeleiras enroladas em torno da cabeça. No peito carregavam o muiraquita, pedra amuleto que elas próprias buscavam no lago Espelho da Lua, ainda hoje o misterioso jaci-uara. Eram guerreiras e amorosas”.
Em sua monografia, afirma o Prof. Fabregat a existência das Amazonas. Mostra que as Amazonas constituíam um povo sob o regime do matriarcado, proporcionando assim à sociologia moderna o elo que faltava entre organizações sociais primárias e as superiores. Para isso, baseou-se em documentos históricos e nos valores vivos e atuais dos povos indígenas de várias regiões da América. Na opinião do Professor Fabregat, o matriarcado está bem vivo em seus remanescentes nos costumes das tribos por ele estudadas. O “folclore” rio dá-nos provas, diz ele; o Amazonas só tem mitos femininos. Não é patriarcal como todos os outros rios da história”, terminando com estas palavras: “Sei que minhas afirmações darão origem a discussões e investigações. Cabe exatamente à antropologia e à sociologia falar por último. Quanto a mim, particularmente, as provas nas mãos, tenho absoluta certeza do que afirmei. Não há de que se surpreender. O Amazonas é um rio de prodígios. As amazonas são apenas um deles”.
EXISTIRAM OU NÃO?
Aqui chegamos à mesma dúvida e incerteza com que começamos. Entre depoimentos precisos e fantasiosos, não nos sentimos capacitados para uma resposta concreta. Preferimos fugir ao terreno das investigações, deixando-as aos cientistas, e fazendo votos de que não consigam destruir uma fonte tão rica de motivos poéticos e sugestões românticas.
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As Vendas a Crédito e O Seguro Contra Fogo
O Serviço de Repressão às Falências e Concordatas, que funciona na Associação Comercial do Porto Alegre, forneceu à imprensa a seguinte nota:
“O comércio molhadista e outras classes estão se movimentando para estabelecerem um acordo a fim de não mais vender a crédito àqueles que não tenham suas casas seguradas contra fogo.
Esse compromisso atingirá também aos comerciantes que não tenham suas firmas legalizadas na Junta Comercial do Estado.
Neste sentido, o comércio tomará algumas providências junto ao Sr. Delegado Fiscal, solicitando a esta autoridade expedir avisos aos fiscais de consumo para exercerem uma fiscalização mais rigorosa contra os infratores, principalmente na campanha e na fronteira, onde se têm constatado certas irregularidades, chegando ao ponto de alguns comerciantes não possuírem nem ao menos os livros de Vendas à Vista, Registro e Copiadores de Faturas, legalizados pela Junta Comercial do Estado, conforme determina a lei.
Sobre o seguro contra fogo, o comércio cogita daquela medida, em virtude de casos de incêndios ocorridos sem que os comerciantes tenham as existências seguradas.
Entende o comércio, e com muita razão, que quem não pode ter suas firmas legalizadas tanto na Junta Comercial como perante as companhias seguradoras não deve merecer crédito, porque deixam em constante risco as mercadorias que lhe foram vendidas fiadas e a sua estabilidade comercial está sempre à mercê das eventualidades fiscais.
Tem-se constatado que uns, talvez por medida de economia mal compreendida, não têm os seus negócios no seguro e outros talvez por fundadas razões não inspiram confiança às companhias de seguros, e o comércio atacadista, sem saber destas particularidades, vai se tornando vítima dessas aventuras.
Aos viajantes comerciais, serão expedidos avisos, exigindo que nos pedidos que enviarem sempre conste a data do registro da firma na Junta Comercial e os nomes das companhias seguradoras, sem o que os pedidos, para pagamento a prazo, não serão executados.”
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Provérbios Sobre O Tempo
A pressa é inimiga da perfeição, mas a moleza estraga o propósito mais são.
Prepara-te com tempo para não seres apanhado desprevenido.
O tempo e a paciência são os melhores aliados do caçador.
O segredo de muitos triunfadores reside no fato de terem sabido aproveitar o tempo.
Há tempo para tudo quando se sabe distribuir bem o tempo.
Sê ávaro do tempo, que ele te cobrará juros altos sem incorreres nas penas da Lei da Usura…
O tempo é que faz os homens geniais. Darwin definiu o gênio como sendo uma longa paciência. E a sua vida e obra deram uma prova disso.
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O Elevador Do Lar
O que é o “Homelift”, ou o elevador caseiro, à prova de acidentes.
O “Homelift” ou elevador do lar
Quantas pessoas de recursos se veem forçadas a trocar sua confortável e ampla residência de muitos anos por um apartamento, devido a pessoas idosas ou de saúde delicada, na família, que não podem ou não devem subir escadas?
Sem dúvida existem apartamentos espaçosos e confortáveis, porém, por mais que o sejam, e por outras vantagens que esses apartamentos possam oferecer, as residências individuais e isoladas, com bastante ar e luz, jardim, dependências para empregados e animais de estimação, sempre terão, como nosso lar, mais atrativos e comodidades.
E isso sem levar em conta a tradição e a saudade ligadas à casa antiga, ao lar dos nossos maiores, onde se desenvolveram acontecimentos importantes, alegres e tristes de nossa vida, e da dos nossos entes queridos.
Quem de nós não se recorda do nosso quarto de solteiro, das roseiras e plantas, do banco sob a árvore de mais sombra do jardim e de tantas outras coisas ligadas à nossa mocidade?
Em geral, gostamos de envelhecer no seio de nossa família, na casa que foi nossa, mas várias circunstâncias, além das apontadas no início desta nota, tendem a modificar as nossas inclinações, e nem sempre podemos resolver o problema conforme desejamos.
Para eliminar o uso da escada nas residências de mais de um andar, já existe um elevador elétrico, automático, quase portátil, que pode ser instalado em lugar conveniente e com a maior rapidez e segurança. O seu custo inicial é talvez inferior ao de uma trabalhosa mudança, e mínimas as despesas de sua conservação.
É o “Homelift”, o elevador do lar, completamente automático e à prova de qualquer acidente, podendo ser manejado por uma criança. Vem pronto, completo e leva somente poucos dias para ser instalado, num vão de escada, ou em lugar mais conveniente, entrando imediatamente em uso e prestando bons serviços por muitos anos, com poucos cuidados e conservação econômica.
O “Homelift” é distribuído e instalado no Brasil pela Comércio e Indústria “INDUCO” S.A. Rua México 98 sobreloja, Rio, à qual os interessados são convidados a enviar suas consultas.
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Os Grandes Sinistros Do Brasil
O que foi o incêndio dos Armazéns Gerais Prado Chaves S. A. de S. Paulo
Asepecto noturno do terrivel incêndio
A capital de São Paulo assistiu no dia 30 de Setembro do ano próximo findo ao maior sinistro de fogo ocorrido no Brasil com o incêndio que arrasou em armazéns de algodão existentes naquela cidade.
Cerca de 17 horas do dia referido, um dos vigias da firma Armazéns Gerais Prado Chaves S.A. teve sua atenção despertada por forte cheiro de algodão queimado que se exalava de um dos armazéns confiados à sua guarda. Procurando investigar a origem da anormalidade, constatou que, das pilhas de fardos localizadas no armazém n.o 7, se desprendia forte coluna de fumaça.
Avisado o Corpo de Bombeiros, tentou aquele vigilante, enquanto aguardava a chegada do socorro, debelar o fogo com os extintores portáteis existentes no local.
O bairro da Moóca, onde estão situados os armazéns da firma Prado Chaves S.A., é, por assim dizer, o bairro industrial de São Paulo, dado o grande número de armazéns gerais, depósitos e estabelecimentos industriais ali localizados. De hábito muito movimentado e com intenso tráfego de veículos, achava-se, nesse dia, praticamente deserto, não só em razão da hora em que principiou o sinistro, como, principalmente, por ser domingo.
Embora o alarme fosse dado prontamente, muito pouco auxílio pôde encontrar o vigia no intervalo que medeou até a chegada do Corpo de Bombeiros, dada a pouca movimentação do local, como apontamos acima, mas também porque a fumaça abundante havia tornado o ambiente irrespirável.
Estas duas fotografias ilustram bem o que foi o incêndio, que durou 2 dias, e o que restou dos armazéns. Durante uma semana ainda os bombeiros tiveram de estar no local refrescando o entulho.
Trinta minutos decorreram antes que os bombeiros iniciassem o ataque ao incêndio e, nesse tempo, o fogo lavrou sem peias, apossando-se de todo o armazém 7 e avançava já para o armazém 6.
Como costuma acontecer com frequência alarmante nestas ocasiões e quando mais necessária se faz a água, os hidrantes da via pública permaneceram enxutos, agravando a posição dos soldados do fogo já a braços com o vento forte que soprava e que despejava verdadeira chuva de fagulhas sobre os telhados vizinhos, ameaçando generalizar o incêndio.
É sabido que São Paulo conta com uma Corporação de Bombeiros das melhores do Brasil e com um dos mais completos aparelhamentos. Porém, as dificuldades se acumulavam numa tentativa de reduzi-los à impotência e exigindo esforços inauditos no sentido de evitar a propagação do sinistro.
Diante da falta de água, foram convocados todos os carros-tanque da cidade, mas o reabastecimento em local distante e a pequena capacidade dos carros obrigaram a instalação de uma bomba a gasolina para sucção de um riacho próximo. Mesmo assim, os constantes desarranjos do motor tornavam deficiente o abastecimento.
À noite, o clarão do incêndio era visível de vários pontos da cidade, atraindo considerável massa populacional. O calor que se irradiava pelas proximidades era tão intenso que ultrapassava 50 metros, tornando impossível a aproximação a cerca de 20 metros. As paredes dos prédios fronteiriços tiveram de ser banhadas com frequência, como medida de segurança, de tal maneira estavam quentes.
Outro aspecto do sinistro, fixado à noite, cujo clarão era visivel desde muito longe de vários pontos da cidade.
Durante dois dias, os armazéns foram pasto das chamas e exigiram, por uma semana, a presença dos bombeiros nas operações de resfriamento e, mesmo assim, tiveram várias vezes de voltar ao local para atalhar o reinício do fogo no remanescente do algodão carbonizado e que punha em perigo os armazéns vizinhos.
Os armazéns, em que se achava localizada grande concentração de algodão, cerca de 48.000 fardos, eram de propriedade da firma Armazéns Gerais Prado Chaves S.A., montando seus prejuízos a 40 milhões de cruzeiros.
O seguro dessas mercadorias foi efetuado com a firma Wood & Cia. Ltda., que representa em São Paulo as Cias.: The London & Lancashire Insce. Co. Ltda., The London Assurance, e as Cias. nacionais “Sagres” e “Cruzeiro do Sul”.
A referida firma distribuiu o risco por diversas Cias., entre elas as que acima citamos e mais a Cia. de Seguros “Imperial”, representada pelos Srs. B. Soares & Cia. Ltda., também em São Paulo.
Em vista disso, este grupo de Cias. pagou imediatamente, após a conclusão do trabalho de perícia, as quantias abaixo discriminadas, conforme fotografias dos cheques que temos o prazer de estampar:
The London & Lancashire… Crs 3.449.054,60
The London Assurance… 2.840.054,20
Cia. Sagres… 1.536.204,70
Cruzeiro do Sul… 1.402.578,40
Imperial… 600.000,00
Esta atitude foi acompanhada pelas demais cosseguradoras.
Representantes das companhias seguradoras, vendo-se no extremo, o Sr. Donald Lowndes, efetuando o pagamento das indenizações
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Fragmentos do Aljube
M. PACHECO
É interessante revelar aos leitores do “Noticiário” certos costumes antigos, ligados à história da cidade e relativos aos detentos.
Em Vieira Fazenda, um dos cultores mais eminentes da história carioca, aprendemos que a alimentação aos presos, na antiguidade, só eventualmente era dada por conta do Estado.
Pela correspondência do Conde de Rezende, arquivada no Museu Histórico, sabemos que os heróis da Inconfidência eram alimentados pelo Estado, cujos cofres concorriam com um cruzado diário, ou seja, 40 centavos da nossa moeda atual.
Nos tempos que correm, o que fazem os leitores amigos com essa irrisória importância?
O preço de um matutino de hoje era a despesa do Estado com a alimentação dos ilustres preparadores da independência da maior nação sul-americana.
Na generalidade, os detentos alimentavam-se por sua conta.
Naturalmente, tal estado de coisas determinava hábitos reprováveis na velha Aljube, onde os detentos se viam explorados pelos seus carcereiros, aos quais eles recorriam para as suas compras de alimentos.
A negligência imperava e, enquanto os abastados se banqueteavam com os guardas, em outras partes da velha e já demolida Bastilha carioca, criaturas humanas menos favorecidas morriam de fome se não houvesse a intervenção das instituições privadas, como a Santa Casa da Misericórdia ainda hoje existente.
Há que registrar-se uma fuga audaciosa e novelesca de um preso rico, que tendo encomendado uma lauta refeição para comemorar o seu aniversário, mancomunado com os guardas, serviu-se da caixa onde fora levado o jantar, para fugir. E assim a caixa foi devolvida levando no seu interior o aniversariante. Que jantar…
Havia, entretanto, uma classe de detentos cuja sorte era bem diferente. Eram os escravos. Estes não tinham com que subornar, nem tinham a assistência caridosa das instituições particulares. Não se responsabilizando o Estado pela sua alimentação, ficavam a cargo dos seus senhores. E estes nem sempre socorriam os infelizes.
Em 3 de Outubro de 1758 foi expedido um alvará régio pelo qual se patenteia o descalabro administrativo da Cadeia do Aljube, quando já o Estado interferia na alimentação.
No referido Alvará se lê:
“Fui servido ordenar que Carcereiros possam levar cento e vinte reis cada dia pelo sustento dos escravos que são presos nas suas respectivas Cadeias; e sou informado de que os ditos Carcereiros além de reduzirem o Sustento dos referidos Escravos a uma pequena porção de milho cozido em que só fazem de gasto vinte reis cada dia, costumam servir-se deles mandando-os, contra disposição de minhas Leis, sahir das prisões metidos em correntes para irem aos matos e campos buscar-lhes lenha e capim para venderem, etc.>>.
O referido documento, que se refere somente à alimentação dos presos escravos, é um testemunho mudo mas eloquente dos processos desumanos de então na vida judiciária e na administração da justiça do país.
Aos presos desamparados era permitido, porém, esmolarem. Para esse fim era destacado um condenado para ir à rua esmolar, ficando preso às grades da prisão por uma comprida corrente.
Conta Vieira Fazenda que um viajante — recém-chegado ao Rio e completamente ignorante dos nossos hábitos — sofreu um enorme susto quando passava, ao anoitecer, pelas proximidades da prisão, e viu uma pessoa encaminhar-se para ele, arrastando corrente de ferro, sujo, maltrapilho de aspecto sinistro.
Tal foi o susto que só depois de correr centenas de metros deu acordo de si.
Este estado de coisas foi banido no primeiro reinado, mas só os estadistas do Império reconheceram caber ao Estado a responsabilidade da alimentação dos presos. O primeiro orçamento para tal fim aparece em 1831, cujo orçamento da Despesa consignou a verba de 15:0005000, ou seja, 15.000 cruzeiros.”
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Festas Tradicionais Do Brasil
Carlos B. Rabello
(Para o “Noticiário Lowndes”)
No dia 23 de Setembro do ano passado, encontrava-me em São Luiz do Maranhão, quando fui convidado pelo Sr. José Nunes, sócio da firma Lime, Faria & Cia., agentes da Cia. Sagres, naquela Praça, para assistir à festa de São José de Ribamar, a maior e mais tradicional festa profano-religiosa de todo aquele grande Estado da Confederação.
Em automóvel de propriedade daquele cavalheiro, dirigimo-nos para a cidade de Ribamar, situada a 30 quilômetros de São Luiz, onde se realizam as tradicionais festas.
Logo na estrada de rodagem comecei a impressionar-me com a grande quantidade de romeiros que para ali se dirigiam. Muitos em automóveis, outros a pé e a grande maioria em caminhões enfeitados com folhas de assaizeiros, flores naturais e artificiais, fitas e bandeiras, tudo emprestando um aspecto bizarro, na demonstração do feliz estado de alma de todo aquele povo.
O Sr. Nunes, como bom “cicerone”, ia dando-me informações sobre tudo o que víamos.
Os romeiros que faziam o percurso a pé pagavam promessas pelas graças que haviam recebido do festejado Santo.
Ele próprio, Nunes, já fizera isso mesmo, saindo de São Luís ao anoitecer de sábado e chegando a São José de Ribamar quase às 10 horas da manhã de um domingo festivo como aquele. Quando ali chegou, as dores que sentia e o enorme cansaço que o invadia todo eram superados pelo prazer de haver cumprido sem desfalecimentos o que prometera ao milagroso São José de Ribamar.
Ao chegarmos a Ribamar, o festivo aspecto da cidade prendeu toda a minha atenção. A população normal de 5.000 habitantes elevava-se, nesse dia, para cerca de 40.000. Não havia uma casa onde coubesse mais uma pessoa; recanto algum onde não se encontrassem dezenas de rapazes descansando dos folguedos iniciados na véspera; tronco de árvore onde não fossem vistos casais trocando juras de amor, completamente esquecidos da multidão que os cercava.Na praça principal, centenas de improvisadas barracas, todas ornamentadas, serviam bebidas geladas, pastéis, perus recheados e outras guloseimas, por intermédio de “garçonettes” (também improvisadas) que, além das iguarias, prodigalizavam sorrisos gentis a todos que delas se acercavam.
Dezenas de bailes realizavam-se em toda a cidade. Alguns mais “granfinos”, onde eram exigidos paletós e gravatas; outros, verdadeiras “gafieiras” cariocas, onde a promiscuidade era imensa. Nos primeiros, os ritmos bárbaros de jazz eram ouvidos; nos segundos, as sanfonas, rabecas, colheres e pratos emprestavam ao ambiente uma verdadeira orgia de sons pandemônicos. Em todos, porém, reinava a mesma alegria expansiva tão comum a todo o povo brasileiro.
As onze horas bimbalharam festivamente os sinos da Igrejinha branca, estrugiram no ar as bombas e foguetões, tudo isso anunciando o início da tradicional missa votiva. Um verdadeiro formigueiro humano enchia completamente o pequeno templo; uma imensa onda de gente comprimia-se em suas cercanias, todos numa eloquente demonstração de Fé, dessa Fé sublime que redime as almas e engrandece os povos.
Narrativas de milagres ocorridos, a cada passo, eram ouvidas com o acréscimo dos comentários indispensáveis. Uma senhora respeitável falava sobre o caso da mãe de um marinheiro que, tendo sido vítima de uma calúnia, fora preso e espancado. Essa mãe aflita pedira a proteção do santo, para que a verdade fosse demonstrada; tendo sido atendida, fez o percurso de São Luiz até à cidade a pé e dali até o templo, arrastou-se de joelhos, chegando com os mesmos feridos e sangrando, porém com a felicidade irradiando de seus olhos.
Mais além, um venerando senhor, que me disseram ser sogro de um grande escritor nacional e engenheiro de destaque, atualmente residindo no Rio de Janeiro, contava ter assistido, há quarenta anos passados, ao castigo que recebera o negro “Reboque”, tipo de bebedor inveterado que, blasfemando contra o santo, ficara em ato contínuo, torto e desfigurado. Arrependido, pedira a proteção de São José e, ficando curado, tornara-se um homem digno e nunca mais deixara de tocar rabeca no coro da Igreja, até a sua morte.
Camelôs improvisados “trocavam” fitas, imagens e estampas bentas do Santo, agradecendo e desejando felicidades a todos os que davam esmolas, com as quais seriam facilitadas a manutenção e continuação dos festejos por anos afora.
Terminada a missa e pagas as promessas feitas, entregaram-se todos à continuação dos festejos profanos. Alguns dirigiam-se para a linda praia que circunda toda a cidade; outros procuravam refazer as energias perdidas, abarcando-se nas barracas, onde eram servidos alimentos e bebidas gelados; os bailarinos voltaram a sambar e grande parte, formando “cordões” e “cobrinhas”, percorria as praças e ruas, dando expansão à sua alegria.
Em tudo era-nos dado notar a despreocupação e a santa alegria que envolviam aquelas almas, num transbordamento de sentimentos, sem malícia e sem constrangimentos.
Senhoras da mais alta linhagem do capital, homens respeitáveis, mocinhas e rapazes de todas as classes sociais, operários e trabalhadores, confundiam-se nas mais exuberantes provas de contentamento, aproveitando o dia de São José de Ribamar.
O sol inclemente tostava todas as frontes, mas que importava? “O sol queimando e ninguém ligando…”
Alguns dos mais entusiastas, não suportando a quantidade de bebidas ingeridas, caíam pelas estradas, ficando estirados, com garrafas presas às mãos.
Desordens de vulto não se registravam, pois sempre que surgiam rixas eram logo desfeitas pelos bem-intencionados.
Quando terminou o dia, que regressei à capital, em meu quarto de hotel fiquei refletindo sobre tudo o que me foi dado apreciar e uma felicidade quase infantil se apoderou de mim, invadindo toda minha alma.
Feliz povo brasileiro, que desconhecendo as misérias tão comuns a outros povos, tem o direito de, pelo menos em alguns dias, manifestar toda a sua alegria, sem preocupações de diferenças de castas e questões sociais.
Uma Casa Construída Em 75 Minutos
LONDRES, (B.N.S.) 1 Seis operários ingleses acabam de construir um bangalô de alumínio, com todas as suas instalações elétricas, em 75 minutos.
Anuncia “Daily Mirror”, trata-se da casa inicial de uma série a ser construída em Blackburn, Inglaterra do norte. Mais 52 serão levantadas durante os próximos 17 dias. Esses “bungalows” são muito atraentes, pintados de verde e creme. Estão sendo fabricados no estabelecimento de Lancashire.
Embora esse tipo de casa se destine às famílias britânicas, isso não impede que as mesmas venham a auxiliar consideravelmente os planos ultramarinos de construções. Todavia, não se cogita de exportá-las, de vez que além das enormes necessidades internas existe o problema do espaço a bordo dos navios.
Matéria
Sorriso
NOEMIA CARNEIRO
Copacabana, Setembro, 1945
Por terem saído, lamentavelmente, com erros de revisão, publicamos novamente os inspirados versos da Sra. Noemia Carneiro para que os leitores os possam apreciar em toda a sua beleza.
O descerro de lábios nem sempre é um sorriso,
E muito menos riso!
É um gesto indolente que nos vem pela boca
A frase tola, etc.
É resposta em falsete, é talvez tolerância
De quem sufoca a ânsia
De vir a retrucar de modo altivo, ousado,
De modo arrebatado,
Ao dito que partiu do que não tem bondade
E feriu sem piedade.
O descerrar de lábios nem sempre é um sorriso
E muito menos riso!
É réplica elegante que o escárnio mau traduz
E maltrata e reduz…
Bem mais que indiferença à lisonja enganosa
Em voz capciosa…
Um traço definido de sutil ironia
Fingindo cortesia
A sentença que é toda uma grave estultícia
Em forma de blandícia.
Mas, se… por entre lábios vem o meigo sorriso,
Que não chega a ser riso,
E traduz sentimento de magia e fulgor,
O sorriso é uma flor
De todo impregnado de doçura e fragrância
Que se sente a distância!
É harpejo, harmonia; é poema ritmado
De verso bem terçado
Em resposta à carícia que o peito enobrece
E o amor engrandece…
Por entre lábios, então, aponta o belo sorriso…
E já pode ser riso
Que vem no gargalhar vibrante, cristalino,
Esse riso argentino,
Solfejo, cascatear de linda sinfonia,
Cadência de alegria
Que traz a toda gente calor, força, esperança
Um quê de confiança
Ao peito em que palpita uma seiva estuante
Na vida triunfante!
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Arquitetura Carioca
O Rio desenvolve-se na vertical: aspecto da Praça Paris e adjacências
A fisionomia arquitetônica do Rio de Janeiro sofreu nestes últimos 16 anos profunda alteração… Seguindo o exemplo das outras grandes capitais, onde o problema do espaço obrigou à expansão vertical, a velha cidade de Mem de Só, remodelada no princípio do século pelo grande Prefeito Pereira Passos, adotou também o arranha-céu, e com ele um novo estilo de arquitetura.
Quem conheceu o Rio há 20 ou 30 anos e o vê agora de novo é que pode sentir bem o contraste que apresenta a cidade com as altas fachadas dessas grandes moles de concreto, tão diferentes das moradias acachapadas do século passado, dos prédios largos de 3 andares do princípio do século atual, ou dos “chalets” e “bungalows”, rodeados de árvores, que foram o “chic” até quase 1930.
Novos tempos, novos estilos!
Realmente, a vida social da humanidade (que é o mesmo que dizer, a civilização) pode seguir-se através da história da arquitetura… Desde a caverna do homem primitivo, através da tenda rústica do nômade, da casa lacustre do palafito, até à magnificência arquitetônica do grego da era clássica, criador desses supremos monumentos que são a Acrópole e o Partenon, e daí até hoje, o homem mostrou o seu grau de cultura e gosto, e sobretudo suas necessidades sociais, ao construir a habitação.
A vida intensa e prática de hoje, a necessidade do melhor aproveitamento de espaço, o progresso da técnica, levaram o homem do século XX a construir o arranha-céu e com ele a criar um novo estilo, reintegrando a arquitetura na sua verdadeira finalidade, que é o sentido funcional.
Ele aí está, elevando-se, cada vez mais audacioso, mais firme, na rigidez de concreto, abrigando dentro de suas paredes milhares de famílias e milhares de escritórios, como asilo seguro e confortável ou centro nervoso de negócios, a dar nova fisionomia à cidade.
Moderna Arquitetura carioca: o edifício do Entreposto de Pesca
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A Invasão Da Inglaterra, Sonho Irrealizável Depois De Guilherme, o Conquistador
ANTONIO GIL
(Para Noticiário Lowndes).
As tentativas de Filipe II, Luiz XIV e Luiz XV
Nunca a Inglaterra foi tão vulnerável a uma invasão em seu território metropolitano como nesta II Guerra Mundial. Esse velho plano, que desde os tempos heróicos de Guilherme, o Conquistador jamais se repetiu, esteve em vias de ser realizado após o desastre de Dunquerque e as incursões aéreas dos bombardeiros alemães que, parecia, iriam arrasar tudo. E confessam hoje as autoridades inglesas que, de fato, a tentativa de desembarque que Hitler não ousou, ou não achou necessário fazer, convicto como estava de que a Inglaterra pediria paz, teria naquele momento todas as probabilidades de sucesso, uma vez que o armamento de seu exército ficara na França e sua aviação, embora valorosa, era pequena e estava exausta pelo esforço hercúleo que despendeu naqueles dias trágicos.
Passara mais uma vez o momento crítico para as Ilhas Britânicas, e dali em diante houve tempo para aparelhar a defesa e preparar ao inimigo uma recepção calorosa, caso ele ainda viesse a intentar a invasão.
UM PASSEIO PELA HISTÓRIA
Nos nove séculos que medeiam entre o desembarque de Guilherme, o Conquistador, na praia de Pevensey, a 28 de setembro de 1066, e sua vitória sobre o rei Haroldo em Hastings, que deu corda à Inglaterra, até à II Guerra Mundial registram-se várias tentativas de invasão do solo britânico. Grandes esquadras, como a “Invencível Armada”, e aguerridos exércitos, como os de Napoleão, estiveram preparados para esse fim, ou tentaram mesmo o primeiro passo, que seria a destruição da Marinha inglesa. Tudo em pura perda. Inventados os balões e após a travessia aérea da Mancha por Blanchard e Jeffries, em 1785, voltaram-se as esperanças dos que tal desejavam para esse novo e maravilhoso veículo, e um plano foi mesmo apresentado a Napoleão nesse sentido.
Passado mais de um século, quando Bleriot, em 1909, pela primeira vez atravessou o mesmo canal de avião, não faltou quem visse no poder aéreo que então nascia o fim da secular inexpugnabilidade das Ilhas Britânicas. Se a Inglaterra era poderosa no mar e as suas esquadras a protegiam de um desembarque nas suas praias, em compensação era vulnerável no céu, porque para um ataque partido do ar não havia defesa…
Esqueciam-se esses profetas de que, contra o avião, se poderia opor o próprio avião, e que, assim como a Inglaterra soubera criar e manter uma esquadra possante, também poderia criar uma aviação para a defesa do céu que a cobre. E assim foi. Quando na guerra de 1914-18 a Alemanha Imperial mandou seus zepelins bombardear Londres, não tardariam os ingleses a expedir seus aviões que os destruíram.
Assim foi na I Grande Guerra Mundial quando a aviação estava no berço e recebia o batismo de Marte; assim foi nesta segunda, quando os bombardeiros de Goering, aos cardumes, carregando toneladas de explosivos, prometiam arrasar o país. A Inglaterra, que soubera até então preservar-se dos ataques marítimos, soube igualmente neutralizar as incursões aéreas. O inimigo pagou caro o arrasamento de Coventry e Birmingham, os incêndios de Londres e o morticínio de civis, mas recuou ante as elevadas perdas. Desta vez, é fato, o povo britânico sofreu, sentiu diretamente os efeitos de uma guerra impiedosa, mas resistiu e preservou o solo da pátria do pé do invasor. As glórias da sua Marinha secular vieram juntar-se às dos bravos de uma nova corporação: a R.A.F.
Drake o almirante que destroçou a “Invencível Armada”
A AMEAÇA DE FILIPE II
A primeira ameaça de invasão, depois de Guilherme, o Conquistador, apareceu à Inglaterra quando esta ensaiava as bases do seu poderio marítimo. A Espanha era então a mais poderosa potência mundial. Seus domínios cobriam metade do mundo. Felipe II herdara de seu pai, o grande Carlos V, não só a Espanha com suas possessões ultramarinas, mas ainda Nápoles, Milão, a Sicília, os Países Baixos e ele, por si, anexara à sua coroa o reino de Portugal, cujo trono vagara pela morte de D. Sebastião, que não havia deixado herdeiros.
Filipe II possuía a melhor infantaria da época e os melhores generais. Em terra, era invencível. Na Inglaterra reinava Isabel, que lutava com dissensões internas de caráter religioso e não dispunha de grande esquadra.
Rebentada a guerra entre os dois países, o monarca espanhol resolve, como golpe decisivo, invadir a Inglaterra. Para isso apresta uma formidável esquadra, como nunca até então se vira: a “Invencível Armada”. O plano era simples: forçar um desembarque na costa inglesa e os famosos “tercios” de sua infantaria fariam estrago facilmente, pois, além do mais, contava com o auxílio dos católicos ingleses, que agiriam como hoje uma 5. coluna…
A “Invencível Armada” era constituída por 130 navios, levando cerca de 20.000 soldados e 8.000 marinheiros. Para defender-se, a Inglaterra, a princípio, tinha apenas 25 navios de batalha e umas 12 barcas. Era pouco. Mas soube-se dos planos de Filipe II, que exigiam tempo para se realizar, e assim teve Isabel ocasião de aumentar sua armada, construindo apressadamente algumas naus de guerra e artilhando as de comércio.
A frota espanhola zarpou de Cádiz em julho de 1588, rumo aos Países Baixos, onde a esperava o Duque de Parma com um exército de 30.000 homens e chalupas de desembarque.
A 30 dobra o cabo Lizard e passa à vista de Plymouth. Ali está a esquadra inglesa de Lord Howard, que tem sob seus comandos três grandes marinheiros: Drake, Frobisher e Hawkins. Consta de 31 navios de guerra e 150 barcos mercantes armados.
O Duque de Medina-Sidônia, comandante da frota espanhola, era um valoroso capitão de guerra. Mas nada entendia de combates navais e era a primeira vez que punha pé a bordo de um navio. Contava ele com combate de corpo a corpo, nas abordagens épicas, que costumava fazer nas batalhas daquela época, onde seus infantes seriam invencíveis. Mas o plano foi frustrado. Em vez de atacar de perto e tentar a abordagem, Drake, principal comandante das operações, desfilou com seus navios em torno da “Invencível Armada”, abrindo fogo com seus canhões, que tinham maior alcance do que os dos espanhóis.
Desorientado, Medina-Sidônia bate em retirada para Calais e manda ordens ao Duque de Parma para que venha juntar-se a ele. A frota espanhola estava longe de ter sido destruída. As perdas não eram graves. O desembarque seria tentado de qualquer maneira. Num porto da Holanda, o Duque de Parma não pôde vir logo, pois sua pequena frota estava bloqueada. Ele pede 15 dias, e os ingleses aproveitam para agir. A presença de tão grandes forças navais próximas às suas costas era um perigo.
Pela calada da noite, aproveitando vento favorável, oito ingleses expedem os barcos carregados de alcatrão e pólvora, em direção a Calais. Esses barcos, verdadeiros torpedos incendiários, penetram entre os navios espanhóis transmitindo-lhes fogo. Ante a ameaça de ver a esquadra incendiada, Medina-Sidônia é obrigado a levantar âncora e sair do porto, o que faz desorganizadamente, diante da surpresa.
Foi dos ingleses essa grande oportunidade. Os navios espanhóis são atacados a tiro de canhão. Alguns vão a pique, outros dispersam-se e naufragam. A retirada para cortada e o chefe espanhol decide-se a escapar pelo norte, contornando a Escócia, onde o mar, em seu breve estado dos navios, provocou maiores perdas.
Ficara assim destruída a “Invencível Armada”, que só o foi de nome. A Inglaterra estava salva e dali em diante dominaria os mares.
A SEGUNDA AMEAÇA
Estamos em fins do século XVII quando uma nova ameaça paira sobre a Inglaterra. Luiz XIV, o grande monarca francês, está em guerra com a maior parte da Europa. A França é poderosa em marinha e é respeitada. O esteio dessa guerra é Guilherme III, rei da Holanda e da Inglaterra. A luta concentra-se nos Países Baixos, onde Guilherme está com seus melhores soldados, holandeses e ingleses. A ocasião é o coração do inimigo, tanto que por um golpe a frota francesa alcançou uma vitória na batalha de Brezeviers.
O plano de invasão é tramado em segredo, com o auxílio de Jaime II, que foi destronado pelo povo inglês e estava exilado na França, o qual via como seu cetro. Contava-se também, em parte, com a 5ª coluna (coisa que, pelo visto, não é de hoje) representada pelos católicos e pelos adeptos de Jaime II.
Luiz XIV esperava dominar a Inglaterra com um exército de 20.000 homens, que planejava desembarcar na baía de Dawns, a 30 léguas de Londres. E enquanto o rei-sol acompanhava seus exércitos na Holanda, Jaime II, o marechal de Bellefons e o Sr. de Bonrepaus, próximo à baía de La Hogue, preparavam a surpresa.
Ao almirante Tourville, sediado em Brest, foi dada a incumbência de destruir a esquadra inglesa. Teria na ação o auxílio das frotas dos almirantes d’Estrees e Villete-Murçay. Caso o inimigo não desse batalha, devia então fundear em La Hogue e embarcar o exército de invasão.
Apesar da vitória de Brezeviers, sabia Tourville que as esquadras inimigas não tinham ficado muito enfraquecidas e que os ingleses trataram de refazer os claros a toda a pressa. Ademais, via a frota francesa desguarnecida de pessoal e material suficiente para uma empresa de tal magnitude… Fez sentir seu protesto. A saída da esquadra francesa seria uma aventura de loucos. Luiz XIV não o quis ouvir e ordenou a ação. Tourville, como bom súbdito, obedeceu e fez-se ao mar.
O encontro, a batalha naval de La Hogue, verificou-se em 29 de maio de 1692. Tourville alinhava 44 navios; a esquadra anglo-holandesa, sob a chefia de Russell, 99. O duelo era desigual e o resultado foi o que era de esperar: os franceses, mau grado toda a sua bravura, foram derrotados, perdendo 15 navios na retirada.
Mais uma vez a invasão gorava, decidida num combate naval.
LUIZ XV TENTA A AVENTURA
Em 1759, na costa francesa da Mancha, novas forças se preparam para transpor o canal e invadir a Inglaterra. Luiz XV, que estava levando a pior na luta com os ingleses e via suas colônias, uma a uma, cair nas mãos do inimigo, quer tentar o golpe e ferir o inimigo em plena sede metropolitana. As condições são favoráveis e o plano é inteligente. A esquadra inglesa está espalhada por todos os mares, de modo que seu poder está disperso. Para distrair a atenção e afastar mais navios das proximidades do canal, o corsário Thurot é enviado para saquear as costas da Irlanda. Enquanto isso, nos portos da Mancha, concentram-se barcas de fundo chato e tropas para o desembarque, e a esquadra de Toulon rompe o bloqueio ao qual os ingleses a submetem, rumando para Gibraltar, para se juntar à frota do Marechal de Conflans, ancorada em Brest, com a qual formaria a grande força de choque para o assalto.
A primeira parte do plano foi realizada, contudo, dois fatores vieram transtornar seu seguimento: a ação de corso de Thurot não deu o resultado esperado e a frota de Toulon, ao transpor Gibraltar, vê-se dispersada por uma esquadra inglesa e impedida de atingir Brest.
Neste porto, o grosso da armada francesa estava sob o bloqueio da esquadra de Hawkes. Conflans esperava a frota de Toulon e, como esta não viesse, resolveu aproveitar a primeira ocasião para tentar o golpe. A oportunidade veio nos princípios de novembro. Hawkes resolve levantar o bloqueio, retirando-se dia 9, deixando apenas algumas fragatas vigiando os movimentos do inimigo. Conflans levanta ferro no dia 14, rumo a Quiberon, para atacar os navios ingleses que bloqueavam esse pequeno porto. Mas Hawkes não tarda em voltar e, percebendo a ação dos franceses, vai atrás deles.
O encontro decisivo acontece em 20 de novembro, em meio a uma tremenda tempestade. Depois de algumas escaramuças e diante da superioridade dos ingleses, Conflans bate em retirada, procurando abrigo nos portos próximos. Mas Hawkes não quer perder a oportunidade e o persegue com tenacidade, hostilizando-o constantemente. A noite chega e a batalha aumenta em intensidade e confusão, através de passagens perigosas entre os recifes da costa, por onde a frota francesa tenta escapar. Ao amanhecer, os restos da esquadra de Conflans estavam dispersos e sem capacidade para uma nova investida. Mais uma vez, os planos de invasão da Inglaterra vão por água abaixo…
(No próximo artigo: “A tentativa de Napoleão e o 1º plano de invasão aérea”).
Matéria
Radiofrequência Aplicada à Cozinha Doméstica
LONDRES, (B. N. S.) Notícia do “Evening Standard” desta cidade: estão sendo feitas experiências tendo em vista a aplicação da rádio frequência à cozinha doméstica. Caso se vejam coroadas de êxito essas experiências, os fogões de amanhã poderão ser transportados com toda a facilidade de um lugar para outro, terão apenas dois e meio pés de altura, pesando cerca de 150 libras. As máquinas, ou seja, aquecedores bi-elétricos, estão sendo atualmente produzidos sob a forma de aquecedores de matéria plástica, a fim de facilitar a desidratação. A adaptação de novos metais aos fogões aquecerá uma refeição numa simples fração do tempo requerido por um forno comum. Os fornos de rádio frequência cozinharão os alimentos na sua parte externa e interna ao mesmo tempo. Tais aquecedores assemelham-se a um bar em miniatura para cocktails, têm uma aparência muito atraente e são transportados por meio de rodas.
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Comendador Ralph Olsburgh
Com. R. Olsburgh
Foi com especial satisfação que lemos a notícia da condecoração com que foi agraciado o Sr. Ralph Olsburgh pelo Rei Jorge VI da Inglaterra, nos primeiros dias do mês de Janeiro do corrente ano.
A comenda recebida de “Comandante do Império Britânico (C. B. E.)”, o foi indubitavelmente por serviços prestados durante longos anos ao desenvolvimento das relações anglo-brasileiras, tanto comerciais como culturais.
Durante várias vezes foi o Sr. Ralph Olsburgh presidente da Câmara de Comércio Britânica, cuja posição ocupa atualmente, tendo sido também um dos fundadores, e isto há cerca de 15 anos, da Sociedade Brasileira de Cultura Inglesa, tendo ocupado desde a fundação da Sociedade o cargo de Vice-Presidente. A presidência da Sociedade, como é sabido, é ocupada por um brasileiro, atualmente pelo mui ilustre Dr. Raul Leitão da Cunha.
Os seus esforços para o estreitamento das relações culturais entre o Brasil e a Grã-Bretanha não passaram despercebidos ao Governo Brasileiro, que em boa hora, agraciou-o em 1933 com a honrosa condecoração da Ordem do Cruzeiro do Sul.
No ano passado, teve o Sr. Ralph Olsburgh a satisfação de representar o Brasil na Conferência da Câmara de Comércio Internacional, que se realizou em Londres.
Há 38 anos convive conosco este distinto amigo nosso, conhecendo a fundo os nossos problemas econômicos e comerciais. A sua vida comercial tem sido bastante ativa, tendo organizado a “Companhia Imperial de Indústrias Químicas”, da qual foi diretor-gerente, e mais tarde as “Indústrias Químicas Brasileiras Duperial” e a “Companhia Brasileira de Cartuchos”, das quais foi presidente, assim como exerceu a gerência da “Companhia Eletro-Cloro” e “Indústrias Brasileiras Alcalinas”.
Para um merecido repouso aposentou-se das referidas Companhias no ano passado e com grande satisfação nossa aceitou o lugar de Diretor Consultivo da nossa “Comércio e Indústria Induco, S. A.”.
Este distinto elemento da administração da nossa Organização é um grande amigo do Brasil e o seu maior prazer tem sido servir ao seu país de nascimento Inglaterra – e ao de sua adoção – Brasil.
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Sapatos Plásticos
LONDRES, (B. N. S.) – Daqui a 200 anos, em algum futuro museu da moda, será exposto um par de sapatos com uma etiqueta onde se poderá ler: “Sapatos de matéria plástica usados pelas mulheres inglesas em 1946”. As donas de casa que caminharem sobre “solas atômicas” ou sobre qualquer outro material que o capricho e a ciência dos nossos descendentes possam inventar, em 2146, contemplarão com surpresa os calçados plásticos do século XX.
A vantagem desses sapatos é a sua absoluta impermeabilidade. Não se pretende, entretanto, que os mesmos substituam os materiais comuns em todos os casos. Ao lado das suas vantagens, os sapatos plásticos apresentam também alguns inconvenientes, visto que impedem a transpiração dos pés.
A menos que esses sapatos possuam orifícios ou sejam abertos na frente e atrás, é provável que esquentem os pés, sendo esta talvez a sua única desvantagem.
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Idílio
NOEMIA CARNEIRO
Nov. 1945
Era um dia uma avó bem velhinha
Mais Lóló, sua linda netinha.
Camaradas gentis. Um encanto
Ver as duas juntinhas num canto.
A vovó tricotava, ligeira,
Recostada na sua cadeira;
A netinha vestia a boneca
Ou jogava, correndo, a peteca.
Quando à tarde vovó descansava
Numa rede na qual se embalava,
A menina, pombinha a arrular,
Procurava esta rede agitar.
Era, então, a conversa um gorgeio.
Chilrear, pipilar, garganteio.
A voz grácil, cantada, festiva,
Entoando a pergunta furtiva;
A voz grave, bondade, indulgência,
Que responde na mesma cadência.
Vovózinha querida, me conta
Uma história bonita?
Uma lenda bem nova de fadas…
Uma coisa exquisita!…
A vovó, fatigada, abatida,
Té parece doente;
Mas prefere ocultar todo o mal
Para vê-la contente.
Para falar de uma coisa exquisita,
De uma coisa singela,
Numa estrada bem longa hás-de ir,
Numa estrada mui bela.
O caminho não é por aqui?
Perguntava a criança.
Ergue os olhos para o céu, e verás
O lugar da Esperança.
Vê que lindo punhado de estrelas
Tapetando o Azul!
Olha as cinco estrelinhas que formam
O Cruzeiro do Sul!
Para ir ao caminho brilhante,
Diz a bela a troçar,
Tomarás avião ou tens asas
Com que possas voar?
Os anjinhos, somente os anjinhos
Com a sua leveza
Poderão alcançar essa trilha
De tamanha beleza!
E para ir lá tão alto, no céu,
Dize, vó, é preciso
Aprender no Colégio a cartilha
E ter muito juízo?
Deverás atender a quem fala
Para teu benefício,
Corrigindo teus erros, querida,
Num constante exercício.
E tu achas, vovó, que a netinha
Faz por vezes tolice?
Meu amor, esqueceste dos doces,
Dessa vil gulodice?
Eu prometo, vózinha, prometo
Pela Virgem Maria,
Que serei um anjinho completo
Duma noite pro dia.
A pequena cruzou sobre o peito
Suas mãos delicadas com jeito.
E ficou sem mexer-se um instante,
A fitar esse céu tão distante…
A vovó, mãos dispostas em cruz,
Invocava o Amor de Jesus.
E depois, com fervor de uma crente,
A netinha abençoa tremente.
A bondosa velhinha dormiu…
A Lóló bem depressa a seguiu…
Lá, bem longe, as estrelas piscavam;
Cá, bem perto – cigarras cantavam.
O calor do verão decrescera
E uma brisa sutil irrompera.
Vem ligeira mirando a folhagem
Perpassando por entre a ramagem:
Doce aroma suave borrifa
Pela verde e mimosa alcatifa.
Ouvem-se passos:
Grave, o primeiro;
Outro, miúdo,
Seu companheiro,
Atravessando
Todo o terreiro.
Quase que correm
Pisando o chão.
– Lóló! Mamãe!?
Onde é que estais?
Procuram em balde,
Buscam em vão!
Por fim, se lembram
Do lindo abrigo,
Já conhecido
Por “Canto amigo”,
Tão bom, tranquilo,
Tão sem perigo!
Chegam bem perto.
Que amenidade!
Vovó e Neta
Dormem à vontade,
Sempre ligadas
Nessa amizade.
Que vem da paz,
Que vem do amor.
A face velha
Traduz labor;
A face nova
É de uma flor.
A cabeleira
Bem loira, espessa,
Toda ondulada,
Cai da cabeça
Dessa menina
Linda e travessa.
Num aconchego
Que arrebata,
Junto à pequena,
Como em cascata,
A cabeleira,
Toda de prata.
Pensamentos
De Goethe
“Werther”
O que é o homem, para ousar lamentar-se a respeito de si mesmo?
Os homens sofreriam menos se não se aplicassem tanto (e Deus sabe por que eles são assim!) a invocar os males já idos e vividos, em vez de esforçar-se por tornar suportável um presente medíocre.
Mas, o mau humor não seria antes uma irritação íntima devida ao sentimento da nossa própria insuficiência, um descontentamento em relação a nós mesmos, ao qual se junta sempre a inveja espicaçando uma vaidade incita?
Rio-me do meu coração… e só faço o que ele quer.
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Um Quarto De Século De Bons Serviços
Por CARLOS B. RABELLO
Sr. N. Ribas Carneiro
O dia 19 de Abril foi de grandes festas e regojizos para toda a grande família da Organização Lowndes.
Nesse dia, completou 25 anos de bons serviços para a Organização Lowndes, nosso Diretor-Gerente, sr. Nestor Ribas Carneiro.
Ingressou na firma Edward Ashworth Co. no dia 19 de Abril de 1921, indo trabalhar na seção de Seguros, cujo gerente era o sr. Vivian Lowndes.
Desaparecendo a firma em 22 de Fevereiro de 1930, passou o Sr. Vivian Lowndes a ser o Representante Geral para o Brasil, das Companhias Inglesas “The London & Lancashire” e “The London Assurance”, instalando os seus escritórios no 4º andar do Edifício do “Jornal do Comércio”.
Nessa ocasião o sr. Carneiro, que vinha com o sr. Vivian Lowndes, foi por esse nomeado gerente da seção de seguros de sua firma.
Devido ao incêndio ocorrido no Edifício do “Jornal do Comércio”, em 4 de Agosto de 1931, transferiu o sr. Vivian Lowndes os seus escritórios para o 4º andar do prédio à rua da Alfândega n. 81A.
Em Julho de 1938, com a terminação da construção do Edifício “Esplanada”, foram novamente transferidas as instalações da firma Vivian Lowndes para este local, onde ainda hoje nos encontramos.
Por essa época, passou para o controle de Vivian Lowndes a Companhia de Seguros Sagres. Logo em seguida, Lowndes & Sons Limitada substituíram a antiga firma, passando então o sr. Nestor Ribas Carneiro de gerente da seção de seguros a gerente geral da nova sociedade.
No dia 20 de Dezembro de 1940, faleceu o sr. Nile Goulart, um dos Diretores da Cia. de Seguros Sagres, sendo eleito o sr. Carneiro para sucedê-lo em 25 de Março de 1941.
Ainda nesse ano, no dia 15 de Dezembro, em Assembleia de Constituição, foi o sr. Carneiro eleito Diretor-Gerente da Cia. de Seguros Cruzeiro do Sul.
Em 31 de Março de 1943, foi reeleito Diretor da Cia. de Seguros Sagres.
Hoje, já nos habituamos a ver o nome desse diretor nas diversas diretorias das empresas que integram a Organização Lowndes. Assim, vemos ainda esse nome de personalidade marcante nas diretorias da Cia. Geral de Administração e Incorporações e Cia. Cruzeiro do Sul Capitalização 5. A.
O sr. Nestor Ribas Carneiro faz igualmente parte da Diretoria do Sindicato das Empresas de Seguros Privados e Capitalização, onde, desde o tempo da confecção da primeira Tarifa Marítima, já integrava a CCRT.
Sendo um dos maiores conhecedores no Brasil, do ramo de seguros de Transportes Marítimos e Fluviais, está também a seu cargo a direção e controle desses seguros, na Organização Lowndes.
Sempre atarefado e cheio de serviços, não deixa entretanto de ter sempre uma palavra de estímulo e conforto para todos os que dele se acercam.
Possuidor de vasta cultura, é daqueles chefes que compreendem muito bem que mandar não é deprimir, não é menosprezar, agredir os seus funcionários, e sim estimular e fazer progredir seus funcionários.
Por essa razão criou-se em torno de sua pessoa uma aura de confiança e estima, sentida muito bem por todos que fazem parte da Organização Lowndes.
Por esse motivo é que o dia 1º de Abril foi um dia de festa e de júbilo para toda a família da Organização Lowndes.
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Noticiário Lowndes Informa
O “Concurso Santos Lima”, organizado pela Cia. de Seguros Cruzeiro do Sul, em 1945, foi encerrado com pleno êxito.
A Agência de Pernambuco, entregue aos cuidados dos srs. Othon Bezerra de Mello & Cia. Ltda., alcançou a melhor produção, seguida de perto pela Agência de São Paulo, cujos agentes são os srs. Wood & Cia. Ltda.
A parte referente ao EXCESSO de produção sobre a quota prefixada foi vencida em primeiro lugar pela Agência de Pernambuco, colocando-se em segundo lugar a Agência do Amazonas, confiada aos srs. Ferreira da Silva & Cia.
A terceira parte desse certame, referente à PERCENTAGEM do excesso de produção sobre a quota, teve como vencedores, em primeiro lugar a Agência do Espírito Santo entregue à Vitória (Seguros e Corretagens) Ltda. e em segundo lugar, a Agência do Amazonas.
Parabéns aos vencedores.
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Com o falecimento do Sr. Carlos Metz, tornou-se decano dos seguradores do Brasil o Sr. Vivian Lowndes, diretor-presidente da Organização Lowndes.
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A partir do próximo número, serão publicados os balanços das empresas que compõem a Organização Lowndes, referentes ao exercício de 1945.
***
O Sr. John H. Lowndes, no dia 1º de abril, festejou o 10º aniversário de suas atividades em prol da Organização Lowndes.
***
No dia 26 de janeiro, foi assinado pelo Ministro do Supremo Tribunal, então Presidente da República, Dr. José Linhares, o decreto autorizando a Companhia Cruzeiro do Sul Capitalização S/A a funcionar no Brasil.
Todas as medidas já estão sendo tomadas para que esse setor da Organização Lowndes entre em pleno funcionamento.
***
O Sr. Leocadio Vieira Neto, superintendente do Departamento de Agências da Organização Lowndes, que se encontrava em Lambarí, em gozo de férias, regressou ao Rio, reassumindo o seu cargo.
***
No dia 11 de março, foram reiniciadas as aulas do Curso de Extensão do Instituto de Resseguros do Brasil, no qual estão inscritos diversos funcionários da Organização Lowndes.
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O Noticiário Lowndes tem a grata satisfação de registrar nesta seção, em caráter todo especial, o aniversário natalício do Dr. João Carlos Vital, ocorrido no dia 11 de março.
Nossos sinceros parabéns.
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Já estão em pleno funcionamento quinze Agências da Cia. de Seguros Imperial, espalhadas em vários Estados da Federação.
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Pelas classes seguradoras, foi oferecido no dia 28 de Março, no salão nobre da A. B. I., um banquete em homenagem ao Dr. João Carlos Vital, criador do I. R. B. e seu Presidente, até há bem pouco tempo.
O Noticiário Lowndes associa-se prazerosamente a essa homenagem, da qual dará notícia detalhada no seu próximo número.
Sr. Prudêncio Garcia
Tivemos a satisfação de registrar recentemente a visita do Sr. Prudêncio Garcia, chefe da importante firma Mattos Areosa & Cia., de Manaus e representante no Amazonas de nossa Companhia de Seguros Sagres.
Grande amigo de nossa organização, foi com saudades que assistimos à sua partida para Manaus, acompanhado de sua exma. família.
Sr. Prudêncio Garcia
O Radar Como “Vista” Para Os Cegos
LONDRES, (B. N. S.) Uma das possibilidades mais ou menos imediatas que estão cogitando seriamente os técnicos ingleses é auxiliar as pessoas cegas por intermédio da maravilhosa invenção britânica do Radar.
Na realidade, com um aparelho de Radar em miniatura, adaptado a uma bengala, aparelho este que registraria sinais transmitidos de todos os obstáculos encontrados nas ruas, os cegos se achariam capacitados a “ver” com suas bengalas.
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O Que Vai Pelo Mundo
A CRIADORA DA “FLOR DE MAIO”
Aos 76 anos de idade, faleceu recentemente na Suécia a sra. Hallberg, benemérita anciã que, em 1907, foi a criadora do dia da “Flor de Maio”, cuja venda se destina a recolher fundos para combater a tuberculose e, ao que parece, a primeira que teve tal ideia, que depois se espalhou por todo o mundo culto.
O produto da venda da “Flor de Maio”, na Suécia, que tem sido realizada todos os anos desde então, alcançou até hoje 13 milhões de coroas.
Entre nós, esteve muito em uso, há cerca de 15 anos, a venda pública, em certos dias, de uma determinada flor, com fins beneficentes.
O SEGURO DOENÇA NA SUÉCIA
Segundo os dados revelados num recente Congresso da Associação Sueca de Companhias de Seguros Contra Doenças, existem nesse país 2.447.000 pessoas seguras contra enfermidades, das quais 913.000 são crianças. Tal seguro é feito por empresas particulares com o auxílio do Governo. De acordo com os novos planos oficiais, é provável que seja tornado obrigatório o seguro contra doenças e também contra o desemprego.
BOLAS DE TÊNIS CONTRA MINAS MAGNÉTICAS
Ainda que pareça incrível, 23 milhões de bolas de tênis foram usadas pelos ingleses na destruição das minas magnéticas semeadas pelos alemães nas suas águas durante a guerra. O uso de tais bolas foi a providencial solução do problema de estender à superfície do mar os cabos, através dos quais os caça-minas faziam descargas elétricas que provocavam a explosão das minas que se encontrassem dentro de um certo raio.
As bolas, juntas umas às outras, agiam como flutuadores, sustentando os referidos cabos.
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Curiosidades De Ontem e De Hoje
UM PIONEIRO DAS VITAMINAS
Hoje, que o tomate é um fruto tão comum na alimentação humana, é curioso saber-se que o primeiro homem que tal coisa comeu, foi considerado, primeiro um louco, depois um herói, a ponto de merecer uma estátua. De fato, em Newport, Rhode Island, nos Estados Unidos, existiu em tempos um monumento em honra de Michele Felice Corne, porque este comeu um tomate, provando ao mundo que esse fruto, considerado até então venenoso, era um excelente petisco. Eis aí um pioneiro das vitaminas que os historiadores da Medicina ingratamente esqueceram.
UMA VIDA POR MUITAS
Foi graças à coragem e desassombro de um frade que tiveram fim as bárbaras lutas de gladiadores nos circos da antiga Roma. No ano 404 assistia o imperador Honório a um desses sanguinários espetáculos, quando o monge Telémaco (mais tarde canonizado) indignado com tanta crueldade, saltou à arena e, separando os adversários, verberou o povo pela sua paixão pelo sangue. A multidão, vendo seu espetáculo favorito interrompido, atirou-se ao santo homem e despedaçou-o em três tempos. Diante de tal violência, o clero protestou e o imperador, reconhecendo a justeza dos protestos, promulgou um decreto abolindo tal prática para sempre.
BONS TEMPOS
Boerhaave foi um dos médicos mais célebres da Europa, no século XVIII. Certa vez, um magnata da China, seu admirador, enviou-lhe uma carta, apenas com este endereço: “ao maior médico da Europa” – e a carta chegou-lhe às mãos. Hoje, com a abundância de celebridades e a perfeição dos serviços postais, tal coisa dificilmente se conceberia.
CIDADE SUBTERRÂNEA
A mina de ouro de Witwatersrand, na África do Sul, é a maior cidade subterrânea que se conhece. A profundidade de uma milha trabalham ali cerca de 190.000 mineiros, espalhados através de galerias, corredores, ruas e avenidas, que somam a extensão de 4.000 milhas. Metade da produção mundial de ouro é dali extraída.
OS GATOS E AS VITAMINAS
Segundo as observações do prof. Hugo Theorell, da Suécia, dadas recentemente a público, os gatos e os macacos também usam a vitamina “D”, absorvendo-a de forma bem curiosa. Eis como ele próprio conta o caso: “As glândulas sebáceas da pele segregam uma matéria que contém a vitamina “D”, a qual é ativada ao contato do corpo com os raios solares. Esta vitamina pode ser absorvida através da pele e, portanto, não convém banhar-se devidamente depois de um banho de sol. Nos animais, a ativação tem lugar no tegumento piloso. Quando o gato lambe a sua pele, ou os macacos parecem estar catando pulgas, satisfazem na realidade sua necessidade de vitamina “D”, que não pode ser absorvida através da sua espessa pele”.
Imaginem só se o mesmo fenômeno se verificasse na espécie humana!… Deixar de lavar-se após o banho de sol, vá; mas ter de lamber a pele… Façamos votos para que os sábios fiquem por aí nas pesquisas sobre vitaminas.
REGISTRO DE HÓSPEDES
É prática muito antiga o registro de hóspedes nos hotéis. Em Paris, já no século XIV, isso era exigido. Mas o fato remonta mesmo aos tempos da Roma clássica, pois Petrônio, no “Satiricon”, conta que os hospedeiros da cidade eram obrigados a ter um livro para esse fim. Marco Polo, por sua vez, relata em seu livro célebre que em Catai (China), nos Estados do Grã-Khan, também tal prática era obrigatória. Eis as suas palavras: “Sabei que todos aqueles que têm albergue escrevem o nome dos que hospedam, o dia, o mês, de sorte que todo o ano o Grã Khan pode saber quem vai e vem por sua terra”.
MÁGICA PARA ARTILHEIROS NAVAIS
Durante a primeira Guerra Mundial, um mágico que se exibia nos teatros londrinos prestou um grande serviço à marinha inglesa. Maskelyne, que era esse o seu nome, costumava comer fogo em cena e o produto químico com que fazia isso, sem queimar a boca e as gargantas, cujo segredo revelou ao Governo, permitiu que os artilheiros navais pudessem aguentar horas disparando seus canhões, sem que o excessivo calor das explosões da pólvora os queimasse.
O CATOLICISMO NA CHINA
O número de católicos na China é, em si, bem expressivo, cerca de 4 milhões. Contudo, torna-se insignificante quando sabemos que existem nesse país 480 milhões de habitantes de outras religiões.
O LANÇAMENTO DO PRIMEIRO NAVIO “PLÁSTICO”
LONDRES (B. N. S.) O primeiro navio de linhas “plásticas” construído nos estaleiros do Tyne, na Grã-Bretanha, acaba de ser lançado ao mar. Trata-se do “Empire Antigua” de 10.000 toneladas de deslocamento. As acomodações internas desse barco são todas de material “holoplástico”, uma nova descoberta britânica à base de substâncias plásticas. As divisões das cabines feitas com o citado material têm uma polegada de espessura e são combinadas com estrutura de aço.
Enquanto isso, o “Daily Telegraph” anunciou que uma delegação técnica do Ministério de Transportes da Turquia está prestes a embarcar para esta capital, a fim de assinar contratos de fornecimentos de navios pelos estaleiros ingleses.
NOVAS APLICAÇÕES CIENTÍFICAS DO RADAR
LONDRES, (B. N. S.) 1 Realizaram-se na Grã-Bretanha interessantes experiências científicas no sentido de “bombardear” os céus com Radar visando localizar as chuvas e raios cósmicos. A finalidade consiste em que as chuvas acusem a sua posição ao serem refletidas nas ondas de Radar. As experiências estão sendo efetuadas sob a orientação do Professor Willis Jackson, Chefe do Departamento de Engenharia Elétrica, e pelo Professor P. M. S. Blackett, Diretor do Departamento de Física, ambos pertencentes à Universidade de Manchester.
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Veja Se Sabe…
Veja se pode responder corretamente às 20 perguntas abaixo, experimentando assim sua cultura e sua memória. Cada pergunta certa vale 5 pontos. De 80 a 100 pontos, é um resultado ótimo; de 60 a 80, bom; 50 a 60, regular. Confira os resultados com as respostas certas no fim da revista.
- Qual destes três foi assassinado por Charlotte Corday: Marat, Robespierre ou Danton?
- Houve um rei da Inglaterra que morreu no cadafalso. Qual foi: Henrique VIII, Carlos I ou Jaime II?
- Quem decretou o bloqueio continental: Hitler, Napoleão ou Genghis Khan?
- José de Anchieta era português, brasileiro ou espanhol?
- Quem escreveu “Tudo isto e o céu também”: Louis Bromfield, Anita Loos ou Rachel Field?
- O romance “Jubiabá” é da autoria de José Lins do Rego, Jorge Amado ou Graciliano Ramos?
- O “Conselheiro Acácio” é um personagem criado por Eça de Queiroz, Machado de Assis ou Camilo Castelo Branco?
- “Anselmo Ribas” foi o pseudônimo literário de um grande escritor brasileiro. Qual destes: Júlio Ribeiro, Coelho Netto ou José de Alencar?
- Estetoscópio é um aparelho para medir a capacidade estética, para auscultação ou para ver através dos corpos opacos?
- Quem escreveu o primeiro tratado de Biologia: Claude Bernard, Treviranus ou Corvisart?
- A litosfera é a parte líquida, sólida ou gasosa da terra?
- O que é um pluviômetro: um aparelho para indicar a direção dos ventos, para medir a força de uma corrente de água ou a quantidade de chuva caída?
- O cacto é um vegetal hídrico, xerófito ou epífita?
- A palavra “endoado” quer dizer enlutado, doado ou rejeitado?
- Como se originou a palavra sadismo: das façanhas de Mem de Sá, dos atos do Marquês de Sade ou das poesias de Safo?
- Mozart compôs as “Bodas de Fígaro”, o “Barbeiro de Sevilha” ou a “Carmen”?
- Endorrizo é a denominação que se dá aos vegetais que têm raízes mergulhadas na água, na terra ou no tronco de uma árvore?
- Quem projetou a construção do canal de Suez: Carnot, Lesseps ou Edison?
- O primeiro automóvel que existiu, idealizado por Cugnot, no século XVIII, era movido a gasolina, a vapor ou a gasogênio?
- Há um planeta em nosso sistema solar que foi descoberto por cálculo. Qual foi ele: Urano, Netuno ou Marte?
RESPOSTAS
- Marat
- Carlos I
- Napoleão
- Espanhol, nascido nas Ilhas Canárias
- Rachel Field
- Jorge Amado
- Eça de Queiroz, em “O Primo Basilio”
- Coelho Netto
- Para auscultação
- Treviranus
- Parte sólida
- Para medir a chuva
- Xerófilo
- Enlutado
- Dos atos do Marquês de Sade
- As “Bodas de Figaro”
- Mergulhados na terra
- Lesseps
- A vapor
- Netuno, descoberto por Le Verrier
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Piadas do Z.K.
CONVITE FRANCO
-Queres jantar comigo?
-Com muito gosto…
-Pois então avisa tua senhora para por mais um talher na mesa.
UMA QUESTÃO DE “FURO”
Um jornal americano, que fazia questão de “furar” todos os colegas, publicou certa vez esta curiosa retificação:
“Fomos ontem os primeiros a dar a notícia da morte de Mr. He Is Sorry. Hoje anunciamos, também em primeira mão, que a notícia não era exata. Como vêem os leitores, somos sempre os primeiros a publicar notícias de significação”.
RESPOSTA APROPRIADA
Conversando com Ilka Chase, quando esta se encontrava em Hollywood para tomar parte numa fita ao lado de Bette Davis, um sujeito que se acabara de divorciar da quarta esposa, querendo mostrar espírito, disse:
-As mulheres são como os livros; às vezes pega-se um bom, outras vezes só ruins…
Ao que Ilka respondeu:
– Compreendo perfeitamente… Mas porque não tentar arranjar uma primeira edição, em vez de procurar só em livrarias de aluguel?…
O SEU A SEU DONO
Dois sujeitos metidos a grã-finos vão ver um quarto vago numa pensão de segunda ordem. Depois de examinarem tudo detidamente, fazendo comentários depreciativos, pergunta um deles, com cara de enjoado, à dona da casa:
– Quanto pede por esta porcaria ?
Resposta fulminante da mulher:
– Para um porco $200,00; para dois, $350,00.
FILOSOFIA A VAREJO
Há, em Buenos Aires, uma loja, onde os empregados são obrigados a registrar num livro as razões porque, eventualmente, um freguês que entre e examine a mercadoria, sai sem comprar. Certa vez entrou uma senhora que pediu para ver fazendas pretas, luvas pretas e outras coisas igualmente pretas, saindo sem comprar nada. O caixeiro, cumprindo o preceito regulamentar, anotou no livro: “14h30. Uma senhora examinou fazendas pretas e outros artigos de luto. Não comprou. Evidentemente o marido ainda não morreu”.
Não resta dúvida que esse caixeiro era um profundo filósofo.
AO PÉ DA LETRA
Um indivíduo carente e muito conhecido pela sua falta de asseio, consultou certa vez um escritor, para que este lhe indicasse quais as obras que o deviam acompanhar, para ler enquanto estivesse no campo. Ao que o escritor lhe respondeu:
“As obras mais convenientes para si, caro amigo, são as obras… de saneamento.”
UMA VEZ DE ACORDO
-Arre!… Vocês dois sempre discutindo, sempre brigando. Não haverá meio de estarem de acordo uma vez?
-Desta vez estamos de acordo…
-?!
-Pois é queremos ambos aquela maçã.
O “SEU” JANUÁRIO É MESMO EXTRAORDINÁRIO…
-Pois é, meu amigo, a minha carreira obedeceu a um horário. Comecei num diário; fundei um semanário; fui diretor de um anuário que era centenário e acabei milionário…
PSICOLOGIA MINISTERIAL
Certa vez uma Comissão de Professoras dirigiu-se a um Ministro a fim de solicitar determinada medida. Recebidas pelo titular, aguardou que elas falassem. Como nenhuma se atrevesse o Ministro disse:
– Bem, que fale a mais velha. Novo silêncio embaraçado, das professoras, depois de olharem umas para as outras.
Percebendo a coisa, o Ministro voltou então a dizer, com um sorriso ¡irônico:
-Nesse caso fale a mais nova… Imediatamente começaram a falar a um só tempo.
NÃO ERA BEM LOUCO
Um sujeito reconhecidamente louco mas por que era manso andava à solta, entra um dia em uma casa de artigos fotográficos e pergunta:
-Os senhores fazem cópias?
-Perfeitamente.
-Exatamente iguais ao original?
-Absolutamente exatas.
-Bem, então faça-me 10 cópias disto aqui…
E tira do bolso uma nota de 500 cruzeiros.