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Um Homem e Uma Data
Sr. Vivian Lowndes
A grandeza das nações resulta da soma dos esforços de seus filhos, acumulados através dos tempos, despontando aqui e além em iniciativas originais, em obras de vulto, em empresas sólidas e fecundas, como florações superiores do saber, da inteligência, do trabalho honesto e criador. Em todos os setores encontramos dessas florações na arte, na ciência, na política, na indústria – e atrás delas o forte nexo com a finança, no comércio perfil de um homem de inteligência e visão, de iniciativa e capacidade realizadora, que as criou ou inspirou, e a quem, por isso mesmo, a coletividade tributa reconhecimento e apreço.
É de um homem dessa têmpera que pedimos vênia para falar, aproveitando o ensejo que nos dá a passagem do seu aniversário, arriscando-nos embora a ferir a sua proverbial modéstia de caráter. Sim, Vivian Lowndes faz anos a 19 de julho, e esta é a oportunidade que temos de manifestar a simpatia e o apreço de todos nós que trabalhamos nas empresas a que ele está vinculado, seja como fundador, como chefe ou colaborador, e onde seu espírito de iniciativa, sua inteligência realizadora e compreensiva e sua cativante personalidade têm exercido tão profunda influência.
Presidente do Banco Lowndes, chefe da firma Lowndes & Sons Ltda., cujo décimo aniversário será comemorado no dia 10 de setembro próximo, presidente das Companhias de Seguros Sagres, Imperial e Cruzeiro do Sul, conselheiro, interessado ou colaborador de outras instituições de alto conceito, Vivian Lowndes é desses homens que, pelos seus esforços e larga compreensão dos negócios, tem sabido servir honrada e utilmente a coletividade, criando um patrimônio que não é apenas seu, mas também dos que o cercam e com ele colaboram, e daqueles a quem suas empresas vêm servindo com todas as garantias de lealdade, pontualidade e perfeição.
Após 51 anos de labor fecundo e exemplar cooperação no progresso dos ramos de negócio a que se dedicou, Vivian Lowndes vê hoje seu nome, com a auréola do melhor conceito, projetado por todo o país, este imenso Brasil que o viu nascer e ao qual tem sabido servir com dignidade.
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“Yachting” Um Esporte Que Aproxima O Homem Da Natureza
De velas desfraldadas, pronto para um bordejo pela baía
“Yachting”. … Velas desfraldadas ao vento como asas de gaivota roçando as ondas… Talvez nenhum outro local no mundo ofereça condições tão propícias para a prática deste elegante esporte como a baía de Guanabara. Com efeito, ampla e protegida, recortada por enseadas franjadas de belas praias, revela a cada ângulo um novo aspecto, onde a luz põe cambiantes de todos os matizes, numa sucessão interminável de maravilhosos quadros, dignos do melhor paisagista.
A cidade, debruçada sobre a baía, circundando-a de avenidas movimentadas, proporciona ao esportista soberbo contraste da agitação da sua vida, com a placidez e o silêncio das águas. As ilhas que emergem, aqui e ali, tornam mais atraente o próprio seio; o verde das matas, o branco das areias, a coloração variada das construções quebram a monotonia verde-cinza do mar. Lanchas velozes riscam em todas as direções, tendo à proa, como batedores, dois traços de espuma fervente, e à retaguarda, marolas que levam longe, em murmúrios e volteios caprichosos, o protesto da tranquilidade contra o espalhafato civilizado dos motores. As montanhas, ao redor, espiam no gigantesco espelho e emprestam ao “yachtsman”, com esse narcisismo, a sensação de escaladas e descidas vertiginosas.
Até há bem poucos anos só tínhamos conhecimento do “yachting” pelos jornais cinematográficos, que nos perturbavam com a visão das praias elegantes da Europa ou da América, cheias de velas pandas, como gaivotas gigantescas descrevendo curvas graciosas e suaves. Presos ao ritmo e leveza dos movimentos das embarcações e sugestionados pela alegria comunicativa de seus tripulantes, transportávamo-nos insensivelmente para o cenário e vivíamos, por instantes, o delicioso conto de fadas.
Centro de velejamento e moto-náutica dos mais importantes da América do Sul, o Yacht Club do Rio de Janeiro conta com uma frota e uma esplêndida sede, dos quais damos aqui alguns aspectos expressivos, uma bela série de fotografias tiradas pelo Sr. Jorge Santos Lima
Graças à iniciativa de um grupo de amantes do “yachting” e à participação de elementos estrangeiros, que traziam de sua terra natal o gosto pelas coisas do mar, tivemos, afinal, com a fundação do Rio Sailing Club e do Yacht Club do Rio de Janeiro, os marcos iniciais de um movimento esportivo que ultrapassou toda a expectativa.
Podemos dizer mesmo vertiginoso porque, dado o pouco tempo de existência entre nós, é com orgulho que figuramos entre os primeiros países do mundo em determinadas categorias de embarcações.
Em homenagem ao “yacht” Atrevida, que completara auspiciosamente uma viagem desde os Estados Unidos, organizou-se uma regata na qual se alinharam 110 barcos da categoria “snipe”, coisa que bem demonstra a pujança desse esporte entre nós.
Quando vemos os veleiros em curvas audazes e inclinações perigosas, não fazemos ideia do quanto de perícia essas manobras exigem dos tripulantes.
A perfeição com que são executadas dá-nos a impressão falsa de simplicidade quando, na verdade, é o resultado de longo treinamento e grande soma de conhecimentos técnicos.
Nas manhãs douradas pelo sol, a baía enche-se dessas embarcações leves, com seus panos triangulares soltos ao vento. Daquele recanto da Praia Vermelha, sede do Yacht Club do Rio de Janeiro, saem dezenas de velas enfunadas e pequenas lanchas velozes para o prazer de um cruzeiro pela Guanabara ou um Fordejo pelas suas praias. É mais do que uma simples sensação de alegria ou banal satisfação o que sentem os seus tripulantes. A carícia fina do sol matinal, quando ainda incapaz das picadas causticantes do meio-dia; o ar lavado, prenhe de emanações salinas, trazido pela brisa do largo; os horizontes amplos e claros; a transparência verde das águas, tudo isso nos envolve numa sensação penetrante de euforia, que mergulha os espíritos contemplativos em êxtase pantenista… É o espetáculo da Natureza amena e generosa dividindo com o homem os tesouros de sua luz e sua beleza; é o sentimento profundo e infinito do mar, misterioso, sedutor, perturbante como o eterno feminino. Manhãs de sol no mar!… Quem as cantará devidamente?
E o homem sente-se pequeno diante de tanta grandiosidade, de tanta harmonia e beleza, que sua arte jamais poderá igualar, mas ao mesmo tempo experimenta o orgulho de obrigar o vento a servi-lo, porque a experiência de longos séculos lhe ensinou o manejo da vela, ou de domar a onda rebelde, porque a habilidade mecânica da espécie soube criar o motor e a hélice.
O Yacht Club do Rio de Janeiro, grande ninho de gaivotas agitado por um constante ruflar de asas, é hoje um dos importantes centros de velejamento e moto-náutica (com perdão dos filólogos) do continente, com suas magníficas instalações, sua vasta frota de pequenos veleiros e lanchas de esporte e seu seleto quadro social.
E são estes requintes que contribuem para o apuro de uma sociedade civilizada. Afinal de contas, nem só de pão vive o homem. Narra a história ou a lenda que houve um rei da Inglaterra que prometeu o reino em troca de um cavalo.
Hoje, um homem supercivilizado, escravo de um mundo mecanizado e utilitário até à medula, bem pode, imitando o velho monarca britânico, trocar a sua fábrica ou empenhar os seus negócios por uma lancha a gasolina ou um “cutter” de velas enfunadas. Isso lhe permitirá mergulhar no seio da Natureza, de onde saiu sem camisa e onde, sem camisa, voltará a ser feliz e natural.
Vista da Guanabara, tirada do Y. C. do Rio de Janeiro
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O Papel Das Pequenas Embarcações Na Última Guerra Mundial
Temos ainda gravadas bem nítidas em nossas mentes as vitórias da poderosa Alemanha nos primeiros anos da última conflagração mundial. Exércitos inteiros, países preparados para a guerra, capitularam em horas diante do poder ofensivo da Wehrmacht. E assim o problema da retirada em massa assumiu uma importância jamais registrada na história dos povos.
Com a queda da Bélgica e o recuo do Exército Francês em 1940, ficou o contingente inglês que operava no continente europeu em situação precária; duas alternativas cabiam ao Exército Inglês escolher: ou se internaria pela França e mais tarde seria vencido pelos alemães e deixaria o solo pátrio desguarnecido ou então deveria tentar uma retirada através do canal da Mancha. Tendo escolhido esta última alternativa, viu-se o Alto Comando Britânico diante de uma tarefa assaz delicada: a célebre retirada de Dunquerque que, pela sua envergadura, pelo resultado alcançado debaixo de um bombardeio sem precedentes, transformou mais tarde uma estrondosa derrota na vitória das armas aliadas, pois se Dunquerque tivesse sido um fracasso, talvez a velha Albion tivesse caído, em seguida, sob o jugo do adversário.
O Visconde de Gorth e seus comandados escreveram páginas que enchem de orgulho seus compatriotas.
Para uma operação de tal envergadura, foram mobilizadas todas as embarcações em condições de navegabilidade, dentre estas se destacavam grande número de pequenas lanchas, que, graças às suas qualidades manobráveis e grande velocidade, se arriscaram até às praias, debaixo de fogo de artilharia e ataque aéreo.
E assim, as inúmeras lanchas de esporte, construídas para a paz, e que enfeitavam as lindas baías e enseadas da Inglaterra, transformaram-se em poderoso elemento de guerra, devendo assim as Nações Unidas o seu primeiro êxito, ao espírito esportivo daquele grande povo.
Mais tarde, após o traiçoeiro ataque a Pearl Harbour, as Ilhas Filipinas foram ocupadas pelos japoneses. Mac Arthur e Quezon resistiram até o fim, e quando tudo estava perdido, retiraram-se em lanchas velozes, de mais de 40 nós, que, desafiando a esquadra japonesa, zig-zagueando entre ilhas e poderosos encouraçados, deram assim fuga ao grande general que iria organizar mais tarde a insuperável campanha do Pacífico.
E, finalmente, na Campanha da África, em Tobruk; na Sicília, e na memorável invasão da Normandia, no chamado dia “D”, flotilhas e mais flotilhas de lanchas singraram os mares em missão de guerra, incorporadas ao grosso das forças.
Essas lanchas chegaram a alcançar a velocidade de, aproximadamente, 60 nós. Grande número delas foi construído pela “Canadian Power Boat Company Ltd.”, Montreal, Canadá, sendo interessante salientar que a embarcação que conduziu o general Mac Arthur das Filipinas, sob o fogo da esquadra nipônica, foi construída pelo referido estaleiro, que também construiu parte dos eficientes P. T. Boats da U. S. Navy, os Motor Torpedo Boats da Royal Navy e de outras Nações Aliadas, que afundaram 500.000 toneladas de navios de guerra japoneses e que constituíram as defesas móveis de grande número de portos das Nações Unidas, durante a última guerra.
Reinando, novamente, paz no mundo, todo este colosso industrial que estava aparelhado para produzir equipamentos de guerra se reajusta agora para proporcionar ao homem utilidades de outra natureza.
Assim é que a “Canadian Power Boat Co. Ltd.” destina agora as suas lanchas aos serviços portuários e fins esportivos.
A Comércio e Indústria Induco S.A., representantes gerais para o Brasil da referida Companhia, tem à disposição dos interessados dois ótimos tipos de lanchas, sendo um dos tipos para passageiros e outro para serviços de reboque, ou os normais de porto, cujas características principais são as seguintes:
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Lanchas “Sea-Beaver” Da Canadian Power Boat Co. Ltd., Montreal, Canadá
TIPO SCOTT-PAINE
Especificação:
Comprimento: 24’6″ (7,500 metros)
Boca: 8’2″ (2,450 metros)
Calado: 1’0″ (0,305 metros)
Velocidade: 24 milhas/hora (máxima).
Motor:
A explosão, Chrysler “ACE” – 75 H.P., podendo ter engrenagens redutoras para carga ou ser de transmissão direta para passageiros ou para pesca. Arranque automático – Iluminação elétrica e faróis de navegação – Capacidade do tanque de gasolina: 110 litros.
Equipamentos diversos:
1 ferro (âncora), 1 croque e ferramentas.
Peso aproximado:
3.000 libras (1.360 Kg). Centro de gravidade suficientemente abaixo da linha d’água, de modo a dar grande estabilidade à embarcação. Esta qualidade é aumentada devido à pequena relação, 1/3, existente entre a boca e o comprimento. Estas características garantem perfeita segurança quando em alto mar, mesmo em más condições de mar e tempo.
Propulsor:
O hélice é colocado em posição tal que fica protegido de detritos, sapatas de cais, etc.
Leme:
Manobrado por um volante. É do tipo “compensado”, garantindo boas qualidades de manobra.
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Festas Tradicionais Do Brasil
CARLOS B. RABELLO (Para o “Noticiário Lowndes”)
(Porto Alegre – Maio de 1946)
Nossa Senhora de Nazareth
A festa de Nossa Senhora de Nazaré, que anualmente se realiza em Belém, capital do Estado do Pará, é ao meu ver, uma das maiores demonstrações de fé de todo o povo católico do Brasil.
Conta-nos a lenda, que há cerca de duzentos anos, foi encontrada na matinha que então circundava a capital paraense, sobre o tronco de uma árvore abatida, uma pequena imagem da Gloriosa Virgem e que, conduzida para uma Igreja, foi com surpresa geral encontrada dias depois, no primitivo local de sua descoberta.
Crendo em um verdadeiro milagre, resolveu a população erigir uma pequena Capela, naquele local, sob a invocação da Virgem Senhora de Nazaré.
Todos os anos então, em determinado domingo do mês de outubro, o povo levava em procissão a Imagem até a Igreja onde estivera, ali era rezada missa festiva e depois reconduzi-la à sua pequena Capelinha.
Os tempos se foram passando e o culto pela Gloriosa Virgem foi aumentando cada vez mais. Hoje, em lugar da matinha existe um dos mais elegantes bairros residenciais de Belém. Em substituição à pequena Capela, ergue-se a Basílica de Nazaré, uma das mais ricas e pomposas Igrejas do Brasil.
Ao iniciar-se o mês de outubro, a cidade de Belém, cria vida nova, torna-se alegre e buliçosa, transforma-se.
No semblante de cada habitante, lê-se a alegria que lhe vai na alma e a ansiedade que está possuído, para que chegue finalmente o segundo domingo do mês, quando terão início as grandes festividades.
Os trens da Estrada de Ferro de Bragança, os navios que fazem as linhas do Baixo Amazonas, os barcos que trafegam entre as milhares de ilhas do Estado, as mais pequenas embarcações disponíveis, despejam diariamente milhares de romeiros, vindos de todos os recantos, para assistirem na Capital, às homenagens tributadas à Gloriosa Padroeira.
Os hotéis e pensões ficam repletos de hóspedes, as residências familiares abrigam amigos e conhecidos e nos últimos dias até os navios e canoas servem de hospedaria, para os que não conseguiram outra acomodação.
O movimento do comércio é extraordinário e só comparável com o do Rio de Janeiro, nas vésperas dos festejos de Natal.
A festa tem início no segundo sábado do mês de outubro, com a trasladação noturna da Imagem de sua Basílica em Nazaré para a Igreja da Sé, no bairro da Cidade Velha. É daquele templo que, na manhã seguinte, sairá a majestosa procissão, denominada Círio de Nazaré.
Logo nas primeiras horas da madrugada de domingo, toda a população é despertada pelo contínuo e incessante estrugir de morteiros e foguetões, disparados de todos os recantos da Capital.
Inicia-se então a marcha de uma verdadeira onda humana, que se dirige para o local de onde sairá o Círio de sua Gloriosa Padroeira.
Após a missa rezada na Igreja da Sé, tem início o saimento do Círio, precisamente às oito horas da manhã.
Abrindo o grandioso préstito, veem-se milhares de estandartes de associações religiosas, pavilhões nacionais de várias nações amigas, centenas de bandeiras de nossa querida pátria.
A banda de música dos Bombeiros Municipais vem em seguida, escoltando o grandioso carro dos Milagres, onde desde o início vão sendo recolhidos os mais variados objetos confeccionados em cera, todos eles representando o pagamento de uma promessa pelas graças recebidas da Virgem.
Uma após outra, vão-se sucedendo as Imagens dos Santos, acompanhadas de suas congregações e dos párocos de suas Igrejas.
Barcos cheios de crianças, sobre os ombros de possantes romeiros que dessa forma vêm pagando promessas feitas há vários anos, são vistos em seguida.
Uma infinidade de carros alegóricos, cada um deles representando um milagre feito pela Gloriosa Virgem, desfila em seguida. Aqui, o majestoso Cavaleiro que, tentado pelo Diabo, forma de veado, é salvo milagrosamente à beira do abismo; ali, o brigue São João Batista, escapando de violento temporal; mais adiante, a aparição da Virgem para as crianças perdidas na floresta.
Inúmeros são os penitentes que acompanham a procissão pagando as mais impressionantes promessas. Muitos com paralelepípedos, pedras e lanças sobre a cabeça; outros com jarras de água, que vão distribuindo no trajeto; alguns amortalhados com caixões funerários sobre os ombros; inúmeros que vão vestidos com as próprias roupas que usavam quando vitimados por acidentes. Entretanto, o que mais prende a atenção do forasteiro é a quantidade de pessoas descalças que se veem nessa procissão. Banqueiros respeitáveis, senhoras e senhorinhas da mais alta sociedade paraense, todos descobertos e descalços, demonstram publicamente a sua gratidão à Virgem Gloriosa.
Dezenas de bandas de música, em espaços de cem metros uma das outras, acompanham durante todo o trajeto o cortejo deslumbrante.
Fechando o cortejo, vem a Gloriosa Virgem de Nazaré em sua Berlinda de ouro e cristais, toda iluminada a eletricidade e ornamentada de angélicas e cravos brancos, ornamentação essa feita todos os anos por distinta dama da sociedade paraense.
Na frente da Berlinda, as principais autoridades civis, militares e eclesiásticas, ladeiam o Bispo, que vem distribuindo a bênção Santíssima, a todos que assistem essa maravilhosa demonstração de fé.
A grande massa humana é que finalmente encerra o deslumbrante préstito. Quando em 1943 assisti pela última vez ao Círio de Nazaré, foi calculado em cem mil o número de pessoas que o acompanharam.
Cerca de meio dia, chega finalmente a procissão à Basílica, depois de percorrer grande parte da cidade, sendo retirada da Berlinda, pelos padres jesuítas, a pequena Imagem da Gloriosa e Excelsa Virgem. Após a bênção, fica a mesma exposta à visitação pública durante todo o dia.
A grande maioria do povo que acompanhou o Círio entrega-se desde logo, nos festejos profanos, invadindo os restaurantes, bares e barracas espalhados no arraial em que é transformada a Praça de Nazaré.
Constitui prova de verdadeira amizade almoçar nesse dia na casa de família amiga. Não há lar por mais humilde que seja, onde o almoço nesse dia não seja festivo.
À tarde, tem início o quinzenário de seus pais. Milhares de crianças acompanhadas de seus pais invadem carrosséis, aviões, rodas-gigantes e tudo enfim, que diverte a criançada e transforma os adultos nas mais endiabradas crianças.
À noite, o arraial é de um efeito deslumbrante. A iluminação elétrica, artisticamente instalada, com seus arcos de triunfo; a Basílica, feericamente iluminada, desde suas mais altas torres até à base; os coretos, no centro e quatro cantos da praça, onde bandas de música, durante toda a noite, deliciam os romeiros com suas marchas militares; as centenas de barracas, bem ornamentadas e iluminadas, onde são vendidos brinquedos, sorteios, objetos de uso, bebidas, comestíveis, etc.
Nas áreas da praça, dezenas de cinemas e teatros com suas “troupes” regionais e companhias de revistas contratadas no Rio de Janeiro, das quais fazem parte artistas renomados na Capital Federal, dão espetáculos em sessões contínuas, sempre abarrotadas de gente.
Em vasto terreno, ao lado da Basílica, é levantado o grande parque de diversões, onde são armados os mais variados tipos de aparelhos, como: polvo, chicote, roda-gigante, tira-prosa, casa dos loucos, montanha russa e etc.
Em frente à Basílica é armada a artística barraca de Nossa Senhora de Nazaré, cada noite, entregue aos cuidados de uma das famílias de maior projeção social e onde a elite encontra um cardápio cheio de pratos regionais como: pato no tucupi, casco de muçuã, casquinhos de caranguejos, sopa de tartaruga e etc. A receita bruta dessa barraca reverte em benefício das obras da Basílica.
Os leilões são diariamente realizados, onde são vendidos os mais variados objetos ofertados à Gloriosa Virgem.
E assim, uma quinzena inteirinha passada entre festas e alegrias…
As festas religiosas durante essa quinzena iniciam-se com as ladainhas, as novenas, as visitas das irmandades e finalmente terminam com a grande missa rezada no terceiro e último domingo das festas, às 11 horas da manhã, quando a Basílica e suas cercanias ficam completamente cheias de assistentes. À tarde sai a procissão, que percorre algumas ruas do bairro e encerra a parte religiosa da festividade.
O último domingo da festa é o mais concorrido. A animação no arraial é enorme e já na madrugada de segunda-feira, são queimados os artísticos fogos de artifício, que encerram definitivamente as festividades.
E quando, já na manhã de segunda-feira, toda aquela gente se recolhe às suas casas, lê-se nos olhos de cada um a saudade que ficou da festa de Nazaréth que terminou.
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Como Parar Com a Inflação?
Não têm faltado financistas nem economistas, que vêm a público, periodicamente, e que, bem ou mal, nos indicam o remédio para deter a inflação, o pior dos males consequentes a uma guerra e superado em seus efeitos maléficos só pelo massacre humano da própria guerra sangrenta.
A opinião de um dos mais reputados financistas americanos, sr. Bernard Baruch, sobre esta questão, vital para todos nós, foi externada com felicidade em março deste ano, e pode ser condensada como abaixo:
– Aumentar a produção. Esta é a Lei e os Profetas sem o qual as minhas outras sugestões, nada significam. De modo que repito, “Aumentar a Produção”.
– Cessar o aumento do meio circulante.
– Cessar a redução de impostos (isto nos EUA) até que o orçamento fique equilibrado.
– Deixar de iludir o público, declarando que os aumentos de salários podem ser dados sem a elevação de preços das utilidades.
– Não temer aumentar os preços ou salários quando se tornar necessário para conseguir e estimular a produção.
– Continuar controlando preços, sujeitos a indicação de modificações dentro de um ano. Permitir o lucro, mas não o lucro exagerado. Evitar o favoritismo a qualquer grupo em particular.
– Cuidar de classes como a dos funcionários públicos, pensionistas, empregados, etc.
– Fazer com que os excedentes de mercadorias e utilidades, em mãos militares, sejam utilizados para compensar as faltas no mercado.
– Estimular a existência e financiamento do pequeno comerciante.
– Verificar os estoques antes de emprestar.
– Reduzir as despesas governamentais, incluindo as federais, estaduais, urbanas e suburbanas. Na deflação, gastar; na inflação, economizar.
– Eliminar todas as greves ou distúrbios por um ano, mas prevenir grandes males.
– Instalar uma câmara alta de comércio, uma espécie de supremo conselho econômico que possa decidir sobre questões que abranjam os pontos acima referidos, e questões correlatas.
– Evitar uma economia dirigida, pois ainda constituímos uma sociedade livre, que tem como base o livre empreendimento. Não eliminar nenhum sem o consentimento do povo.
– E, acima de tudo, levar em conta que o ser humano tem precedência sobre o dinheiro. A primeira obrigação é com o homem, antes do negócio, mas não devemos esquecer que algumas vezes os dois são inseparáveis.
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Métodos de Financiamento Comumente Empregados no Rio de Janeiro
(Para o “Noticiário Lowndes”)
EDIFÍCIO ESPLANADA, 4 Rua México 90/90 A primeiro condomínio construído no Rio, para escritórios com 143 salas, uma loja e uma sobreloja.
Muito se tem falado, muito se tem discutido quanto às razões primordiais do extraordinário desenvolvimento imobiliário que se tem verificado nestes últimos anos na cidade do Rio de Janeiro.
O “carioca”, talvez influenciado em grande parte pela numerosa colônia de nacionalidade portuguesa, sempre foi muito apegado a tudo que se relaciona com imóveis, quer seja ele uma pequena nesga de terra num subúrbio longínquo, quer uma fração ou parte de terra ou prédio no centro da cidade ou zona residencial localizada na orla marítima da cidade. Frequentemente dá um valor exagerado à sua propriedade e somente com grande sacrifício sentimental concorda em se desfazer da mesma, apesar de auferir grandes lucros com tais transações. Este fato que se dá no Rio de Janeiro não é, positivamente, seguido em todas as outras cidades importantes do Brasil, e como exemplo, entre outros, temos São Paulo, onde, a não ser famílias tradicionalmente apegadas a propriedades, estão estas e principalmente as de maior valor sempre sujeitas a serem negociadas pelo maior preço que possam alcançar.
Não cabe aqui, evidentemente, estabelecer qualquer paralelo ou polêmica sobre esta questão de propriedades, mas tão somente evidenciar o talvez “doentio” apego que se verifica em relação aos proprietários de prédios e terrenos no Rio e o súbito desenvolvimento que se deu a novas construções de propriedades em função da legislação que permitiu, em 1928, pelo decreto-lei número 5.481, de 25 de junho, que prédios de cinco ou mais pavimentos pudessem ser construídos sob o regime do condomínio. Este regime restabeleceu e regulamentou a propriedade condominial, isto é, permitiu que o pequeno proprietário pudesse ter a posse de sua casa própria, ou melhor, de seu apartamento, sem ônus integral do valor do terreno, fundações e cobertura. A limitação que a legislação sabiamente estabeleceu foi que o apartamento tivesse, ao menos, três compartimentos, o mínimo de cômodos que permitisse um conforto razoável para o seu ocupante.
Inicialmente, pensou-se que o povo, habituado à sua casa própria e, em geral, isolada, não se interessasse pela ideia do apartamento, que vinha trazer, de certo modo, uma restrição de liberdade no pleno gozo da propriedade, pela natureza mesma da propriedade em conjunto, que estabelecia regras de bem viver entre todos os condôminos. O movimento iniciou-se na zona sul da cidade, principalmente em Copacabana, no Lido, onde, com sacrifício individual, alguns dos mais ativos e arrojados incorporadores fizeram a incorporação de dois ou três edifícios de dez pavimentos, prevendo um ou dois apartamentos por andar, apartamentos que foram oferecidos para venda a terceiros interessados.
Com o evidente sucesso do negócio, novos incorporadores foram aparecendo e iniciou-se então a fase de ouro da incorporação de grandes edifícios com vinte, quarenta e até mais apartamentos residenciais por edifício. Seria interessante sabermos como apareceram os incorporadores, o que eram, que predicados tinham, para gerir tão vultosos interesses.
Foram indubitavelmente os corretores de imóveis os primeiros a iniciarem a incorporação de grandes edifícios de apartamentos. Entretanto, logo após, e isto já em 1938, grande número de pessoas das mais diversas classes de atividades, desde o médico especialista até o professor de escola e o simples capitalista de ocasião, intitularam-se incorporadores de prédios. E, realmente, começou então a intensa era das incorporações de edifícios, já não somente de apartamentos, como também para escritórios comerciais. Estamos em 1940, em pleno início da conflagração europeia, que se tornou logo após uma guerra mundial, e com os lucros rápidos em diversos ramos de atividades, fomentou-se de maneira notável o incremento do número de incorporações de prédios de apartamentos e de escritórios. É interessante se registrar que o primeiro edifício de escritórios incorporados sob o regime do condomínio foi pela firma Lowndes & Sons, Ltd., em 1936, na Esplanada do Castelo, quando naquela promissora zona do Rio somente existiam cinco edifícios construídos. O preço do terreno foi de novecentos mil réis o metro quadrado, já considerado bastante alto para um terreno! Em 1943, os terrenos naquela mesma zona já alcançavam vinte e quatro contos o metro quadrado, e, na Avenida Presidente Vargas, vendia-se logo após por quarenta e seis contos e oitocentos o metro quadrado!
É fora de dúvida que o Rio de Janeiro e, mais recentemente, a cidade de São Paulo e, em escala menor, Porto Alegre e Santos, devem, em grande parte, o magnífico desenvolvimento de suas grandes construções de apartamentos e escritórios à cooperação do dito pequeno proprietário, aquele que, sacrificando-se, pagando financiamentos por vezes onerosos e muitas vezes se privando de maiores confortos, insiste em ter o seu lar próprio e suas economias empregadas em imóveis, que realmente constituem um patrimônio para as suas cidades e um índice de vitalidade para a nação. As autoridades responsáveis, percebendo o interesse do pequeno proprietário e no sentido de vir ao encontro de suas necessidades, em 8 de fevereiro de 1943, permitiram, pelo decreto-lei número 5.234, que a propriedade condominial pudesse ser constituída em prédios de até três pavimentos.
Como dissemos, as incorporações iniciaram-se com a construção de edifícios de apartamentos e somente mais tarde com a de edifícios de escritórios comerciais e lojas. Só em 1946 se verificou que o tremendo déficit, que se observava no Rio de Janeiro em relação à construção de novos depósitos e armazéns, não havia sido cuidado! Com a abertura da Avenida Presidente Vargas, perto de 1.219 prédios foram demolidos ou desapropriados pela Prefeitura, e talvez mais de noventa por cento destes imóveis constituíam depósitos de firmas comerciais e instalação de indústrias leves. Além disso, muitos outros prédios, na zona central da cidade, foram demolidos ou desapropriados para atender ao novo plano de urbanização.
É patente e visível que prédios que desapareceram e, com eles, a sua utilização comercial, estão sendo substituídos por magníficos edifícios, é verdade, tais como o Edifício Lowndes, o Boa Vista e o do Banco Mercantil de São Paulo. Estes, porém, somente poderão ser utilizados para negócios que possam comportar um valor locativo relativamente elevado, e nunca para depósitos e mormente indústria leve.
Foi então que compreendendo isso, a Organização Lowndes, através de seus órgãos técnicos, propôs a incorporação, no Rio de Janeiro, do primeiro grupo de grandes armazéns e depósitos na cidade. E assim, em um magnífico local, foi possível incorporar com imediato sucesso vinte grandes armazéns e depósitos. A empresa Lowndes & Sons, Ltd., teve, da mesma forma que no caso da incorporação de edifícios de escritórios, a primazia da ideia e execução da incorporação, sob o regime do decreto 5.481 de armazéns e depósitos, atendendo assim a uma necessidade urgente do comércio local, que enfrentava grandes dificuldades para resolver esse problema imediatamente. O problema não é apenas do comércio local, mas também dos importadores e exportadores, que já enfrentam dificuldades para encontrar espaços adequados de armazenagem, apesar do movimento ainda restrito de nossa navegação de cabotagem e internacional.
Se o condomínio pode ser uma solução econômica e adequada para a questão de armazenagem, como foi mencionado e realizado acima, por que não ser também a solução para a instalação de pequenas indústrias, que atualmente enfrentam sérias dificuldades para obter espaços adequados onde se estabelecerem?
Não há inconveniente algum em ter uma gráfica, uma lavanderia, uma oficina mecânica ou uma fábrica de roupas brancas em um segundo ou sexto pavimento. Então, por que não incorporar prédios adequados para a instalação dessas indústrias e assim criar novos elementos de progresso para a cidade, seja ela o Rio, São Paulo ou qualquer outro centro onde os valores imobiliários sejam elevados?
Estamos pensando em vir ao encontro, também, destas necessidades e, possivelmente, quando aparecer este ligeiro comentário, já se terá constituído o primeiro de tais grupos condomínios, a exemplo do que ocorre atualmente na América, onde vemos grandes prédios ocupados, em cada um de seus andares, por indústrias diferentes.
No próximo número, referir-nos-emos aos diversos métodos de incorporação de imóveis, assim como aos respectivos sistemas de financiamentos e de como se processa a administração de tais condomínios.
EDIFÍCIO ARALI, na Av. Copacabana, 777, condomínio de 38 apartamentos, uma loja e uma garage.
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O Que Vai Pelo Mundo
Mais um passo no sentido de resolver o agudo problema da habitação foi dado na Inglaterra com a criação de um novo sistema de cozinha-banheiro, adaptável a pequenos espaços, que está sendo instalado nos antigos e amplos casarões, agora transformados em casas de apartamentos.
Trata-se de uma unidade de matéria plástica da altura de um teto comum e com cerca de 3 metros de extensão. As instalações da cozinha e do banheiro se adaptam perfeitamente e, quando completas, dividem-se em dois pequenos aposentos. A instalação é absolutamente simples. Ligar o gás e a água é tudo de que precisa. Do lado da cozinha, há uma construção compacta, um conjunto formado pelo fogão, refrigerador, aquecedor de água e pia. No quarto de banho, verifica-se uma economia de espaço semelhante.
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Foi recentemente exibido em Londres um novo aparelho de audição para surdos que,
segundo o Dr. W. S. Radley que dirigiu as pesquisas feitas nos Correios daquela cidade, em cujo laboratório foi o mesmo inventado, produz os melhores resultados até hoje obtidos. Um homem completamente surdo que serviu nas experiências declarou ter ouvido perfeitamente ruídos e palavras. O aparelho, que mede 5 cm por 2, possui 3 minúsculas válvulas amplificadoras, baterias, além do fone.
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Está sendo fabricada na Inglaterra uma nova caminhonete elétrica, de funcionamento baratíssimo, capaz de prestar serviços muito úteis na entrega de mercadorias de porta em porta dentro de distâncias limitadas.
Ao preço de apenas um “penny”, o novo veículo pode percorrer uma área de 15 milhas. As baterias, carregadas quinzenalmente, são garantidas por mais de três anos.
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Lincoln’s Inn, Curiosa Tradição Da Advocacia Britânica
Por George Edinger
(Copyright do B. N. S., especial para NOTICIÁRIO LOWNDES)
A Biblioteca de Lincoln’s Inn que, com seus 75.000 volumes foi a única das 4 bibliotecas londrinas o escapar aos bombardeios aéreos.
LONDRES, maio – Até às incursões aéreas de 1940, Londres ainda contava com os antigos edifícios das quatro “Inns of Court” (antigas hospedagens de estudantes de Direito, onde mais tarde se passou a praticar a advocacia). Sem dúvida, não eram os monumentos mais impressionantes da cidade, mas eram, com certeza, os mais característicos e tradicionais.
A história das quatro “Inns” remonta à vida de Londres do século quatorze, e o seu funcionamento quase não sofreu alterações desde então. Estas sociedades de advogados auto-governadas não só observam a sua antiga constituição e costumes, como também ainda têm por sede grupos de edifícios cercados de jardins que datam principalmente do século dezessete e, em alguns casos, contam com mais de cem anos. Qualquer cidadão inglês (os escoceses possuem o seu próprio sistema legal) que pretenda praticar a advocacia deve, depois de ter sido aprovado nos exames e satisfeito outras exigências, ser considerado apto pelo corpo de diretores de uma das quatro “Inns” e ser admitido no seu quadro de membros.
A “Lincoln’s Inn”, embora tenha sido bombardeada durante as duas guerras de 1914-1918 e 1939-1945, ainda conserva as características essenciais de um lugar tipicamente londrino. A “Inn” fica situada na parte ocidental da área central de Londres conhecida como “the City”. Não ocupa um terreno muito grande, talvez oito acres ao todo, mas dentro deste espaço encontram-se três jardins e dois pátios cercados de construções dos séculos dezesseis e dezessete. Um outro pátio data do século dezoito e ainda está bem conservado, e um quinto pátio construído no século passado está realmente em péssimo estado de conservação. De certo modo, o local é um museu da arquitetura britânica.
As quatro “Inns” conservam o nome de seus antigos proprietários antes da vinda dos advogados no século quatorze. Além da “Middle” e da “Inner Temple”, existe ainda a “Gray’s Inn”, antiga residência dos Condes Gray de Wilton, e a “Lincoln’s Inn”, ocupada até 1308 pelos Condes de Lincoln.
A “Lincoln’s Inn” reúne alguns dos edifícios mais antigos de todas as “Inns of Court” e quiçá de toda Londres.
Por ocasião da Revolução Puritana em meados do século dezessete, a multidão amotinada pretendia apedrejar os belos vitrais do edifício principal, e em outubro de 1915 uma bomba lançada por um dirigível alemão caiu perto da Capela, danificando os painéis da ala norte. No outono de 1940, os bombardeios alemães ameaçaram-na novamente, mas desta vez os seus preciosos vitrais haviam sido removidos com antecedência.
O sino da capela é mais antigo do que a própria Capela, pois foi trazido de Cádiz em 1597. Entre os muitos costumes curiosos da tradicional associação, conta-se o do menino que todos os dias, às doze horas, chegava à porta do “hall” e gritava “venez manger”, embora muitas vezes não houvesse nada para comer.
Com os seus velhos edifícios e um mundo de recordações a cada canto, os oito acres da “Lincoln’s Inn” oferecem ao visitante um apanhado da história e do gosto ingleses. Reúnem muita coisa bela e muita coisa feia ao mesmo tempo. Em meio aos seus monumentos góticos, às suas árvores, às suas flores, mostram também como progrediu a técnica dos bombardeios de 1915 a 1945.
Mas, como de todas as “Inns of Court”, é a única que permanece virtualmente intacta, “Lincoln’s Inn” é talvez o que há de mais precioso, pela maneira como materializa em tijolo e pedra essa continuidade essencial e ininterrupta do Direito Inglês na vida inglesa, que se encontra entranhada na autoconfiança do povo inglês.
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Alcatraz – A Ilha Prisão
Aspecto de Alcatraz durante a rebelião
Muito se tem escrito sobre a famosa prisão americana, construída originalmente pelo exército americano em 1859, para servir como hospital e prisão correcional. Trata-se de uma verdadeira fortaleza ocupando integralmente a ilha de Alcatraz de 12 acres de área, e situada na bela baía de São Francisco, na Califórnia. Em 1934, o exército entregou-a ao Departamento de Justiça do Governo Americano, não para regenerar criminosos, mas para castigá-los, pois somente os piores e incorrigíveis criminosos são para lá mandados. Assim, os dispositivos mais modernos e toda a segurança adotada previnem fugas de prisioneiros, e a experiência neste sentido é a melhor possível, pois desde a sua existência, foram levadas à cabo cinco importantes tentativas de evasão, sendo que quatro falharam lamentavelmente com a morte de um guarda e três prisioneiros, e somente numa delas conseguiram escapar da fortaleza um assaltante de bancos e um raptor, ambos desaparecidos sob as águas da baía de São Francisco e dados como afogados.
Em maio último, outra séria tentativa de evasão se verificou, enchendo os noticiários dos jornais do mundo inteiro, tal a determinação com que ela foi feita e os meios desesperados adotados. No dia 2, às 14 horas, um terrível criminoso de nome Coy escalou um muro de 9 metros e, usando apetrechos de encanamentos que havia escondido em sua cela, abriu caminho e assaltou um guarda, conseguindo se apoderar de um revólver e um rifle, e abrir as celas de 34 outros prisioneiros, que, por sua vez, reduziram à impotência quinze guardas que transformaram em reféns. Esses 35 prisioneiros da classe dos “desesperados”, com somente duas armas, pois os outros 15 guardas estavam desarmados, conseguiram durante 48 horas resistir a ataques de bombas de gás, granadas e tiros de metralhadoras, usando sempre como anteparo e proteção as vidas dos 15 guardas amordaçados e indefesos.
Cento e cinquenta granadas disparadas de meia em meia hora foram atiradas no local em que se achavam os prisioneiros, já desesperançosos de qualquer fuga, pois que antes de morrer, o primeiro dos guardas abatidos, embora mortalmente ferido, conseguiu, num último esforço, acionar a chave elétrica que fechou definitivamente a única saída da fortaleza-prisão. Com grande dificuldade, conseguiu-se salvar os 15 guardas, e quando, em ataque cerrado, os guardas e a polícia da prisão avançaram, três mortos, sendo dois prisioneiros, um deles, Coy. Os outros 32 fugitivos foram encontrados em suas respectivas celas, escondidos debaixo dos colchões com medo de bombardeio, e assim foi possível manter a fama de “Alcatraz” de que de lá prisioneiro não escapa.
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O 4 Aniversário Da “cruzeiro Do Sul
Como transcorreu a data – Um almoço festivo – Breve revista das suas atividades
Flagrante do almoço comemorativo
É com a maior satisfação que registramos aqui a passagem do quarto aniversário do início de operações da Companhia de Seguros Cruzeiro do Sul, transcorrido em 1º de Junho do corrente ano. A ideia que inspirou o seu nome deveria ter nascido em um daqueles dias azuis de nossa terra, pois sob o signo de uma constelação tão presente entre nós, jamais este nome poderia ser esquecido nem por um instante. E, graças a Deus, aos nossos bons amigos e clientes, agentes e corretores, e ao devotamento de sua direção, podemos constatar o caminho seguro que trilha no sentido de poder retribuir cada vez mais a confiança e apoio que mereceu ao ser fundada. Ilustramos esta página com uma fotografia tirada por ocasião do almoço com que a Diretoria comemorou tão auspicioso acontecimento.
Nenhuma ocasião seria mais propícia que esta para publicarmos a seguir o balanço de suas operações no ano de 1945.
A arrecadação de prêmios importou em Cr$ 6.225.489,00 nos diversos ramos de seguros em que operou. Os resultados finais permitiram à Companhia efetuar acréscimos substanciais em suas reservas técnicas, depreciar diversas verbas do balanço e permitir a distribuição de um dividendo de 8% aos acionistas. O NOTICIÁRIO LOWNDES congratula-se com a Diretoria da Companhia amiga, desejando a todos constante progresso e um brilhante futuro.
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Pescadores
Jorge Santos Lima
Vigilante II, um dos melhores barcos da frota pesqueira do Rio
Não é possível narrar nestas breves linhas um pouco sequer a vida desses bravos homens. A sua faina diária, quase sempre enfrentando os maiores riscos, o sol causticante bronzeando-lhes a tez nas calmarias ou então o vento e a chuva fustigando-lhes o corpo nas tempestades, não os fazem desanimar, pelo contrário, enrijecem-nos como que contribuindo para redobrar-lhes o vigor de seus nervos, tão necessário à vida que abraçaram.
Descrever seus hábitos e costumes, suas crenças, suas lutas e glórias e às vezes seus sacrifícios, constituiria matéria para muitos volumes. Entretanto, isso não impede que testemunhemos aqui a nossa admiração a essa gente simples, porém forte, rude de aparência, porém dócil e humana.
As fotografias que ilustram estas páginas poderão dar aos nossos leitores uma pequena ideia dos tipos de barcos de alto mar usados no Rio de Janeiro e em outros portos do país. Podemos observar o esforço que seus proprietários estão fazendo afim de proporcionar às suas tripulações maior segurança e conforto, não só procurando construir barcos de maior tonelagem como também cuidando de suas acomodações. Sim, porque eles, como homens do mar que já foram e lutaram, não se esquecem agora daqueles que contribuíram com o seu trabalho para o bem comum.
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A Invasão Da Inglaterra, Sonho Irrealizável Depois De Guilherme, O Conquistador
ANTONIO GIL
(Para o “Noticiário Lowndes”)
Onde aparece, pela primeira vez, a ideia de uma Invasão pelo ar — As tentativas de Napoleão – E a Inglaterra continuou inviolável…
A situação da Europa nos primeiros anos do século passado era, de certo modo, muito semelhante. A de 1940-43 quando Hitler, senhor de quase todo o continente e dos portos do canal, enviava suas imponentes esquadrilhas, dia e noite, na tarefa de arrasar a Inglaterra e assim preparar o caminho para a invasão. Naquela época, o maior gênio militar dos tempos modernos, Napoleão, dominava as nações continentais e, hostilizado pela Inglaterra, sonhava, como tantos outros generais, transpor o braço de mar que o separava da persistente rival para castigar sua soberba.
Mais uma vez a Inglaterra tinha de encarar de frente os perigos de um desembarque em suas praias, agora por tropas veteranas, carregadas dos louros de cem batalhas e tendo à frente um general que era a própria personificação da vitória.
Os fatos são bem conhecidos. Passaram-se há pouco mais de cem anos. Invencível em terra firme, não teve Bonaparte igual sorte no mar, nesse mar que o inglês vinha dominando há mais de dois séculos. Concentrou 120.000 homens em Bolonha. Construiu lanchas especiais para o desembarque e atribui-se-lhe esta frase lapidar, que exprime a sua confiança irrestrita na operação: “conservai-me por 24 horas o Passo de Calais e a Inglaterra será minha”. Mas diante de seus propósitos ergueu-se uma figura gigantesca: Nelson. Aniquilando todos os seus preparativos, ficou incorporada à História uma data cara aos insulares: a da batalha naval de Trafalgar.
Como um desenhista da época imaginou a invasão da Inglaterra pelo ar. (Cerca de 1808)
OS BALÕES SUGEREM UM NOVO RECURSO
O que torna mais curioso este período de guerras, em que, nos dois lados da Mancha, os dois povos viviam no perene nervosismo da invasão, é que, pela primeira vez, um fator novo entra na equação do árduo problema de transpor o canal; a ideia da invasão pelo ar.
Os balões a ar quente e a hidrogênio, de recente invenção, estavam na ordem do dia e não faltava mesmo o paraquedas, que Lenormand havia reinventado (a ideia fora concebida por Leonardo da Vinci no século XVI e já era conhecida dos chineses muitos séculos antes) e Garnerin se incumbira de demonstrar por toda a Europa em saltos sensacionais.
A França, onde o balonismo nascera e se desenvolvia com sucesso surpreendente, já tinha nos seus exércitos corpos de acrosteiros para observação dos movimentos do inimigo. O problema da dirigibilidade já preocupava sábios e visionários, e de um general francês – Monsieur de La Place saíra mesmo o plano de um dirigível ovóide, impelido a hélice, em cuja construção apenas havia um pequeno empecilho… que era decisivo: a inexistência da máquina possante e leve para movimentar o propulsor. Enfim, depois de séculos e séculos de sonhos, tentativas, planos utópicos, em que ninguém acreditava, o homem finalmente elevara-se aos ares; isso, malgrado serem frágeis balões presas fáceis dos ventos, dera à humanidade uma fé repentina, incomensurável na aeronavegação. Oh! os balões!… Que maravilha!… Agora pode-se tudo. O homem é senhor do espaço.
O “EXÉRCITO VOADOR” DO GENERAL DE GONE’
Ao general Reiner de Gonçé, veterano de rija tempera, deve-se, ao que parece, o primeiro plano de invasão aérea da Inglaterra. Por volta de 1800 tomou-o essa ideia e o velho militar, mau grado sua idade avançada, tudo fez para forjar um meio eficiente e viável. Não se contentou com o recurso dos balões. Sonhou organizar um exército voador na real acepção da palavra. Para isso concebeu e mandou fazer asas de tela armadas num bastidor de fio de ferro, que seriam inseridas nas costas dos soldados e que estes bateriam, como os pássaros, por meio de braços e pernas, ideia que desde a mais alta antiguidade vinha sendo perseguida em vão e já custara a vida a muitos outros pioneiros. Munidos de tais asas os batalhões voadores saltariam facilmente por sobre a Mancha e então adeus soberbo isolamento das Ilhas Britânicas!
Ele próprio quis experimentar o invento. Cingindo um par de asas atirou-se do alto de uma torre, com uma coragem e energia de pasmar num homem de sua idade. E não morreu. Não que a coisa funcionasse direito, mas porque, ao pé da torre, havia um rio onde, para sua ventura, mergulhou ruidosamente e donde foi salvo de morrer afogado com o peso da armação alada.
E assim, um prosaico banho de rio foi o epílogo triste do primeiro plano de invasão aérea da Inglaterra. Sempre as águas salvando os ingleses…
Outro cérebro, este nada utopista, concebera também o valor militar da navegação aérea, embora sem visar a invasão das Ilhas Britânicas. Franklin, o grande Benjamim Franklin, inventor do para-raios, embaixador dos Estados Unidos na corte de Luiz XVI e que assistira em Paris às primeiras ascensões dos balões dos Montgolfier e do físico Charles, calculara que uma força militar poderia ser transportada pelos ares, e no momento adequado aterrar na retaguarda do inimigo tal como fizeram os paraquedistas e a infantaria aero-transportada nesta guerra.
A ideia de empregar os balões na invasão da Inglaterra, é claro, surgiu a muita gente na era napoleônica – a leigos, a aeronautas e a militares –, e se o plano de Reiner de Goné morrera afogado ao nascer, não tardaria a surgir outro mais sólido, ou melhor, menos quimérico, na mente de outro militar.
Antes, porém, de falar desse plano, vejamos que juízo fazia Napoleão dos balões.
Quando o grande corso apareceu em destaque na cena europeia, já o exército francês possuía um Corpo de Aerosteiros, criado pela primeira República. Acontece, todavia, que Bonaparte, como outros generais franceses, não estava bem convencido das vantagens desse sistema de observação. Deu-se ainda o caso de, na sua expedição ao Egito, ter levado balões, mais com o fito de impressionar os egípcios do que propriamente para fins militares, propósito que foi alcançado em toda a linha, pois uma aparatoso ascensão que organizou no Cairo, no aniversário da República, foi assistida friamente, sem que ninguém se deslumbrasse com tal maravilha. Como resultado disso tudo, no seu regresso à França, a aeronáutica militar foi dissolvida.
Outro acontecimento ainda veio a aumentar a antipatia de Bonaparte pelos aeróstatos. Na cerimônia de coroação como imperador, em dezembro de 1804, foi lançado em Paris um grande balão (era então hábito nas festas públicas soltar um balão a quente, como hoje se faz pelo São João) cheio de ornamentos, entre os quais sobressaía o emblema do novo soberano, o qual, por caprichos do acaso, transpôs os Alpes e foi aparecer na manhã seguinte em Roma, chocando-se, ao descer, no túmulo de Nero, onde deixou presa a coroa, prosseguindo a marcha para cair mais adiante, nas águas do rio Bracciano.
O fato do aeróstato acabar sua viagem em Roma, no momento em que o Papa estava em Paris, constrangido a coroar Napoleão, que então era senhor da Itália, e sobretudo a coincidência de largar o emblema imperial sobre o túmulo do odioso Nero, teve uma repercussão bem amarga para o novo imperador, não faltando os comentários da imprensa, que soube explorar o caso com sutileza e malícia. Napoleão veio a saber dos fatos, os comentários aborreceram-no e não quis mais saber de balões ou de aeronautas.
Outra estampa contemporânea do primeiro plano de Invasão aérea da Inglaterra pelos franceses
UM PLANO CONCRETO
Apesar de Trafalgar, que lhe tirara a possibilidade de dominar o Canal, Napoleão não abandonara de todo o projeto de um desembarque na Inglaterra. Não possuindo Marinha capaz de enfrentar a inglesa e tendo já recusado vários planos oferecidos por visionários (entre os quais um de Fulton, o inventor do barco a vapor, que propunha o transporte de tropas em submarino, também de sua invenção), não foi sem remota esperança que recebeu um ofício de seu Ministro da Guerra, acompanhado de um plano de invasão pelo ar. Desta vez tratava-se de algo concreto, de autoria de um militar especialista em aerostação: o ex-chefe de batalhão de Aerosteiros L. Hommard.
O plano em apreço está sintetizado no ofício, cujos termos são os seguintes:
“Paris, 28 de outubro de 1808. O general Clarke, Ministro da Guerra, submete ao Imperador o projeto do Sr. L. Hommard, ex-chefe de batalhão de Aerosteiros, o qual propõe operar um desembarque na Inglaterra por meio de 100 “montgolfiers” (balões a ar quente) de 100 metros de diâmetro cada um e cuja barquinha pode conter mil homens com víveres para 15 dias, duas peças de artilharia, 25 cavalos e a lenha necessária para alimentar os balões”.
O imperador, apesar de sua antipatia pelos balões, viu nesta ideia certa verossimilhança. O plano era pelo menos grandioso e arrojado, pois previa o transporte de 100.000 homens, 200 canhões e 2.500 cavalos, algo jamais sonhado! E Bonaparte, que fora sempre o general dos golpes de arrojo, escreveu à margem do ofício: “Que se devolva a Mr. Monge para saber se isto vale a pena fazer-se experimentar em grande escala”.
Este Mr. Monge era o célebre matemático, que muito se ocupara do estudo da aerostação, sendo pois autoridade no assunto e que, na qualidade de técnico, como dizemos hoje, iria dar o seu parecer. Qual foi esse parecer, a que conclusões chegou Monge não sabemos, mas o fato é que a tentativa nunca veio a ser feita. Em compensação, os desenhistas tomaram o tema à sua conta e deram largas à fantasia, visualizando o que seria a invasão aérea das Ilhas Britânicas.
Quando rebentou a Grande Guerra possuía a Alemanha a segunda esquadra do mundo. Era de esperar, pois, um choque com a frota inglesa para o domínio das águas metropolitanas, pelo menos, e em consequência uma tentativa de desembarque. Registrou-se, com efeito, a batalha da Jutlandia, cujo resultado ficou indeciso e com perdas maiores para os ingleses. Apesar disso, a frota alemã nunca mais se atreveu a sair dos seus portos. Nessa guerra aparece um elemento novo: o submarino. E foi com esta arma traiçoeira, usada sem considerações de nenhuma espécie, que a Alemanha tentou abalar a resistência britânica, quase o conseguindo. Foi também na guerra de 1914-18 que pela primeira vez a Inglaterra sofreu um bombardeio aéreo: no dia de Natal de 1914 um zepelim lançou algumas bombas sobre Dover.
Mas nem os zepelins, de cuja ação militar muito se esperava, nem o bloqueio submarino – que só num trimestre de 1917 redundou no afundamento de 2.200.000 toneladas – foram suficientes para abater-lhe o ânimo. As medidas defensivas não tardaram. Os zepelins foram alvo fácil para as metralhadoras Pomeroy armadas nos frágeis aeroplanos da época; os primeiros porta-aviões aparecem na história naval; contra os submarinos são organizados comboios protegidos por barcos de guerra, surgindo também os “Q-ships”, pequenos navios de guerra disfarçados, que eram autênticas ratoeiras onde eles iam cair.
O bloqueio submarino foi, assim, conjurado; os zepelins postos de lado como inúteis; devido ao torpedeamento do “Lusitania”, os Estados Unidos entraram na guerra, e não só os seus bravos soldados, como sobretudo o seu copioso petróleo, muito ajudaram a decidir a guerra a favor dos Aliados.
Da invasão aérea nem se cogitou. A aviação estava no berço. Os aeroplanos eram pequenos e mal armados, a sua capacidade de carga diminuta. Os dirigíveis constituíam alvo demasiado grande e vulnerável. Mau grado, pois, todas essas armas novas, mau grado terem os alemães chegado aos portos belgas do Canal, e embora a frota germânica fosse pouco inferior à inglesa, a Inglaterra não chegou a estar diretamente ameaçada.
E assim chegamos à última guerra, a II Grande Guerra, quando, mais uma vez, a velha Albion se viu a braços com o problema de uma invasão, agora sim realmente grave, e que esteve iminente. Mas ainda aqui o destino a protegeu: o inimigo deixou passar o momento crítico, em que teria todas as possibilidades a seu favor. A Inglaterra continuou invulnerável.
A façanha de Guilherme, o Conquistador, há 880 anos, ainda está para ser repetida.
Entretanto, uma nova arma, de poder destruidor incomensurável, fez a sua aparição. Contra ela nada valem as mais possantes esquadras, as mais sólidas fortificações, os exércitos mais aguerridos, os aviões mais rápidos e bem armados…
Contra ela, só a consciência do homem, impedindo-o de usar tão desumano poder destrutivo, ou a inteligência que permita encontrar rapidamente o meio de neutralizar seus efeitos terramóticos. A não ser assim, aquilo que não puderam monarcas como Felipe II e Luiz XIV e gênios militares como Napoleão, conseguirá uma equipe de físicos modestos fabricando uma bomba atômica.
Batalha de Fleurus onde pela primeira rez, Joi usado um balão para observações
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A Homenagem Ao Dr. João Carlos Vital
O homenageado cercado pelos que tomaram parte no almoço
Revestiu-se da mais ampla e profunda significação, no meio segurador, a expressiva homenagem prestada na noite de 28 de Março último, na A.B.I., ao Dr. João Carlos Vital, por parte das Empresas de Seguros, tanto nacionais como estrangeiras, que trabalham no País.
Foi uma festa a que compareceu o que de mais representativo integra a classe seguradora e que, pela sua espontaneidade assim como pela unanimidade dos sentimentos na mesma manifestados, deve ter proporcionado ao Dr. João Carlos Vital a oportunidade de auferir o grau de reconhecimento e aplauso que a sua orientada obra de homem público despertou em todos aqueles que, em verdade, melhor poderiam avaliar e julgar do critério e capacidade com que o mesmo sempre se houvera na direção do órgão controlador da indústria de seguros.
Interpretando esses sentimentos, o Dr. Odilon de Beauclair pronunciou um magnífico discurso, dizendo da alta significação da homenagem que os seguradores prestavam ao amigo e colega de vários anos de trabalhos e canseiras em comum.
Pondo sempre em destaque os excepcionais predicados que distinguiram e realçaram o Dr. João Carlos Vital, tornando-o uma figura incondicionalmente estimada e respeitada por todos quantos labutam no setor de seguros, o Dr. Odilon de Beauclair traçou o perfil moral do homenageado, salientando a sua característica mais destacada “profundo sentimento do dever” – que preside e acompanha todos os seus atos, tanto na vida particular como pública, estendendo-se em conceitos brilhantes e justos e terminando por reafirmar o reconhecimento a que o homenageado fazia jus e que naquela ocasião tão eloquentemente se exprimia nas carinhosas manifestações que todos os seguradores lhe tributavam ao verem afastar-se o amigo dedicado e sincero e o dirigente cordato e capaz.
Agradecendo, o Dr. João Carlos Vital manifestou a satisfação com que recebia aquelas afetuosas homenagens dos seguradores e em cujo significado encontrava a certeza de haver correspondido às responsabilidades que o seu cargo lhe havia imposto e do qual se afastava recebendo as mais evidentes provas de que, no desempenho das suas funções, soubera corresponder fielmente à confiança do Governo, sem jamais deixar de servir aos interesses e aspirações das entidades que se agrupavam em torno do I.R.B.
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Felicitações a…
BODAS DE PRATA
Constituíram acontecimentos sociais de relevo as comemorações do dia 21 de Maio, data em que o casal Ernesto A. Silva celebrou, no convívio de sua família e de amigos sinceros, as suas bodas de prata.
Pela manhã foi rezada missa solene e à noite, na residência, uma reunião que acolheu inúmeras pessoas de destaque no comércio e indústria desta Capital e que transcorreu animada e brilhante.
O casal Ernesto A. Silva quando festejata as suas Bodas de Prata
VIAJANTES
Após vinte anos de trabalhos dedicados em prol do engrandecimento das Companhias Sagres e Cruzeiro do Sul, retorna a Portugal, em viagem de repouso, o nosso auxiliar sr. José Montenegro, acompanhado de sua Exma. senhora.
Apesar de bastante merecido o descanso que vai usufruir, fazemos votos, entretanto, de breve regresso e aproveitamos a oportunidade para formular ao distinto casal votos de uma feliz viagem.
Pensamentos
(De Werther, de Goethe)
Bem sei que não somos, nem podemos ser todos iguais; sustento, porém, que aquele que julga necessário, para se fazer respeitar, distanciar-se do que nós chamamos povo, é tão digno de lástima como o covarde que se esconde à aproximação do inimigo, de medo de ser vencido.
Como a espécie humana é uniforme! A maioria sofre durante quase todo o seu tempo, apenas para poder viver, e os poucos lazeres que lhe restam são de tal modo cheios de preocupações, que ela procura todos os meios de aliviá-las. Oh destino do homem!
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Liberdade
MARIO C. PACHECO
Pela face negra do escravo desliza uma lágrima brilhante. Seus olhos fitam os grilhões partidos aos seus pés!
E as mãos e pulsos descarnados, mas livres, batem no peito largo e desnudo. Os lábios trémulos balbuciam uma palavra: LIBERDADE! Jó é homem e percebe, com emoção, o supremo instante em que ingressa na humanidade como ser humano.
Já não verá as masmorras! Já não sentirá mais o chicote do senhor estalar em seu corpo exausto. Já poderá erguer-se, pois é homem! Enfim, a liberdade! A liberdade no coração, a liberdade na voz, a liberdade nas ações, a liberdade suspirada e desejada! E no horizonte da vida contempla o surgir de uma onda de luz afastando para sempre as trevas que o envolviam…
Mas, ó fragmento social da humanidade, cuidado!… Cuidado com a liberdade que te beija, cuja bênção deverá ser recebida sem loucura. Terás doravante que administrar com sabedoria o teu patrimônio social! Terás que usar sem orgia, sem esbanjamento, os sagrados frutos do teu direito, pois do contrário a tua liberdade não removerá outras misérias que já te odeiam. De fato, pobre escravo, não basta seres livre, é preciso que saibas ser livre… E assim o mundo, assim os povos, assim as nações!
Hoje, que a liberdade bafeja os povos do universo, é preciso que saibamos ser livres; que trabalhemos para distanciar as outras calamidades em que se escondem restos das tiranias, prontos para solapar, assim que possam, o patrimônio da liberdade. Entendimento, boa vontade, tolerância e, acima de tudo, lealdade, são os alimentos de que a liberdade dispõe para sua perpetuação. Justiça, igualdade, aceitação tácita dos deveres, para que haja direitos, são os elementos com que administraremos o patrimônio da liberdade!
Tenhamos nós, brasileiros, a consciência da nossa liberdade e saibamos aproveitar seus preciosos frutos, fortalecendo-nos na reciprocidade dos direitos, na aceitação comum de obrigações e deveres, na equidade da justiça e na tolerância de nossos corações. E teremos assegurado à nação o direito de ser livre.
E a nação, enfim, somos todos nós. Sua história é o nosso patrimônio: Preservemo-nos, pois, dos males de uma liberdade incompreendida, para consolidarmos na Pátria a conquista da liberdade como povo e nação.
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Noticiário Lowndes Informa
CRUZEIRO DO SUL “CAPITALIZAÇÃO” S/A. No dia 26 de Março de 1946, foi expedida a sua Carta Patente que tomou o nº 328.
Vencida mais essa etapa, estamos certos que dentro de pouco tempo, teremos a satisfação de ver iniciadas suas operações, ampliando ainda mais o grupo Lowndes.
ACHA-SE no sul do país, em viagem de inspeção o sr. Carlos Rabello, que como periodicamente vem fazendo, está visitando os Agentes e Representantes, das companhias que formam a Organização Lowndes, afim de incrementar os negócios e assistir àqueles nossos amigos, nos problemas que surgem a cada passo no ramo Segurador.
ASSISTÊNCIA SOCIAL Procurando atender os seus funcionários de um modo permanente e prático, a Organização Lowndes contratou os serviços clínicos do Dr. Edgard Taves, que está comparecendo aos seus escritórios diariamente na parte da manhã.
Esta resolução está sendo muito bem recebida no meio dos funcionários, não só pela atenção que aquele clínico presta a seus clientes, como também pelo número dos funcionários que se tem servido de seus préstimos.
JOSÉ CINTRA PIMENTEL – O NOTICIÁRIO LOWNDES não pode deixar de consignar a visita desse nosso amigo, que esteve durante poucos dias entre nós. Apesar do tempo ter passado rapidamente, a sua presença, cheia de simpatia, ratificou a amizade que nos prende à firma Wood & Co. Ltda., da qual é ele um dos componentes.
DR. ÂNGELO MÁRIO DE MORAIS CERNE Como um dos membros da Delegação Brasileira à 1.a Conferência Inter Americana de Seguros, seguiu para os EE. UU. da América do Norte o ilustre marginado, que ocupa atualmente o alto cargo de Diretor-Gerente da Companhia Internacional de Seguros. Registramos esse fato com o máximo prazer, pois tão merecida designação veio recair na pessoa de um dos nossos mais caros amigos, que por diversas vezes tem contribuído com sua esclarecida inteligência na solução de diversos problemas da Organização Lowndes.
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Filosofia
ROBERTO CARNEIRO
Ao ser-nos dada a incumbência de dissecar, por assim dizer, uma ideia de um pensador ilustre, tivemos a inspiração de nos voltar para as obras de Friedrich Nietzsche. E de fato encontramos um pensamento que se ajusta perfeitamente à nossa situação atual. O pensamento é o seguinte:
“Pulai aos vossos navios! O que necessitamos é uma nova Justiça! E uma nova libertação. E novos filósofos!… Há um mundo novo ainda por descobrir, e até mais de um! Aos vossos navios, todos a bordo, filósofos!” (Nietzsche, “Gaya Scienza”) (1).
Neste período, Nietzsche atinge o ponto crucial da questão moderna: mudança imediata do nosso modo de pensar. Já nos fins do século passado, nota-se que uma mudança em nosso modo de encarar a vida e seus problemas fazia-se necessária. Hoje em dia, vemos que não é apenas necessária, mas é indispensável e urgente. Do contrário, é de se temer uma nova Idade Média senão coisa pior. Nietzsche previu este ponto com admirável lucidez. Viu que a mentalidade que vigorava e ainda vigora entre os povos era medieval. O seu pensamento, conclamando todos os filósofos a se atirarem à luta, ressoa até hoje e até hoje ficou sem resposta. Até hoje ainda não conseguimos nos libertar dos “complexos” criados durante a longa noite hibernal do pensamento humano. Nossas ideias se encontram enraizadas na antiguidade. O mundo, hoje em dia, parece-nos, é como um homem que teima em caminhar para a frente, voltado para o caminho já percorrido, dizendo que não poderá tropeçar e cair porque até agora tropeçou e não caiu. “É verdade que fora dos meios católicos a palavra medieval é usada com desprezo, mas isso não nos deve iludir, porque na realidade é ainda o pensamento medieval o que predomina.
Os pensadores gregos não se preocupavam com a autoridade, e bom número deles francamente confessava não ser possível a admissão da autoridade em matéria de inteligência. Mas a filosofia e a ciência medievais se baseavam exclusivamente na autoridade. Esta confiança na autoridade é o traço fundamental da era. E nós a herdamos não só dos nossos antepassados medievais, como de longas gerações de homens pré-históricos. Temos todos uma natural tendência para confiar nas “fés” estabelecidas e nas instituições vigentes, o que não passa da expressão da confiança espontânea em tudo que nos vem sobre a forma de discussão. Inconscientemente tomamos nossas ideias do grupo que nos envolve”. (2) Quando não fazemos isso, somos taxados de “comunistas”, “vermelhos”, etc. Muitas vezes o indivíduo é mais anticomunista que a própria pessoa que o acusa.
Nietzsche compreendeu que nossas ideias tinham que sofrer uma revisão total. Novos horizontes tinham que ser abertos ao homem. Uma fresca corrente de ar precisava e precisa ser insuflada dentro da atmosfera rarefeita da mente humana. Esta é a essência do apelo de Nietzsche. Usando trofusamente de símbolos, o grande filósofo nos faz compreender que, como os antigos navegantes que iam em busca de novas terras, assim também devemos nos lançar no grande oceano do pensamento à procura de uma nova fórmula mental que tire o homem da encruzilhada em que hoje se encontra. Muitos, porém, ainda não conseguiram entender esta busca e continuam a usar as mesmas ideias antigas, hoje caducas, como norteadoras de suas vidas. Não perceberam que as condições mudaram tremendamente. As ideias que no passado tiveram aceitação geral não podem ser aplicadas novamente. Olhamos demasiadamente para o passado. Acreditamos que por uma ideia ser antiga, forçosamente terá que ser verdadeira. Se fosse assim, teríamos que aceitar até hoje a teoria geocêntrica, pois esta tinha a idade de 14 séculos quando foi derrubada. Não poderíamos andar num navio a vapor, pois durante milhares de anos foi a vela a principal impulsionadora dos barcos. O que acontece no plano material, sucede também no plano mental. Precisamos, portanto, reajustar, com urgência, nossas ideias aos novos tempos. Este é o significado do período analisado por nós.
Bibliografia:
A Vontade de Potência – Friedrich Nietzsche.
A Formação da Mentalidade – J. H. Robinson.
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Veja Se Sabe…
Veja se pode responder corretamente às 20 perguntas abaixo, testando assim sua cultura e sua memória. Cada pergunta certa vale 5 pontos. De 80 a 100 pontos, é um resultado ótimo; de 60 a 80, bom; de 50 a 60, regular. Confira os resultados com as respostas corretas no final da revista.
- Quem compôs o prelúdio “O pingo d’água”: Mozart, Villa-Lobos ou Chopin?
- Mascagni compôs uma destas óperas – Loreley, Iris, Otelo – qual delas?
- Qual é o maior osso do corpo humano: o ilíaco, o fêmur ou a tíbia?
- A clorofila é uma substância que dá a cor verde às plantas, um instrumento musical ou um remédio contra a clorose?
- Quem fez a primeira classificação das raças: Darwin, Augusto Conte ou Blumenbach?
- O endoscópio é um instrumento médico, astronômico ou musical?
- José Guilherme Gomes Coelho é o verdadeiro nome de um célebre escritor português. Qual destes: Eça de Queiroz, Júlio Dinis ou Júlio Dantas?
- Anatole France escreveu “O crepúsculo dos deuses”, “Os deuses têm sede” ou “Os deuses vão-se…”?
- Olympio Nogueira foi um conhecido ator, escritor ou músico célebre?
- O conhecido soneto cujo primeiro verso é: “Oh tu que vens de longe, ó tu que vens cansada” é de Camões, de Bilac ou de Alceu Wamosy?
- Capitilúvio quer dizer um dilúvio capital, um banho à cabeça ou um banho de chuva?
- A palavra “derrapar” é de origem inglesa, italiana ou francesa?
- Defesso quer dizer defendido, cansado ou enfezado?
- Quantos territórios tem o Brasil: três, cinco ou sete?
- O cabo Orange pertence ao Brasil, à Holanda ou ao Uruguai?
- O Visconde de Cairú chamava-se Luiz Alves de Lima, José da Silva Lisboa ou José Maria da Silva Paranhos?
- Alexandre Graham Bell, inventor do telefone, nasceu nos Estados Unidos, na Inglaterra ou na Escócia?
- Mme. Curie, a descobridora do rádio, era polonesa, francesa ou suíça?
- Leonardo da Vinci foi um grande engenheiro, um grande pintor ou um grande escultor?
- A companhia de seguros London Assurance foi fundada em 1924, em 1720 ou em 1850?
RESPOSTAS
- Chopin.
- “Iris”.
- Fêmur.
- Substância que dá a côr verde às plantas.
- Blumenbach.
- Médico.
- Julio Diniz.
- “Os deuses têm sêde”.
- Ator muito conhecido que se tornou famoso no papel de Cristo no “Mártir do Calvário”.
- De um soneto de Alceu Wamosy.
- Banho (ou loção) à cabeça.
- Francesa.
- Cansado.
- Sete.
- Ao Brasil.
- José da Silva Lisboa.
- Em Edimburgo, Escócia.
- Polonesa.
- Foi as três coisas.
- Em 1720.
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Piadas Do Z.K.
ENTRE ELAS
– Será que o Arnaldo gosta mesmo de mim?…
– Não tenhas dúvidas… Por que é que havias de ser uma exceção?…
A RESPOSTA ERA MAIS VELHA
– Escuta Julinha: tenho uma coisa importante para te perguntar há muitos dias…
– Então fala, logo… Eu já estou com a resposta pronta há meses.
COISA BANAL
O CLIENTE: Mas isso é uma extorsão o sr. querer ficar com 75% da indenização a que tenho direito!
O ADVOGADO: O sr. esquece-se de que ganhou à questão graças à minha habilidade, à minha experiência, ao meu saber jurídico…
O CLIENTE: Mas eu sou a vítima!
O ADVOGADO: Ora, ora… qualquer um pode şer vítima de um automóvel.
PENSAMENTOS… SÉRIOS
Pode ser contra a etiqueta colocarmo-nos entre nossa esposa e as vitrines quando andamos nas ruas da cidade mas não resta dúvida que é uma boa estratégia…
Diz-se que o cantar é extremamente benéfico em certos casos de surdez. E vice-versa.
O defeito de muitos cérebros abertos às idéias modernas e progressistas – é que são abertos de dois lados.
PROVAS EM DEMASIA
Um cidadão foi chamado a juízo, na suposição de ser dono de um cachorro que havia mordido as pernas de um vizinho. Fazendo a sua defesa, declarou êle que se comprometia a provar com testemunhas idôneas os seguintes pontos:
1º) Que meu cachorro não tem aficção especial pelas pernas alheias, preferindo morder mais alto;
2º) Que é cego e, portanto, não pode enxergar para morder;
3º) Que não pode correr atrás de ninguém por ser capenga;
4º) Que ainda que enxergasse e não fosse capenga não poderia morder por que não ter dentes;
5º) Que anda sempre com açaimo e está sempre amarrado por uma corrente nos fundos da casa;
6°) Que meu cachorro morreu há seis meses;
7º) Que eu nunca tive cachorro.
Excusado será dizer que o homem foi condenado…
DEFINIÇÃO
PROFESSOR: um homem cujo trabalho consiste em ensinar aos alunos como resolver os problemas da vida, os quais êle tentou evitar tornando-se professor.
HUMORISMO BRITÂNICO
Três sujeitos viajavam num trem em silêncio absoluto. Um deles, a certa altura, abriu a maleta e tirou um bolo de frutas que se pôs a comer com delícia. Passada meia hora, ainda em silêncio, começou a fazer cara feia, a levar a mão ao estômago para dobrar o corpo em movimentos bruscos.
Os companheiros, espantados, perguntaram-lhe:
– Que é isso?… Que tem o senhor?…
– Foi esse bolo que eu comi!… Tinha nozes… e creio que se esqueceram de lhe tirar as cascas…
– Compreendo – atalhou então um desses. E o senhor está vendo agora se consegue quebrá-las.
A CULPA NÃO ERA SUA
Certo político influente nos tempos da velha República foi certa época, assediado por uma senhora que insistia em pedir-lhe emprego para uma filha, sob a alegação de ser viúva e ter ainda mais 5 filhas para educar.
De uma das muitas vezes que o visitou, depois de muito repisar sobre as dificuldades da vida, ao despedir-se, como derradeiro argumento, declarou :
– E lembre-se doutor que tenho seis filhas.
Ao que o político, entre agastado e irônico, retrucou:
– Está bem, está bem… mas note que eu não sou o culpado.
DE OSCAR WILDE
Os homens casam-se porque estão cansados; as mulheres casam-se por curiosidade. E ambos sofrem um desapontamento.
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Curiosidades De Ontem e De Hoje
NÚMERO FAZ FAVOR…
A primeira vez que surgiu tal pergunta, feita através de fios telefônicos, foi em Lowell, nos Estados Unidos, durante uma epidemia de sarampo. As telefonistas da estação central dessa localidade conheciam todos os assinantes pelo nome, mas, presas ao leito pela doença, tiveram de ser substituídas por novatas, e como estas não podiam identificá-los, foi então criado o sistema de números, que ficou até hoje e se tornou universal.
CACHIMBOS… ESTILO FEMININO
Como resultado da tremenda escassez de cigarros verificada nos Estados Unidos, devido à guerra, a venda de cachimbos teve substancial aumento naquele país onde, até o belo sexo, apelou para eles. Só em três meses foram ali vendidos cerca de 200.000 cachimbos às senhoras. Como consequência inevitável, não tardaram em aparecer os cachimbos em estilo feminino, leves e graciosos, e naturalmente a condizer com o tom da cutis e a forma do rosto.
Não há dúvida de que a civilização é uma grande coisa!…
SERMÕES TELEFÔNICOS
A troco de pequena moeda inserida num telefone público, qualquer pessoa pode ouvir, em Nova York, um sermão alentador de dois minutos, pregado pelo reverendo padre J. J. D. Hall.
O citado religioso, conhecido como o “bispo de Wall Street”, passa às vezes 18 horas por dia no telefone, consolando as almas aflitas que necessitam de uma voz confortadora e conselhos paternais e que para ele apelam… telefonicamente.
O mais curioso da história é que o padre Hall, que já anda pelos 70 anos, vive modestamente, foge à publicidade e não tem o número de seu telefone na lista, mas nem assim se livra dos aflitos, pois o dito número anda de boca em boca.
CHÁ PARA RIR
Existe na Arábia uma planta de cujas folhas só faz um chá de fulminantes efeitos… cômicos. Quem o toma, por mais sisudo ou melancólico que seja, desata a rir irresistivelmente durante uma hora.
Ora aí está um chá que seria preciso servir às plateias em certas casas de espetáculos…
O Catolicismo Na China
O número de católicos na China é, em si, bastante expressivo, pois alcança cerca de 4 milhões. Contudo, torna-se tal número insignificante quando sabemos que existem nesse lendário e conflituoso país 480 milhões de habitantes de outras religiões.