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Este documento é parte do nosso Acervo Histórico

Noticiário Lowndes – Nº 12

1 de dezembro de 1946
É fundamental destacar que as informações contidas em nosso arquivo histórico são uma expressão do contexto da época em que foram produzidas. Elas não necessariamente refletem as opiniões ou valores atuais da nossa empresa. À medida que progredimos e nos ajustamos às mudanças em nosso entorno, nossas visões e princípios também podem evoluir.

Feliz Natal! Próspero Ano Novo!

O Noticiário Lowndes, refletindo os sentimentos das diretorias das sociedades que formam a Organização Lowndes, vale-se da oportunidade que lhe é proporcionada pela grande data cristã, para dirigir a todos os seus amigos e clientes, a todos os seus auxiliares e colaboradores em geral, esta mensagem de Congratulações e Boas-Festas.

Com a fé posta nos destinos da nossa pátria, cujo progresso, dentro da paz e da ordem, cada vez mais se anuncia fecundo em obras decisivas, esperamos e fazemos votos por um maior fomento do comércio, da indústria e dos transportes, que venha beneficiar a todos e a todos assegurar um futuro melhor, dentro de um ambiente de liberdade e boa compreensão.

E com a mesma fé com que fazemos esses votos e com a veemente esperança de que num futuro breve sejam realizados, formulamos igualmente o desejo de que alegria e a prosperidade dourem com seu sorriso otimista, em 1947, os lares desses nossos amigos, clientes e auxiliares, cuja decidida cooperação muito agradecemos.

A todos, pois, um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo!


Uma instituição benemérita

O que é o Liceu Literário Português

COMTE. A. M. BRAZ DA SILVA, da Escola Naval
(Especial para O “Noticiário Lowndes”)

Com. J. Rainho, presidente do Liceu Literário Português

A expansão portuguesa no mundo confunde-se com a própria marcha da civilização. Coube aos navegadores de Sagres a obra incomparável dos descobrimentos que alargaram o mundo nos séculos XV e XVI.

Costa Brochado dá ao século XV a denominação de “século português”. Isso porque os navios do infante, cumprindo determinações de doutíssimos astrónomos e cartógrafos ilustres, levantaram aqueles véus que encobriam o mar e permitiam lendas tenebrosas.

O périplo africano abriu, de repente, à ambição da corte os tesouros, já célebres, da Índia. Era possível, depois de Vasco da Gama, continuador de Bartolomeu Dias, ir carregar à terra milagrosa as “arcas flutuantes”.

Há, entretanto, além dos descobrimentos, outro aspecto impressionante do gênio português: a colonização.

Quem atentar na obra imensa de povoamento e defesa das terras descobertas dificilmente compreenderá como pôde ser realizada a posse dos continentes.

É sabido que o povo português, em sua obra colonizadora, erigiu, onde quer que se tenha fixado, três monumentos eternos: a igreja, a fortaleza e o hospital. 

Andando por terras brasileiras, encontramos, a cada passo, a austeridade antiga dos conventos, as igrejas vetustas ou as simples e graciosas capelas das fazendas.

Técnicos modernos admiram-se da localização dos fortes portugueses. Fortes que se mantêm, até agora, na solidez da pedra indestrutível, desafiando o tempo e as intempéries.

Para os males do corpo já que a alma encontrava remédios na doçura do altar, o colonizador construía as tão famosas “misericórdias”.

O espírito das naus acompanhava os homens que chegavam. Amparavam-se todos como se a vida continuasse a bordo dos navios, nas fainas inconfortáveis em alto-mar. A vocação associativa dos portugueses nada mais é do que o espírito gregário dos navios escola, modelo de solidariedade humana.

Pormenor expressivo nessas casas maciças, de paredes enormes, foi sempre a doce tranquilidade interior. Nunca faltou, por pequeno que fosse, o recanto dos livros.

Tradição muito antiga, por sua vez, são as casas de ensino. As escolas dos jesuítas foram, logo no início, os núcleos insuperáveis da formação mental em nossa terra.

A cruz e o livro caminharam juntos. 

Nos dias que correm, não há, no Brasil, obra de benemerência que se compare à do Liceu Literário Português.

Na casa número 51 da rua da Saúde, a 10 de Setembro de 1868, há, portanto, 78 anos, era lançada a primeira pedra desse empreendimento singular. Foram seus fundadores, homens de muita fé e força de vontade. Conduzia-os um ideal nobre, altruísta: dar instrução àqueles que não pudessem pagar!

Um ano depois de fundado, já recebia os primeiros alunos gratuitos nos seus cursos noturnos. Foi preciso lutar heroicamente contra a avalanche de sérios obstáculos. Remavam contra a corrente impetuosa, portugueses de lei, missionários por índole.

Já passaram pelas salas tranquilas do Liceu um total de quase cem mil alunos! Nenhuma restrição é feita quanto a crenças ou raças. Nenhum troco é pedido àqueles que transpõem os austeros umbrais.

Há nomes indeslembráveis ligados, para o futuro, à história desta Casa: Marques Pinheiro, Martins de Pinho, Sá e Gama, João Granado, Almeida Carvalhais, João Reinaldo de Faria, Joaquim Freire, José Rainho da Silva Carneiro, etc., etc.

Seria interminável a lista dos sócios e diretores cujas vidas se uniram aos destinos da sua instituição. Há grandes abnegações e renúncias imensas. Há, sobretudo, a vontade cristã de servir e prover. 

Resumiríamos a vida diária do Liceu Literário Português dizendo que lá vão, assiduamente, em busca de instrução, todos aqueles cujas bolsas andam sempre vazias!

Além do ensino primário – luz abençoada das almas ainda rudes – organizou a Diretoria, sob a inspiração de Afrânio Peixoto, o Instituto de Estudos Portugueses, cujas aulas, às segundas-feiras, ficaram célebres mal tinham nascido.

O Instituto visa uma classe de estudos superiores e é o esboço da Universidade Popular, ponto culminante da vida intelectual em perspectiva.

Atualmente, como é do conhecimento de todos os cariocas, o Liceu está instalado em prédio suntuoso, símbolo inesquecível de sua prosperidade. Respira-se no interior a atmosfera amiga do trabalho fecundo e inteligente. Orienta-o o espírito cordial de luso-brasilidade: tradições portuguesas, ao lado das sagradas relíquias da pátria brasileira!

A atual Diretoria dessa benemérita instituição é a seguinte:

Presidente – Comendador José Rainho da Silva Carneiro;
Vice-Presidente – Evaristo Alves;
1º Secretário – Cesar Coelho;
2º Secretário – Francisco Rodrigues Eiras;
Tesoureiro – Antônio de Almeida;
Procurador – José Figueiredo Lucena;
Bibliotecário – M. C. Dias Morgado;
Secretário Geral – Cândido de Oliveira. 

Paremos um instante para dar a José Rainho da Silva Carneiro e a Cândido de Oliveira a prova irrefutável de nossa admiração. Sem eles perderia o Liceu duas altas colunas.

Em José Rainho da Silva Carneiro percebemos a fibra daqueles velhos portugueses que venceram o mar, que acalmaram os ventos, que arrancaram um mundo das distâncias perdidas.

Essa gente tão boa, tão amiga, vai plantando na terra as sementes do mundo de amanhã. Ditosa pátria que tais filhos tem…

Edifício do Liceu na Rua Senador Dantas


É Bom Lembrar

Há restrições no emprego do extintor tetracloro de carbono. Um ambiente saturado do gás por ele produzido é prejudicial e provoca irritações nos olhos, nariz e garganta. A pessoa deve manter-se o menos possível nesse meio. 


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Um pouco de história

Em 1º de setembro de 1936 foi fundada a firma Lowndes & Sons Ltda.

Esta firma, organizada com o fim especial de explorar o ramo de administração de bens, compra e venda de imóveis e incorporações, tinha então como sócios os Srs. Vivian e Donald Lowndes. A apresentação dessas duas figuras é totalmente desnecessária, tal a importância comercial que hoje representam. O Sr. Vivian era naquela ocasião representante das Cias. Inglesas de Seguros “The London & Lancashire Insce. Co. Ltd.” e “The London Assurance”; e o Sr. Donald acabara de chegar da Inglaterra, onde tinha ido estudar as questões de seguros, nas quais os ingleses têm, até hoje, a palma.

Sob a égide de um passado merecedor do mais irrestrito crédito, juntaram-se esses dois lideres, no firme propósito de aplicarem suas atividades aos ramos que abraçaram.

Se assim pensaram, melhor fizeram, e, a 3 de fevereiro de 1938, o Sr. Vivian comprou o controle da Cia. de Seguros “Sagres”. Desta forma, quis o Sr. Vivian, perante a ameaça de nacionalização do seguro, garantir as carteiras formadas por ele com grande trabalho, esforço e tenacidade, com que conseguira colocar as suas representadas em posição tão destacada no meio segurador.

Em agosto de 1938, as Cias. Inglesas acima citadas transferiram suas representações da pessoa do Sr. Vivian Lowndes para a firma Lowndes & Sons Ltda., que ficou, assim, aparelhada, no campo seguratório, a oferecer aos seus já inúmeros clientes maiores facilidades de cobertura.

No dia 17 de setembro de 1940, foi passada a escritura da constituição do Banco Lowndes S.A.

A iniciativa da fundação do Banco Lowndes foi uma consequência lógica da direção dos trabalhos da firma, que pôde proporcionar a essa nova entidade uma plêiade seleta de clientes. O impulso tomado pelo Banco foi tão grande que, em pouco tempo, seus dirigentes se convenceram da necessidade de aumentar o capital inicialmente subscrito.

Em fins de 1941, os negócios de seguro, já então levados pela mão do IRB, deram ensejo a que Lowndes & Sons Ltda. lançasse mais uma companhia nacional. Queremos nos referir à grande Cia. de Seguros “Cruzeiro do Sul”, que pôde rapidamente formar ao lado das maiores Seguradoras, apesar de só ter iniciado suas operações em junho de 1942.

Em novembro daquele ano, operou-se uma modificação na firma, passando a fazer parte da mesma o Sr. John Henry A. Lowndes, filho mais moço do Sr. Vivian Lowndes. O Sr. John já vinha trabalhando na firma Lowndes & Sons Ltda., como auxiliar de escritório, desde 10 de abril de 1936. Com isso, foi-lhe possível acompanhar desde o início todas as atividades da firma, trazendo-lhe, com o seu ingresso, maior coesão e mais possibilidades de sucesso.

Em junho de 1943, funda a firma Lowndes a Cia. Geral de Administração e Incorporações, e com ela se incorpora o Parque Residencial Ipiranga, em Petrópolis, que, como os demais negócios organizados pela firma, obtém absoluto sucesso.

Em junho de 1944, reuniram-se os Lowndes a outros grandes Seguradores, e resolveram constituir mais uma Cia. Nacional de Seguros de ramos elementares.

É a Cia. de Seguros “Imperial”, que, seguindo os destinos das outras administradas por “Lowndes”, já conseguiu posição digna de nota.

Ainda no mesmo ano, volta a firma Lowndes suas vistas para as Artes Gráficas, e em setembro de 1944 foi aliada ao grupo a tipografia “Artes Gráficas Exacta S.A.”. Muito embora seja a Exacta uma tipografia de pequenas proporções, o primeiro ano de trabalho, sob o comando da nova administração dada por Lowndes, demonstrou um resultado muito satisfatório.

Grandes planos estão sendo traçados para transformar a pequena indústria em grande oficina, já se achando mesmo concretizada a compra de terreno próprio para a construção das futuras oficinas. 

Em setembro de 1944, lança a firma Lowndes mais uma companhia. Desta vez, as diretrizes se voltam para o terreno da Capitalização.

Esta foi a terceira das companhias a se organizarem em 1944, o que constitui um verdadeiro recorde.

A complexidade do negócio de capitalização exige esforço sobre-humano, e só em outubro de 1946 se inaugura a “Cruzeiro do Sul Capitalização S.A.”.

Foi pena que, na data de sua inauguração, não estivesse presente o grande idealizador de toda essa imensa máquina de negócios. O Sr. Donald Lowndes, aproveitando a terminação da guerra e o reinício de operações internacionais de maior vulto, partiu para os Estados Unidos da América do Norte e Canadá.

Em agosto de 1945, constituiu ainda a firma Lowndes & Sons Ltda. a “Comércio e Indústria Induco S.A.”.

Esta nova companhia está se dedicando principalmente à exportação de mercadorias em geral. 

Em seu escritório, instalado na sobreloja do Edifício Minerva, mostra logo à primeira vista a febre de negócios que está desenvolvendo. Para isso, foi organizada uma sala de exposição das diversas mercadorias com que está trabalhando. Por ali desfilará o que houver de mais moderno em aparelhos elétricos, como fogões, lavadeiras, exercycles, elevadores, brinquedos, inseticidas, etc., etc.

A Induco terá também seu edifício e oficinas próprias, e os seus dirigentes estão estudando a possibilidade de organizar uma seção de construções e conservação de edifícios e de elevadores.

Aí está o que resumidamente se pode dizer da firma Lowndes & Sons Ltda., que em 10 anos apenas de atividades organizou e incorporou 8 poderosas empresas.


Aparelho De Rádio Minúsculo

Foi construído na Inglaterra o menor aparelho de rádio que se conhece. É usado à tiracolo, à maneira de uma câmara fotográfica ou de binóculo. Não se trata de luxo ou de extravagância, mas de um poderoso instrumento auditivo. Tal aparelho resolve o problema de se dispor de música em qualquer lugar que se queira, pois o rendimento do aparelho, em ondas médias, é igual ao de qualquer outro aparelho portátil e possui, ainda, uma nitidez de som tal, que só se lhe compara o rádio-golena.

Foi construído de modo a poder resistir facilmente aos choques mais comuns. A antena está embutida na correia que sustém o aparelho a tiracolo, e o aparelho é provido de pilhas secas. Dentro em breve será colocado à venda.

Tal aparelho é um dos novos tipos de rádio que foi apresentado ao público na exposição intitulada “O que pode fazer a Grã-Bretanha”, realizada recentemente em Londres.


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Bancos

Pelo Professor L. CAETANO DE OLIVEIRA
Da Universidade do Rio de Janeiro

O instituto econômico denominado “Banco” assim é designado por sua origem italiana, em virtude de que os precursores dos bancos assentavam-se em bancos diante de uma mesa que lhes servia para efetuarem as operações monetárias.

Esse instituto inicialmente restrito e modesto tornou-se, no decorrer dos tempos, um órgão cujo dinamismo econômico é imprescindível ao desenvolvimento da economia dos povos. Sua seiva vital é o dinheiro; seiva que adquire atraindo dinheiro alheio, com o qual desempenha seu duplo destino político-econômico, pois os bancos facilitam e regularizam o tráfico dos pagamentos sem efetivo, quer na mesma praça comercial, quer entre praças diversas, nacionais ou estrangeiras. Assim, os bancos, através de instrumentos por eles criados, que se chamam bilhetes-cheques, e ainda com as letras, implicitamente instituem um verdadeiro sucedâneo do dinheiro.

Ao capital que a si atrai com promessa de juros compensadores, movimenta-o o banco por empréstimos, conduzindo-o diretamente à produção ou destinando-o ao seu primeiro estabelecimento. Os empréstimos, durante muitos anos, só eram feitos a curto prazo, restrição esta que não conferia aos bancos possibilidades de auxiliarem grandes empreendimentos a crédito.

Não obstante ser problema dos mais difíceis o estender a ação dos bancos aos grandes empreendimentos, pois dependia da possibilidade de abertura de créditos a longo prazo, foi o caso resolvido com a criação dos bancos de financiamento, bancos de valores e bancos hipotecários. 

Entre as múltiplas funções bancárias, há Bancos que restringem seu campo de atuação econômica. Mas a tendência geral é que um mesmo Banco interfira, simultaneamente, em todos os setores de atividades bancárias, formando assim um tipo de bancos que se poderão chamar Bancos centralizadores.

De um modo geral, podem ser classificados, quanto ao seu destino, em:

a) Bancos de crédito
b) Bancos de comércio
c) Bancos consorciais
d) Bancos de depósito
e) Bancos de desconto
f) Bancos de emissão
g) Bancos emissão de valores
h) Bancos especiais
i) Bancos de financiamentos
j) Bancos de circulação
k) Bancos hipotecários
l) Bancos industriais
m) Bancos regionais
n) Bancos de renda
o) Bancos de valores.

Daremos em resumo as características dos Bancos acima classificados:

Bancos de crédito: são aqueles que operam em todos os negócios bancários regulares. Constituem, por assim dizer, Bancos centralizados.

Bancos de comércio: são aqueles que apenas se ocupam de créditos comerciais a curto prazo. 

Bancos consorciais: são os que resultam do consórcio de vários bancos de financiamento, para financiarem suas empresas.

Bancos de depósitos: são aqueles que se dedicam principalmente a operações de pagamentos mediante circulação de cheques.

Bancos de desconto: são os que se encarregam de descontos de letras ou títulos similares.

Bancos de emissão: têm características bem diferentes das dos outros. Seu destino é emitir bilhetes bancários, o que mostra ser o seu campo de atuação econômica alheio ao das operações ditas regulares.

“A influência dos Bancos de emissão sobre a circulação, assim como sobre o crédito, lhes está assegurada por sua posição no mercado de dinheiro, a qual se deve, por sua vez, a que o emitir bilhetes lhes abre possibilidades de crédito que os outros não têm.”

Bancos de emissão de valores: são aqueles que se propõem a criar valores, procurando crédito a longo prazo para exploração de indústrias, vias de comunicação, mineração, etc. Financiamento. São, pois, bancos de financiamento com ação restrita.

Bancos especiais: são aqueles que apenas se dedicam a um setor bancário, ou que só operam com um ramo industrial. Assim, industriais, bancos agrícolas, bancos pastoris, etc.

Bancos de financiamento: são aqueles que têm por fim a aplicação de capital, por empréstimo a longo prazo, para a formação do capital de primeiro estabelecimento de qualquer emprego, continuando a financiá-lo mesmo durante o seu pleno funcionamento. 

Bancos de Função: têm destino análogo ao dos Bancos de financiamento, deles diferindo em virtude de se limitarem apenas à primeira das fases que são atendidas pelos bancos de financiamento. São, pois, Bancos de financiamento com ação restrita.

Bancos de circulação: são aqueles que se restringem ao pagamento por conta de seus clientes.

Bancos hipotecários: são os que emprestam o dinheiro sobre imóveis que lhes são hipotecados, e, com estas garantias, emitem obrigações chamadas cédulas hipotecárias.

Bancos industriais: são aqueles que efetuam as operações bancárias regulares, preferencialmente, com créditos que resultem de explorações industriais.

Bancos de renda: são os Bancos que se destinam a criar bens de renda.

Bancos de valores: são os Bancos que adquirem utilidades e bens econômicos, para revendê-los em ocasião oportuna.

Eis, em rápida exposição, o que se deve saber sobre o instituto econômico mediante o qual a riqueza pode percorrer, com facilidade, a sua trajetória fatal, passando pelos marcos que lhe preestabelece a Economia Política: Produção Circulação Distribuição Consumo.


O Noticiário Lowndes Nos Estados Unidos

Union Square – S. Francisco da Califórnia

Recebemos do Sr. Donald Lowndes, de São Francisco da Califórnia, o seguinte cartão:

Tenho distribuído alguns números do nosso “Noticiário” entre um selecionado grupo de industriais e comerciantes das principais cidades americanas e canadenses e posso dizer com prazer que a sua contextura tem sido muito apreciada, o que é demonstrado pelos insistentes pedidos que tenho recebido para remessa de números futuros. Lembranças de Donald Lowndes.


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Gestos “Autísticos”, Fator De Constrangimento

Por A. G.

De como os tiques, ou movimentos parasitas, podem prejudicar a carreira de um vendedor ou tornar um indivíduo antipático e alvo de ironias.

Rara é a pessoa que não tem um tique, um gesto parasita, ou “autístico”, que repete de momento a momento, automaticamente, sem se aperceber. Em umas é o franzir das sobrancelhas, noutras o coçar do queixo ou da cabeça, ou o gesto ainda mais feio de levar, a toda hora, os dedos em pinça, ao nariz, como a querer dele tirar alguma coisa… nem sempre hipotética.

Tais gestos são geralmente o resultado de tensão nervosa, conflito mental, ou qualquer outro estado semelhante de desajuste, que se fixaram como hábito, e se repetem inconscientemente, na maioria das vezes, mesmo na ausência da situação que os criou.

Há casos em que os tiques passam despercebidos e só um observador sagaz ou paciente os nota. Quando assim é, a vítima não sofre constrangimento nenhum na sua vida social; entretanto, há pessoas cujos tiques, de tão frequentes e tão notórios que são, não só as tornam antipáticas ou alvo de reparos irônicos, como causam constrangimento, a si próprias e às pessoas com que lidam, e até mesmo lhes podem acarretar prejuízos.

Esse é o caso dos agentes e dos vendedores. Quem desempenha uma dessas profissões necessita inicialmente dar uma boa impressão aos fregueses em perspectiva. O seu traje, a sua fisionomia, a voz, as maneiras, a palavra, vale dizer, o conjunto de impressões que formam a aparência do agente ou do vendedor, deve ser de tal maneira agradável e insinuante que predisponha o freguês desde logo a seu favor e estabeleça uma corrente de simpatia entre ambos.

Sendo assim, é fácil perceber o estrago que pode causar um desses gestos parasitas, notórios e repetidos de minuto em minuto (mormente quando é dos tais antipáticos ou “feios”) nas relações iniciais do vendedor com o novo freguês. 

Uma organização norte-americana, Instituto Nacional de Relações Humanas, ocupou-se há pouco tempo com esse problema. Querendo saber até que ponto os gestos “autísticos” eram notados e qual a influência que porventura poderiam ter na tarefa de um vendedor, pediu a uma comissão de gerentes de vendas que indicasse os tiques mais frequentemente notados nos vendedores, conseguindo assim uma lista de 100. Essa lista foi em seguida enviada a 50 compradores de grandes firmas, a fim de que os mesmos apontassem, em ordem decrescente, os mais incômodos e constrangedores. Em resultado dessa consulta foi organizada a tabela anexa, onde figuram os 25 gestos julgados mais incômodos ou constrangedores. 

As conclusões a que chegou o instituto em apreço, como resultado de outro questionário, foram as seguintes:

a) Os gestos “autísticos”, ou tiques, são duas vezes mais frequentes entre os vendedores novos do que entre os de longa prática;

b) São três vezes mais frequentes entre vendedores medíocres do que entre os bons vendedores;

c) Os gestos “autísticos” são geralmente atribuídos, pelos compradores, ao nervosismo, à falta de prática de vendas e ao receio de não conseguir o pedido;

d) Os gestos “autísticos” influem, sem dúvida alguma, na criação do estado de “resistência” do comprador, porque distraem a atenção e lhe causam constrangimento.

Leitor distraído ou curioso que leste estas linhas: tens algum gesto parasita, algum tique?… Observa-te bem, ou melhor, pede a opinião de teus amigos – e se tiveres algum, trata de exterminá-lo para não causares constrangimento a ninguém, para não seres alvo de reparos irônicos (na surdina, está claro) ou para não sofreres prejuízos na carreira, principalmente se fores vendedor. E sobretudo lembra-te (se o que está dito acima não te convencer) que aos olhos da mulher nada escapa… 

GESTOS “AUTÍSTICOS” MAIS CONSTRANGEDORES:

  1. Pestanejar continuamente
  2. Estar com os dedos no nariz
  3. Beliscar as sobrancelhas
  4. Estalar os nós dos dedos
  5. Morder os lábios
  6. Coçar a cabeça
  7. Encolher os ombros
  8. Dar estalos com a língua
  9. Por a ponta da língua de fora
  10. Lamber os beiços
  11. Sacudir a cabeça
  12. Puxar as orelhas
  13. Bater com os pés no chão
  14. Balançar a perna cruzada
  15. Centrair as sobrancelhas
  16. Mexer com os polegares
  17. Tamborilar com os dedos
  18. Acariciar o queixo
  19. Enrolar e desenrolar os dedos
  20. Puxar a gravata ou o colarinho
  21. Franzir os lábios
  22. Chegar a cadeira cada vez mais para perto
  23. Balançar o corpo quando em pé ou sentado
  24. Beliscar as bochechas
  25. Tremer com os queixos.


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Charles Holden, famoso arquiteto britânico

De MURIEL HARRIS
(Do B.N.S. especial para NOTICIÁRIO LOWNDES)

Plano típico de um andar do edifício do “Metro de Londres”

Londres, junho – Há poucos dias, foi nomeado assessor técnico do novo projeto de urbanização de Canterbury o conhecido arquiteto Charles Holden. Há algumas semanas, foi nomeado, ao lado do professor W. G. Holford, assessor para a reconstrução da “City” de Londres. Foi-lhe confiado, portanto, um posto importante na nova planificação do que é virtualmente o coração da Inglaterra.

Ainda que não tivesse existido outra razão, os extensos danos causados pelos bombardeios alemães em Canterbury teriam obrigado a projetar sua reconstrução em grande escala. A zona em torno da Catedral de S. Paulo é um descampado, pontilhado pelos esqueletos das pequenas igrejas da “City” construídas por Christopher Wren.

Das 36 casas gremiais das Corporações da City, todas de um grande valor histórico, 20 foram completamente destruídas e apenas duas se conservam intactas. O palimpsesto da Inglaterra britânica, normanda e saxônica pode ser decifrado facilmente em ambas as cidades, e o bombardeio alemão obriga uma vez mais a reconstruir Canterbury e a City, adaptando-as às necessidades modernas. A City, com anárquica construção de estradas de ferro e a mistura de antigas construções, precisa ser posta em ordem, harmonizar seus importantes interesses e, ao mesmo tempo, conservar seu caráter típico. Canterbury, sede do primeiro rei cristão de Kent, local onde se reuniam as rotas dos britânicos e dos romanos, terá de ser reconstruída em parte como um grande santuário nacional do povo inglês.

Foi uma medida acertada associar o nome de Charles Holden com as cidades que simbolizam as mais antigas tradições da Inglaterra. Teria sido fácil escolher um urbanista saturado de conhecimentos históricos e com tendência a projetar com um critério orientado para os séculos pretéritos; não teria sido menos fácil escolher um técnico que concebesse seus planos em função exclusiva das modernas rodovias e estradas de ferro.

Mas o que distingue Charles Holden é sua capacidade para penetrar detrás da fachada, ver o que se esconde no seu interior e combinar o passado com o presente. A palavra “esclarecimento” merece preferência no vocabulário de Holden, e um edifício explica perfeitamente isso. Para muitas pessoas, os edifícios da Universidade de Londres, a sede da Companhia do metropolitano de Londres, o edifício da Associação de Medicina, têm um aspecto sombrio, porque estão livres de todos os ornatos desnecessários e dos motivos caprichosos que para certas pessoas constituem uma prova de bom gosto.

Mas o olho é um órgão enganador. Chega um momento em que, de pronto, percebe o sentido estrito de proporção, equilíbrio e adequação, que preside a obra de Charles Holden. Em virtude desta concepção vitalista, o edifício do metropolitano de Londres é talvez o que mais facilmente nos produz uma impressão agradável. A sua gênese é característica do autor. Deram-lhe um terreno de forma rara e difícil de utilizar para levantar sobre ele uma grande edificação com funções extremamente complexas. O próprio Holden escreveu: “Nunca me emocionei tanto como ao compreender as possibilidades deste plano em forma de cruz, com boa iluminação, passagens certas e um centro compacto que contém todos os serviços com as escadas e elevadores que comunicam diretamente com as quatro alas”.

Isto não quer dizer, porém, que Holden despreze o instinto ornamental, que todo ser humano tem. Limita-se a desprezar o ornamento como elemento postiço e que não faz parte integrante do conjunto. O ornamento deve limitar-se a acentuar e sublinhar as linhas fundamentais, dando-lhes toda a variedade possível. Neste sentido, a disposição das janelas no edifício da Universidade de Londres deve chamar-se ornamento, porque deliberadamente se usam as irregularidades, colocando-se as janelas em termos, por assim dizer, musicais, em compasso de quatro por cinco.

O arquiteto C. Holden


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Capitalização

M. C. PACHECO

“Há várias dezenas de séculos atrás um fato ocorreu na história da Civilização. O rolar do tempo, através da espessa cortina que separa aquela época da era atômica, não o tornou esquecido: foi o milagre de Jesus Cristo na multiplicação dos pães, que os distribuiu entre os habitantes do Jordão.

O milagre, como ato mecânico, nada tem de extraordinário, se considerarmos Cristo como Deus feito Homem, para cujos poderes divinos a ação do milagre é perfeitamente explicável.

Há, entretanto, um mérito no milagre que não podemos olvidar: a sua significação moral, o ensinamento concludente aos homens no sentido do aproveitamento da sua capacidade criadora no bem comum. A Organização Lowndes, ao inaugurar as instalações e dar início às operações da Cruzeiro do Sul Capitalização, em 17 de Outubro de 1946, bem demonstra ser digna da lição do divino Mestre, pois que, ao dar vida a mais esta entidade da sua organização, cria mais uma fonte de trabalho e rasga novos horizontes para um punhado de homens cheios de fé e cujas atividades encontram um campo fértil para as suas possibilidades.

De fato, cada nova entidade que surge no seio da Organização Lowndes representa mais uma utilidade posta a serviço do povo, quer a consideremos sob o ponto de vista econômico-social, quer sob um ponto de vista patrimonial, pois, se por um lado enriquece o patrimônio da Organização, por outro lado se coloca ao serviço da coletividade, criando oportunidades para aqueles que vivem do trabalho e oferecendo ao público as utilidades das empresas que a integram. 

E se me permitirem uma divagação filosófica, direi mais, que o Capital é para a sociedade como sangue é para o organismo humano. Paralisado, concorre parceladamente para a estagnação do valor da moeda e, portanto, para o empobrecimento da riqueza social, tal como se verifica na vida animal a estagnação do sangue, que concorre para a morte dos tecidos e, generalizando-se, termina com o desaparecimento da vida orgânica.

O movimento de ambos ativa a repetição dos fenômenos econômicos e biológicos, cria a ação, anima a existência; o sangue atua nos organismos de vida animal, e o Capital atua na vida econômica das coletividades. A Organização Lowndes é, pois, uma utilidade social na vida econômica da nação como fonte de trabalho, como animadora da riqueza, quer garantindo a existência do capital contra os possíveis eventos de danos e prejuízos pelas companhias de seguros, quer pondo em circulação o capital pelas operações do crédito bancário, quer administrando patrimônios com a sua proverbial honestidade e competência, quer ajudando a construção da cidade com as incorporações e aumentando deste modo o nosso acervo arquitetônico, quer importando máquinas e utensílios, quer finalmente, no seu mais recente empreendimento, fomentando e estimulando a economia popular com os títulos de capitalização que ora surgem sob a égide da constelação do país.

E, assim, a “Cruzeiro do Sul Capitalização” aparece nas atividades da Organização Lowndes como mais uma prova do esforço empreendedor dos seus dirigentes e um atestado da sua capacidade construtiva, tornando-se cada vez mais digna do lugar que ocupa na vida econômica da nação. 


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A Inauguração Da Cruzeiro Do Sul Capitalização

Como decorreu esse ato festivo. A benção da nóvel empresa – Os discursos trocados – As pessoas presentes à solenidade.

Sr. Vivian Lowndes ao pronunciar o discurso inaugural

Com toda a solenidade, realizou-se a 17 de outubro a inauguração da “Cruzeiro do Sul Capitalização”, nova empresa fundada por iniciativa da Organização Lowndes e integrada por elementos bem conhecidos e de longa projeção dos nossos meios de capitalização e finanças. 

No ato compareceram inúmeras pessoas, entre as quais notamos as seguintes: Dr. Amilcar Santos, diretor do Departamento Nacional de Seguros Privados e Capitalização; Dr. Carlos Cairo, representando o Sr. Ministro do Trabalho; bispo D. Mamede, representando o Cardeal Arcebispo; Dr. Renato de Castro, do Departamento Atuarial do Ministério do Trabalho; Sr. Issa Abraão, do Sindicato das Empresas de São Paulo e Capitalização; Sr. Manuel Gonzaga, da Aliança Capitalização; Sr. Arlindo O. Gomes, da União Americana de Capitalização; Srs. João H. Laborne e F. Martinez, da Liderança Capitalização; Srs. J. Leite e Sá Peixoto da Prudência Capitalização; Sr. Carvalho J. Mello da Aliança da Bahia; Dr. Jadir Borba e Th. Zander, da Internacional de Capitalização; Sr. A. Nicklaus Jr., da Sul-América Capitalização; representantes da Secretaria Técnica Murray Ltda. e Paul J. Christoph; Sr. Ruy Lima (por Arnaldo Florence); Sr. Cipriano Lima; Sr. Ruy Costa; Dr. João Lyra Madeira; Sr. George Bailey; Sr. James de Faro Bailey; Dr. Penalva Santos; Dr. Antonio Osmar Gomes; Sr. Eduardo Catarino; Sr. Joaquim Catarino; Sr. B. Ferreira Guimarães; Sr. Gilberto Goulart; Sr. Guilherme Bork; Sr. A. Villa Real; Dr. Tacito Prado; Sr. Silvestre Villa-Real; Sr. Ericarios Guimarães; Sr. Alvaro W. Souza; Sr. Arthur Dubeux; Sr. Leopoldo Góes; Sr. A. Oliveira Schuback; Dr. Angelo Mario Cerne; Dr. Leonel Martins; Sr. Adolpno Weissigh; Sr. Mario Bastos; Sr. Mario R. Sicsú; Sr. R. Bentes Ribeiro; Sr. Américo Ludolf; Sr. Alvaro de Almeida; Sr. C. Augusto Carneiro; Sr. A. Martins Peixoto; Dr. Haroldo Aguinaga; Mme. Vivian Lowndes; Comte. Luiz Brasil e senhora; Srta. Lilian Lowndes; Sr. Armando de Almeida e outros da Inter-Americana; Sr. W. Campos, da C. Interestadoal de Propaganda; representantes da Imprensa carioca e paulista; Comte. Luiz C. de Oliveira, representando o Departamento de Administração de Imóveis de Lowndes & Sons Ltda.; Sr. De Virgiliis, da Induco S.A.; C.A. Niemeyer, do Banco Lowndes S.A.; e grande número de funcionários das diversas companhias filiadas à Organização Lowndes. 

Após a benção pelo Exmo. Bispo D. Mamade, das dependências da nova empresa, que está situada à Av. Erasmo Braga, 38, 4º andar, foi servida uma taça de champanhe aos presentes, durante a qual vários oradores se fizeram ouvir, iniciando-se os discursos com a palavra do Sr. Vivian Lowndes, presidente da Cruzeiro do Sul Capitalização, que disse o seguinte, declarando inaugurada a sociedade. 

FALA O SR. VIVIAN LOWNDES

“Cooperando no maravilhoso surto de progresso que apresenta nosso País, na era em que surgem e multiplicam-se as mais brilhantes iniciativas, não poderia a Organização Lowndes manter-se indiferente e inerte, sem formar parte da brilhante equipe dos homens de negócios, que nunca paralisam seu trabalho fecundo e sabem caminhar corajosamente para as mais proveitosas realizações.

Daí a ideia da CRUZEIRO DO SUL CAPITALIZAÇÃO, que não somente traduz nosso desejo de contribuir, modestamente embora, para magnífica expressão do já vitorioso ambiente de economia popular, mas também se apresenta como a significação sincera e legítima do quanto vimos seguindo e admirando o grandioso sucesso das empresas que se dedicam à Indústria da Capitalização, e, mais objetivamente, ante o conforto moral dos que, outrora, não encaravam a previdência como fator imprescindível e que, hoje, encontram naquelas instituições os mais atrativos caminhos para suas pequenas economias.” 

E é exatamente nesses dois fatores que repousa, perfeita e integral, a nossa fé no destino da mais jovem de nossas realizações. Diz-nos a consciência que, em todos os nossos empreendimentos, temos sabido corresponder à confiança de nossos inúmeros clientes e obedecer cegamente ao padrão de eficiência e honradez, que é o lema inalterável desta Casa.

Assim será a CRUZEIRO DO SUL CAPITALIZAÇÃO.

São seus principais dirigentes os mesmos homens que têm sabido provar a verdade desta afirmativa. Integram-na, tecnicamente, elementos da maior projeção no ambiente de Capitalização do Brasil. Formam-na, financeiramente, figuras que sabem aquilatar todo o valor dos honestos empreendimentos.

A certeza que mantenho sobre o seu rápido progresso firma-se exatamente nesses alicerces. E a previsão sobre o seu pujante destino está no ânimo e na inteligência dos que se encontram ao nosso lado, no momento em que ela se inicia e, muito mais ainda, na sábia compreensão do nosso povo, de que só a economia sistematizada e uniforme pode acumular os pequenos tesouros, nascidos das sobras do labor dos homens previdentes.

E é, pois, sob o signo Divino, o compromisso do nosso esforço e indução dos Vossos vitoriosos exemplos, que eu DECLARO LANÇADA A CRUZEIRO DO SUL CAPITALIZAÇÃO”.

O Sr. Vivian Lowndes ao ser cumprimentado pelo Rev. D. Mamede, que abençoou a casa.

A ORAÇÃO DO SR. N. RIBAS CARNEIRO

“É com a maior alegria, com o mais completo contentamento que vejo aqui reunido, no dia de hoje, este grande número de amigos de nossa casa, quando testemunhamos o nascimento de mais uma das ‘Realizações Lowndes’, quando vemos surgir no horizonte límpido do futuro o esplendor deslumbrante da entidade que tomou seu nome da mais notável constelação do firmamento brasileiro, a ‘CRUZEIRO DO SUL CAPITALIZAÇÃO, S. A.’.

Instituição de mérito, humanitária, que empreende a segurança e o conforto daqueles que nela confiaram, pelo seu plano de ação visa, com o supérfluo do momento presente, garantir o sossego e a tranquilidade do futuro.

É este o objetivo da ‘Cruzeiro do Sul Capitalização’: a constituição de um capital pela economia, por parcelas mensais quase insignificantes, para, no fim de alguns anos, proceder à devolução do numerário empregado, quando não é esse mesmo capital integral e adiantadamente pago pelo aderente pelo sorteio, garantindo ainda a Companhia, como podereis ver dos nossos Planos, a participação nos seus lucros, premiando, assim, a constância daqueles que a ela se mantiveram fiéis.” 

Com o surgir desta nova instituição, a “Organização Lowndes” evidencia aos seus numerosos amigos e clientes a grande e variada utilização dos homens de negócios nos mais vastos e complexos ramos de atividades, fugindo, assim, às especializações que, na hora dinâmica por que passamos, só são admissíveis na arte e nas superespecialidades em que se fracionou a ciência moderna.

Ora vejamos:

Há exatamente dez anos atrás, em 1936, aparecia a primeira entidade “Lowndes”, fundada num modesto quarto andar da rua da Alfândega. Em fevereiro de 1938, foi obtido o controle da Companhia de Seguros “Sagres” e, dois anos após, foi passada a escritura de constituição do “Banco Lowndes, S. A.”.

Em 1941, foi constituída a Companhia de Seguros “Cruzeiro do Sul” e, passados dois anos, mais um novo elemento juntou-se ao Grupo, a “Companhia Geral de Administração e Incorporações”.

O mundo estava, então, em plena guerra, nessa hecatombe que se alastrava dia a dia, como fogo em palheiro, vindo a atingir também o nosso país. Havia incerteza nos negócios, no futuro, a insegurança. Não se poderia prever, com exatidão, como seria o dia de amanhã… 

Mas havia, também, a confiança do público na lisura e na honestidade por que eram pautadas as transações das Empresas orientadas pela Organização Lowndes, que, mercê dessa inabalável confiança e apesar de todos os contratempos da hora que então atravessávamos, prosseguia sempre para a frente, na observância estrita da rota rigorosamente traçada. Assim, em 1944, nasce a Companhia de Seguros “Imperial” e obtém-se o controle da “Artes Gráficas Exata, S. A.”.

Em 1945, a “Comércio e Indústria Induco, S. A.” vem se juntar às demais já existentes.

Dez anos de atividade, oito empresas em funcionamento.

Oito “Realizações Lowndes”, que têm sempre, sincera e lealmente, correspondido à grande confiança do grande público e de seus inumeráveis clientes.

E assim, finalmente, neste ano de 1946, no dia de hoje, surge a “Cruzeiro do Sul Capitalização, S. A.”, que ora temos o prazer de saudar, a qual, tudo nos leva a crer, seguirá os passos seguros de suas irmãs mais velhas. 

Senhores,

Há vários minutos que vos roubo o precioso tempo. Nada mais resta senão agradecer às autoridades que se dignaram comparecer e a todos os nossos convidados o bom e generoso acolhimento à nossa sociedade, de cujo lançamento quero, pela oportunidade, congratular-me com os Srs. Conselheiros. Demais, espero que o generoso povo desta terra venha a acolher, em sua compreensão como em sua proverbial e nunca desmentida bondade, o valor que representa, para todos nós, a presente iniciativa. 

A PALAVRA DO DR. ANGELO M. CERNE

“O título mais sagrado que alguém pode invocar para falar numa cerimônia é o da amizade. Entendo que amizades, muitas vezes, anuviam os pensamentos, mas as demonstrações de amizade que adiante referirei têm sua aplicação ao dia festivo de hoje e, portanto, são provas que deixam o amigo à vontade quando fala.

Lá se vão 14 anos feitos quando, pela primeira vez, me aproximei de um Lowndes. Tratava-se de Donald. Estávamos ambos estudando em Londres e em época em que não havia outra coisa para nos unir a não ser a amizade. Aí se via a sabedoria do Sr. Vivian, mandando o seu primogênito para o maior centro econômico do mundo, formar o seu espírito nas conservadoras bases da economia inglesa e adquirir os conhecimentos que hoje têm sido precisos nas diversas atividades da Organização Lowndes. O seu primogênito houve por bem aproveitar o tempo dispensado. O momento não era dos mais favoráveis porque a saúde do Donald não comportava, naquela época, o clima inglês e também D. Dalva aguardava o nascimento de sua primeira filha. Aí nasceu a amizade e o amigo Donald Lowndes lembrou-se deste que vos fala, em julho de 1935, quando perdeu o seu pai. O Donald, nesse momento, iniciava a era das transformações nas Organizações Lowndes. Estava tratando da organização da firma Lowndes & Sons Ltda. e chamava o seu amigo que, na época, ainda não tinha completado o seu lustro de bacharel em Direito, para vir advogar os interesses da firma.” 

Se o amigo não desmereceu o auxílio encontrado, numa época em que o rapaz com 25 anos não pode ter um valor profissional de destaque, é assunto de somenos importância neste momento; porém, com o crescimento das Organizações Lowndes, o Donald nunca se esqueceu daquele brasileiro que ele encontrou em Londres.

Os convites para cargos foram se sucedendo; a vida econômica das Organizações Lowndes foi se desenvolvendo e, se o orador neste momento não é dos mais ativos batalhadores em suas hostes, é, sem dúvida, um dos seus maiores admiradores. E não se pode deixar de admirar um grupo de homens que prosperam sem se esquecer daqueles que labutam ao seu lado. Não é só sabedoria que, muitas vezes, redunda em egoísmo, e sim um progresso consciente, porque, zelando pelo seu bom nome, zelam pelas suas amizades.

Argumentei, no início desta oração, que, nesse momento festivo, invocando a amizade, prestaria um pleito de confiança ao futuro da “Cruzeiro do Sul Capitalização” empreendimento, porque os homens que dirigirão este empreendimento não se atêm exclusivamente aos lucros materiais e procuram muito mais capitalizar o seu ativo moral. 

Quem sabe fazer amigos e conservá-los, tem sua consciência em um modo de agir muito menos especulativo e egoísta. Parece que para a “Cruzeiro do Sul Capitalização” funcionar, em face de outras congêneres que já podem apresentar um passado, depende muito do ativo moral dos homens que estão à sua frente. São cultores de valores morais, e, numa organização que se inicia, onde a propaganda, o dinheiro, a técnica e a atividade produtora são necessários, se sobressai, sem dúvida, o fator confiança e aqui, nesta companhia, também o fator confiança não está em jogo, já está conquistada por todos aqueles que confiam nela porque confiança decorre da direção dos seus homens. Neles se confia e, portanto, confiamos no sucesso da “Cruzeiro do Sul Capitalização”.

O Sr. N. Ribas Carneiro lendo sua substanciosa saudação

O DISCURSO DO SR. HUMBERTO RIBAS

“Impulsionado pelo progresso, castigado pelas dores e atraído pelas conquistas, o homem moderno não se detém ante os abismos ou desfalece aos combates em que o destino o envolve muitas vezes, como que a experimentar a sua fibra de gigante ou a desafiar o potencial de sua vontade hercúlea.

Pode a guerra mirrar a seara que ele plantou, rasgando o ventre da terra com o bisturi imenso dos arados. Pode a política mesquinha dos malsinados portadores de ideias nefastas tentar poluir o ritmo de seus ideais sólidos. Pode a eclosão de sórdidos interesses procurar atrai-lo às ascensões de imprevisíveis culminâncias, que se disfarçam nas sombras do interesse e do egoísmo.

Caminha sempre. É um predestinado. É um lampejo. É uma força indomável e crescente, nascida fisicamente de um nervosismo oculto, lançada psiquicamente pelo impulso de largos horizontes e gloriosas estradas. 

Sua constante inquietação, sua mobilidade perene atira-o para a frente, como que à procura de novos deslumbramentos. E o molejo do seu cérebro, em que em tumultuosa renovação, latejam os mais mesclados raciocínios, traz vontade relâmpagos de iniciativas e brados de ambição.

Contudo, senhores, nenhuma vitória se concretiza dentro dos princípios de isolacionismo. É preciso que a ideia se desdobre e se multiplique, para que possamos aprová-la em seus benefícios ou condená-la em seus defeitos. Deve haver sempre a evolução, que traz os aperfeiçoamentos da experiência, imprevistos. E, quantas vezes, adotando os mesmos caminhos, sem lançarmos ideias, seguindo apenas um novo clarão ao sol que já brilha, sem desviarmos o curso das águas que correm tranquilas, sentimo-nos tão cheios de incomparável orgulho, como se fôssemos nós que houvéssemos arrancado das nebulosas aquele sol ou rasgado a pedra bruta de onde nasceram aquelas águas.

Assim foi a indústria da Capitalização. Nascida, na Europa, do cérebro humilde de um operário, que não guardou egoisticamente tão sábio e feliz sistema de economia, manteve-se adstrita a poucas centenas de homens, em acúmulos financeiros inexpressivos e inadequada aplicação dos capitais reunidos. 

E quando, mais tarde, sentida pelos técnicos inteligentes, e ampliada pelos homens progressistas, cresceu e avolumou-se esplendidamente, foi a ideia daquele homem obscuro, foi o primeiro passo, foi o primeiro gesto, foi, em suma, o primeiro título às largas portas que se abriram para o sucesso de tão útil empreendimento.

A Cruzeiro do Sul Capitalização, que ora se inicia, vem formar ao lado dos que souberam engrandecer aquela ideia, tornando-a cada vez mais útil e benéfica à coletividade. Vem juntar o seu esforço ao brilhante trabalho das Empresas que, em nosso País, já desbravaram as primeiras trilhas dos caminhos, venceram a inércia dos descrentes e a cobardia dos pessimistas. Vem trazer modesta cooperação a esse lindo trabalho de suas valorosas irmãs, amparando o futuro dos que labutam e servindo à esperança dos que aspiram a rápidas realizações.

E se o valor desse engrandecimento, a soma desse esforço, o espírito dessa cooperação dependerem das colunas de algarismos conquistados nos trabalhos de produção, posso afirmar, senhores, que está desde agora erguido o pedestal de ouro em que repousará todo o seu sucesso. Nós, os seus destemidos produtores, fortalecidos pelos honestos ensinamentos dos dirigentes desta casa e encorajados pelas glórias conquistadas pelos que empregam suas atividades em nosso ramo, vamos lançar o nosso esforço dentro da inabalável certeza da grandiosidade da nossa obra. 

Assim, seremos a gloriosa síntese daquela figura de coragem, perseverança e ousadia do homem que vos mencionei em minhas primeiras palavras, para que sejam as últimas que pronuncio: uma centralização de fé, um conjunto de convicções, uma afirmação de confiança nos destinos da Cruzeiro do Sul Capitalização”.

E assim iniciou suas atividades a CRUZSULCAP, cujo futuro se nos afigura brilhante, pois à sua testa acham-se três elementos veteranos no ramo de capitalização, assistentes da Diretoria: Srs. Lopes Netto, René Brosar e Humberto Ribas. 


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A Constelação Do Cruzeiro Do Sul

A constelação do Cruzeiro do Sul

O espetáculo deslumbrante de um dia de verão cheio de luz, sem uma nuvem a macular o azul do firmamento, é, sem dúvida, algo de grandioso, verdadeiro hino à vida, convite mudo ao homem a dar asas ao seu dinamismo. Verdadeiro contraste de cores e de aspecto tem lugar ao cair da noite. Tristes seriam as noites sem lua, se não existissem na abóbada celeste miríades de estrelas cintilantes. A imaginação do homem de antanho, quase infantil, nas suas primeiras pesquisas astronômicas, ainda com o cérebro vazio de ciência e submisso aos ídolos, temente de Zeus, da graciosa Juno e de Marte Indomável, deve a humanidade a engenhosa lembrança de agrupar as estrelas de modo a constituírem imagens de seres ou objetos reais ou mitológicos. E, assim, surgiram as constelações, as quais, segundo os seus contornos, receberam nomes diversos, como sejam: Grande e Pequeno Cão, Ursas Maior e Menor, Virgem, Boiadeiro, Escorpião, Centauro, Orion, Navio, Cruzeiro do Sul e muitas outras.

Dessas constelações devido às declinações de suas estrelas, duas foram de grande utilidade para os primeiros navegantes; no hemisfério boreal, a Pequena Ursa, com a sua estrela Polar, que se acha, praticamente, no polo Norte, diferença de minutos apenas, e que jamais se põe no horizonte nas latitudes Norte; a sua altura nos indica o valor dessa coordenada geográfica. No hemisfério austral, outra constelação, “Cruzeiro do Sul”, nos permite, pelo alinhamento de duas de suas estrelas, localizar a direção Norte-Sul, isto é, a direção delta-alfa passa pelo polo Sul. Fig. 1.

As estrelas são classificadas, de acordo com o seu brilho, em grandezas, tomando-se para unidade o brilho de “Aldebáran”, alfa da constelação do Touro. As de 1ª grandeza são: Sirius, Canopus, Antares, etc., e daí vão decrescendo em importância. Até à 6ª grandeza podemos ver a olho nu; da 7ª à 16ª, com instrumentos. E certamente com o aperfeiçoamento destes, novas estrelas surgirão. 

Grupadas as estrelas em constelações, de acordo com a grandeza de suas estrelas em ordem decrescente, receberam as mesmas as designações alfa, beta, gama, delta, epsilon (letras do alfabeto grego), reservando-se a letra alfa para a estrela de maior grandeza, ou para a mais proeminente de cada constelação, no caso de igualdade de brilho. Geralmente as estrelas alfa possuem um determinado nome, exemplo: Antares (alfa do escorpião), Arcturus (alfa do Boiadeiro), Sirius (alfa do Grande Cão).

Focalizaremos a constelação do Cruzeiro do Sul, que brilha em toda a extensão dos céus do Brasil. Daí a sua escolha para figurar em nossa Bandeira Nacional, e em vários de nossos distintivos de serviços públicos e particulares.

A constelação em apreço consta de quatro estrelas principais, formando cruz, e de uma quinta, próxima a um de seus braços. A estrela alfa é a do pé da cruz; é de 2ª grandeza. As estrelas beta, gama e delta também são de 2ª grandeza; e a quinta estrela é de 3ª grandeza.

O Cruzeiro do Sul é visto no céu da latitude 25° Norte até as altas latitudes Sul. Ao seu lado se acham as duas principais estrelas, alfa e beta, do Centauro.

Conhecida uma constelação, é possível, por meio de alinhamentos tirados pelas suas estrelas, identificar outras, assim: O alinhamento delta-alfa vai encontrar Fomathat, o alinhamento alfa-delta prolongado passa pela Spica (alfa da constelação da Virgem); o alinhamento delta-beta passa entre alfa e beta, do Centauro; ligando-se alfa, do Cruzeiro do Sul, a beta, do Centauro, vamos encontrar nesta direção Antares (alfa do Escorpião). 

O conhecimento de algumas constelações nos permite, pois, identificar grande número de estrelas. Olhar para o céu como um leigo nos deslumbra; porém conhecê-lo, saber o nome das estrelas, não só nos deleita a vista como nos proporciona agradável passatempo.

Em nossa Organização temos, presentemente, duas companhias com o nome “CRUZEIRO DO SUL CAPITALIZAÇÃO SEGUROS”, a CRUZEIRO DO SUL CAPITALIZAÇÃO S.A. e a CRUZEIRO DO SUL CAPITALIZAÇÃO S.A.

A primeira é já bastante conhecida e de conceito há muito firmado; a segunda é a nova companhia que iniciou as suas operações no dia 17 de Outubro p. p. e que, como as demais realizações da Organização Lowndes, certamente, muito breve será um símbolo de garantia para os seus clientes. 


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A Capitalização Como Instrumento De Progresso

RENE BROSAR

Entre as múltiplas aspirações humanas, o desejo de progredir ocupa um lugar de especial destaque. Progredir faz parte da vida, progredir é verificar em forma concreta a normal evolução da existência. O progresso é elemento necessário ao permanente equilíbrio do complexo material e espiritual de todo indivíduo. Progredir é o anseio de caráter unânime e universal. O progresso é a própria vida.

Ao desejo de progredir deve a humanidade todo o seu patrimônio.

Progresso e patrimônio: duas palavras interessantes de situar aqui, bem juntinhas, como irmãs gêmeas!

Pois, na verdade, a constituição, as modificações de forma e extensão de um patrimônio constituem uma das maneiras de traduzir e concretizar a noção de progresso, tanto no domínio geral como no particular e individual.

Deve-se, por outro lado, considerar que, entre um desejo e a realidade que lhe corresponde, existe um espaço, uma distância, existem condições de realização tais que, analisadas, definem um problema, o problema de todo homem que deseja progredir.

No meio do infinito número de concepções e combinações criadas pela inteligência humana para atender ou facilitar a aspiração universal e unânime de progresso, uma deve ser apontada como uma das mais geniais, por ser sabiamente adaptada às condições de vida das coletividades. Esse maravilhoso engenho a serviço do progresso social chama-se CAPITALIZAÇÃO.

A capitalização nasceu em fins do século passado, numa terra onde a noção de patrimônio se associa muito intimamente à de economia, no sentido de respeito, proteção e conservação de tudo que representa utilidade, trabalho ou valor. Essa terra é a FRANÇA.

Com o desenvolvimento comercial e industrial, com a expansão do intercâmbio no terreno internacional, com o aparecimento de novas modalidades de desdobramento, ampliação e difusão do patrimônio, em uma palavra, com a evolução da civilização no domínio da economia geral, houve quem visse que a prática, melhor diríamos a rotina da economia privada, de caráter fechado, circunspecto, retraído, poderia também ser removida, dando-lhe forma de tal modo atraente que o povo, detentor desse patrimônio pouco ou nenhumamente produtivo, participasse igualmente dos benefícios da evolução e do progresso gerais.

A capitalização idealizada nessa base foi lançada ao público. Ao público pertenceu dar-lhe sanção. Desnecessário é tornar a descrever o sucesso alcançado pelos planos de capitalização nos países europeus onde foram implantados. No Brasil, não foi menor o sucesso dessa modalidade de operação financeira “ao alcance de todos”; não foi menor a utilidade desse novo e interessante instrumento de progresso individual e coletivo. Dissertou-se muito sobre os dotes naturais do brasileiro quanto à economia, na base em que é compreendida e realizada particularmente em terras europeias.

Mas, ao que se depreende da experiência, a capitalização em nossa Pátria foi uma surpreendente revelação. O fato redunda em glória para a nação inteira, e, principalmente, para os pioneiros e propagadores dos benéficos ensinamentos sobre capitalização, em toda a imensidade do território nacional.

A CRUZEIRO DO SUL CAPITALIZAÇÃO S. A. não tem, em princípio, outro objetivo. Não obstante, tendo devidamente analisado as condições do seu problema, isto é, atender e facilitar da melhor forma possível o desejo de progresso daqueles que a favoreceram com sua confiança, definiu um plano que, pelas características próprias, merecerá, a seu ver, a atenção tanto do detentor de grande patrimônio e possibilidades, como do mais modestamente situado na escada social. É um plano convidativo, interessante, digno de ser conhecido, estudado e utilizado.

Enfim, a devida compreensão do plano CRUZEIRO DO SUL CAPITALIZAÇÃO S. A., no exato espírito de sua concepção, deve normalmente resultar na passagem do estado latente da meditação e do desejo à fase ativa da participação da vontade, que leva a decidir e realizar. 


É Bom Lembrar

Que o Corpo de Bombeiros, como sempre, está ao inteiro dispor dos estabelecimentos comerciais ou industriais, para instruir eficientemente os homens designados pelos seus chefes, a fim de constituírem os elementos de defesa inicial em caso de sinistro.


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Origem Da Escolha Da Hora Para Unidade De Medida De Tempo

CAP. DE CORVETA, LUIS CLOVIS DE OLIVEIRA
Engenheiro Civil

Figura 1

O problema da medida do tempo, que se sabe, foi objeto de cogitação, pela primeira vez, no ano de 4.000 A.C., quando os egípcios fixaram a duração do ano em 365 dias, contados durante o espaço de tempo decorrido entre duas circunstâncias idênticas consecutivas – o nascer de Sirius, a estrela mais brilhante do firmamento, alfa da Constelação do Cão, antecedendo de poucos instantes o nascer do Sol.

Também aos egípcios devemos a humanidade o agrupamento dos dias em ano, baseado nas variações da sombra de um obelisco.

Os egípcios observaram que um obelisco semelhante ao da figura 1 fazia, diariamente, por ocasião da passagem do Sol pelo meridiano, uma sombra variável.

Quando o Sol passava pelo meridiano, atingia a sua altura máxima acima do horizonte e como esta era variável no decorrer dos dias, a sombra produzida era diferente (Fig. 2).

Das suas observações, os egípcios constataram que, após um ciclo de 365 dias, as sombras voltavam a ter as mesmas dimensões na passagem meridiana. 

E assim foi fixada a duração do ano em 365 dias, graças ao obelisco, que foi o primeiro instrumento, que se tem notícia, idealizado pelo homem para medir o tempo. Concluíram os sábios daquela época, que o mínimo e o máximo de sombra por ocasião da meridiana correspondia às entradas do verão e do inverno no hemisfério norte (solstício do verão e do inverno 21 de junho e 21 de dezembro).

Quando a sombra atingia uma extensão média das acima citadas, duas vezes por ano (21 de março e 23 de setembro), podiam os guardiões do calendário precisar a passagem do Sol pelos equinócios, isto é, o astro-rei passava de um hemisfério para o outro.

Graças ainda a estes primeiros estudos de astronomia foi então determinada a declinação do Sol, ou melhor, a sua trajetória: a eclíptica, suposta a Terra parada.

O fato de se achar Mênfis, cidade egípcia, centro de grande cultura da época, situada no paralelo de 30° Norte, por ocasião do solstício do verão, o Sol atingia praticamente o zênite, o que motivava uma extensão de sombra quase nula, quando se verificava a sua passagem meridiana no primeiro dia de verão. Tal acontecimento marcava assim a entrada da estação citada. 

Fixado, pelas passagens consecutivas do Sol pelo meridiano, o intervalo de tempo de um dia, teve o homem, naturalmente, dividido o dia em intervalos de tempo, do nascer do sol até à sua passagem meridiana (meio dia tempo verdadeiro) e deste último instante ao seu ocaso. Esta noção lógica guardamos até hoje, pois frequentemente nos referimos ao tempo da manhã e da tarde e os ingleses e americanos, mesmo nas suas tábuas e almanaques náuticos e na vida cotidiana, ainda não adotaram a contagem do dia de zero a 24 horas, e sim de zero a 12 horas ante e pós-meridiana (a.m. e p.m.).

Correspondendo um dia a uma rotação completa da Terra em torno de seu eixo (suposto na direção dos polos), um ponto da superfície do nosso globo descreverá em um dia uma circunferência completa, 360°. Como se sabe, tal movimento nos dá a ideia de que é o Sol que percorre no firmamento a trajetória da figura 1, de leste para oeste e nesse movimento ele ocupa alturas desde zero graus, ao nascer, até uma altura máxima na passagem meridiana e decresce até zero, no seu ocaso.

Para cada altura correspondia, é claro, uma determinada sombra em dada direção no semicírculo da figura 3 destinado a receber a sombra do obelisco, que devidamente graduado poderia assim apreciar menores intervalos de tempo.

Figura 2

A ciência matemática de então, é óbvio, se estava atrasada em relação ao nosso século, por outro lado, já dispunha de cabedal suficiente para resolver o problema da divisão do semicírculo da base do obelisco. Vejamos de que modo. 

Nas mais remotas eras, os babilônios, egípcios e gregos já sabiam construir ângulos de 90° pelo método do traçado de um triângulo de lados com 3, 4 e 5 unidades de comprimento, isto é, um triângulo retângulo de hipotenusa com 5 unidades de comprimento e catetos com 3 e 4. Logo, orientar o diâmetro do semicírculo segundo a linha E-W, por ocasião das passagens do Sol pelos equinócios e traçar a direção N-S era tarefa simples para nossos antepassados. Por outro lado, a divisão da circunferência em seis partes iguais (o traçado do hexágono inscrito) era bem conhecida dos babilônios, pelo processo de tomar cordas iguais ao raio.

A divisão de ângulos ao meio era conhecida, e assim chegaram a dividir o semicírculo em partes iguais, de 15° de ângulo cada uma.

Passar à medida de tempo não foi difícil, pois cada setor de 15° representava 1/24 de uma rotação completa de terra, ou seja, do dia, pois 360 = 15 x 24. Logo, cada variação de 15° correspondia à mencionada fração do dia. Daí a escolha da hora como submúltiplo do dia, equivalendo este a 24 horas. Os egípcios graduaram assim o chamado quadrante solar, de acordo com a posição da sombra, e puderam saber as horas do dia.

O dispositivo da figura 3, como foi descrito em suas linhas gerais, foi o primeiro relógio idealizado pelo homem e chegou aos nossos dias com o nome de “RELÓGIO DE SOL”.

Apesar de completamente relegado o seu emprego, ainda é usado como ornamento nos parques e jardins. Um dos mais interessantes é o existente na nossa Escola Naval, na Ilha de Villegagnon. É um lindo conjunto de bronze, que representa uma gaivota tocando de leve a crista de uma onda. A sombra do bico do pássaro marca as horas do dia.

Figura 3


É Bom Lembrar

É contra-indicado o emprego do extintor de tetracloroetileno em matéria animal, como peles, couros etc., sobre ferro em brasa, bombas incendiárias que contenham magnésio, casos esses que dariam o FÓSGENIO, terrível gás de efeitos desastrosos e muito empregado na guerra.


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Significado e Influência Das Cores

ANTONIO GIL
(Para o “Noticiário Lowndes”)

Uma velha tradição que a ciência moderna tenta penetrar e deu origem a uma nova profissão: a cromotécnica

A linguagem do povo desde há muito consagrou fenômeno da significação e influência das cores, e que tanto se ocupam agora uns especialistas, chamados nos Estados Unidos “color engineers” ou, para darmos um nome mais consentâneo com o ofício e com o gênio da nossa língua: cromotécnicos.

De fato, do vocabulário usual de qualquer um de nós brotam naturalmente frases como estas: “verde de raiva”, “amarelo de desespero”, “porvir dourado”, “paixão rubra”, “as coisas estão pretas”, “o homem azulou”, “vi tudo vermelho”, “estou roxo por isso”, e muitas outras onde uma cor pinta um estado de alma ou designa uma sensação particular. No linguagem de todos os povos se encontra o mesmo e desde os mais remotos tempos que o homem atribui às cores certos significados e influências.

Que influências são essas que a observação secular do leigo tem registrado e como se manifestam elas?… Eis mais uma sutileza que os sábios de nossos dias tentam penetrar e que os cromotécnicos já estão aproveitando em diversos campos.

A cor é uma vibração como o som – diz uma autoridade americana no assunto, Sr. George D. Gawe – e os dois exercem um estímulo emocional. E a cor é potencialmente mais possante porque a maior parte das nossas sensações são recebidas através da vista.

Reconhece, pois, a ciência moderna que a cor tem influência em nosso mecanismo sensorial, estimulando certas respostas em nosso aparelho psicomotor, ou criando em nós determinadas impressões, quer objetivas, quer subjetivas além do fenômeno puramente físico da maior ou menor absorção de calor, que autorizou Wundt, no século passado, a afirmar que realmente há cores quentes e cores frias.

AS CORES E OS FENÔMENOS TÉRMICOS

Quando o cientista Jean Piccard, em 1931, faz sua primeira ascensão à estratosfera, a gôndola do balão 16º ia pintada de branco. Resultado: ele e seu ajudante quase gelaram. Em 1932, para a nova viagem a essa região, pintaram-na de preto e o reverso se verificou: voltaram abafados com o calor. Dois oficiais americanos empenhados em empreitada semelhante, pintaram a metade superior da gôndola de branco e a inferior de preto, verificando durante a ascensão que na parte de cima a temperatura era fria e na de baixo fazia calor. Durante uma expedição ao polo Sul, os sacos de água foram pintados de preto. Com esta medida, evitou-se que a mesma gelasse, pois durante o dia absorvia calor suficiente para elevar a temperatura da água a 60°F, enquanto a temperatura ambiente estava abaixo de zero, por volta de 35°F.

Estes são alguns casos em que a cor pode influir no referente à temperatura, confirmando assim a velha observação de Wundt. Mas há mais e melhor. Se alguém nos propusesse desembaraçar um porto ou um rio da camada de gelo que os bloqueia, por meio de tinta preta, decerto acharíamos a ideia extravagante. Contudo, não o é. Segundo o cromotécnico Faber Birren, isso já tem sido feito, pois uma camada de tinta preta sobre superfície gelada ajuda e apressa o degelo antes da chegada das cores do Verão. Na Rússia, tenta-se a mesma coisa de maior magnitude, pois planejam apressar o degelo das vertentes das montanhas da Ucrânia ao aproximar-se o fim do Inverno, espalhando pó de carvão sobre elas.

Uma velha observação nos países tropicais é que as roupas brancas ajudam a amenizar o calor. Este fato teve uma inesperada confirmação em Hiroshima, no ano passado. No relatório do major-general Thomas F. Farrel, a respeito dos efeitos da bomba atômica, pode-se ler isto em relação às vítimas: “As roupas claras ofereceram maior proteção contra as queimaduras do que as roupas escuras”.

Numa grande fábrica americana foi reservada uma sala para descanso dos empregados, a qual recebeu uma pintura azul e cinza. Havia ar condicionado em toda a fábrica e a temperatura era igual em toda ela. Apesar disso, queixou-se o pessoal de sentir frio quando na sala. A pintura foi então mudada para laranja e castanho. Resultado: os empregados declararam-se satisfeitos e, entretanto, a temperatura do ar condicionado continuava a mesma. O efeito produzira-o somente a troca das cores. 

AS CORES E A MEDICINA

A influência das cores não se limita a isso, todavia. Elas exercem estímulos mais sutis, que desde o século passado cientistas arrojados tentam aproveitar no terreno da Medicina. Desde tempos remotos que se atribuíam poderes curativos às cores, principalmente no referente à cicatrização de feridas. Assim, alguns psiquiatras e neurologistas, partindo do princípio que há cores excitantes e cores calmantes, procuraram tirar partido desse fenômeno, a fim de proporcionar aos doentes uma atmosfera favorável à cura de certos males.

Afirma o Dr. E. Babbit, por exemplo, “que o centro da ação elétrica que acalma os nervos está na cor violeta; o da ação que acalma o aparelho circulatório no azul; o da luminosidade no amarelo e o do calor no vermelho”.

Segundo Faber Birron, amarelo, cor quente e saudável, ajuda o organismo a reagir em certos casos de choque nervoso e estimula o sistema vascular. O verde, cor tranquila, é usado no tratamento da neurastenia e da histeria. Esta cor está sendo usada nas paredes dos quartos de hospitais e salas de operações, pois exerce uma consoladora ação nos pacientes crônicos e mitiga a fadiga visual dos cirurgiões, em face das luzes fortes, o que é de valor nas operações demoradas. O azul tem a tendência para fazer baixar a tensão muscular e a pressão sanguínea. A púrpura acredita-se que influa favoravelmente no metabolismo, sendo usada também no tratamento da insanidade, para acalmar a mente e o corpo. 

Curioso efeito das cores verifica-se a bordo dos aviões: o amarelo e o castanho provocam o enjoo, enquanto que o verde evita. Assim é que uma companhia americana resolveu banir essas duas primeiras cores de seus aviões, mudar a cor da roupa de cama, de branco para verde e… não servir mais maionese, porque esta é amarela.

Mas já que falamos de maionese, e uma vez que não estamos de avião para temer enjoo, lembremos outro fato surpreendente em matéria de alimentos, onde as cores provocaram reações bem desagradáveis. Em certo hotel de Chicago houve um jantar de grã-finos, solene e festivo, onde tudo requintava em finura, beleza e originalidade. A mesa, a baixela, os pratos, era o que havia de melhor e mais rico, e até a iluminação timbrava em dar ao ágape uma nota de refinamento e ineditismo. Começa o jantar com grande satisfação dos convivas, que mostram apetite e a melhor das disposições de espírito, e de estômago, é claro. Mas as luzes começam a mudar de cor, passando gradativamente para vermelho e para verde, sem que eles se apercebessem bem. E é aqui que vem o fracasso do famoso jantar. Em face das luzes de cor, os alimentos tomam cambiantes fora do seu natural: o aipo torna-se cor de rosa, o asado vira cinza claro, o leite toma uma tonalidade sanguínea, e finalmente o verde da salada azulou… Em poucos minutos muitos dos convivas sentem-se mal, com evidentes sintomas de enjoo, e alguns fortemente afetados, “azulam” também. 

ACIDENTES E PRODUÇÃO INDUSTRIAL

Os efeitos das cores são variados ao extremo e o seu conhecimento é hoje sabiamente aproveitado em vários campos da atividade humana, principalmente na indústria, onde, pela pintura adequada das fábricas, se proporciona ao operário ambientes mais adequados à sua tarefa e ao clima local, capazes de influir no aumento da produção e na diminuição dos acidentes, como demonstram inúmeras observações feitas nos Estados Unidos.

E foi justamente dos efeitos compensadores obtidos na indústria que nasceu e se desenvolveu a nova ciência das cores, que os americanos chamam “color-engineering”. Hoje em dia, nos Estados Unidos (e a Inglaterra está seguindo o exemplo), a tarefa de pintar as paredes internas de uma fábrica, o teto, o chão e as próprias máquinas não é mais matéria para leigos: é entregue a um especialista da nova profissão para pintura funcional.

No comércio (vendas e publicidade principalmente), nos transportes, nas diversões, não é menor, de resto, o efeito da cor, como está comprovado por inúmeras observações. E não se trata aqui de mero efeito estético, que todos conhecemos. Alguns exemplos esclarecerão melhor.

Um fabricante de bon-bons há muitos anos que apresentava seus produtos em caixinhas azuis. Um dia resolveu mudar de cor e escolheu o vermelho. Com agradável surpresa verificou que as vendas subiam bastante. É que o vermelho, além do seu maior índice-de-atenção, é uma cor impulsiva, e os bon-bons são mercadoria que, em geral, todos compramos por mero impulso de momento.

Um grande “magazin” de Toledo, no Ohio, obrigava tradicionalmente seus empregados a vestirem-se de escuro: azul ou preto. Por sugestão de um novo gerente, entretanto, resolveu permitir que o pessoal se apresentasse a seu gosto. O ambiente mudou completamente, tornando-se luminoso e alegre, em face das cores claras ou garridas dos novos trajes dos empregados. Consequência: as vendas aumentaram substancialmente.

As observações neste campo são numerosíssimas, como de resto no campo industrial, a que já nos referimos e de que citaremos estes exemplos típicos. No Arsenal de Springfield, após ter sido pintado pelo novo sistema funcional, a produção aumentou 15%. Na The Gregory Tool & Manufacturing Co., de Detroit, o aumento foi de 25%. No referente a acidentes de trabalho, na The Tulsa Boiler Machinery Co., de Tulsa, verificou-se uma baixa de 20% após a pintura. Na Bliss & Loughling Inc., de Búfalo, 40%, e na Elco Boat Co., que teve necessidade de admitir 1.000 novos operários para o fabrico das lanchas PT, a maior parte sem prática, do que resultou elevado número de acidentes, a diminuição foi de 75%!

Outros dois efeitos inesperados foram verificados em fábricas americanas. Numa delas, os operários encarregados de transportar certas caixas algo pesadas, cansavam-se rapidamente. Tais caixas eram pretas externamente. Pintadas de verde claro, desapareceu a sensação de cansaço. Este fato confirma, aliás, a velha impressão que temos, de que há cores “pesadas” e cores “leves”, mas que tomávamos apenas no sentido subjetivo. O outro é narrado assim pelo gerente da Eaton Manufacturing Co., de Cleveland, como efeito da pintura funcional: “pela primeira vez na minha vida vi um homem andar oito metros para jogar um pedaço de tecido imprestável numa lata de lixo”.

AS CORES NA ANTIGUIDADE

O hábito de emprestar uma dada significação às cores é coisa velhíssima, que a tradição trouxe até nossos dias. Num velho livro francês de autor anônimo, soído por volta de 1435, encontramos os seguintes significados que as cores tinham na heráldica dessa época:

Branco: beleza, alegria, justiça, boa consciência, castidade, virgindade, humildade.
Vermelho: calor, atividade, ousadia, cólera, altivez, saúde.
Azul: amizade, cortesia, eloquência, destreza, ciúme.
Violeta: amizade, doçura, melancolia, lealdade, reconhecimento.
Amarelo: riqueza, sabedoria, magnanimidade, prudência.
Verde: beleza, amor, alegria, mocidade.
Cinza: pobreza, simplicidade, paciência, esperança, desespero.
Negro: dor, constância, penitência, lealdade, ciência. 

Entre os habitantes da Gália setentrional, que tinham paixão pelo azul, desempenhava esta cor um papel saliente. Até ao século III, os homens pintavam o corpo de azul, acreditando que isso lhes dava uma aparência terrível, e as mulheres faziam o mesmo para celebrar uma festa religiosa.

Na França antiga, o amarelo era a cor dos traidores e dos maridos enganados. A mando do Parlamento, as portas do palácio Condestável de Bourbon foram pintadas de amarelo, em 1527, após a sua morte. Eis aí talvez porque o amarelo é uma cor desacreditada, como se vê pela conhecida frase popular: “que seria do amarelo se todos os gostos fossem iguais…” Aos que faziam bancarrota e aos devedores insolventes, era costume pôrem-lhes um barrete verde.

Na Escócia, obrigavam-nos a trajar um casaco de duas cores.

Há muitos que implicam com os nomes extravagantes que hoje em dia certos fabricantes de tecidos e de esmaltes para unhas adotam para batizar novas tonalidades de cores. Não há que admirar, pois a mania é antiga e para amostra aqui vão alguns nomes de cores usados na França do século XVII: cor de judas, de espanhol doente, de face aranhada, de símio moribundo, tempo perdido, pecado mortal, viúva alegre, carne defumada, presunto comum, constipado e mais duas ainda que a decência manda calar, pois lembram a famosa frase de Cambrone, de enérgica e mal cheirosa memória… 

De cores e de cromotécnica basta, não é para o leitor ficar verde de raiva se é que já não azulou antes de até aqui chegar. 


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Uma Novidade Utilíssima Para Excursionistas e Donas De Casa

Os fogareiros portáteis de combustível sólido “Heatabs”

Muito se tem falado das inúmeras invenções e aperfeiçoamentos que a Segunda Guerra Mundial promoveu, em face das novas necessidades e das situações diferentes que tanto exércitos como populações civis tiveram de enfrentar. Em todos os setores, direta ou indiretamente ligados às operações bélicas, da imaginação e da perícia dos engenheiros e dos técnicos saíram realizações novas, de cunho prático, tendentes a facilitar a ação do soldado ou a tarefa do civil, muitas das quais, finda que foi a guerra, passaram a ter larga aplicação na vida quotidiana, onde prestam serviços utilíssimos.

Está nesse rol o fogareiro a que nos referimos. Trata-se de um pequeno aparelho portátil, de incrível simplicidade e de manejo fácil, que veio resolver o problema, tantas vezes enervante, de preparar de improviso uma refeição, esquentar um café, fritar uns ovos, fazer um mingau, com rapidez e economia, num piquenique, numa viagem, numa caçada, numa excursão pelo campo, e mesmo nos lares onde não há gás ou eletricidade.

Tão diminutas são as dimensões do fogareiro “Speaker” que, quando fechado, parece uma cigarreira ou um estojo de pó de arroz (e o seu fino acabamento contribui para essa impressão), levando-se facilmente no bolso, juntamente com uma caixa das pastilhas que lhe servem de combustível. 

QUATRO PALAVRAS – UMA SÍNTESE ADMIRÁVEL

Uma das mais importantes características do fogareiro em apreço é precisamente o seu combustível: as pastilhas “Heatabs”, de substância concentrada de alto poder calorífero, que se inflamam com a chama de um fósforo e se apagam com um simples sopro, para se acenderem de novo, quando necessário.

Em tais condições, além de portáteis em si mesmas, pelo diminuto tamanho e por não necessitarem de vasilhame especial, como acontece com o álcool e o querosene, as pastilhas “Heatabs” não oferecem os perigos desses combustíveis, não apresentam os inconvenientes da fumaça, do cheiro desagradável e do vazamento, nem o da alteração pela umidade, como se dá com o carvão e a lenha.

Quatro palavras sintetizam admiravelmente o funcionamento dos fogareiros “Speaker” e seu combustível sólido “Heatabs”: simples, seguro, econômico e limpo. 

PROVIDENCIAL EM VARIADAS EMERGÊNCIAS

É fácil compreender a grande utilidade deste fogareiro e a variedade de emergências em que pode ser providencial. Vejamos alguns exemplos. Num piquenique ou numa excursão, quer-se fazer um café, esquentar leite, fritar uns ovos ou preparar, enfim, como é do estilo, uma refeição de alimentos enlatados. Pode-se fazer uma fogueira, mas isso é complicado, demorado, produz fumaça e quantas vezes as latas de conserva não viram sobre ela… e lá se vai a refeição e a paciência. Numa casa onde não há gás ou eletricidade (ou numa emergência em que estes faltem), quer-se fazer um café ou preparar o leite ou o mingau da criança. Acender um fogão a lenha ou um fogareiro a carvão é demorado e dispendioso. Num clube, numa enfermaria, num escritório, numa oficina, num consultório, onde quer que seja necessário eventualmente, a chama de um fogareiro para qualquer fim, de um momento para o outro, ou ainda na falta casual de outros combustíveis – em qualquer destes casos, o fogareiro “Speaker” de combustível sólido “Heatabs” é o recurso providencial, sempre pronto a entrar em função, rápida e economicamente: é só abrir, armar, colocar a pastilha e acender.

Esse tipo de fogareiro, portátil, compacto e simples, é mais um serviço que a Comércio e Indústria Induco S.A. presta ao público brasileiro, pois a essa nova empresa se deve sua introdução em nosso mercado. Como representante da firma que o fabrica, a The J. W. Speaker Corporation, de Milwaukee, Est, de Wisconsin, nos Estados Unidos, a Comércio e Indústria Induco S.A., distribuidora exclusiva para o Brasil, acaba de importar dois tipos destes fogareiros, cujo baixo preço os põe ao alcance de qualquer bolsa, por modesta que seja. 


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Veja Se Sabe…

Veja se pode responder corretamente às 20 perguntas abaixo, experimentando assim sua cultura e sua memória. Cada pergunta certa vale 5 pontos. De 80 a 100 pontos, é um resultado ótimo; de 60 a 80, bom: 50 a 60, regular. Confira os resultados com as respostas certas no fim da revista.

  1. A ação da ópera “Baile de Máscaras”, de Verdi, passa-se em Veneza, em Boston ou no Rio?
  2. Houve um grande maestro italiano cujo pai era padeiro: qual desses, Verdi, Donizetti ou Mascagni?
  3. A troposfera é uma camada da atmosfera, da hidrosfera ou da litosfera?
  4. Furco é um aparelho de física, um instrumento de carpinteiro ou uma medida linear?
  5. O que quer dizer “pessoa hidrópata”: que vive dentro d’água, que só bebe água ou que odeia a água?
  6. A definição “o gênio é uma longa paciência” é de autoria de Voltaire, Anatole France ou Darwin?
  7. Alexandre de Gusmão foi o inventor da “passarola”, ministro do Exterior de D. João V ou um grande poeta do século XVIII?
  8. A batalha de Tuiutí foi ganha por Caxias, Osorio ou Floriano?
  9. “País do Carnaval” é o título de um romance, de uma revista teatral ou de uma fita de cinema?
  10. O célebre soneto “Cisnes” é de autoria de Bilac, Castro Alves ou Julio Salusse?
  11. O poema “A morte de D. João” é de Zorrilla, Guerra Junqueiro ou Gonçalves Dias?
  12. A uranografia é a descrição do céu, das doenças das vias urinárias ou do sistema de montanhas?
  13. Xantofila é a substância que dá a cor verde às plantas, a que se desenvolve nas folhas caídas ou um novo inseticida?
  14. A palavra decimar quer dizer reduzir a décimos, dizimar ou vir de cima?
  15. Mendaz significa mentiroso, mendigo ou mentecapto?
  16. Beneplácito quer dizer consentimento, passar bem ou fazer o bem?
  17. Bagdá é a capital do Irã, do Iraque ou da Síria?
  18. Onde nasce o Rio Tocantins: no Maranhão, em Goiás ou em Mato Grosso?
  19. Qual foi o artista italiano conhecido como o “pintor de Madonas”: Donatello, Rafael ou Miguel Angelo?
  20. A célebre frase “agora é enterrar os mortos e cuidar dos vivos” é atribuída a Churchill, a Roosevelt ou ao Marquês de Pombal?

RESPOSTAS

  1. Passa-se em Boston.
  2. Pietro Mascagni.
  3. Da atmosfera.
  4. Med da linear (a distância entre o polegar e o indicador, esticados, correspondente a 3/4 depalms.
  5. Que só bebe água.
  6. Da autoria de Darwin.
  7. Ministro de D. João V. Seu irmão Bartolomeu é que foi o inventor da “passarola”.
  8. Foi ganha por Osório.
  9. Titulo de um romance de Jorge Amado.
  10. De Julio Salusse.
  11. De Guerra Junqueiro.
  12. A descrição do céu.
  13. A que se desenvolve nas folhas caídas.
  14. Quer dizer dizimar.
  15. Significa mentiroso.
  16. Quer dizer consentimento.
  17. Capital do Iraque.
  18. No Estado de Goiás.
  19. Rafael.
  20. Ao Marquês de Pombal, na ocasião do terremoto que destruiu Lisboa.


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A Crise De Casas e a Caricatura Americana

O que se passa nos Estados Unidos em relação à venda de imóveis muito se assemelha ao que se nota entre nós. A crise de habitação, lá como cá, tem dado margem a toda a espécie de expedientes, visando atrair candidatos a imóveis velhos, arruinados, mal situados, em locais inacessíveis ou imprestáveis de todo. Os títulos dos anúncios servem de isca, muitas vezes, fazendo afirmações ou ofertas promissoras que estão longe da realidade.

Assim é que a caricatura, a sátira têm focalizado o assunto, como se pode ver nestas páginas, onde reproduzimos desenhos traduzindo o que são na realidade real muitas das tais opíparas ofertas, que aparecem nos anúncios de imóveis à venda, nos jornais norte-americanos – o que nos lembra muito aquilo que, por vezes, lemos em nossos jornais. 


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Navegação Fluvial E Das Lagoas No Rio Grande Do Sul

CARLOS B. RABELO

NOSSA TERRA E NOSSA GENTE — Dois autênticos Gauchos — o da esquerda o Sr. Cel. Antonio Florêncio Duarte de 93 anos de idade e o da direita o Sr. Tobias Machado de 72 anos. — Fotos oferecidas pelo Dr. Lopes Aguiar, genro do Cel. Antonio Florêncio, ao Comte. Luiz Clovis de Oliveira, Comandante de um dos navios que compunham a Divisão Naval da nossa Marinha de Guerra, que visitou os principais portos do Estado do Rio Grande do Sul por ocasião dos festejos comemorativos do Centenário de nascimento do Almte. Luiz Felipe de Saldanha da Gama

Sempre que nos ocorre falar em navegação fluvial no Brasil, vem-nos logo à lembrança o majestoso Amazonas com sua centena de afluentes, beneficiando toda a imensa região amazônica; ou, então, o encachoeirado São Francisco, cuja acidentada navegação serve a vários Estados como Minas Gerais, Bahia, Sergipe, Alagoas e Pernambuco.

Entretanto, vários outros Estados da União são favorecidos por esse sistema de navegação. Dentre esses, quero destacar aqui o Rio Grande do Sul, que tem na navegação de seus rios e lagoas um auxiliar preponderante para o progresso ímpar que vem realizando suas indústrias, sua lavoura e seu comércio.

Em Porto Alegre e suas cercanias, deságuam no Guaíba cinco grandes rios: Jacuí, Sinos, Gravataí, Caí e Taquari.

É imensa a quantidade de água que recebe o rio Guaíba dos outros acima citados.

Ainda perdura na memória de todos o que foi a calamidade de 1941. Após trinta dias de incessantes chuvas, o Guaíba, não podendo mais suportar a quantidade de água que recebia constantemente, transbordou.

Grande parte de Porto Alegre ficou desde logo sob as águas. Dia a dia, a enchente aumentava, trazendo horas de tormento e desespero para toda a população.

Inicialmente faltaram os bondes, faltou luz, faltou água potável e começaram a rarear os alimentos. 

A grande capital gaúcha, além de suportar os seus próprios sofrimentos, teve também que prestar auxílio aos milhares de flagelados de outros municípios atingidos pelas cheias.

E o Brasil inteiro acompanhou, com a maior aflição possível, o sofrimento de nossos irmãos gaúchos.

Quando, finalmente, passou a borrasca e as águas desceram, é que se pôde fazer uma ideia dos prejuízos imensos que foram causados. Não havia seguros contra enchentes e os prejuízos foram totais.

Mas a alma forte deste povo, que durante dez anos suportou a guerra dos Farrapos, não se abateu. Recomeçou o trabalho e dentro em breve a calamidade tinha sido coisa do passado. Os governos federal e estadual tomaram desde logo providências para que tal fato não se repetisse, executando importantes obras de engenharia.

Da importância, para o Estado, da navegação desses próprios rios e das lagoas dos Patos e Mirim, é que vou tratar nesta minha crônica.

Todos os cinco rios acima referidos têm nascentes na Serra do Mar, em pontos diferentes, sendo alguns de percurso navegável bem longo, e outros de mais reduzido. Os de maior percurso estão menos sujeitos à época do estio e, assim, navegáveis quase todo o ano.

Entre os de maior extensão navegável, destacamos o Jacuí, que, nascendo no município de Palmeira, serve de limite a três outros municípios: Júlio de Castilhos, Cruz Alta e Soledade. 

Logo abaixo, forma a grande cachoeira de Jacuí, a mais importante de todo o Estado.
Além de beneficiar todo esse vasto trecho com sua navegação, que se estende até a cidade de Cachoeira, suas águas são utilíssimas para as plantações de arroz e fumo, tão abundantes ali.

Essa região, usualmente chamada de colonial, além dos produtos acima referidos, também produz muito trigo, milho, feijão e mandioca.

O rio Gravataí nasce em Santo Antônio da Patrulha e também serve a grande parte da região colonial, que se dedica mais à lavoura de batata e mandioca. Existem também aí grandes fazendas de criação de gado vacum e cavalar.

O rio dos Sinos, um dos de menor extensão navegável, nasce em São Francisco de Paula e alcança o município de São Leopoldo, centro industrial de grande importância. Além de prestar relevantes serviços à indústria, auxilia também grandemente o desenvolvimento da mais antiga região colonial do Rio Grande do Sul. Grandemente afamada pelas suas imensas fazendas de gado vacum, essa região produz muito feijão e batata.

O rio Caí também nasce em São Francisco de Paula e é navegável até o município de seu nome. Como o rio dos Sinos, serve grande parte da zona colonial que se dedica às plantações de trigo, mandioca e batata. 

O rio Taquari é um dos mais importantes e possui o maior percurso navegável. Nasce no tesouro das Antas com o nome de rio das Antas. Durante as cheias, os navios que navegam em seu curso alcançam as cidades de Encantado e General Osório, e, durante as secas, as cidades de Estrela e Lajeado.

A utilidade desse rio é extraordinária para o Estado. Ao atravessar a região mais fértil e trabalhada, ele auxilia grandemente os produtores de vinho, os criadores de gado e os agricultores em geral.

Abundando nessa região, existem criadores de suínos e várias frigoríficos nas margens do Taquari que contam com um excelente amigo nesse rio.

Para a exploração dos rios acima mencionados, existem várias empresas de navegação em Porto Alegre, com dezenas de navios. Além dessas, existem outras em várias cidades servidas pelos mesmos.

Dentre os inúmeros navios a vapor existentes, pude destacar os seguintes: Taquari, com 52 toneladas; Oswaldo Aranha, com 65; Porto Alegre, com 65; Taquara, com 30; Estrela, com 50; Teutônia, com 26; Lajeado, com 47; Taquari II, com 40; Rio Grande do Sul, com 31; Brasil, com 49; Desterro, com 30; Santarém, com 61; Anita, com 45; Avenida, com 40; Navegantes, com 26; Bela Vista, com 62; Bom Retiro, com 45; Erma, com 45; João Pessoa, com 25; Germânia, com 47; Santa Clara, com 25; São Carlos, com 35.

Além dos vapores acima citados, também existem outros, além de muitas lanchas e rebocadores a vapor, que são empregados em rebocar saveiros e lanchões. Embarcações a vela quase nunca são utilizadas na navegação desses rios.

Em sua grande maioria, os cascos dessas embarcações são de ferro ou aço, sendo alguns movidos com rodas nos lados ou na popa, e outros com hélices.

Terminada essa primeira parte, falarei agora da navegação das lagoas dos Patos e Mirim, e dos rios S. Gonçalo e S. Miguel.

Se é de importância extraordinária para o Estado a navegação dos cinco rios que desaguam no Gualba, que por sua vez lança suas águas na Lagoa dos Patos, na altura do Farol de Itapoan, que poderemos dizer então da navegação através dessa Lagoa?

São três as cidades municipais situadas nas proximidades da Lagoa dos Patos: Porto Alegre, a linda capital gaúcha, Pelotas, chamada a Princesa do Sul; e Rio Grande, que classifico de porta principal do Estado.

Em todas três existem cais com seus armazéns de construção sólida e perfeitamente isolados uns dos outros. Em Rio Grande se veem dois cais denominados respectivamente: Porto Novo e Porto Velho.

No primeiro atracam os navios de grande tonelagem, geralmente de longo curso, principalmente suecos, ingleses e americanos, descarregando e carregando completamente aí, por não se aventurarem a fazer a navegação de lagoa.

Antes da guerra, era também muito intensa a navegação de grandes navios alemães e italianos para esse porto.

No segundo cais, atracam os pequenos “Itas” e os navios de pequeno calado do Loide Brasileiro, além de grande quantidade de navios menores empregados especialmente na navegação da Lagoa dos Patos.

A navegação de navios argentinos, uruguaios e chilenos através da Lagoa é muito frequente e raro se deixa de ver um ou mais navios dessas nacionalidades amigas, nas três cidades referidas.

Além dos cais acima mencionados, nota-se também no Rio Grande um terceiro, que é de uso exclusivo da Cia Swift do Brasil S.A., onde constantemente são vistos enormes paquetes de nacionalidade inglesa ou americana, recebendo milhares de toneladas de carnes e seus derivados.

Sobre os já referidos, tem Rio Grande um pequeno ancoradouro, o Cais do Mercado, onde comumente atracam as pequenas embarcações, como fanchões e iates, que fazem os transportes de mercadorias de localidades próximas, como S. José do Norte, Bujuru, Barra e outras.

Toda a carga transportada pelos grandes navios e desembarcada em Rio Grande é conduzida por diversas vias a várias zonas do Estado.

Por esse motivo classifiquei de Porta de Entrada essa importante cidade.

Uma grande parte da carga destinada a Porto Alegre e Pelotas é transportada por navios de pequeno calado e por saveiros rebocados, através da Lagoa dos Patos.

Entre a volumosa quantidade de navios empregados nesse sentido convém destacar aqui dois de propriedade da empresa Carlos Lubisco S. A. que durante a guerra prestaram valiosos serviços, e continuam prestando: o “Cruzeiro”, de 400 toneladas, e o “Geny Naval”, de 300 toneladas, eram tão certos e pontuais que adquiriram completamente a preferência do público, tanto para carga quanto para passageiros.

Outra parte da mercadoria segue, pela “Viação Férrea Rio Grande do Sul”, para as cidades da zona da fronteira, como Bagé, Santana do Livramento, Uruguaiana, etc.

Uma terceira parte da carga segue para as cidades de Santa Vitória e Jaguarão, através do rio São Gonçalo e da Lagoa Mirim.

E, finalmente, uma quarta parte, ainda com destino a cidades do interior, segue por rodovia até Porto Alegre.

As duas grandes lagoas, dos Patos e Mirim, são ligadas pelo rio São Gonçalo, que também é muito navegado, principalmente por navios de fundos chatos e iates à vela.

À margem direita desse rio fica situada a cidade de Pelotas, uma das mais importantes do Estado e denominada a Princesa do Sul.

A exportação de cebolas e batatas pelo porto dessa cidade é tão grande que dá para abastecer quase todo o Brasil.

Infelizmente, o rio São Gonçalo não possui grande profundidade e a falta de dragagem tem feito com que os navios de quatro mil toneladas não toquem no porto de Pelotas.

Como disse acima, o rio São Gonçalo é muito navegado, principalmente por iates à vela, pois nesta parte do Estado a ventilação é constante, o que não se dá com os cinco primeiros rios por mim citados.

A zona sul do Estado é riquíssima em criação de gado vacum, cavalar e ovino.

A lã exportada pelas cidades de Bagé, Jaguarão, Santa Vitória e Pelotas é completamente absorvida pelos lanifícios do sul do Brasil.

A Lagoa dos Patos desagua no Atlântico, quase em frente à cidade de Rio Grande.

A Lagoa Mirim forma, ao sul, o rio São Miguel, que desagua no Jaguarão, e esse, por sua vez, no Chuí, tão lembrado por todos nós quando nos referimos aos limites de nossa Pátria. 

Pela descrição que acabo de apresentar, é fácil verificar que toda a navegação fluvial e a das lagoas não oferece risco marítimo algum, uma vez que as embarcações não ficam expostas às incertezas do Atlântico. Muito raramente se verifica um temporal na Lagoa dos Patos, e, quando isso sucede, as embarcações de pequeno calado fogem do canal para a parte mais abrigada da Lagoa, evitando assim maiores perigos.

São muito difíceis os sinistros nessa navegação, e, segundo fui informado, somente dois ou três casos de perda total se têm registrado até o momento.

Aqui fica encerrada esta minha despretensiosa crônica sobre a navegação fluvial e das lagoas, e o que ela representa para o Rio Grande do Sul, que tem nisto um excelente auxílio para o desenvolvimento cada vez maior de seu comércio, de suas indústrias e de sua lavoura, tornando-o dia a dia um dos maiores baluartes de nosso querido Brasil.


Nota De Luto

Felisberto Carneiro

Tancredo Ribas Carneiro deixou de existir a 20 de setembro de 1946! Dos que o cercavam, ninguém lhe podia regatear admiração. Sua presença difundia aquela amável sensação dos caracteres nobres. Dai o pesar de que até hoje não nos refizemos – os seus parentes e amigos!

Formado na velha tradição mineira de lealdade e honradez, não desmentiu os princípios que o pai lhe transmitira. Carinhoso e delicado para com a família; íntegro e capaz no trabalho; sincero com os amigos; entusiasmado sempre pelas boas causas, o seu passamento atravessou-nos o espírito de uma consternação mais para sentir e calar, como as dores da amizade sólida, do que para desabafar, como os sentimentos primitivos do instinto!

Nosso saudoso Tancredo era acionista do Banco Lowndes. Gozava de largo prestígio nos círculos financeiros do país, pelos seus incontestáveis predicados de competência e devoção ao trabalho. Apesar de uma existência curta, cumulou-a de méritos, segundo a sentença das Escrituras: “Consummatus in brevi, explevit tempora multa” – “Em meus breves dias realizou obra de anos sem conta”.


Casamentos

No dia 30 de julho, consorciaram-se a Sta. Indayá Rosas com o Sr. Walter Santos.
No dia 6 de agosto, registrou-se o enlace matrimonial do Sr. Israel Mendonça Filho com a Srta. Liubelia Martins Faria.

No mês de setembro, registrou-se os casamentos da Srta. Celeste Figueira com o Sr. Valdir Ferreira Leite, no dia 11, e no dia 18, do Sr. Alcebiades Queiroz Junior com a Srta. Maria Storino.

No dia 12 de outubro, teve lugar o consórcio do Sr. Antonio Rodrigues Costa com a Srta. Dilza Martins Ferreira. 


Nascimento

O lar de nosso amigo José Henrique da Silveira e sua senhora, D. Marina Leão da Silveira, foi enriquecido, no dia 9 de julho, com o nascimento de um menino, que recebeu o nome de José Henrique da Silveira Filho.

Da menina Maria Elizabeth, filha do Comte. L. Clóvis Oliveira e D. Heloísa M. Oliveira, no dia 11 de agosto. 


Novo Aparelho De Calefação

Londres. Uma firma britânica produziu um aparelho portátil que pode aquecer ou refrigerar um aposento, o “aerofier”.

Este aparelho tanto cria como distribui calor. O ar é sugado pelo fundo e passa por um elemento de calefação de dois KW; sai pelo alto e é impelido para baixo e para fora, em todas as direções. Em tempo de calor, o “aerofier” pode ser usado como refrigerador para manter o ar em circulação, deslizado o elemento de calefação. 


Donald de Azambuja Lowndes

Sr. Donald de A. Lowndes

A riqueza de um homem não está nos bens materiais que possui. Estes, contingentes como são, podem desvanecer-se num período de crise ou malbaratar-se com uma administração deficiente. Não é essa a verdadeira riqueza.

A legítima, a melhor riqueza está, não nos próprios haveres materiais, mas sim na capacidade que tem o homem de criá-los, para seu usufruto e dos seus semelhantes; reside no trabalho fecundo e criador; a iniciativa pronta e segura de si, que prevê e se antecipa ao futuro; no espírito de observação, que sabe descobrir uma nova fonte de benefícios onde outros nada enxergam senão rotina e esterilidade; justa ambição de ampliar seus horizontes e de abrir novas sendas para si e para os outros. É essa a verdadeira riqueza, a riqueza interior, que assegura ao homem um lugar proeminente de “leader”, seja qual for o momento ou o local onde se exerça a sua atividade, seja grande ou pequeno o acervo de bens materiais que possua.

Riqueza, em si mesma, não é virtude. A virtude está em saber criá-la.

Não é sob a influência da leitura dos “Varões Ilustres”, de Plutarco, nem dos comentários morais de Pascal, ou do clássico Padre Manuel Bernardes, que traçamos estas linhas. Elas nos saltam da pena, espontâneas como num fenômeno de automatismo mediúnico, quando, diante dos lingüados brancos de papel, concentramos o pensamento na figura dinâmica de Doraldo Lowndes para lhe registrar a passagem do aniversário natalício, ocorrido em 22 de Novembro.

Dizer de Donald Lowndes o que todos que o conhecem bem sabem: sua carreira dinâmica e segura, sua força de iniciativa e organização, sua vasta capacidade como administrador e, sobretudo, esse invulgar poder catalisador que possui de emprestar ao próximo, só com sua presença e sua palavra, uma ação criadora, um dinamismo operante e fecundo em boas obras. Dizer isto e enumerar os cargos que desempenha com dignidade e larga visão seria repisar conceitos há muito passados em julgado.

A grande virtude de Donald Lowndes, que deve com justiça ser assinalada nesta data, é a que nos inspirou as primeiras linhas: sua capacidade em criar riquezas, e riquezas não só materiais, como o patrimônio da Organização Lowndes, do qual é uma das colunas mestras, mas sobretudo o acervo moral do seu nome honrado e esse poder de transmitir aos que o cercam a sua fé e o seu dinamismo, fazendo-lhes ressaltar todas as virtualidades latentes.

É a essa figura de “leader” na mais elevada e cristã acepção, é a esse chefe esclarecido e amigo que prestamos a modesta homenagem da nossa admiração e simpatia ao apresentar-lhe os votos de felicidade por ocasião do seu aniversário.


58 Minutos Para Construir Uma Casa

Londres (B.N.S.) – Construtores de Somerset, no oeste da Inglaterra, levantaram e completaram uma casa pré-fabricada em 58 minutos e meio.

Trata-se de um recorde mundial de velocidade de construção.

Com 18 homens trabalhando, a tarefa foi iniciada às 15h34 e, às 16h32 e meio, a casa estava pronta para ser ocupada. 


Matéria

A Tumba De Ali-Bellús

CONTO DE V. BLASCO IBANEZ
(Tradução de Antonio Gil)

Estendido numa cama de mármore…

Era naquele tempo – disse o escultor Garcia – me dedicava, para conquistar o pão, a restaurar imagens e dourar altares, percorrendo deste modo quase todo o reino de Valência.

Tinha um encargo de importância: restaurar o altar-mor da igreja de Bellús, obra paga com certo legado de uma velha senhora, e para lá fui com mais dois aprendizes, cuja idade não se diferenciava muito da minha.

Vivíamos em casa do cura, uma criatura incapaz de repouso, que mal acabava a missa, ensinava o burro para visitar os companheiros das paróquias vizinhas, ou empunhava a espingarda e, com opa e gorro de seda, saía a despovoar de pássaros a horta. E enquanto ele andava pelo mundo, eu, com os meus dois companheiros, metidos na igreja, sobre os andaimes do altar-mor, complicada fábrica do século XVII, íamos dando brilho aos dourados ou alegrando as gordas bochechas a todo um bando de anjinhos que assomavam entre a folhagem como crianças brincalhonas. 

Pelas manhãs, terminada a missa, ficávamos em absoluta solidão. A igreja era uma antiga mesquita de paredes brancas; sobre os altares laterais, as velhas arcadas estendiam sua graciosa curva. Todo o templo respirava esse ambiente de silêncio e frescor que parece envolver as construções árabes. Pelo pórtico aberto, víamos a praça solitária inundada de sol; ouvíamos os gritos dos que se chamavam ao longe, através dos campos, rasgando a quietude da manhã, e de vez em quando as galinhas entravam irreverentemente no templo, passeando entre os altares com grave balanço até que fugiam assustadas com as nossas cantigas. Devo advertir que, familiarizados com aquele ambiente, estávamos no andaime como numa oficina, e eu oferecia àquele mundo de santos, virgens e anjos imóveis e empoeirados pelos séculos, todas as “romanzas” aprendidas em minhas noites de “torrinhas”, e tão depressa cantava a “Celeste Aida” como repetia os voluptuosos arrulhos de Fausto no jardim.

Por isso via com desagrado, pelas tardes, como algumas mulheres do povoado invadiam a igreja, comadres perguntadoras e sem cerimônias que acompanhavam o trabalho das minhas mãos com atenção incômoda, até ousavam criticar-me se não dava bastante brilho à folhagem de ouro ou punha pouco vermelhão na cara de um anjinho. A mais garbosa e a mais rica, a julgar pela autoridade com que tratava as demais, subia algumas vezes ao andaime, sem dúvida, para fazer-me sentir mais de perto sua rústica majestade. Ali permanecia, não podendo eu mover-me sem nela tropeçar. 

O piso da igreja era de grandes ladrilhos vermelhos, e tinha, no centro, encravada num caixoto de pedra, uma enorme losa com um anel de ferro. Estava eu uma tarde imaginando o que haveria debaixo e, agachado sobre a laje, raspava com o ferro a poeira petrificada das juntas, quando entrou aquela mulheraça, a dona Pasquala, que pareceu impressionada ao me ver em tal ocupação.

Passou toda a tarde perto de mim no andaime, sem fazer caso de suas companheiras, que palravam aos nossos pés, olhando-me fixamente enquanto não se decidia a soltar a pergunta que se agitava em seus lábios. Por fim, soltou-a. Queria saber o que eu fazia sobre a laje, que ninguém da povoação, nem mesmo os mais velhos, tinha jamais visto levantada.

Minhas negativas excitaram ainda mais sua curiosidade e, para me divertir à custa dela, entreguei-me a uma brincadeira, arranjando as coisas de modo que todas as tardes, ao chegar à igreja, me encontrava olhando a laje, remexendo em suas juntas.

Dei fim à restauração, deixamos os andaimes; o altar brilhava como uma brasa de ouro e, quando dei o último olhar, veio a curiosa comadre tentar, mais uma vez, tornar-se participante do “meu segredo”.

– Conte-me, pintor – suplicava – guardarei segredo. 

E o pintor (assim me chamavam), como era enigmático! Um jovem alegre que tinha de partir no mesmo dia, achou muito oportuno aturdir aquela impertinente com uma lenda absurda. Fiz-lhe prometer um sem número de vezes, com toda a solenidade, que não repetiria a ninguém as minhas palavras, e soltei tudo quanto me sugeriu a minha afeição às novelas sensacionais.

Tinha levantado a lage por artes maravilhosas, de que me calava, e visto coisas extraordinárias. Primeiro uma escada funda, muito funda, depois passadiços estreitos, voltas e mais voltas; por fim uma lâmpada que devia estar ardendo há centenas de anos e, estendido numa cama de mármore, um sujeito muito grande, com a barba até à barriga, os olhos fechados, uma espada enorme sobre o peito e na cabeça uma toalha enrolada com uma meia lua.

– Talvez seja um mouro – interrompeu com ar de suficiência. Sim, um mouro… Como era esperto! Estava envolto num manto que brilhava como ouro e a seus pés uma inscrição em letras tão arrevesadas que não as entenderia o próprio cura; mas como eu era pintor, e os pintores sabem tudo, tinha-a decifrado facilmente. E dizia… Dizia… Ah, sim: “Aqui jaz Ali Bellús; sua mulher Sarah e seu filho Macael dedicam-lhe esta derradeira lembrança”. 

Um mês depois, soube em Valência o que ocorreu naquela povoação. Na mesma noite, a “sinhá” Pascuala julgou que era bastante heroísmo manter-se calada por algumas horas e contou tudo ao seu marido, o qual repetiu no dia seguinte na taberna. Estupefação geral. Viver toda vida naquele povoado, entrar todos os domingos na igreja e não saber que debaixo de seus pés estava o homem da barba grande, da toalha na cabeça, o marido de Sarah, pai de Macael, o grande Ali-Bellús, que indubitavelmente teria sido fundador da povoação I… E tudo isso tinha-o visto um forasteiro, sem mais trabalho que chegar ali, e eles não. Oh Deus I

No domingo seguinte, mal o padre deixou o povoado para almoçar com um pároco vizinho, uma grande parte dos habitantes correu à igreja. O marido da sinhá Pascuela viu-se zonzo com o sacristão para arrancar-lhe as chaves e todos, até o alcaide e o secretário, entraram com picaretas, alavancas e cordas. O que suaram I… Em dois séculos, pelo menos, não tinha sido levantada a laje e os homens mais robustos, com os bíceps à mostra e o pescoço inchado pelo esforço, pugnavam inutilmente para removê-la.

Força, força – gritava a Pascuala, capitaneando aquela tropilha de brutos. – Lá embaixo está o mouro

E animados por ela todos redobraram seus esforços até que, depois de uma hora de mugidos, progas e suor a jorros, arrancaram do chão a lage, senão o caixilho de pedra, saltando com ele grande parte dos ladrilhos do pavimento. Parecia que a igreja vinha abaixo. Mas eles lá estavam ligando à destruição. Todos os olhares eram para a lobrega caverna que acabava de abrir-se a seus pés.

Os mais valentes coçavam a cabeça com visível indecisão, porém um mais audaz fez amarrar corda à cintura e deslizou, murmurando um padre-nosso. Não se cansou na viagem. Sua cabeça estava ainda à vista de todos quando os pés tocavam já no fundo.

– O que estás vendo? – perguntavam os de cima com ansiedade.

E ele mexia-se naquela escuridão sem tropeçar com outra coisa senão com montões de palha atirados para ali havia muitos anos, depois de um desesterramento e que, apodrecidos pelas infiltrações, exalavam um fedor insuportável.

– Procura, procura! – gritavam as cabeças formando moldura gesticulante em torno da lobrega abertura. Mas o explorador só encontrava contusões, pois ao avançar, sua cabeça chocava-se contra as paredes. Desceram outros rapazes, acusando de medroso o primeiro, mas por fim tiveram de convencer-se de que aquele poço não tinha saída alguma.

Retiraram-se agastados entre a zombaria dos garotos, ofendidos por terem sido deixados fora da igreja, e a gritaria das mulheres que aproveitavam a ocasião para vingar-se da orgulhosa Pascuala. 

– Como está Ali-Bellús? – perguntavam. – E seu filho Macael?

Para cúmulo de suas desditas, o padre, ao ver desmantelado o piso da igreja e inteirar-se do que ocorreu, ficou furioso; quis excomungar o povo por sacrilégio, fechar o templo, e somente se acalmou quando os aterrados descobridores de Ali-Bellús prometeram construir à sua custa um pavimento melhor.

– E o senhor nunca mais voltou lá? – perguntaram ao escultor alguns dos seus ouvintes.

– Nessa não caio eu. Mais de uma vez encontrei em Valência alguns dos logrados; mas fraqueza humana ao falar comigo riam-se do caso, acharam-no engraçado e afirmavam que eram dos que, pressentindo o logro, ficaram à porta da igreja. Sempre terminavam a conversa convidando-me a ir lá passar um dia divertido; coisa de ir só comer uma “paella”

(1)… Que vão para o diabo! Conheço a minha gente. Convidam-me com um sorriso angélico nas instintivamente piscam o olho esquerdo como se já estivessem pondo a espingarda à cara.

(1) Acepipe regional valenciano. 


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Os Leques e a História

MARIO PACHECO

Um leque! Para muitos, apenas um instrumento de abanar, precursor mudo do ventilador, invento primitivo, usado pelas damas contra as rudezas de uma noite ou um dia acalorado.

Quanto se poderia entretanto falar de um leque! Um livro, talvez, poderia ser escrito, em cujas páginas fosse narrada a sua vida, a sua história.

De fato, o leque encerra, na aparente fragilidade da sua armação, uma colorida influência na vida social dos homens, repercutindo às vezes na própria história da civilização humana, onde foi sentido a ação das suas varetas.

Não precisamos também lembrar o tempo em que o leque servia, com linguagem própria, ao entendimento entre namorados.

Bem diferentes eram aqueles dias quando de longe uma dama enviava mensagens secretas através dos sinais feitos com o leque, cujo código chegou até nossos dias.

Dispomos de sua repercussão na História. E é verdade. A guerra entre a França e a Argélia foi iniciada devido a um incidente em que o Bei de Argel desferiu um golpe com seu leque no rosto de M. Deval, representante francês naquele país.

Em virtude desse incidente com a rainha da Suécia, foi criada naquele país a Ordem do Leque, tendo como divisa a frase que a rainha usou na ocasião:

“A união é o meu valor, a desunião me perde.”

E não se pode dizer que o leque seja uma obra recente da Civilização. Sua história remonta a 3.000 anos antes de Cristo.

Acredita-se que sua invenção tenha sido obra do engenhoso espírito da vetusta China, onde, antes de nós, a pólvora já era conhecida. 

No país de origem, o leque servia para assinalar a dignidade dos reis e potentados, afastando o povo dos soberanos quando estes saíam dos palácios.

Da China passou para o Japão, e deste para outros países.

O seu uso foi conhecido pelo Egito dos faraós, pelos assírios e pelos etruscos.

Na Grécia dos sábios e filósofos, o esposo recém-casado abanava a esposa, e a atenção era retribuída com o perdão da esposa às faltas cometidas.

Entre os Incas e Astecas, os leques eram utilizados para ofertas divinas.

Nem sempre os leques tiveram o formato que hoje conhecemos. Foram introduzidos na Europa no século XVI pelos portugueses, cujos navegantes os descobriram quando cruzavam com suas naus as rotas da China.

Não são poucos os exemplares célebres, guardados como relíquias históricas nas coleções dos museus.

O leque da rainha Luisa de Lorena, mulher de Henrique III, era incrustado de pérolas e custou 60.000 francos.

Na coleção do Museu Imperial de Petrópolis, há exemplares de leques focalizando períodos da nossa história, tais como os comemorativos da maioridade de Pedro II, da aclamação de D. João VI, em 1818, da chegada ao Brasil deste monarca, núpcias de D. Pedro com D. Amélia e de Pedro II com D. Tereza Cristina. 

Na França, também, várias bodas reais foram perpetuadas em leques onde se acham representados os retratos de Luiz XVI e Necker. A ascensão dos Balões Montgolfier se acha incluída nesses registros.

Vê-se claramente que os leques tiveram sua linguagem histórica.

E quanto aos entendimentos trocados “discretamente” entre damas e cavalheiros, podemos exemplificar algumas de suas frases mudas. Assim, passar o índex pelas varetas significava: “teremos que falar”; tocar os cabelos com o leque: “não me esqueças”; entrar na sala fechando o leque: “não sairei hoje”. E uma infinidade de combinações foram empregadas nos salões da sociedade.


É Bom Lembrar

O art. 250 do Código diz: “Causar incêndio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem; Pena: reclusão, de 3 a 6 anos e multa de Cr$ 2.000,00 a Cr$ 10.000,00.” 


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Armazéns Gerais Em Condomínio

Fachada dos armazéns gerais, incorporados por Lowndes & Sons, Ltda., na rua Cidade de Lima Cais do Porto Rio de Janeiro

Mais uma importante iniciativa de Lowndes & Sons Ltda. temos a registrar e para a qual chamamos a atenção de nossos leitores. A firma em questão está levando em conta a falta de armazéns no perímetro urbano e a escassez de terrenos para tais construções, lança no mercado de imóveis uma interessante modalidade: Armazéns em Condomínio.

Os armazéns gerais em apreço, de que estampamos aqui a maquete do primeiro a ser construído, são constituídos de cinco grandes armazéns de quatro pavimentos. Cada pavimento é um armazém dotado de todos os requisitos necessários à carga e descarga de mercadorias, possuindo, para isso, uma instalação de “monorails”, que atende o serviço ao longo dos mesmos.

Ao todo são 20 armazéns, que podem fazer os seus serviços simultaneamente; são servidos por elevadores e escadas, possuindo instalações sanitárias, portas de ferro e pantográficas e tudo o mais necessário à sua finalidade.

Fachada dos armazéns (fundos) vendo-se o desvio da férrea que os serve


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Noticiário Lowndes Informa

Viagem do Sr. Donald Lowndes e Exma. senhora aos Estados Unidos e Canadá Durante três meses estiveram ausentes desta capital o casal Donald Lowndes, em viagem de negócios e recreio a esses países. Foi numa chuvosa manhã de agosto que os ilustres itinerantes deixaram o nosso Rio. O quadrimotor DC-4, que os transportaria, iniciou, cerca das oito horas e quarenta e cinco minutos, a sua corrida na pista da Base Aérea do Galeão, e, com pouco mais de vinte e quatro horas de magnífico voo pelos céus das Américas, aterrissou no aeroporto em Nova York. Dessa cidade, o nosso diretor seguiu para Montreal. Após uma permanência de uns dez dias, partiu com destino a Quebec, Ottawa, Toronto, no Canadá.

De lá, regressando aos EUA, esteve em Buffalo, Chicago, São Francisco, Los Angeles, Cincinnati e Washington. Passou mais uma vez por Nova York, de volta ao Brasil. Donald Lowndes, duplamente oficial de marinha e homem de negócios, pôde, durante sua estadia nos países supracitados, observá-los sob dois prismas distintos: admirar o traçado das suas cidades, as belezas de seus acidentes geográficos, o patrimônio artístico dos filhos daquelas regiões nórdicas, e verificar, “in loco”, o que de útil podem eles proporcionar a nós, brasileiros, no concernente ao intercâmbio comercial com a nossa Pátria. O que foi esta viagem, o próprio Sr. Donald nos promete contar através das colunas deste Noticiário.

***

Um aspecto da partida do Sr. Donald Lowndes para os Estados Unidos, vendo-se este à direita no 1º plano. Vê-se também os Srs. Vivian Lowndes, John H. Lowndes e Luis Clovis de Oliveira

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Durante o mês de Julho último, esteve em visita à República Argentina o Sr. John Lowndes. Contou-nos John Lowndes que Buenos Aires o encantou; que a região dos lagos andinos lhe deixou recordações imorredouras; e que inegavelmente, o país amigo está fadado a um grande futuro. Concluindo o seu rápido relato, disse o Sr. John Lowndes, Vice-Presidente da Comércio e Indústria Induco S.A.: “Entabolei alguns negócios no Prata. E meu dever salientar que não tenho palavras para traduzir as gentilezas que fui alvo da parte dos amigos que já fiz”.

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Em 17 de Outubro, iniciou as suas atividades a “Cruzeiro do Sul Capitalização S.A.”, que se acha vinculada à Organização Lowndes e cujos escritórios se acham instalados na Av. Erasmo Braga, 38, 4º andar Edifício Monte Castelo, sendo sua Diretoria assim constituída:

O Sr. Donald entre pessoas da família e amigos no aeroporto momentos antes da partida

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Presidente Vivian Lowndes; Vice-Presidente Donald de Azambuja Lowndes; Superintendente Nestor Ribas Carneiro; Gerente Roberto Ignacio Vayssiére; Conselho Fiscal Dr. João de Alcântara, Dr. Angelo Mário Cerne, Dr. Armando Aguinaga, Dr. Victor de Campos Cortes, Francisco Saturnino Rodrigues de Brito Filho e Maricilio Mourão Guimarães; Conselho Consultivo: Dr. Augusto Marques Valente, Benjamin Ferreira Guimarães Filho; Luiz Carlos de Araújo Pereira, Eduardo Vasconcelos Pederneiras e Roberto Cardoso.

Em comemoração ao 10º aniversário de Lowndes & Sons, Ltda., que transcorreu no dia 1º de Setembro último, realizou-se no dia 2 do referido mês um almoço, no Restaurante Alba Mar, no qual tomaram parte os Srs. Vivian Lowndes, Dr. Mário Cerne, Walter Niemeyer, Carlos Augusto Soares Niemeyer, Leocádio Vieira Netto, Roberto Vayssière, Alvaro Washington de Sousa, Jorge Santos Lima, Carlos B. Rabelo, John H. Lowndes, Nestor Ribas Caneiro, Alvaro Communale, James Bailey, Orlando Graça, Valentim De Virgilii, Rufino Fructuoso Gomes, Luís Clóvis de Oliveira e Eduardo Alexander.

Usaram da palavra os Srs. Carlos Rabelo e Mário Cerne, que puseram em evidência os nomes de Vivian e Donald Lowndes, os arquitetos e realizadores de Lowndes & Sons, Ltda.

Eis o discurso pronunciado pelo Sr. Carlos B. Rabelo:

“Mais uma vez estamos reunidos, como sempre o fazemos, nos dias faustosos em que comemoramos as grandes datas da Organização Lowndes.

Hoje, porém, devemos destacar especialmente esta festa. É que comemoramos o décimo aniversário da fundação de Lowndes & Sons Ltda. Essa firma que sucedeu à individual de nosso diretor-presidente, Sr. Vivian Lowndes, foi a concretização de um sonho desse batalhador ímpar, que viu coroados de êxito, em plena fecunda atividade, todos os esforços despendidos para dotar a nossa Pátria de uma organização financeira digna de seu grande nome.

Quando Donald Lowndes regressou da Inglaterra, onde esteve por algum tempo aprimorando os seus conhecimentos, compreendeu desde logo a necessidade de ampliar o âmbito comercial da firma de seu genitor, Sr. Vivian Lowndes, afim de conseguir horizontes bem maiores no futuro.

Controlador perfeito de ideias e de homens, viu o Sr. Vivian que a pujança e o entusiasmo de um Donald Lowndes bem poderiam vencer, e prontamente aquiesceu ao sonho feliz de seu filho.

Plantada a grande semente, que foi Lowndes & Sons Ltda., não tardaram a surgir os seus rebentos. Inicialmente, a Administração de Bens; logo após, o controle da Cia. Sagres; algum tempo depois, a fundação do Banco Lowndes S. A.; em seguida, a incorporação da Cia. Cruzeiro do Sul. E o cérebro dinâmico de Donald Lowndes não dormiu sobre os louros já conquistados. Novos e grandiosos empreendimentos vieram surgindo: Cia. Geral de Administração e Incorporações S. A.; a Comércio e Indústria Induco S. A.; a Cia. de Seguros Imperial; a Cruzeiro do Sul Capitalização S. A. Todas estão aí, para provar o dinamismo desse grande Diretor.

Hoje que comemoramos a primeira década de Lowndes & Sons Ltda., não vemos entre nós a figura impressionante de Donald Lowndes. Encontra-se presentemente na América do Norte, a serviço da Organização Lowndes.

Não fora a certeza que temos de que essa viagem só poderá trazer grandes vantagens para a nossa Organização, lamentaríamos não poder dizer pessoalmente a esse diretor a admiração e simpatia que todos temos pela sua figura dinâmica e feliz.

Com o decorrer do tempo, vários outros obreiros, como Nestor Carneiro, Santos Lima, John Lowndes, Roberto Vayssière, Walter Niemeyer e tantos outros, juntaram-se a esses dois arquitetos, Srs. Vivian e Donald, para o alevantamento do suntuoso edifício que é hoje a Organização Lowndes. Olvidar o nome desses obreiros seria imperdoável injustiça. Entretanto, senhores obreiros, (peço a todos que me perdoem) é necessário no dia de hoje destacar a figura dos arquitetos.

Ao Sr. Vivian Lowndes, iniciador supremo da grande obra como apenas representante das Cias. London & Lancashire e London Assurance no Brasil, apresentamos as nossas sinceras felicitações.

Ao Sr. Donald Lowndes, neste momento tão longe de nós, os nossos cumprimentos calorosos pelo seu dinamismo sem par.

Ao terminar aqui esta minha despretensiosa saudação à firma Lowndes & Sons Ltda, resta-me apenas pedir ao Altíssimo que a continue a proteger e elevar cada vez mais, para a grandeza do nosso querido Brasil.”


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Condomínios Sob a Administração De Lowndes & Sons Ltda.

Relação dos últimos edifícios em condomínio, que passaram a ser administrados pela Lowndes & Sons, Ltda. 

Grupo colhido após o almoço de confraternização, por motivo da passagem do 10 aniversário de Lowndes & Sons, Ltda.

“EDIFÍCIO CALÓGERAS”

Rua de Santa Luzia n. 685 – 685-A – Esquina da Av. Calogeras.

CO-PROPRIETÁRIOS: – Gerda Laura Von Dubnitz -o/c de George Reizbs, Hilmar Bernhard Wernes, Cia. Construtora Pederneiras S. A., Cia. Central de Administração e Participações, Dr. Raul Gomas de Matos, Dr. Braz Olivier de Camargo, Cia. Construtora Pederneiras S. A., Dr. Armando Rodrigues Teixeiro, Dr. Joaquim Vidal Leite Ribeiro, Dr. Francisco de Paula Rodrigues Alves da Costa Carvalho, Dr. João Pedro Gouvea Vieiro, Empresa Brasileira de Engenharia Ltda., Dr. Vasco Bebiano, Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), Confederação Nacional de Indústrias, Cia. Auxiliar de Viação e Obras, Dr. João Marques dos Reis, Leão, Ribeiro & Cia. Ltda. “SOMAT” Sociedade de Comércio e Industrial Materiais Ltda. 

“EDIFÍCIO YACUMAN”

Avenida Atlântica, 78

CO-PROPRIETÁRIOS: Dr. Benedito de Barros, E. R. G. Engenharia e Representações Ltda., Dr. Aldair Crisiuma de Oliveira Figueiredo, Mme. Soriano de Souza, Aldo Serve Júnior, Dr. Paulo Frederico de Albuquerque, José Maria Pereira da Silva, Euclides Nascimento Rocha, Dr. Moacyr Teixeira da Silva, Mme. Maria Helena Vennunci, Dr. João Danilo Ramos, Cap. de Corveta Osmar de Azevedo Rodrigues, Alvaro de Almeida, Dr. Benedito de Barros, Prof. Mauricio de Medeiros, Dr. Silvio Levy Carneiro, Mme. Barros Barreto, Procurador F. R. de Aquino & Cia. Ltda., Dr. Moacyr Teixeira da Silva, Dr. Sebastião de Almeida Pocinho. Avenida Atlântica, 78

“EDIFÍCIO MAUÁ”

Rua Miguel Lemos, 44

CO-PROPRIETÁRIOS: Isac Israel, Leon Sulan, Zumalá Bonoso, Newton Carvalho de Souza, Fernando Leite, Escola Remington, Meton Melo, Otávio Ipanema Moreira, Maria de Lourdes Magalhães Castro, Joaquim Markan Ferreira Gomes, Dr. Carlos Danton Santayana de Lima, Dr. José de Paula Chaves, Prudência Capitalização, Ito Dolabela, Antônio Fragelli, D. Dolores Santayana de Lima, Dr. José Ribeiro Portugal, Alcides Brown, Alberto Gohen. 

“EDIFÍCIO MUCURI”

Praça Almirante Jaceguai, 61, Bairro de Fátima

CO-PROPRIETÁRIOS: Maj. Waldemar Mellen, General Djalma Polli Coelho, D. Maria José Ramos de Araujo, Tre. Luciano Barreto Lima, José Gonçalves Pinheiro, Afonso Frederico Wergert, Cícero Pereira de Lemos, Átila de Carvalho, The. Nazareno Fortes de Brito, D. Luzia Cavalcanti Aragão, Joaquim Macedo Fernandes, Manoel Martins Neves, Quinto Chicochia, Dr. Mário de Castro, D. Cecília Staffa, Dr. Isaías da Silva Fernandes, Manoel Martins Neves, Professor Antão Scores, Dr. Alcebiades Souza Lopes, Frank Germini, Joaquim Moisés Pinheiro, José Gomes, Manoel Cabral Guedes, José Sffredo, Cel. Álvaro de Carvalho, Dr. Teótimo Silva, Dr. Mário dos Santos Pereira, Orlando Arnaud Filho, Tte. José Pereira Lúcio, D. Matilde Staffa. 

“EDIFÍCIO OCAPORÔ

Rua Idas da Rocha

CO-PROPRIETÁRIOS: Israel Ichock Saubel, João Vasconcelos Martins, Procurador Humberto Ribas, Avilmar de Carvalho, Helena Gramer, Amelia Augusta Paranhes Ferreira Fraga Rocha, Gaston Alexis Maigné, Procurador Dr. Francisco Charnaux, Autur Edler, Anto- nio Musiello, Dr. Edgar Ferreira de Carvalho Soutello, Giselda Samuel de Moura Ferreira, Dr. Nelson de Souza Carneiro, Dr. Frutuoso de Aragão Bulcão, Ge- roldo Gomes de Lemes, Mariana Lilly Rosembaum, Major Mauricio Eugênio de Gusmão Pereira Lesso, Augusto Martins Gonçalves, Helio Artur e Mario Du- que Estrada, Dr. Geraldo Sampaio, João Carlos Gui- marões do Vale, Wilhemina Breedveld Ferreira, José de Souza Reis.

“EDIFÍCIO VISCONDE DO URUGUAI”

Rua das Laranjeiras, 320

CO-PROPRIETÁRIOS: – Dr. Luiz Paulino Soares de Souza, Dr. João Ildefonso da Silva, Maria Ruth, Leonor Marques de Azevedo e outros, José Braz Pereira Gomes, Francisco Xavier de Araujo Filho, Dr. Luiz Loureiro de Carvalho, Marcolino Ribeiro de Carvalho, Dalila Nogueira Chana, Dr. Alberto de Andrade Queiroz, Francisco Augusto de La Roque, Simão Roffée Procurador: Alberto José Levy, Nelson Verlasco, Ten.-Cel. João Mendes da Silva, Dr. José Fernando de Carvalho Seabra, Luciano Ferrez, Cristovão Guimarães, Alvaro Vaz Olivier. 

“EDIFÍCIO PREVINAL”

Rua Domingos Ferreira

CO-PROPRIETÁRIOS: Henrique da Rocha Sarai, Washington de Magalhães, Major Antonio Souza Jr., Adolpho Polisuc, Rolando Domingos Fracalanza, Alfredo Mario Mader Gonçalves, Benzion Fang, La. meira Bithencourt, Albino Luiz da Silva, Antônio de Paula Fonseca Soares, Dr. Paulo Siqueira Alvim, Cliótenes da Silva Duarte, João de Paula Fonseca Soares, Abran Belindy, Estanislau Celestino de Castro, Samuel Linetzky, Ita Bramstem, Jaime Berger, Ana Conti V. Segneri, Severino Otaviano da Silva Ramos, Maj. Darci Leal Meneses, Américo de Couto, Dr. José Mesquita, Wanda Muller dos Reis Lira, Vera Pacha. chewsky, Paulo Andrade, José Parente Sobrinho, Augusto Celestino de Castro, Comendador Bertoldo Hauer, Samuel Linetzky, Major Jaime Araujo dos Santos, Ciro Damasceno Vilela, Luiz Bitencourt, João Renato Rocco, Antônio Florêncio Jr., Mariza Salomão, Eucário Pinto Malheiros, Cap. Saturnino Sátiro de Aguiar, Alberto Saraiva, Elza de Freitas Rohr, Ermina de Souza Freitas, Dr. Mario Lins, Pedro Américo Correia.

“EDIFÍCIO ITANHASSU”

Praça Aguiar de Cerdá – Bairro da Fátima

CO-PROPRIETÁRIOS: Mário Moreira, Pedro Villas Boas Catalão, Giacomo Siciliano, Manoel Gomes, Mário Groba (Procurador), Antônio Leite, Cremilda Tavares de Avellar Barbosa, João Batista Teixeira, Cap. Álvaro Luiz da Cunha Barbosa, Sebastião Pacheco, Cremilda Tavares de Avellar Barbosa, Jerônimo Rodrigues da Silva, Joaquim Monteiro da Silva, Galdino Gonçalves Valante, Aristóteles Silva, Artur Cardoso de Melo, José Pinto de Oliveira, Thereza de Jesus Sousa, Capitolina da Purificação Coguita, Geraldino Polastri, Carlos Darbelly Brandão, Francisco de Carvalho, Virgílio Predilicno de Andrade, Dr. Luiz Ferreira Gomes, Artur Arthurile Lowndes, Dr. Henrique Batista Pereira, Dr. Luiz Monteiro Salgado Lima, Cremilda Tavares de Avelllar Barbosa, Ambrósio Moisés Ezagui, Manoel Jacintho Ferreira, Moacyr Gabalda de Azevedo.

A Redação deste Noticiário congratula-se com os Srs. Co-proprietários dos edifícios acima, por terem tão acertadamente escolhido “Lowndes & Sons, Ltda”, para administradores de seus respectivos imóveis.


Matéria

Curiosidades De Ontem e De Hoje

20 MILHÕES DE GATOS

Segundo estatísticas americanas recentes, existem nos Estados Unidos a bonita cifra de 20.000.000 de gatos. Cerca de 40% desses bichanos vivem instalados com famílias, mais cômodos e confortavelmente, em casas e apartamentos, e 50% em fazendas, armazéns, fábricas, restaurantes, prisões, etc., onde desempenham principalmente o papel de elemento repressor contra ratos. Os 10% restantes são naturalmente gatos vagabundos que não encontram quem os queira, ou boêmios amantes da liberdade. 

LÚCIDA PREVISÃO

Souza Viterbo, escritor português do século passado, escrevendo a respeito da imprensa, no “Jornal da Manhã” do Porto, em 16 de julho de 1889, teve as seguintes palavras, que são uma lúcida previsão do que temos hoje:

“A civilização abre todos os dias uma nova caixa de surpresas, e o jornalismo há de ser dos primeiros a meter a mão nessa caixa de Pandora. Que transformações se realizarão não podemos desde já determinar, mas Edison com seus inventos prepara-nos maravilhas. Em vez do jornal lido, teremos o jornal falado; o que quer que seja da estátua de Memnon vibrando harmoniosamente aos primeiros alvores da madrugada. Edison vencerá Gutenberg: o telefone suplantará o prelo, e em vez de tipógrafos ou empresários jornalísticos terá que arranjar uma companhia de excelentes recitadores para que o jornal transmita com todo o colorido, com todo o vigor ou suavidade o artigo que saiu imaginoso da pena do estilista”.

Houve apenas um engano: é que em vez de Edison, foi Marconi que resolveu o problema. 

LUTO BRANCO

Nem sempre no hemisfério Ocidente a cor do luto foi o preto, como já o fora entre os romanos. Na Idade Média as pessoas enlutadas vestiam-se de branco, que era o símbolo da pureza. Do século XIV em diante é que o preto voltou a preponderar até transformar-se no hábito convencional seguido por todos nos tempos modernos. 

VELHO SESTRO

O hábito de adulterar os gêneros e “encurtar” os pesos e medidas é velhíssimo. Há uma lei portuguesa dos primeiros anos do século XVI cominando penas aos padeiros que preferiam vender o pão fiado, para assim cobrar muito mais do que os preços estipulados: “Lei sobre o pão que se vende fiado”. Da França medieval, no sermão de um pregador que chegou até nós, pode ler-se o seguinte: “Os estalajadeiros e negociantes de vinho misturam-no com água… O mesmo fazem as mulheres com o leite… O linho, que se vende a peso, é deixado durante a noite ao relento para ficar mais pesado… Os negociantes de panos têm uma medida para comprar e outra para vender”.

Na Inglaterra havia também, por esse tempo, pesadas penas contra os padeiros que fraudavam o peso, o que deu azo à frase “duzia de padeiro”, ainda hoje usada nesse país. 

ALERGIA – DOENÇA DE CAVALOS?

O primeiro caso conhecido de alergia em cavalos foi verificado recentemente nos Estados Unidos pelos Drs. Lester Reddin e Donald W. Stever. O animal vinha sofrendo há três anos de uma irritação na pele, que nenhum tratamento conseguia curar, até que uma análise cuidadosa provou ser alergia, provocada por substâncias usadas para conservar o couro dos arreios.

Com este inesperado caso, lá se vai a reputação dessa doença da moda e que, parece, só atacava os grã-finos. Alergia doença cavalar?… Livra! 


Matéria

Piadas Do Z. K.

OH SE ACREDITA!

– Não mamãe, não me posso casar com esse homem… É um ateu… Imagina, que nem acredita que haja céu!

–  Casa-te com êle, minha filha, diz a sogra em perspectiva; casa-te e entre nós duas, ele acabará por acreditar pelo menos que há inferno.


NA HORA DE ALUGAR O QUARTO

O estudante – Não lhe parece que a janela deste quarto é muito pequena?… Em caso de emergência..

A dona da casa –  Não há nenhum caso de emergência, moço. O aluguel é pago adiantado.


HUMORISMO GRAMATICAL

No dia seguinte a uma exaustiva aula de gramática, em que o professor Seabra verberou longo tempo o mau sestro que tem muita gente em principiar uma ora- ção por uma variação pronominal: “Lhe falei”: “se queixou”; “o chamei”, etc. um aluno entra na sala e saúda o dito professor:

– Bom dia, professor. Abra-se.

– Professor Abra-se? retruca o gramático, meio zangado. – Que brincadeira essa?

Ao que o aluno prontamente responde. –  Ué!… pois o senhor não disse ontem que não se começa uma oração com uma variação pronominal?


GOLPE E CONTRAGOLPE

A esposa – Querido, me deixa dar-te um beijo…

O marido (abotoando o paletó) – De quanto?


COISAS DA HIERARQUIA PRUSSIANA

O jovem tenente quando entrou para aquele regimento usava monóculo. O capitão, vendo isso, teve que usar óculos e o major, para não ficar atrás, passou a usar binóculo. Consequência: o coronel comandante teve que mandar vir um telescópio…


SACRIFÍCIO MAIOR

Filosofam sobre a vida marido e muIher:

– Pois é… Casar é assumir compromissos, sacrificar a liberdade, diz ele suspirando.

– Ora, grandes sacrifícios! diz a cara metade. E eu, que mal saio à rua e tenho de fazer todos os dias a comida… 

– É verdade, querida… e eu de a comer!


VÍCIO INVETERADO

– Tenha clemência, senhor juiz. Estou arrependido. Garanto-lhe que nunca mais jogarei… Essa foi a última vez.

– Pois está bem. Vou dar-lhe só três meses. Espero que não caia noutra.

– Três meses!… É muito senhor juiz. Façamos então uma coisa. Eu tenho aqui os dados. Vamos jogar… Ou seis meses ou nada.


CONHECE ESTA?

A diferença entre magnésia e amnésia é que o indivíduo que está com amnésia não sabe para onde vai.


HUMORISMO AMERICANO

Um bêbado estava no seu bar favorito quando entra um cavalo no estabelecimento e, em inglês bem claro e compreensível, pede dois Martinis com duas azeitonas cada um… Depois que o “barman” prepara os coquetéis e coloca as duas azeitonas em cada cálice, o cavalo toma-os rapidamente, um atrás do outro, paga-os e diz: “Boa tarde, cavalheiros”, e vai-se embora.

Nessa altura diz o bêbedo, assombrado, para o “barman”:

– Escute… Você não acha isso fora do comum?

– Não, respondeu aquele. Ponho frequentemente duas azeitonas no Martini.


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A “cruzeiro Do Sul” Paga Um Seguro De Acidente Pessoal De Cr$ 50.000,00

O cheque com que foi pago o seguro

Vítima de lamentável acidente na via pública veio a falecer na Assistência, horas depois, o Sr. Laurentino Vieira Braga. O fato verificou-se em Fortaleza, Ceará, onde o Sr. Braga se tinha estabelecido há pouco tempo. Ao saltar de um bonde viu-se ele atropelado por um caminhão, do que lhe resultou uma fratura de crânio fatal.

O Sr. Laurentino Vieira Braga era casado e tinha cinco filhos menores, entretanto, homem previdente e cônscio de suas responsabilidades de chefe de família, fizera um seguro contra acidentes pessoais, de que, por sua morte, se beneficiam os herdeiros, que assim se veem melhor amparados.

O seguro do Sr. Vieira Braga, no valor de Cr$ 50.000,00, fora feito na Companhia de Seguros Cruzeiro do Sul, representada naquela praça pela conhecida e conceituada firma Irmãos Gentil Ltda.

Sabedora do sinistro, apressou-se a Cruzeiro do Sul, como é de sua praxe, preenchidas que foram as necessárias formalidades legais, a efetuar o pagamento do referido seguro à viúva da vítima, D. Ester Ferreira Braga, naquela mesma cidade, o que fez em cheque sobre o Banco Frota Gentil S. A., o qual reproduzimos no cliché que ilustra esta página. 

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