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Mensagem Aos Funcionários da Organização Lowndes
Prezado Amigo,
Seu denodado esforço, sua destacada colaboração, foram inegavelmente poderosos elementos na construção dos magníficos algarismos que acabamos de alcançar.
Aliás, seria justo esperar que o prezado amigo, como destacado elemento que é da Organização Lowndes, fosse contagiado pelo entusiasmo com que a Cruzeiro do Sul Capitalização foi lançada. No entanto, sua esplêndida colaboração, que se expressou em um belo volume de negócios conseguidos, confirmou, apesar de nossas expectativas, a importância da comunhão de interesses no progresso das Empresas Lowndes e explica a razão de suas sucessivas vitórias.
Se a dedicação de nossos colaboradores profissionais não fosse suficiente para fortalecer nosso objetivo, se a confiança na altamente demonstrada capacidade de nossos dirigentes não fosse o bastante para encher nossa fé absoluta nos destinos da CRUZSULCAP, a demonstração de solidariedade que nos é oferecida por tão brilhantes colegas seria suficiente para encararmos o futuro desta Empresa com as mais risíveis expectativas.
É, portanto, com grande alegria que aqui consignamos os resultados alcançados em poucos dias de trabalho, que se traduzem em VINTE E OITO MILHÕES DE CRUZEIROS, contando-se em tão magníficos algarismos boa parcela das operações realizadas por seu intermédio.
São, portanto, sinceros os nossos agradecimentos por seu expressivo trabalho na construção de tão elevadas cifras e, também, maior agora, nossa coragem para enfrentar quaisquer empecilhos que se interponham ao nosso trajeto, já que sentimos ao nosso lado tão destacados elementos e tão valiosos amigos.
Rio de Janeiro, 4 de Novembro de 1946.
O Chesil Bank: a cidade e baía de Portland
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As Pedreiras de Portland, Origem do Cimento do Mesmo Nome
Por W. H. Owens
Copyright do B. N. S. (Especial para Noticiário Lowndes)
Na costa sul da Inglaterra há uma península coberta de rochas, de onde se extraem as melhores pedras de construção do mundo. Com esse material chamado pedra Portland foram construídos quase todos os edifícios públicos e monumentos erigidos em Londres nos últimos trezentos anos.
Na reconstrução de Londres e de outras cidades inglesas que sofreram destruições durante a guerra, está sendo empregada intensamente a pedra Portland. A contextura, excepcionalmente fina, e a resistência dessa pedra tornam-na própria para monumentos comemorativos e lápides de cemitérios de guerra britânicos e aliados.
A ilha de Portland, que, na realidade, está unida à terra firme por uma língua de terra, apresenta aspecto de uma fortaleza, com seus alcantis de 150 metros de altura e menos de seis quilômetros de extensão.
Nem as Intempéries Nem Os Anos a Alteram
Foi em Portland que se extraiu, no século XVII, e sob a direção pessoal de Sir Christopher Wren, toda a pedra que entrou na construção da Catedral de São Paulo, em Londres. E foi uma escolha acertada, pois, ao passo que os outros edifícios de Londres vão se deteriorando com o tempo, a Catedral resiste a todas as intempéries e seu belo colorido melhora com o transcurso do tempo.
Essa pedra de construção é feita de fósseis de organismos marinhos que, segundo os geólogos, viveram há milhões de anos e formaram uma massa no fundo do mar durante um período intenso. Depois, em certa época remota, as forças vulcânicas levantaram essa massa acima da superfície do mar. Apresenta-se a mesma em camadas regulares à flor da superfície em alguns pontos, enquanto que, em outros, jaz sob uma camada de material pétreo que chega a ter 15 metros de profundidade.
Imediatamente abaixo dessa camada pétreo superficial, encontra-se um estrato de rocha semelhante à chamada “roach”. Essa rocha não tem a uniformidade e macia contextura da verdadeira Portland, que jaz mais abaixo, e é empregada na construção de portos, muros de cais, molhes e cimento, de onde se originou o chamado “cimento Portland”.
A verdadeira pedra de construção é mais branca e, para sua extração, não se emprega nunca a dinamite, mas o desprendimento físico de blocos das pedreiras, alguns dos quais pesando até doze toneladas. Facilitam o trabalho as fissuras naturais que aparecem a intervalo regulares em toda sua extensão.
Depois de extraída, a cobertura “roach” aparecem as junturas verticais que atravessam a rocha e determinam o tamanho dos blocos. Cada bloco de pedra é desprendido mediante a introdução de cunhas de ferro em buracos feitos por perfuratrizes.
Uma das pedreiras de Portland, Dorset
As Grandes Oficinas de Alvenaria
Antes de sair de Portland por estrada de ferro, ou por mar, grande parte da pedra é desbastada e aplainada nas grandes oficinas de alvenaria, tão interessantes para o visitante quanto as próprias pedreiras. Cortam-se os blocos de pedra nas dimensões requeridas por meio de serras, dando-lhes forma com serras circulares de diamante, trabalhos executados com grande exatidão de acordo com os planos do arquiteto. As pedras que devem ajustar-se a detalhes especiais ou apresentar desenhos ornamentais são terminadas à mão.
Todos os pedreiros e trabalhadores das oficinas de alvenarias de Portland são operários altamente especializados. Não somente dedicam-se ao ofício desde pequeno como também herdaram-no de seus pais e avós. Pode-se dizer que, nos últimos duzentos ou trezentos anos, todos os habitantes varões da península dedicaram-se à indústria da pedra, que lhes tem trazido um grande e ininterrupto período de prosperidade, desde que, pela primeira vez, foi apreciado o valor da pedra de Portland, graças à obra imortal de Sir Christopher Wren, o arquiteto das mais soberbas igrejas de Londres.
O farol e o ‘Rochedo do Púlpito” em Portland
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O Que Vai Pelo Mundo
Estufa Para Cozinhar
Recentemente foi exposta em Londres uma pequena estufa elétrica que, à primeira vista, parece igual a qualquer outra; levantando-se a metade superior, converte-se numa prancha de 30 cm de diâmetro, onde podem ficar duas caçarolas. É muito útil para pessoas que vivem sozinhas, para quartos de doentes e outros usos.
Torradeira Relógio
Uma firma britânica, noticia o B. N. S., está produzindo uma torradeira que pode tostar o pão em quatro pontos diferentes, com a simples instalação de um “dial”.
O “dial”, de cromo, não afeta o elemento de calor. Opera por meio de relógio e, passado o intervalo de tempo escolhido, solta-se uma manivela que remove da chapa de calor o alimento a torrar.
O Assento Perfeito
Uma firma britânica produziu um novo tipo de assento que pode ser ocupado durante horas sem causar o mais leve incômodo.
O princípio básico do mesmo é um “pivot” sob a parte dianteira, juntamente com a construção científica de toda a forma.
Os construtores deste novo assento partiram da premissa de que somente estando o corpo abandonado pode permanecer durante muito tempo, numa mesma posição, sem experimentar dores, cãibras, etc. Isto os levou à conclusão de que o peso, no corpo abandonado, está distribuído equitativamente, de maneira que cada parte do organismo suporta somente o seu próprio peso.
Este assento já está tendo grande aplicação nos veículos para viagens longas, por trem, de ônibus, de automóvel, de avião.
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Porque Subscrevem D. S. Títulos Da Cruzeiro do Sul Capitalização?
Como Responderam a um Ligeiro Inquérito Vários Subscritores da Novel e Vitoriosa Companhia
“Conheço bem a Organização Lowndes e, em particular, vários de seus dirigentes. Tenho a convicção de que o título da Cruzeiro do Sul Capitalização é um bom título, porque tem de ser da qualidade dos homens que o lançaram ao público.
Snr. C. F. S. – Copacabana
Eis a razão pela qual sou portador de meia dúzia deles.”
“A maneira como me foi apresentada a sua Sociedade foi o que me agradou. Simpatizei com o seu Agente, e por isso, aceitei fazer negócio.”
Snr L. L. V. – Tijuca
“Por que fiz negócio? Muito simples. Devo dizer que sou estudioso e que entendo um pouco desse negócio de capitalização. Fui contador de uma empresa dessa categoria. Bons valores de resgate, sete combinações em cada sorteio de ditos lucros, um sorteio de duas letras, três participações de lucros em um total de 60% e ainda a transformação em títulos definitivamente pagos em caso de não poder continuar, constituem vantagens que não deixei de apreciar a seu justo valor. Eis porque subscrevi títulos de sua sociedade. E eu estou satisfeito.”
Snr. V. N. T. São Cristovão
“Seu título é muito bonito. Subscrevi vários… e, pela cor: um verde de 50.000, dois cor de vinho e cinco laranja; ao todo 150.000 cruzeiros de valor nominal. Gostei muito também do sorteio progressivo que pode alcançar o dobro do valor do título; isso achei muitíssimo interessante porque já fui sorteado duas vezes em outras companhias, porém sem ser beneficiado dessa vantagem. Espero ser sorteado com estes títulos.”
Snr. J. B. Urca
“Assinei títulos por solidariedade a uma empresa que me inspira confiança pela sua filiação ao grupo Lowndes, com o qual mantenho transações há vários anos e ao meu inteiro contento.”
Snr. J. J. A. M. – Leblon
“O padrão moral dos componentes do operoso e poderoso grupo Lowndes é o melhor argumento, direi mesmo o único argumento que me fez decidir a subscrição de títulos da Cruzeiro do Sul Capitalização.”
Snr. O. G. S. – Tijuca
“Sou um pequeno subscritor; tenho somente dois títulos de 10.000. A cláusula que me interessou particularmente foi a possibilidade de conversão em título saldado em caso de eu não poder prosseguir no pagamento de minhas mensalidades.”
Snr. A J. C. Meier
“Fizemos uma operação de caráter especial para atender a uma necessidade de nossa firma de se cobrir de responsabilidade patronal, pela qual o empregado tem direito a um mês de vencimentos por cada ano de permanência na firma. A proposta que nos foi apresentada nos convenceu imediatamente da conveniência da operação.”
Snr. C. T. & Cia. – Centro
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A Inauguração Da Agência Cruzeiro Do Sul Capitalização S. A. de S. Paulo
Esta cerimônia ocorreu na filial do Banco Lowndes S. A., na Capital Bandeirante, a 17 de Outubro de 1946.
Estiveram presentes ao ato pessoas de destaque nos meios do comércio, indústria, lavoura e do ramo bancário, que lhe emprestaram brilho e cunho de alta distinção. Usou da palavra o Sr. Osvaldo Quartim Barbosa, que assim se expressou:
“Minhas senhoras e meus senhores, sejam as minhas primeiras palavras de respeitosa saudação ao representante de Sua Eminência Reverendíssima D. Carlos Carmelo de Vasconcelos Mota, que se dignou dar a esta solenidade o prestígio de sua bênção.
Na verdade, a Cruzeiro do Sul Capitalização sente-se jubilosa com o fato de aqui se fazer representar o eminente Antístite, notável por suas excepcionais virtudes de coração e inteligência. E essa nossa alegria ainda mais se acentua pela honrosa presença de Sua Excelência o Senhor Vigário Geral, Monsenhor José Maria Monteiro.
No momento agitado em que vivemos, nesta hora de sofrimento mundial quando o mundo é um só grito de ansiedade, os homens só encontram esperanças nas promessas de Deus. Voltam-se para o Alto nossas súplicas, e a presença do Criador, antes frequentemente esquecida, é invocada agora a cada momento em todos os instantes de nossas atribulações.
A bênção desta casa traduz os nossos anseios de nos colocarmos sob a sua sagrada proteção, afim de que, sob a divina guarida, possamos cumprir a obra que nos impusemos, dentro de um espírito de profunda solidariedade humana, um dos mais belos princípios da verdade cristã.
Assim, a Sua Eminência o Senhor Cardeal e a Vossa Excelência Reverendíssima, piedosos representantes de Cristo Nosso Senhor e pregadores eloquentes da sua Fé, as nossas primeiras palavras de saudação.”
Dirigimo-nos a seguir, em nome de todos os funcionários aqui reunidos, ao ilustre Sr. Vivian Lowndes, o eminente financista que com tanto brilho vem orientando o desenvolvimento desta organização, levando-a à privilegiada situação em que se encontra no conceito econômico nacional.
Voltam-se as nossas vistas também, e as nossas saudações, ao Sr. Donald Lowndes, da mesma estirpe de banqueiros que conserva, na sua vida profissional, aquele padrão de honradez, que é a grande força moral de seu nome, uma bandeira de confiança nos mercados financeiros.
Aqui estão reunidos os funcionários desta casa, os mais graduados, disciplinados colaboradores da obra aqui semeada, e que desejam quando prestarem aos seus chefes esta homenagem sincera, no emocionante desta hora religiosa, afirmar o seu propósito de dedicada amizade e confiante deliberação de bem servir, certos todos de que assim poderão corresponder à confiança de que são depositários.
Quero agradecer ainda a presença dos ilustres representantes das altas autoridades, dos dignos representantes do comércio, indústria, lavoura e alto mundo bancário, que nos honram neste momento com a sua amável presença.
Ergo a minha taça pela felicidade de cada um dos presentes, com os votos mais cordiais pela crescente prosperidade de todos.
Como Falou o Sr. Humberto Ribas
“Senhoras e Senhores, reza um antigo brocardo que a felicidade humana repousa em três princípios: plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro.
Há, inegavelmente, nas sombras das árvores amigas o descanso espiritual que invoca e abençoa a mão que atirou a semente ao húmus abençoado da terra. Existe na música dos sorrisos de nossos filhos como que um hino glorificando os percalços de nossa existência e despertando em nosso ser a audácia que move os nossos passos e a fé que acende o nosso coração. Como também passeia nas páginas dos livros as concepções do realismo cru dos embates sentimentais e o almejado sonho dos poetas.
Mas, senhores, para que a felicidade se complete, embora ausente da brilhante afirmativa do grande pensador, pode-se acrescentar um princípio dos mais necessários nos empreendimentos modernos, que é um ideal diante do terra-a-terra das atividades humanas; um elo de ouro puro, ligando a ambição dos homens ao sentimento; o ímã de aproximação da lealdade e da franqueza, mescladas com os interesses comerciais.
Esse princípio, senhores, é o de fazer amigos. E tem sido nele exatamente que a atuação do “Grupo Lowndes”, que cultiva os mais brilhantes ideais de impulsos e progresso no ambiente comercial de nosso País, tem calcado todas, imprimindo-lhes o valor dos que trabalham com o sentimento e o carinho, que fazem nascer nos homens o amor à sua profissão, a alegria de distribuir as suas conquistas e o orgulho de serem úteis à coletividade.
A magnífica reunião que ora se realiza, em que, numa refulgente síntese, se concentram os mais destacados valores da terra Bandeirante, é uma exuberante prova da minha afirmativa, já que nela se realiza o lançamento de uma nova empresa que podemos prever desde já será uma das mais poderosas comprovações do rápido florescimento do princípio omitido naquele brocardo.
Foi por sentir e contar com a sólida cooperação de seus amigos de São Paulo, unida à capacidade e visão comercial desses homens tantas vezes vitoriosos, que a “Organização Lowndes”, uma vez iniciadas as suas atividades na Capital da República, onde se encontra sua Sede Social, mal esboçados ainda seus primeiros programas, apressou-se em olhar para este grande Estado, onde tudo prediz e afirma, se projetará seu maior desenvolvimento.
Da minha parte, como homem de produção, posso afirmar, baseando-me aliás na minha atuação direta e em meticulosa observação, que é este grandioso território nacional o maior celeiro de homens que amam o trabalho fecundo e a mais exuberante seara em que florescem majestosamente todas as iniciativas honestas.
E amigo que já era dos dirigentes desta Casa, embora sem o conhecimento pessoal que aproxima os homens, mas tão somente por acompanhar, como brasileiro, as vitórias de todos os seus empreendimentos; amigo também do Estado de São Paulo, cujo valor e progresso sempre constituiu para mim o mais alto orgulho e ofuscante deslumbramento, desde que aprendi a ler o seu nome nos mapas geográficos, nunca me senti tão encorajado e convicto para a longa jornada que me espera antes de atingir o sabor das vitórias, que me serão, em breve tempo, oferecidas pela sábia orientação de nossa Diretoria e pelo valor inconteste do Povo Bandeirante.
E, aproximando-me espiritualmente de todos os presentes e aquecido pela certeza de um triunfo, que eu não alcançaria sem os fatores mencionados em minhas últimas palavras, é que eu, responsável pelos algarismos de produção, afirmo e juro que o nome LOWNDES mais uma vez se glorificará comercialmente, pois que vive comigo, luz no meu pensamento, canta no meu peito a imperiosa obrigação de pugnar pelo desenvolvimento, pela magnífica expressão, pela excepcional personalidade, pela esplêndida vitória da CRUZEIRO DO SUL CAPITALIZAÇÃO.”
O Discurso Do Sr. Leone Rodrigues De Lima
“Exmas. Senhoras, Exmo. Sr. Representante do Clero de São Paulo, Srs. Representantes das Autoridades estaduais, Srs. Convidados:
Pouco me resta dizer em face das brilhantes alocuções de meus antecessores. Todavia, a solenidade do momento não permitiria escusar-me de proferir algumas palavras em torno da obra que pretendemos executar.
Ergue-se mais um baluarte do castelo forte, que se chama Organização Lowndes. As ameias e caminhos de ronda deste baluarte serão guarnecidos de guerreiros que não empunharão chuços, alabardas, escudos e montantes, mas as armas honestas e benéficas da capitalização. Não estarão revestidos de couraça, elmos e saios de aço, mas de inteligência, entusiasmo e vontade indômita de trabalho sadio.
No alto desse torreão hasteamos a flâmula da Cruzeiro do Sul Capitalização, símbolo que foi dos navegadores que, na heroica era seiscentista, guiados por essa constelação, sulcaram os mares do sul, em busca de novos continentes e grandes aventuras. Assim, o Cruzeiro indicará o roteiro certo desta nau da grande armada Lowndes, cujos almirantes e capitães, velhos lobos dos mares dos negócios, saberão conduzi-la com a maestria, segurança e eficiência que já têm demonstrado no manejo incessante das lides de comércio. Nossos homens não irão, quais marujos experimentados, galgar enxárcias, alar adriças ou manobrar cabrestantes e rodas do leme. Não terão necessidade de aproximar mechas nos ouvidos das colubrinas, bombardas e bocas de fogo, antes a iminência de uma abordagem de corsários. Havemos, entretanto, de enfrentar as vagas tempestuosas e ventos contrários, como havemos de navegar com as monções de feição que levam a bom porto, aqueles que não temem os perigos e lutas próprias comuns das profissões que abraçam.
O povo de São Paulo sempre acolheu com simpatia as boas iniciativas que visam a prosperidade do seu Estado. Aqui tem ele acolhido seres de toda a procedência e organizações as mais várias, e todos têm tido seu justo quinhão nas mesas e benefícios, corolário de um trabalho honesto e fecundo.
Eis porque esperamos desse mesmo povo de empreendimento, que outra coisa não visa senão bativo e pertinaz, a mesma acolhida ao nosso São Paulo, tão admirável no seu espírito, como ainda mais divulgar o sentido da poupança, através de seus planos, única base sólida de uma economia nacional.
Seja portanto São Paulo, terra generosa e fértil, um dos primeiros campos de ação da Cruzeiro do Sul Capitalização, de onde partiremos para percorrer, com o mesmo objetivo da economia pública, todos os quadrantes do vasto território nacional, no santo intento de levar todos os lares, desde o mais humilde ao mais opulento, a todas as organizações e empresas do país, os benefícios que a capitalização, indiscutivelmente, tem proporcionado àqueles que se têm valido de seus planos.
Ergo, por conseguinte, um brinde em homenagem a São Paulo, aos Diretores da Cruzeiro do Sul Capitalização, aqui representados nas pessoas dos Srs. Vivian e Donald Lowndes, e ao sucesso deste novo empreendimento.”
A Praça Paris e a Glória vistas de noite
Como Se Expressou o Sr. Donald Lowndes
“Reverendíssimo Monsenhor José Maria Monteiro, Vigário Geral da Arquidiocese de São Paulo. Minhas Senhoras e meus Senhores…
Há pouco mais de um mês iniciou a Cruzeiro do Sul Capitalização suas operações no Rio de Janeiro, e já hoje tem a oportunidade de lançar as bases de sua organização para o Estado de São Paulo, com escritório nesta Capital.
Era inevitável que isso acontecesse, pois São Paulo, pelo seu grau de desenvolvimento econômico e comercial, constituindo o maior centro industrial de nosso país, ofereceria, indubitavelmente, um campo propício a uma organização moldada em bases sãs e conservadoras, além de progressistas.
Mais que nunca precisamos incentivar o espírito de previdência de nosso povo, para que seu trabalho produtivo possa amanhã apoiá-lo num descanso merecido e quiçá confortável. A Capitalização, já fortemente alicerçada pelo funcionamento das Sociedades existentes, pela rígida legislação de nosso Governo, com regulamentações inteligentes, constitui, sem dúvida, uma previdência das mais sólidas e frutíferas.
Com adventos de novas sociedades, novos planos são lançados, baseados na experiência dos planos originais, e, como resultado, a previdência se difunde e os títulos de Capitalização encontram todos os dias novos aderentes, aumentando sempre de maneira contínua, sensível.
Como já tive ocasião de externar, fui até poucos anos bastante cético quanto ao negócio de Capitalização, por pensar erroneamente que se baseava mais em um negócio em que a sorte era um fator importante e a previdência tinha um sentido restrito e secundário. Faço justiça em afirmar que para este meu modo de pensar não contribuíram, em absoluto, as Sociedades de Capitalização que operavam então em nosso país, pois as mesmas primam sempre em afastar da mente dos portadores de seus títulos a ideia ou concepção da sorte como elemento primordial.
Sem qualquer dúvida, a Capitalização apresenta as características de uma boa previdência, na qual podem tomar parte todos os elementos constitutivos de nosso povo, desde o mais modesto operário até o mais abastado comerciante ou industrial, uma vez que, por uma mensalidade mínima de vinte cruzeiros, todas as Sociedades, inclusive a nossa, oferecem planos altamente compensadores nos quais as quantias entregues são capitalizadas a juros bastante satisfatórios, como se tratasse de um depósito bancário em contas correntes populares, obtendo-se vantagens de sorteios mensais, perfeitamente previstos dentro do cálculo atuarial, permitindo ainda facilidades de depósitos antecipados e participação de sessenta por cento dos lucros da Sociedade, em três períodos: décimo, décimo quinto e vigésimo ano.
Esta participação nos lucros dos portadores de títulos de Capitalização representa por si só um esplêndido incentivo à aquisição de títulos, proporcionando franco desenvolvimento das Sociedades de Capitalização, que, em consequência, se vão desenvolvendo e melhorando cada vez mais os seus dividendos.
Regressando há dias de uma extensa viagem aos Estados Unidos da América do Norte e ao Canadá, pude observar a maneira magnífica de trabalhar destes povos e a nítida compreensão que têm de previdência, assegurando-se por todos os meios, com contribuições máximas compatíveis com a remuneração do seu trabalho, para que possam estar bem protegidos, quer para uma emergência, ou para quando, finda a sua vida de trabalho produtivo, possam descansar ou divertir-se, usufruindo uma vida melhor, sem outras preocupações econômicas quanto à subsistência. O grande desenvolvimento que se observa em suas Sociedades de Previdência impressiona e traduz o constante espírito de precaver-se das alternativas do futuro, verificando-se também que os respectivos Governos não assumem encargos especiais, educando o povo para a previdência particular.
Se ao observador ocasional isso impressiona fortemente, não vejo porque nós, brasileiros e estrangeiros que conosco labutam e trabalham para tornar nosso Brasil mais grandioso economicamente, mais forte e viril, não sigamos este magnífico exemplo, principalmente neste momento em que tudo nos mostra que devemos economizar mais, com mais eficiência, para produzir mais e melhor, pois somente assim poderemos afastar a inflação que, se permitida, nos trará danos e um malefício muito maior que as consequências de uma guerra.
Em São Paulo, terra que honra o nosso Brasil, contamos com elementos valiosos para darmos à Cruzeiro do Sul Capitalização o apoio que certamente ela terá para os seus planos de previdência e a sua organização técnica, aparelhando-a de funcionários competentes, que não permitirão que se decepcionem o grande número de clientes que há muitos anos trabalham e confiam nas Companhias da “Organização Lowndes”, e esta é a razão pela qual prevejo e auguro à novel Cruzeiro do Sul Capitalização um grande sucesso em São Paulo, com a assistência de seu esforçado Gerente Geral, Dr. Osvaldo Quartim Barbosa, de tradicional família paulista, e do Sr. Leonel Rodrigues de Lima, Inspetor Geral de produção, destacado elemento em que repousam nossas melhores esperanças.
Finalmente, peço ao Sr. Presidente, que aqui se acha no momento, Sr. Vivian Lowndes, permitir-me declarar oficialmente inauguradas em São Paulo as atividades da Cruzeiro do Sul Capitalização, o que faço com muito júbilo. Agradecendo também a todos os que emprestaram o realce do seu comparecimento a esta solenidade, posso dar-lhes muito sinceramente o nosso MUITO OBRIGADO.”
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A Vida Começa, Ou Termina, Aos 40?
Por A. Gil
“Somos uma história. E a riqueza dessa história exprime a de nossa vida interior em vez dos anos que vivemos.”
ALEXIS CARREL
Malgrado a repercussão que teve há anos o livro de Walter B. Pitkin, “A vida começa aos 40”, nem todos os industriais e comerciantes estão de acordo em admitir empregados dessa idade. De tal atitude resultou um problema social que, em alguns países, assumiu, antes da guerra, importância transcendente.
Com efeito, se todos os empregadores assim pensarem e se negarem, por consequência, a admitir pessoal que já atingiu essa idade, o que irão fazer os desempregados de 40 anos e mais!
É velho o homem de 40 anos? Evidentemente não, salvo os casos de envelhecimento precoce originado por doenças, desgostos ou vida desregrada.
Muito ao contrário, assim como Balzac apontou os 30 anos como a idade ideal na mulher, poderíamos dizer que é aos 40 que o homem atinge o clímax, pois é nessa altura da vida que a experiência do espírito amadurecido se junta à perícia de uma longa prática no trabalho, operando através de um corpo ainda pleno de forças e uma vontade lúcida e firme. Acrescente-se a isso que nessa idade a maioria dos homens já tem família constituída e o futuro dos filhos a zelar é um incentivo a mais para os impelir a esforçar-se e a produzir.
Mas, se não é velho o homem de 40 anos, é nessa altura, em média, que termina a sua curva ascendente, muito em particular quanto à capacidade física. E aí é que surge a dolorosa interrogação: por quantos anos ficará ele ainda nessa altura, antes de iniciar a fatal descida? Quantos anos de atividade plena e amplamente produtora terá ele, antes de atingir a idade da aposentadoria? Chegará a essa idade ainda na posse de todos os seus recursos criadores, de todas as suas forças da inteligência e do espírito, vale dizer: o mesmo trabalhador eficiente dos 40 anos? Se assim é, não há dúvida, foi uma boa aquisição para a empresa que o aceitou. Mas, se, ao contrário, muito antes da idade da aposentadoria entrou em declínio e perdeu grande parte da sua capacidade de trabalho, então passou a ser um peso morto. E é para não correr tal risco que muitos empregadores evitam, ou negam-se terminantemente, a aceitar homens de 40 anos.
Na opinião de tais empregadores, a vida NÃO começa aos 40…
Idade Real e Idade Cronológica
Ora, vai nisto um erro fundamental. Habituamo-nos desde priscas eras, a contar o tempo da nossa vida, como tudo o mais, em termos do calendário solar: em dias, meses, anos. A admissão em cursos oficiais, a época do serviço militar, a maioridade legal, a aposentadoria, enfim, tudo é marcado em anos, como se todos os indivíduos fossem iguais e quando chegados a uma certa idade apresentassem, todos eles, a mesma capacidade vital e produtiva ou a mesma necessidade de repouso.
Entretanto, a simples observação empírica mostra-nos que, na realidade, as coisas não se passam assim. O fato está, aliás, confirmado, há muito, pela ciência. Alexis Carrel, o famoso fisiologista francês, na sua obra, que tanta popularidade alcançou, “O homem, esse desconhecido”, escrevia em 1935:
“Até ao presente é a idade cronológica que determina a classificação das crianças, dos adultos e dos velhos. Põem-se na mesma classe crianças da mesma idade. O momento da aposentadoria é também fixado pela idade do trabalhador. Sabemos, entretanto, que a idade real de um indivíduo não corresponde exatamente à sua idade cronológica”.
Para Carrel, há um tempo interior, que é diferente do que medimos pelo calendário. Não está ele na dependência do decorrer dos anos, mas sim do conjunto de fenómenos fisiológicos e psicológicos que se processam dentro de nós, com ritmos diferentes em cada indivíduo.
Diz o mestre francês recém-falecido:
“O tempo interior não pode ser convenientemente avaliado em unidades de tempo solar. Expressamo-lo em dias e em anos porque essas unidades são cômodas e aplicáveis à mensuração de todos os acontecimentos terrestres. Mas tal método não nos dá nenhuma indicação sobre o ritmo dos processos interiores, que são o tempo intrínseco de cada um de nós. É evidente que a idade cronológica não corresponde à verdadeira idade”.
E mais adiante:
“Nossa ascensão, ou nosso declínio, dependem de fatores físicos, químicos e fisiológicos, e de vírus e de bactérias, da influência psicológica do meio social, enfim, da nossa vontade. Somos construídos, ao mesmo tempo, pelo nosso meio e por nós mesmos”.
Posta assim a questão, que é como a encara hoje a ciência, vê-se que envelhecer não é uma simples contagem de anos, mas sim uma consequência orgânica. Um homem pode ser jovem aos 60 anos, enquanto outro pode ser velho aos 30. O critério cronológico não é, pois, padrão verdadeiro e justo para decretar se um indivíduo é elegível ou não ao limite da sua idade produtiva.
Os professores americanos I. Fisher e H. Emerson, no livro “Como devemos viver”, referem-se ao magno problema da seguinte maneira:
“É uma verdade, sem dúvida, que certas pessoas são mais resistentes que outras. Se tivéssemos um barômetro adequado para medir, diariamente, o estado de nossa vitalidade, poderíamos registrar o efeito de qualquer ato anti higiênico. Mas não é praticável essa medição precisa da saúde, e, por essa causa, poucas pessoas avaliam as enormes dificuldades existentes entre os indivíduos, e as variações que, em ocasiões diversas, se verificam na mesma pessoa”.
Um Novo Sistema de Classificação
Ter-se-ia achado, agora, esse barômetro? Segundo o Sr. John J. O’Neill na “Science Digest”, de novembro de 1946, uma autoridade americana em gerontologia (ciência do envelhecimento), o Dr. Harry Benjamin, está recomendando um “novo sistema de classificar os indivíduos, baseado na totalidade das suas condições físicas, em vez da idade em anos”. O articulista não entra em detalhes, de modo que não se pode saber qual o critério de avaliação e quais os fatores físicos ou outros que o Dr. H. Benjamin leva em conta.
O problema é de inegável importância, principalmente nos Estados Unidos onde, como o próprio Dr. Benjamin salienta que o número de homens de idade avançada aumentou em relação aos moços, em face do aumento crescente da média de duração da vida nos últimos 100 anos. Diante de tal situação, torna-se necessário um critério de avaliação da capacidade individual mais condizente com a realidade dos fatos.
Seja qual for o sistema usado pelo Dr. Harry Benjamin, se der certo, será bem-vindo pois servirá, não só para evitar injustiças, como para melhor aproveitar a capacidade produtiva e criadora dos indivíduos de idade madura, que doutra forma podem se transformar num peso morto para a coletividade.
Costuma-se dizer, entre nós, que o indivíduo tem a idade que aparenta. Nisso não vai nenhuma lisonja. A ciência confirma-o. Portanto, não conte mais a sua idade em anos.
Uma curiosa Ilusão de ótica que é ao mesmo tempo um símbolo trágico da vida. Veja de longe também
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Conselhos Úteis Aos Moradores de Apartamentos
1) Não esquecer jamais que mora num edifício em que não é o único morador, logo, precisa respeitar os interesses e sossego dos seus vizinhos, para que os seus sejam respeitados.
2) Não julgar que o seu físico é de Adonis ou que suas formas são de Vênus de Milo, e que tem o direito de ocupar o elevador social em trajes de banho, prejudicando a limpeza do mesmo e causando o risco de um curto-circuito.
3) Não utilizar as áreas comuns, pois as mesmas não se destinam ao uso exclusivo de seus filhinhos. Evite, pois, que eles perturbem todo o serviço do edifício jogando bola, patinando e fazendo travessuras no “hall” social e nos corredores.
4) Não permitir que a sua empregada use e abuse do direito de cantarolar e que mantenha conversas com suas amiguinhas dos outros apartamentos, transformando o seu confortável imóvel em verdadeira “babel” e dando a impressão de “casa de cômodos”.
5) Não atirar pelas janelas pontas de cigarros, palitos de fósforos, etc., pois a área do apartamento térreo não é “Depósito de lixo”.
6) Não bater o tapete nas janelas, use aspiradores, pois seu vizinho de baixo fica impossibilitado de ocupar a sua varanda nessas ocasiões e, além disso, ele detesta as consequências oriundas de tal prática.
7) Não esquecer que o seu cãozinho é lindo, mas não tem direito ao uso do elevador social; o seu latido incomoda os demais ocupantes e que por estes motivos o Regulamento Interno não permite animais domésticos nos apartamentos.
8) Ter presente que o gás é rateado “per capita” e, portanto, é necessário evitar desperdício, pois terceiros irão pagar o que não gastaram.
O Pão de Açucar visto do Leme
MATÉRIA
A Origem Do Selo Postal
Na Inglaterra, em Maio de 1840, adotava-se o selo adesivo postal, criado e idealizado por Sir Rowland Hill.
Em 29 de Novembro de 1842, o Imperador do Brasil opunha a sua assinatura no Decreto 255, criando no país o mesmo sistema, sendo o Brasil o segundo país do mundo a adotar o selo postal adesivo. Há, entretanto, disputa para o segundo lugar entre o Brasil e a Suíça.
As polêmicas dos filatelistas se processam com resultados favoráveis ao Brasil.
Os primeiros selos postais brasileiros são denominados “olho de boi” e já se vão tornando disputados entre os colecionadores.
Inicialmente, o serviço do correio era privilégio de potentados, aos quais era concedido o direito de explorar os serviços postais em determinadas zonas ou distritos, cobrando taxas por esses serviços.
Por exemplo, em Minas uma carta era postada para o Rio de Janeiro. Pagava-se um porte para o distrito mineiro, outro para o distrito paulista e finalmente outro para o Rio de Janeiro. Ficava a cargo dos detentores desses privilégios o percurso de cada zona até a entrega da carta ao destinatário.
Sabe-se que a primeira comunicação postal entre São Paulo e Rio data de Agosto de 1773.
Em Março de 1829, o Governo unificou as linhas postais, criando o Regulamento da Administração Geral dos Correios. Parte dessa época a administração oficial governamental dos serviços, embora ainda fossem consentidos estabelecimentos de linhas postais em algumas vilas, a cargo, porém, das Câmaras Municipais.
Voltemos, todavia, à Inglaterra, para conhecermos o incidente que deu origem à criação do selo postal, por Sir Rowland Hill.
A princípio era o porte pago pelo destinatário. Certa vez, Sir Rowland, assistiu a uma camponesa receber uma carta e, depois de tê-la em suas mãos, devolvê-la ao Correio, alegando não ter com que pagar o porte.
Sir Rowland Hill, penalizado por não poder permitir que a camponesa soubesse o conteúdo da mensagem, propôs pagar o porte por ela, mas sua gentileza foi recusada.
Ao indagar o motivo da recusa, a camponesa confessou que a carta era do noivo e que ambos tinham combinado pequenos sinais, como um código, que o noivo fazia na parte externa da carta. Dessa forma, poderiam se comunicar sem precisar pagar o porte.
Sir Rowland calculou então os prejuízos que os correios teriam se tal esperteza se generalizasse. Resultando de suas cogitações, surgiu a ideia de criar o selo adesivo, adquirido pelo remetente. E assim, em 1839, na Inglaterra, foi criado o selo, sendo adotado em 1840 e, logo em seguida, também instituído no Brasil pela visão clarividente e progressista de nosso Imperador D. Pedro II.
O olho de boi
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A Desilusão Do Barrocas
Conto de Antônio Gil
A desilusão que o Barrocas sofreu quando já dobrara o cabo dos 40 anos foi o golpe mais terrível que o destino, com a mão impiedosa, desferiu jamais em sua vida pacata, metódica, paciente e de poucas ambições como era a sua.
Rafael Anacleto Barrocas era o que comumente se chama “um bom sujeito”. Como não fazia sombra a ninguém, não tinha inimigos; porque não era ambicioso, não sentia inveja nem tinha ódio; como era pouco imaginativo, não passava pelos tormentos do desejo, nem tinha conflitos de consciência. Naquela boa alma apenas um pequenino sentimento mau se albergava: não podia perdoar ao padrinho aquele nome tão achacado de Anacleto, logo depois do sonoro C poético Rafael, e que ele escondia com encabulada pudicícia, assinando-se Rafael A. Barrocas.
Já não bastava o Barrocas, dizia ele nos seus poucos momentos de azedume, ainda me achataram com o Anacleto…
Colegial, estudante e mais tarde funcionário público, a vida de Rafael A. Barrocas, respeitemos-lhe o pudor patronímico, foi um deslizar manso e incolor, por uma estrada chã, vulgar, sem pedregulhos a aferir-lhe os pés, mas em compensação através de uma paisagem banal, sem brilhos, monótona a trechos e medíocre sempre.
Barrocas era um tímido e não levava a chama da ambição a arder dentro de si. Daí a sua figura apagada. Do contrário, teria deixado nome, pois inteligência não lhe faltava.
Despido de preconceitos e, como todo tímido, acanhado ante as mulheres e os poderosos, temeroso do casamento, Barrocas pouco namorou, na idade em que o namoro é o esporte predileto; poucas e banais foram as suas aventuras amorosas, e com o matrimônio nada quis.
Entretanto o plácido Barrocas acalentava um sonho de amor, simples e pacato como a sua vida, pautada dentro do Estatuto e da Ordem, sem sobressaltos e sem arrebatamentos.
Apegado à casa, sem vícios, com seu cargo com aposentadoria vitalícia de 1.0 escriturário garantida, aspirava Barrocas, depois que Deus lhe levou a mãe, com quem sempre viveu, encontrar uma criatura modesta, de gênio calmo e bons sentimentos, que com ele fosse conviver, partilhar-lhe os afetos e os vencimentos.
Não queria mulher muito nova. Preferia uma viúva ou uma criatura que já tivesse sofrido desilusões e tivesse experimentado da vida seus reveses maus. Assim, dizia Barrocas aos íntimos, ela saberá dar valor à vida sossegada e ao modesto conforto que lhe poderei assegurar.
Nada de festanças, de luxos, de passeatas, de exibições, explicava. Quero uma companheira para meu lar, e não uma mulher para uso externo.
Pretendo continuar minha vida sossegada, sem preocupações, sem filhos e sem parentes a amargar-me os ócios…
E, como este era o seu tema predileto, a preocupação constante em que andava mergulhado depois dos 36 anos, Barrocas discorria largamente, chegava a entusiasmar-se, expondo a sua tese da “mulher sem ilusões, da mulher sem ambições e que já passou pelo crivo do sofrimento”.
A mulher que não teve uma desilusão forte, que não cometeu um erro, é quase certo que isso lhe aconteça. O pecado tem filtros mágicos que fazem cair fatalmente a quem nunca o provou. O adultério tem atrativos satânicos para quem nunca o experimentou. Para os que já beberam, no entanto, nessa taça ilusória, há uma sensaboria… Além disso, toda criatura inexperiente corre atrás de duas quimeras: o amor supremo e o tipo ideal – bobagens, como vocês sabem, pois não há nem homem nem mulher ideais e muito menos o amor supremo, único, absoluto, como querem as datilógrafas românticas e as normalistas sentimentais, que deliram ante um retrato do Tyrone ou do Clark Gable.
Ora, prosseguia Barrocas levado pela sua ideia, o indivíduo que se casa com mulher nova, cheia destas ilusões, está fadado com certeza a ser vítima de, pelo menos, duas coisas: ou traído cordialmente, ou ter a casa num inferno com a incompatibilidade de gênios, quando a esposa descobre que não casou com o “homem ideal”.
– Ai tem, pois, porque prefiro uma criatura de espírito amadurecido pela experiência, uma criatura sem ilusões. É um amor burguês, mas não dá dor de cabeça.
A grande ilusão do Barrocas!
—
Barrocas um dia apareceu radiante. Havia finalmente desencantado a mulher sonhada. Tinha 30 anos, dizia ele gravemente, era viúva, sem filhos, tinha sofrido, era elegante, simpática, boa dona de casa, modesta, econômica, amiga do lar – e nem falava em casamento!
Vê lá se não te enganas, arriscou um dos amigos. Uma preciosidade assim!
Qual o quê… Há mais ainda… Não tem parentes aqui no Rio e possui alguns bens em Minas… Apenas discordamos num ponto. Mas isso não é nada… Em breve a convencerei…
Quer arranjar um emprego público, ser independente, para não ficar pesada a ninguém. Mas isso, vocês compreendem, não é preciso; o que é ganho dá para os dois, e não quero mulher para a rua…
Compreendemos perfeitamente e desejamos ao amigo Barrocas um “ménage” feliz.
—
Passaram-se tempos e o plácido Barrocas, nosso velho companheiro nas “batidas”, naquele café onde nos reuníamos para o “bate-papo”, não havia senão parcas e discordes notícias. Fora transferido de repartição. Juntara-se com a tal viúva; alguns diziam mesmo que se casara com ela.
O fato é que nunca mais apareceu, e nós sorriamos, com simpatia, à felicidade que estaria fruindo, finalmente, o bom Barrocas, com sua mulher sem ilusões, no lar pacato que certamente construíra.
Um dia, passados eram alguns anos mais, topamos com o Barrocas. Estava envelhecido. Não trazia mais aquele ar simples e despreocupado.
Vinha carregado de embrulhos e rebocava duas taludas crianças, que ao primeiro exame se via serem indisciplinadas e rebeldes.
Barrocas amigo!
Ah, velhos companheiros!
Há quanto tempo!
Depois destas outras efusões adequadas, que da parte do Barrocas foram murchas, como que recalcadas, tomamo-lo à parte.
Então, estava casado? Aquelas crianças, filhos… E a mulher?
Não, não eram filhos, eram sobrinhos. Casaram realmente. A Maricota, tão persuasiva, tão insistente, convencera-o disso. Era melhor, mais decente… Vocês compreendem, não?
Compreendemos, que diabo: Era humano.
Montamos casa lá para o Andaraí, prosseguiu o Barrocas, animando-se como quem faz um desabafo. Depois… Bem, mas vocês estão com pressa, naturalmente…
Não, não havia pressa. Queríamos saber o que tinha feito o velho Barrocas nesses anos todos.
Barrocas olhou de soslaio para os garotos, que de cara colada a uma vitrine davam berros selvagens de júbilo, apontando os brinquedos expostos. E foi de olhos baixos que nos contou sua desdita, a sua desilusão.
Quatro meses depois de estar com a Maricota, casou-se. Veio de Minas, sob o pretexto de assistir ao casório – que ele queria bem simples e na intimidade – uma copiosa parentela da mulher, que se instalou à vontade em sua casa e, finda a cerimônia, lá ficou como em terreno conquistado.
Mas a desgraça não ficou só nisso. D. Maricota, que acabou por “cavar” a nomeação para um emprego público – bom emprego aliás – de que nunca desistira, transformara-se em burocrata, não parava em casa e Barrocas, por instância da mulher, obtivera a aposentadoria. E é agora ele, esse pacato e tímido Barrocas, que toma conta do lar, aquele inferno, discutindo diariamente com a sogra e as cunhadas, pelejando com os sobrinhos e tratando, nas horas vagas, de papéis de casamento!
MATÉRIA
O Líder
Pelo Cap. Mar e Guerra Jorge da Silva Leite (Vice-Diretor da Escola Naval)
“Líder” é o guia.
“Líder” é aquele que vai à frente para mostrar o caminho.
“Líder” é aquele que influencia o raciocínio dos outros homens através dos seus sentimentos.
“Líder” é aquele que dirige uma opinião, movimento ou ação.
—
Os homens não são iguais; suas opiniões, movimentos ou ações podem ser idênticos, muito semelhantes, mas não perfeitamente iguais.
Cedo compreenderam que aquelas opiniões, movimentos ou ações precisavam ser rigorosamente afinados, sincronizados, combinados, se eles quisessem alcançar os melhores resultados, e, por isso, quando se reúnem para defender a mesma opinião, ou realizar o mesmo movimento, ou praticar a mesma ação, procuram instintivamente o afinador de suas opiniões, o sincronizador de seus movimentos, o combinador de suas ações; enfim, o “líder”.
O “líder” é aquele que reúne as varas fracas e dispersas em um feixe vigoroso e inquebrável.
O “líder” faz dos seus comandos os membros de uma família unida.
—
Qual o segredo que faz do homem um “líder”?
Essa capacidade é um dom. O indivíduo nasce com ele. Entretanto, é possível adquiri-lo.
O estudo dos traços característicos dos “líderes” permite, até certo ponto, desvendar os segredos. E então, conhecidos estes, poderão os homens desenvolver seus fatores positivos e atenuar os negativos, conseguindo, assim, pela educação, adquirir aquele invejável.
Um verdadeiro líder tira sua força daqueles que souberem emprestar seu subordinado.
O falso líder só tira sua força da autoridade que outros lhe emprestaram.
Donald Laird compara bem o verdadeiro e o falso líder, traçando o seguinte paralelo:
Um líder é um indivíduo dotado de qualidades de comando, isto é, com a capacidade de influenciar no espírito dos outros de modo a levá-los na direção que deseja.
O líder é, muitas vezes, uma intersecção de vontades; é aquele que melhor representa o anseio de um grupo; é aquele que melhor concretiza as aspirações de uma multidão; é aquele que consegue orientar, dar uma única direção, tornar paralelas forças que, de outro modo, divergiram mais ou menos.
O líder é um orientador.
Um bom exemplo de líder é o maestro, o homem que tira efeitos musicais maravilhosos de um conjunto variadíssimo de instrumentos que ele combina e conjuga, fazendo-os tocar juntos, fortes ou fracos.
O líder tira proveito das qualidades (e também dos defeitos) de cada um e os harmoniza de modo a obter os resultados mais convenientes.
O FALSO “LÍDER”
- Empurra seus homens;
- Apoia-se em sua autoridade;
- Mantém seus homens expectantes, temerosos;
- Fala na 2ª pessoa do singular;
- Diz: “Deves chegar aqui na hora”;
- Encontra nos insucessos motivo de culpa;
- Sabe como se fazem as coisas;
- Faz do trabalho um aborrecimento;
- Diz: “Vá!”.
O VERDADEIRO “LÍDER”
- Conduz seus homens;
- Obtém a boa vontade de seus homens;
- Desperta seu entusiasmo;
- Fala na 1ª pessoa do plural;
- Devemos chegar ao serviço antes da hora;
- Remedia os insucessos;
- Mostra como se fazem;
- Faz do trabalho um divertimento;
- Diz: “Vamos!”
Preceitos Úteis Na Condução Dos Homens
(The Technique of Handling People por Donald Laird)
- Fazer perguntas, para animar a cooperação;
- Ser breve, para evitar complicações;
- Manter uma atitude confiante, para dominar os outros;
- Falar diretamente às pessoas, para atingir-lhes o coração;
- Agir com ardor, para despertar entusiasmo;
- Ser benevolente, para dominar a oposição;
- Ter boas ideias, para tirar partido das habilidades dos outros;
- Fazer críticas oportunas, de modo a impor-se aos outros;
- Elevar o conceito que os outros fazem de si próprios, para cultivar a lealdade;
- Aplaudir com entusiasmo, para conseguir maiores esforços;
- Conhecer os subordinados, para poder criar um ambiente de harmonia.
É Bom Lembrar
Que o serviço de defesa passiva constitui obrigação para com o Estado, a qual estão sujeitos os brasileiros, estrangeiros residentes ou em trânsito no país, de ambos os sexos, maiores de 16 anos, quaisquer que sejam suas convicções religiosas, filosóficas ou políticas, e, bem assim as pessoas jurídicas, de direito público ou de direito privado.
MATÉRIA
As Grandes Oficinas Da “Induco”
Maquete do Edifício das oficinas da “Induco”
A construção das grandes oficinas da Comércio e Indústria Induco S.A., cujo início aguarda apenas a aprovação das plantas pela Prefeitura, representa mais uma etapa no programa de expansão dessa vitoriosa empresa, e a realização de tal empreendimento enche de justo orgulho os responsáveis pela organização do projeto.
A oficina em apreço terá todo o aparelhamento necessário aos serviços de montagem, conservação e consertos dos elevadores “Shepard”, bem como uma seção especializada para reparos de prédios e edifícios administrados por Lowndes & Sons Ltda., além de outros serviços.
A oficina da Induco será construída numa larga área de terreno, em São Cristóvão, à rua Fonseca Teles, ficando, pois, localizada na zona industrial, próxima ao centro da cidade e em situação conveniente para a classe operária, em sua maioria residente na zona Norte. O terreno abrange 2.900 metros quadrados, dando assim margem à futura expansão das instalações.
O edifício, de concreto armado, ocupará uma área de 575 metros quadrados, sendo constituído de 4 pavimentos com uma área útil total de 1.400 metros quadrados. Um aspecto curioso apresentará o edifício: é que, devido à configuração do terreno, a entrada principal e a de veículos será feita pelo 3º pavimento, que ficará ao nível da rua. Daí, uma rampa suave, de 5 metros de largura, levará os veículos até ao nível do 1º pavimento.
Projetado e localizado de forma a beneficiar-se com a melhor iluminação possível e a mais conveniente e perfeita insolação, o edifício terá os seguintes pavimentos ocupados pelas seguintes seções:
1º pavimento: Oficinas completas de Carpintaria, Marcenaria, Lustragem e prensas para folheamento de madeiras compensadas. Amplas dependências privadas compreendendo lavatórios, chuveiros e instalações sanitárias. Vestiário com armários para 60 empregados. Armazém com uma superfície útil de 260 metros quadrados, servido por guindaste elétrico em ambos os sentidos.
2º pavimento: Ambulatório de socorro urgente e exames médicos. Refeitório para 60 empregados e sala de bombas de água e painel principal da instalação elétrica.
3º pavimento: Oficina mecânica, que compreenderá as seguintes seções: de Máquinas, de Serralheria elétrica, de Armação e Montagem, de Pintura, de Solda, de Galvanoplastia e de Ferramentas.
A Oficina Mecânica abrange uma área de 320 metros quadrados, com ampla iluminação natural e a situação das várias seções e colocação das máquinas operatrizes obedece a um plano de produção contínua, tendo sido prevista a fácil entrada de material em bruto, bem como fácil acesso aos almoxarifados. Haverá igualmente lavatórios e demais instalações congêneres, como no 1º pavimento. Neste andar ficam também localizados o Almoxarifado Geral e o Escritório Comercial, este com uma área útil de 55 metros quadrados e situado na parte da frente do edifício.
4º pavimento: Departamento Técnico e suas dependências.
Terraço: Finalmente, no terraço, ficarão os reservatórios de água e a dependência destinada ao vigia e responsável pela manutenção do prédio. Como se vê, trata-se de uma obra de grande vulto, que honra seus autores e prova o progresso alcançado em pouco tempo pela Comércio Indústria Induco S.A.
MATÉRIA
Riscos do Seguro-Transporte
Sylvio Mourinho de Abreu
Dada a grande complexidade do seguro transporte e o quase total desconhecimento de sua técnica pela maioria dos segurados, que na sua maior parte julgam, pagando o prêmio estipulado, ter suas mercadorias acobertadas contra quaisquer riscos, e desconhecem que devem ajustar com a seguradora, antes do início do seguro, os riscos contra os quais pretendem se precaver, animamo-nos a escrever algo sobre o assunto.
Nada de novo será dito. Apenas procuraremos resumir em algumas linhas as garantias próprias e comuns aos diferentes sub-ramos do seguro transporte.
Iniciaremos dividindo-o em tantos sub-ramos quantas sejam as vias de comunicação. Temos, assim, o marítimo (fluvial e lacustre), ferroviário, rodoviário, aéreo, postal, combinado, etc.
Para cada um dos sub-ramos acima há riscos e garantias próprios e comuns.
Vejamos separadamente:
MARÍTIMO — compõe-se de três riscos básicos, a saber: perda total (PT), avaria particular (AP) e avaria grossa (AG). Combinando-as, apresentam as seguintes abreviaturas: CAP e LAP, que são lidas respectivamente como “com avaria particular” e “livre de avaria particular”. Quando é solicitada a garantia CAP, equivale a pedir cobertura para os riscos de AP, AG e PT. Para LAP equivale a solicitar AG e PT. Vemos assim que há duas garantias principais que se diferenciam pela inclusão, ou não, da avaria particular.
Para certas mercadorias a cobertura CAP não é permitida (artigos de fácil oxidação ou ferrugem; frutas, legumes, cal, etc.) devido à dificuldade que há em se conhecer, em caso de avaria, o que foi danificado por acidente e o que se estragou por vício próprio.
Definamos agora, para maior clareza, cada um dos riscos acima:
PT — perda total verifica-se quando o objeto é destruído completamente ou quando o prejuízo verificado importa em pelo menos 3/4 do seu valor.
AG — avaria grossa — entende-se, de um modo geral, o dano ou gasto extraordinário feito deliberadamente para salvar o navio ou o que for possível da carga transportada.
AP — avaria particular é o dano involuntário ao objeto segurado, ocasionado pela fortuna do mar e suportado unicamente pelo proprietário do mesmo.
Vistas as garantias principais, voltemo-nos para as especiais, como são classificados os riscos de roubo e/ou extravio (ER).
E — extravio é o desaparecimento do objeto segurado em consequência de causas não especificadas, executadas à força maior e à fortuna do mar.
R — roubo é o desaparecimento do objeto segurado mediante o emprego da violência, deixando vestígio.
São garantias que se adicionam às principais, apresentadas pelas seguintes abreviaturas, usadas com o fim de simplificar o serviço, evitando escrever risco por risco: CAPER. CAPE, LAPER e LAPE. Compreende-se então que, quando são solicitadas as garantias CAPER, o cliente pede os riscos de PT, AP, AG e ER: de igual modo temos, para LAPE, os riscos de PT, AG e E, e assim por diante.
Existem outras garantias que são solicitadas, de acordo com a natureza da mercadoria, e são denominadas “adicionais”. Temos neste grupo o derrame, o vasamento, a quebra, o amassamento, a má estiva, etc.
Constitui absurdo, porém muito comum, certos clientes solicitarem as garantias de amassamento para riscos sujeitos a quebra, outros o de derrame para mercadorias que absolutamente não estão sujeitas a tal.
Passamos agora ao sub-ramo FERROVIÁRIO.
Regulado pela Tarifa Ferroviária, suas garantias são resumidas pela abreviatura RF (riscos ferroviários), que englobam todos os danos oriundos de acidentes ferroviários de qualquer natureza.
Assim, o roubo parcial ou total proveniente de desastre já se encontra coberto pelas letras RF, sem a cobrança de adicional algum.
Porém, se desejarmos as coberturas de roubo, derrame, quebra, etc., para operar durante a viagem, mesmo sem ter ocorrido acidente ferroviário, devemos solicitá-las especificamente, para que sejam cobrados os respectivos adicionais.
O sub-ramo RODOVIÁRIO, da mesma forma que o anterior, tem suas garantias resumidas nas letras RR (riscos rodoviários) para todos os sinistros verificados em consequência de desastres. Para riscos de quebra, derrame, roubo, etc., sem serem motivados por acidentes, devem igualmente ser solicitados para inclusão na apólice e cobrança dos respectivos adicionais.
No sub-ramo AÉREO, também como nos dois últimos, os riscos aéreos são sintetizados nas letras KTA (riscos de transportes aéreos).
Vimos então que, para os sub-ramos ferroviários, rodoviário e aéreo, basta colocar nas folhas de averbação as iniciais RF, RR e RTA para que se tenham, acobertados, todos os riscos motivados por desastres. Os riscos não provenientes de desastres deverão ser solicitados explicitamente.
COMBINADO — Entende-se por “combinado” a união dos sub-ramos estudados, como por exemplo: Um segurado deseja despachar suas mercadorias de Recife para uma cidade em São Paulo, a bordo de um navio qualquer. Quais as garantias que deve pedir? Analisando-se a viagem, temos um trecho marítimo (Recife x Santos), outro ferroviário (Santos x São Paulo) e, finalmente, um rodoviário (da estação à porta do destinatário). Deve, então, solicitar as garantias para cada um dos trechos, a saber:
- marítimo CAPER Q (por exemplo)
- ferroviário RFQ R
- rodoviário RR Q R
Observando-se as garantias para os dois últimos trechos, conclui-se que os riscos de Q e R estão acobertados duas vezes. Uma pelas iniciais RF e RR, que os cobrem motivados por desastres; e outra pedida expressamente pela verificação do risco mesmo sem acidentes. Sobre as garantias expressamente solicitadas, a Seguradora cobrará os respectivos adicionais.
MATÉRIA
Noticiário Lowndes Informa
Chegada do Sr. Donald Lowndes e Exma. Senhora: Após três meses de ausência desta capital, regressou no dia 15 de Novembro último, dos Estados Unidos e Canadá, o casal Donald Lowndes. O seu desembarque no Aeroporto Santos Dumont foi concorridíssimo. Contavam-se entre os presentes os progenitores dos ilustres viajantes, parentes, amigos e grande número de funcionários da Organização Lowndes.
O Sr. Donald, como havíamos noticiado em nosso número anterior, foi àqueles países em viagem de negócios, tendo ocasião de visitar várias cidades e fazer oportunas e interessantes observações não só quanto à vida americana e canadense, como também, e principalmente, sobre métodos comerciais, industriais e bancários.
FLAGRANTES DA CHEGADA DO SR. DONALD LOWNDES. As fotografias fixam aspectos da chegada do Sr. Donald Lowndes, exma. esposa e filho, ao aeroporto desta capital, após sua viagem aos Estados Unidos, vendo-se o prestigioso casal cercado de parentes, amigos e altos funcionários da Organização Lowndes
Condomínios Sob a Administração De Lowndes & Sons Ltda.
Relação de mais alguns edifícios em condomínio administrados por Lowndes & Sons Ltd.
CONDOMÍNIO DO EDIFÍCIO “INDIANA”
Rua Sá Ferreira, 106
Coproprietários: Dr. José Paranhos Fontenelle, Leandro Avila Raposo, Dr. Genésio de Scusa Pitanga Filho, Antonio D’Azevedo Bastos Fimenta, Dr. Plínio de Vasconcelos Viveiros, Dr. José Maia Bittencourt, Dr. Cândido da Silva Pires, Dr. Avelino Junior, Cap. Newton Miller Rangel, Dr. Durval de Magalhães Carvalho, Renato Pardo Manier e Cap. Tenente Pedro Borges Lynch.
CONDOMÍNIO DO EDIFÍCIO “ALM. GONÇALVES”
Rua Almirante Gonçalves, 15
Coproprietários: Lourival Lopes Pereira, Dácio Andrade Veiga, José Augusto Fiuza Pequeno, Dr. Francisco Manhães, Cap. Luiz Jucá, Dr. José Koury, Henrique Vanordem Lemos Borda, Al. João Baptista Rangel, D. Heloisa de Souza Canário, Dr. Aluizio de Castro Rolim, Angélica Navarro de Andrade, Comte. Amorim do Vale, Emir Dias Franco, Dr. Oswaldo Dollabella, Fernando Curio, Alfredo Mário Monteiro Guimarães, Nair Silveira Corrêa, Dinorah Florisa da Silveira Corrêa, Antonio Donato, Maj. Adriano Metello Junior, Raul Lima Duarte, Silvio Figueiredo Lima, Dr. Geraldo Luciano Ferreira, Silvio Esposito e Alberto Jaime do Amaral, Dr. Sylla Ribeiro.
CONDOMÍNIO DO “SOLAR S. LUIZ”
Avenida Ipiranga, 910-A
Coproprietários: Olga C. R. da Porciúncula, Maria Hedwig Vetter, Mauricio Teixholtz, Arnaldo Gomes da Costa e Fernando T. Rodrigues.
CONDOMÍNIO DO “SOLAR D. MIGUEL”
Avenida Ipiranga, 954-A
Coproprietários: Dr. João A. Furtado Memória, Boris Bloch e Clotilde Heloisa Caron.
CONDOMÍNIO DO “SOLAR D. PEDRO”
Avenida Ipiranga, 910
Coproprietários: Eloy José Jorge, João Afonso Soares, Dr. Jorge Amaro de Freitas, Dr. Joel de Salles Coelho e Dr. Edgar Montaury Pimenta.
CONDOMÍNIO DO “SOLAR D. JOÃO”
Avenida Ipiranga, 944
Coproprietários: D. Elza M. de Oliveira, Dr. Alcides B. Cotia, Sr. Vivian Lowndes, Dr. Ary B. Cotia e Dr. João Alcântara.
CONDOMÍNIO DO EDIFÍCIO DA RUA MARIA ANGÉLICA, 424
Rua Maria Angélica, 424
Coproprietários: Dr. Aníbal Falcão de Barros Cassal, Wilson Coelho Lopes, Dr. Antonio Cavalcante Vieira da Cunha, Dr. Homero Silva e Almir Campos Gordinho.
CONDOMÍNIO DO EDIFÍCIO “ARALI”
Avenida Nossa Senhora de Copacabana,777
Coproprietários: Cap. Denizart Soares de Oliveira, Sylvio Guedes de Carvalho, Ayres Tovar Bicudo de Castro, Sara Honli, Odile Albertine Schram. Francisco Pereira Brandão, a/c do Dr. Sanelva de Rohan, Yole Comelli, Eugenia Emilia Lopes da Silva, Fernando D’Olne Soares Barros, João de Araújo Castro e outros, Luiz Clovis de Oliveira, Renato M. Rebechi, Alessandro. Cazzani, Marilka Fontoura D’Olne, Aureal Iracilda Vasconcelos, Sylvio Monteiro Moutinho, Álvaro C. Mello Castro Menezes, Alice Rocha Vieira, Camil Saad, Jorge Saad, Toufic Saad, William H. R. Irwin, Armando de Aguinaga, Oswaldo de Mello Schmidt, Maria da Conceição Portinho Loureiro e Caixa de Construção de Casa do Ministério da Guerra.
CONDOMÍNIO DO EDIFÍCIO “PORTO ALEGRE”
Rua Araújo Porto Alegre, 70
Coproprietários: Victor Campos. Cortes, João Alcantara, Armando Aguinaga, Martinho. R. Mourão, Edgar Raja Gabaglia, Herber Jansen Ferreira, Augusto G. Carneiro, Nelson M. Brasil do Amaral, Banco Americano Brasil, Plínio M. Senna, Segismundo C. Ratto, Cypriano O. Mascarenhas a/c Gabriel O Mascarenhas, José G. Carneiro e SENAI.
CONDOMÍNIO DO EDIFÍCIO “SANTA ELISA”
Rua Miguel Lemos, 10
Coproprietário: Mme. Comte. Gastão Monteiro Moutinho, Dr. João Stool Gonçalves, Dr. Rubens Tavares, Da. Maria de Mello Rocha Costa Rodrigues, Dr. Arthur de Britto Pereira, Da. Elisa Stoll Gonçalves, Dr. Antonio Ottoni de Carvalho Sobrinho, Da. Maria Pontes Ramos, Dr. Jayme de Barros, Sr. Derval Lisboa.
CONDOMÍNIO DO EDIFÍCIO “MINERVA”
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Coproprietários: professor Renato de Souza Lopes, Dr. Antonio Pires Rabello, Dr. Nelson Moura Brasil do Amaral, Dr. Eduardo Guidão da Cruz, Dr. Nestor Egidio de Figueiredo, Dr. A. F. da Costa Junior, Dr. Vitor de Campos Cortes, Dr. Adolfo Bergamini, Dr. Isaias Lete de Oliveira Sobrinho, Dr. Aldo Cordovil da Silveira, Dr. Augusto Linhares, Dr. Pedro Paulo Bernardes Bastos, Dr. Antonio Augusto Dias Carneiro e Dr. João Carneiro da Silva.
CONDOMÍNIO DO EDIFÍCIO “PEDRO LESSA”
Rua Pedro Lessa, 35
Coproprietários: Eliza Monteiro Byngton, Dr. Ernesto Blanz, Rudolph Gold, Eric Botelho Pulen, Dr. Ruy Campista, Nestor Augusto Igrejas, Sylvio Rabello de Almeida, Sidney Mallyon Town e Arthur Frederick Fearnley
CONDOMÍNIO DO EDIFÍCIO “PINDORAMA”
Avenida Nossa Senhora Copacabana, 126
Coproprietários: Edina Fernandes Lane, Antonio Alvaro de Assumpção, Dr. Andréa Migliorelli, Antonieta Barros Amaral, Francisca de T. Assumpção, Maria A. Lins Lopes, Gaspar Saldanha, José G. Mattos e Paula Buchmann.
CONDOMÍNIO DO EDIFÍCIO “IGUAPE”
Rua Sá Ferreira, 96
Coproprietários: Benjamim Antunes de Oliveira Filho, Julio Fernandes de Aquino. Junior, Paulo Jordes Thomaz Pereira, Joaquim Camanho da Costa, Abel de Oliveira Ramos, Regina Maria de Andrade Menezes Teixeira, João Simões Cravo, Dr. Paulo Julio da Veiga, Maria Amelia de Souza Leão Braga, Anadir Coelho da Rocha Barroso, Lauritz Wissing, Cristian Lachmann, Maj. Jorge Marques de Azevedo, Luiz Arnaldo Schweitzer, Silvestre Gomes de Araujo, Julio Fernandes de Aquino Junior, Dr. Arthur Bosisio e Rubem do Paço Matoso Maia.
CONDOMÍNIO DO EDIFÍCIO DA RUA MARIA
Angélica, 387
Coproprietários: D. Eudoxia Netto, Coronel Landry Sales Gonçalves, Dr. Silvio Ribeiro e Coronel Dantas Barreto.
CONDOMÍNIO DO EDIFÍCIO “MARIANTE”
Rua Júlio de Castilhos, 83
Coproprietários Dr. João Joaquim Campos. (Síndico), José Augusto Lopes, Anna Maria Americano Simões, Dr. João Henrique de Araújo, Ofélia de Argolo Muniz, Dr. Benjamim Malcher de Souza, Laura Fernandes Ribeiro, Gal. Álvaro Guilherme Mariante, Amancio Novais Junior, Gal. Pedro Aurélio de Góes Monteiro, Valter Fritsch, Mário Leal Netto dos Reys, Mme. Silvia de Freitas Lima Magalhães, Gal. Cordeiro de Faria, Tte. José Serpa e Dr. Heitor Muniz.
CONDOMÍNIO DO EDIFÍCIO “ESPLANADA”
Rua México, 90/90-A
Coproprietários: João Affonso Soares, Eric Botelho Pullen, Carlos Guizard Aguiar, Albert Lowndes & Irmãos, Roberto M. Gregory, Julius Emil Lies, Dr. Arthur Moses, Ind. Bras. de Const. Ltda, Carlos Alberto Mazzei, Cia. Geral de Adm. e Incorporações, Usinas Santa Cruz S. A. e Vivian Lowndes.
CONDOMÍNIO DO EDIFÍCIO “SATURNINO DE BRITO”
Rua Araújo Porto Alegre, 64
Coproprietários: Dr. Francisco S. de Britto Filho, Dr. Araújo Jorge, Dr. Arlindo Barros, Dr. Arnon A. Farias de Mello, Dr. Luiz Moraes Sarmento, Dr. Marcos Carneiro de Mendonça e Banco do Brasil.
CONDOMÍNIO DO EDIFÍCIO “TANIRA”
Praia de Botafogo, 28
Coproprietários: Dr. Joaquim Leite Vieira Guimarães. Cap. Aviador Josino Maia de Assis, Dr. Manoel Fernandes Lopes, Ten. Paulo Paru- ker, Sociedade Predial e Agrícola J. Carneiro, Dr. Pedro Américo Werneck, Dr. Adolfo Carneiro, Dr. Flavio Porto Barroso, Dr. Ernesto Gonçalves Carneiro, Embaixador Carlos Celesc de Ouro Preto, Gertrudes Benta Huntress, Dr. Manoel do Nascimento Vargas Neto, Dr. Raul Bopp, Icek Ingberman e senhora e Dr. Octavio de Faria.
CONDOMÍNIO DO EDIFÍCIO “UMUARAMA”
Rua General Glicério, 364
Coproprietários: Severino Pereira da Silva, Fernando Miguel de Moraes Ferreira, Nadir Azevedo Cotia, Ruth Ferreira dos Santos, José Lazaro de Souza Rosa, Aminta Salgado Pettezzoni de Almeida, Major Ibsen Lopes de Castro, José Amado Junior, Achiles Martins Ferreira, Manoel de Almeida Neves. Dr. Roberto Pinto Fernandes, Madeleine Jeanne Richer, Caio Mario Dutra de Almeida, Ademar Bezerra Ferreira Lima, Proi. Frederico Ferreira Lima, Prof. Augusto de Araujo Doria, Carlos Maximo da Silva Freire, Antonio Marques de Azevedo, Irene Martins Vieira, Gastão Formenti, Albert Violland, Dr. Carlos José Coelho, Lygia Salles Abreu Mota, Duarte Joaquim Pires da Costa, Americo Alves Ramalho, D. Haydéa Motta Vieira da Silva. Darey Simas de Mendonça, João Marandino, Eliana Pernambuco Brando, Henrique Pernambuco Brando, Maria da Glória Pernambuco Brando, Maria de Lourdes Rebouças, Marcio de Miranda Corrêa, Sociedade Anónima Industrial e Imobiliária Sta. Angela, Álvaro Vaz Olivieri, Harvey Dias Vilela, Dr. Luiz Salgado Lima Filho, Alceu Mendes de Oliveira Castro, Álvaro Mendes Pimentel e Elisa Carolina Meurer Vieira.
CONDOMÍNIO DO EDIFÍCIO “UNO”
Rua Domingos Ferreira, 59
Coproprietários: Dr. Frederico Duarte de Oliveira, Don. Zilda Baerlein, Dr. Raimundo F. Castelo Branco Sobrinho, Dr. Sylvio d’Orsi, Gilberto Prado Lemos, João Tavares Py, José da Costa Martins, Agostinho da Silva Leal, Don. Maria Grimaldi Speranza, Dr. Newton Rodrigues de Campos, Dr. João Emanuel da Cunha Guerra Baerlein, Don. Regina Faria, Anibal Nielson de Araujo Soares, Nestor Augusto Igrejas, Elbe Sampaio e Soc. Imob. Santa Delfina Ltda.
Conceitos De D. Pedro II
(Do anuário do Museu Imperial)
Jurei a Constituição; mas ainda que a não jurasse, seria ela para mim uma segunda religião.
A nossa principal necessidade política é a liberdade de eleição. Sem esta e a da imprensa, não há sistema constitucional na realidade.
A tribuna e a imprensa são os melhores informantes do monarca.
Cumpre ao monarca ser franco para com os ministros; mas fora das ocasiões em que se resolvem os negócios, deve ser o mais reservado possível, ouvindo contudo a todos e procurando esclarecer por todos os meios convenientes seu juízo.
Sei que nem todos têm sido justos para com minhas intenções, mas não será o receio de novas injustiças que me impeça de concorrer para o que julgar de utilidade para o meu país.
Futebol No Esporte C. Exata
Realizou-se recentemente o encontro de futebol entre as equipes do Esporte Clube Exata e o da Gráfica Mauá F.C., ambos filiados à Liga Gráfica de Esportes do Rio de Janeiro.
Depois de uma luta em que a turma do Exata se defendeu tenazmente, impôs-se a melhor classe do seu valoroso contendor, que venceu por 80.
Embora derrotados por tão elevada contagem, os rapazes do Exata em momento algum se deixaram vencer pelo desânimo, não reclamaram, não culparam o juiz, nem sequer pensaram em abandonar o campo, como acontece com tantos outros, dando assim uma prova bem louvável de verdadeira esportividade e exemplar comportamento, fato que aqui registramos com todo o prazer.
A turma do Exata, com efeito, não foi nada exata em encontrar o caminho do “gol” do Mauá, em compensação foi exatíssima no comportamento. E passe o trocadilho cordial.
Aparelhos “Pessoais” De Rádio
Entre os grandes progressos obtidos pela indústria de rádios na Grã-Bretanha, contam-se os aparelhos “pessoais” de rádio.
Trata-se de um aparelho de rádio mirim (do tamanho de uma bolsa de senhora), um desenvolvimento dos minúsculos instrumentos de telegrafia usados pelos agentes subterrâneos durante a guerra. Estes aparelhos podem ser conduzidos a tiracolo.
MATÉRIA
Curiosidades De Ontem e De Hoje
A produção de pentes na Inglaterra era, em 1935, de 24 e meio milhões de unidades. Em 1945, essa produção alcançava três vezes e meia tal cifra, graças a novos métodos de fabrico pelo processo de moldes.
Não é de admirar, aliás, tão extraordinário aumento na produção de pentes nesse país, pois, realmente, os ingleses durante a guerra estiveram pelos cabelos.
Uma Farmácia Do Século XVI
Uma das farmácias mais antigas do mundo encontra-se em Estocolmo, capital da Suécia. Tem ela por nome “Le Jonet” (O Leão) e foi fundada em 1575. Além desse estabelecimento que tem, como se vê, quase 4 séculos, existem em Estocolmo nada menos do que 7 farmácias que datam do século XVIII ou do anterior.
Oh velho e sempre nova indústria que não acabarás enquanto houver água nos torneiros!
A Origem De Volume
O hábito de chamarmos volumes aos livros veio-nos do latim volumen, que significa rolo, nome pelo qual eram conhecidos os rolos de papiro, que eram os livros da antiguidade. As folhas de papiro, para formar um livro (que era escrito à mão), eram coladas uma às outras pelos extremos, formando assim uma longa faixa, como que uma peça de tecido, que era então enrolada numa haste de madeira cilíndrica, cuja extremidade terminava por um botão. A este botão era presa uma etiqueta com o nome da obra.
Pelo que se vê, uma biblioteca desses bons tempos devia parecer-se muito com uma loja de tecidos de hoje.
Sapatos De Correntes
Nos fins do século XI, foi moda na Europa homens e mulheres usarem um calçado de biqueira pontudo, de comprimento tão exagerado que era preciso trazê-la presa ao joelho com uma corrente, que os grã-finos, é claro, usavam de ouro ou de prata.
O ceticismo e as pessoas sensatas combateram essa moda tão absurda, mas em vão. Os elegantes teimaram em usar esse ridículo calçado por muitos anos.
Por volta de 1923, esteve em moda, entre nós, um modelo de sapato masculino que nenhum “almofadinha” daquela época deixou de usar. Era muito semelhante, porém, sem biqueira tão comprida que necessitasse de corrente para se sustentar direita. E ainda falam das modas modernas…
Estatística Ratifera
Mais uma estatística curiosa nos oferecem os nossos amigos americanos, tão amigos são eles de estatísticas. Segundo uma estimativa feita pelo Ministério da Agricultura daquele país, existem lá 123 milhões de ratos. Metade desse tremendo bando de roedores vive nas fazendas e no campo, onde causa prejuízos avaliados em 53 milhões de dólares, vivendo os demais nas cidades, onde os estragos que fazem vão a cerca de 126 milhões.
As cifras são realmente de arrepiar. Resta saber somente se os peritos não deram uma “rata” ao contar toda essa rataria.
Formigas Sabidas
Existe na Austrália uma casta de formigas chamadas magnéticas, que têm o curioso hábito de construir os formigueiros em forma triangular, com o vértice orientado para o Norte e a base para o Sul. Acreditam os entomologistas que esse sistema de construção tem por fim fazer com que o formigueiro receba a maior quantidade possível de luz solar. Outro hábito dessas formigas é efetuarem os consertos nos seus formigueiros sempre na estação úmida, a fim de aproveitar o calor da estação seguinte para a secagem.
Benditos bichos que não sofrem de crise de habitação…
MATÉRIA
Veja Se Sabe…
Veja se pode responder corretamente às 20 perguntas abaixo, experimentando assim sua cultura e sua memória. Cada pergunta certa vale 5 pontos. De 80 a 100 pontos, é um resultado ótimo; de 60 a 80, bom; 50 a 60, regular. Confira os resultados com as respostas certas no fim da revista.
- O famoso balé “Dança das horas” é da ópera “Boêmia”, “Gioconda” ou “Aida”?
- Qual o grande compositor brasileiro que teve 25 irmãos? Nepomuceno, José Maurício ou Carlos Gomes?
- O inventor da dinamite foi Nobel, Edison ou Galvani?
- Qual desses físicos conseguiu primeiro a decomposição da luz: Ampere, Newton ou Helmholtz?
- O alcoômetro foi inventado por Lavoisier, Gay Lussac ou Priestley?
- Qual é a maior ilha do mundo: Nova Zelândia, Groenlândia ou Madagascar?
- Dos três oceanos, qual é o maior: Índico, Pacífico ou Atlântico?
- Ratificar quer dizer: confirmar, emendar ou tomar a aparência de rato?
- Exactor é aquele que cobra impostos, que é exato ou que já foi ator?
- Abolir quer dizer: não mexer, revogar ou adiar?
- Camilo Castelo Branco escreveu “Amor de mãe”, “Amor impossível” ou “Amor de Perdição”?
- “Memórias de um sargento de milícias” é de José de Alencar, Manoel Antônio de Almeida ou Joaquim Manoel de Macedo?
- O famoso escritor austríaco Stephan Zweig morreu em Viena, Paris ou Petrópolis?
- A conhecida poesia que começa com os versos: “Minha terra tem palmeiras, onde canta o sabiá” é de Castro Alves, Gonçalves Dias ou Basílio de Magalhães?
- O almirante Barroso era brasileiro nato, espanhol ou português?
- A chamada “lei do ventre livre” foi assinada por Pedro I, Pedro II ou pela Princesa Isabel?
- Qual o grande homem da independência brasileira que foi chefe de polícia na cidade do Porto, em Portugal: José Clemente Pereira, Pedro I ou José Bonifácio?
- O Jardim Botânico do Rio de Janeiro foi fundado por D. João VI, Pedro II ou Deodoro?
- Qual o famoso engenheiro que deu ao Rio água em 8 dias: Carlos Sampaio, Paulo de Fran- tin ou Pereira Passos?
- Oswaldo Cruz foi um grande jurista, um grande médico ou um afamado músico?
Respostas
- Do “Gioconda”, de Ponchie
- Carlos Gomes
- Alfredo Nobel
- Newton, em 1675
- Por Gay Lussac, em 1824
- Groenlândia
- Pacifico
- Quer dizer, confirmar
- Que cobra impostos
- Quer dizer, revogar
- O “Amor de Perdição”
- De Manoel Antonio de Almeida
- Em Petrópolis, onde se suicidou com a esposa
- De Gonçalves Dias
- Era português
- Pela Princesa Izabel
- José Bonifacio, o Patriarca
- Por D. João VI, sob o nome de Recl Horto
- Paulo de Frontin
- Um grande médico higienista
MATÉRIA
Decreto N. 5.481 de 25-6-28
Dispõe Sobre a Alienação Parcial Dos Edifícios De Mais 5 Andares e Outras Providências
O Presidente da República dos Estados Unidos do Brasil:
Faço saber que o Congresso Nacional decretou e eu sanciono a seguinte resolução:
Art. 1º Os edifícios de mais de 5 andares, construídos de cimento armado ou matéria similar incombustível, com a forma de apartamentos isolados, entre si contendo, cada um, pelo menos, três peças e destinados a escritórios ou residência particular, poderão ser alienados no todo ou em partes, objetivamente considerada constituindo cada apartamento uma propriedade autônoma sujeitas às limitações estabelecidas nesta lei.
Parágrafo único. Cada apartamento será assinalado por uma designação numérica, averbada no Registro de Imóveis, para os efeitos de identidade e discriminação.
Art. 2º O terreno em que assentem o edifício e suas instalações e o que lhe sirva a qualquer dependência de fim proveitoso e uso comum dos condôminos ou ocupantes constituirão coisa inalienável e indivisível de domínio de todos os proprietários do prédio.
Art. 3º É facultado dar em hipoteca, anticrese, arrendamento ou locação cada apartamento, observadas as regras em vigor para a propriedade em geral, excluída a restrição do art. 4.º, 8.º, do decreto n.º 169-A, de 19 de Janeiro de 1890.
Art. 4º O condomínio por meação de paredes, soalhos e tetos dos apartamentos, regular-se-á pelo disposto no Código Civil, no que lhe for aplicável.
Art. 5º Os proprietários de apartamentos contribuirão diretamente com as quotas relativas a quaisquer impostos ou taxas federais, estaduais ou municipais, pagando-as por meio de lançamento como se se tratasse de prédios isolados.
Art. 6° Se não for preferido o seguro em comum, cada proprietário de apartamento se garantirá obrigatoriamente contra incêndio, terremoto, ciclone ou outro acidente físico, que o destrua em todo ou em parte.
Parágrafo único. A reconstrução será sempre feita, guardadas obrigatoriamente a mesma forma externa e a mesma disposição interna, salvo o acordo unânime de todos os condôminos.
Art. 7º No caso de desapropriação, a indenização de cada proprietário será regulada pelo valor locativo de seu apartamento no ano anterior ao decreto que o declarar de utilidade ou necessidade pública.
Parágrafo único. A desapropriação alcançará a totalidade do edifício com todas as suas dependências.
Art. 8º A administração do imóvel, no que respeita aos serviços que interessam a todos os moradores, como sejam os de esgoto, água, iluminação, telefone, elevador, asseio, desinfecções, vigilância interna e portaria, caberá a um dos proprietários do apartamento ou a terceiro eleito bienalmente ou antes em caso de vaga, por maioria de votos dos condôminos.
Parágrafo único. Tais funções podem ser delegadas pelo mandatário a pessoa de sua confiança e sob sua responsabilidade.
Art. 9º Anualmente, os proprietários de apartamentos votarão por maioria a verba para as despesas comuns de conservação do edifício, concorrendo cada interessado, dentro do primeiro mês do trimestre, com a quota que lhe tocar para o custeio de acordo com o valor de sua propriedade. As decisões da maioria em relação ao orçamento dessas despesas serão comunicadas aos interessados ausentes por meio de carta registrada e edital.
Art. 10º As obras que interessam à estrutura integral do edifício ou ao seu serviço comum serão feitas com o concurso pecuniário de todos os proprietários de apartamentos, mediante um orçamento prévio aprovado nos termos do artigo anterior, podendo delas ser encarregado o administrador a que se refere o artigo 8º.
Art. 11º É vedado a qualquer proprietário de apartamento:
a) mudar a forma externa da fachada ou a distribuição interna dos compartimentos;
b) decorar as paredes e esquadrias externas com tonalidades ou cores diversas das empregadas no conjunto do edifício;
c) estabelecer enfermarias, oficinas, laboratórios ou instalações perigosas ou que produzam ruídos incômodos;
d) embocar o uso dos corredores e caminhos internos ou lançar-lhes detritos, água ou impurezas;
e) o emprego de qualquer processo de aquecimento suscetível de ameaçar a segurança do edifício ou prejudicar-lhe a higiene e a limpeza.
Parágrafo único. A transgressão de qualquer dessas proibições verificada em processo judicial sumário importará na multa de 2.000,00 a 5.000,00 cruzeiros, cabendo a metade ao interessado que intentar a competente ação e a outra à Municipalidade, e o dobro em caso de reincidência.
Art. 12º Revogam-se as disposições em contrário.
Rio de Janeiro, 25 de Junho de 1928, 107° ao Independência, 40° da República Washington Luiz P. de Souza Augusto Vianna de Castello.
MATÉRIA
Basta Esse Castigo
Um inspetor de veículos faz menção de anotar o número de um automóvel que havia avançado o sinal, parando além da marca. Ao aproximar-se do carro, ouve uma voz feminina antipática e insistente:
— Eu não te disse que andasses devagar! Eu não te disse que buzinasses nas esquinas! Não te adverti que tivesses cuidado?…
Curioso, o guarda pergunta:
— Quem é essa senhora?
— É minha esposa, diz o motorista.
“Está bom”, diz o guarda riscando o número. “Vá descansado… Já lhe basta “isso” que aí leva…”
MATÉRIA
Piadas Do Z.K.
FILOSOFIA A VAREJO
-Acho a Medicina uma grande ciência e admiro muito os médicos… Só lhes encontro um defeito, que não posso suportar…
-?!
É que quando atendem a um doente fazem muitas perguntas.
Ora, é muito simples evitares isso. Quando estiveres doente… chama um veterinário.
DENTE POR DENTE
“O que é isso, Praxedes? Que fúria é essa? Esse maldito cachorro do vizinho que me mordeu…
Pois então, tira a forra.
Mas, como?
– Ora, segue a Bíblia: dá-lhe também uma dentada.”
NÃO É BEM ISSO
Pois é, quando me casei, não arranjei apenas uma esposa, mas, sobretudo, uma mulher que jamais se afastou de mim um só instante.
Homem feliz!… Isso é o que se chama uma esposa dedicada.
E o que te parece, mas não me refiro à esposa, falo da minha sogra.
COMO ELES PENSAM
Digladiam-se dois deputados, durante a discussão de um projeto.
Mas V. S. não pensava assim há um mês…
– É verdade; mas eu tenho por hábito mudar de opinião.
Nesse caso, queira informar-me qual das suas opiniões é a melhor.
A última, nobre colega; a última, pois a última é sempre a mais moderna.
REMÉDIO HEROICO
E seu marido, como vai?
Mal, muito mal… O médico mostra-se bem pessimista. Creio que vou arranjar outro.
Outro médico?
Não. Outro marido.
Na opinião da mulher, a terceira maior invenção moderna no domínio da eletricidade é a ondulação permanente.
(De um filósofo desconhecido)
RESPOSTA IMPREVISTA
A um sujeito conhecido por comilão inveterado, cujos almoços e jantares eram célebres pela quantidade de victualhas que devorava, perguntaram um dia alguns amigos:
“Homem, nunca te dói o estômago?”
– Sim, respondeu o êmulo de Pantagruel.
– De comer demais, é claro…
– Não, de fome.
O OTIMISMO DO PESSIMISMO
Um conselho que eu te dou… Se quiser pedir dinheiro emprestado, faça-o a um sujeito pessimista.
Essa é boa? E por quê?
Porque ele lhe emprestará sem esperança nenhuma de que você o devolva.
HOMEM DE SORTE
Só conheci minha esposa dois meses antes de me casar.
Homem de sorte!… Pois eu tive a infelicidade de só conhecer a minha dois meses depois.
O agente da Companhia de Seguros de Vida: Pois é, Snr. Brown, Companhia encarregou-me de tomar conta de si