11º aniversário de Lowndes & Sons, Ltda.
Grupo histórico: diretores e funcionários do Organização Lowndes após o almoço com que foi comemorado o aniversário de Lowndes & Sons Ltda
A exemplo do que se fez nos anos anteriores, mais uma vez estiveram reunidos num almoço de cordialidade os diretores de Lowndes & Sons, Ltda., alguns funcionários da Organização Lowndes e amigos, a fim de comemorar mais um ano de atividade desta nossa importante firma que constitui o marco inicial desta organização.
O almoço teve lugar no terraço do restaurante da A. B. 1. Estiveram presentes os seguintes senhores: Vivian Lowndes, Donald Lowndes, John Lowndes, Eduardo Alexander, James Bailey, João Peres dos Santos, René Brosar, Carlos Rabelo, Orlando Graça, Jorge Santos Lima, Alvaro Comunale, Comte. Luiz Clovis de Oliveira, George Bailey, Nestor Ribas Carneiro, Antonio de Oliveira Schuback, Leocadio Vieira Neto, Carlos Augusto Niemeyer Soares, Roberto Vayssière, Walter Niemeyer, Mario Pacheco, Dr. Luiz Serpa Coelho, Dr. Angelo Mario de Morais Cerne.
Usou da palavra o Dr. Mario Cerne que, em linguagem eloquente e com aquela maneira de falar que lhe é peculiar, ressaltou o conceito que Lowndes & Sons, Ltda, goza nos ramos de Seguros e de Administração de bens. Finalizou dizendo que os que ali estavam presentes não deviam ser vistos como diretores e funcionários, porém, como membros de uma grande família na verdade, vinculados pelos interesses de serviço que nunca superaram os laços de amizade que a todos ligavam através longos anos de labuta lado a lado ou por velhas relações que remontam aos bancos escolares. Numa feliz comparação, lembrou que na velha Inglaterra o estudante de Direito, para obter o seu grau de bacharel, deve passar por seis provas, não relacionadas com os assuntos das matérias ensinadas durante os anos letivos, e sim comparecer a dois almoços anuais em que os jovens privam da intimidade dos velhos mestres, os austeros “professors” e “bachelors”. Durante esses almoços é posta à prova a educação, o preparo social dos jovens, enfim, os requisitos necessários, além da bagagem científica, à luta pela vida e a sua vitória nos meios jurídicos. Comparou, pois, Mario Cerne, esses almoços anuais de Lowndes & Sons, Ltda, aos tradicionais almoços da Academia de Ciências Jurídicas Britânica.
A seguir usou da palavra o sr. Donald Lowndes que, em ligeira exposição, falou das atividades de Lowndes & Sons, Ltda, e do conceito que a mesma goza na praça do Rio de Janeiro, salientando o esforço e dedicação de todos os seus auxiliares com especialidade antigos funcionários como sejam: Nestor Ribas Carneiro, Orlando Graça, Leocadio Vieira Neto, Roberto Vayssiere, Alvaro Comunale. Referiu-se em seguida o sr. Donald Lowndes à atuação de Luiz Clovis de Oliveira, na administração de bens e finalizou apresentando o dr. Luiz Serpa Coelho que naquele mesmo dia assumiria as funções de Diretor Gerente do Cruzeiro do Sul Capitalização, elemento no qual depositava fundadas esperanças pela atuação que até então tem tido no IRB e de quem era companheiro desde a infância. A seguir pediu a palavra o sr. Carlos Rabelo que, em nome dos funcionários de Lowndes & Sons, Ltda., proferiu algumas palavras alusivas à cerimônia e à data de 1º de setembro.
MATÉRIA
1ª Conferência Hemisférica De Seguros
A mesa que presidiu a conferência e os delegados
Com amplo sucesso foi celebrada nesta Capital a primeira Conferência Hemisférica de Seguros. Reuniram-se delegados de todas as Nações do Continente; debateram-se as teses apresentadas dentro desse espírito de compreensão de que os povos americanos têm dado as mais tocantes provas. Da agenda constaram assuntos de extraordinário alcance para o incremento e progresso do Seguro, em suas diversas modalidades e aspectos. Realizou-se a solenidade inaugural no auditório do Instituto de Resseguros do Brasil, sob a presidência do General João Mendonça Lima, Diretor do Instituto. Inauguraram-se os trabalhos, no dia 18 de agosto, com a eleição do Presidente da Reunião do Comitê Permanente, cargo que incumbiu, por unanimidade, ao Dr. Angelo M. de Morais Cerne.
O General Mendonça Lima timbrou em prestar à Conferência um máximo de delicadezas, e, graças ao seu apoio, os resultados foram desvanecedores.
No dia 23 de agosto foi encerrado o conclave, sendo oferecido um almoço aos Delegados do Comitê Permanente, no Hotel Promenade, de Nogueira, pelo Sindicato das Empresas de Seguros Privados e Capitalização do Rio de Janeiro.
Tanto brilhantismo só foi empanado pelo súbito falecimento de Don Tristán Espinosa M., delegado do Chile, poucos dias após a chegada.
Nossas homenagens!
MATÉRIA
Decálogo De Jefferson
Thomas Jefferson, presidente dos Estados Unidos, tinha por norma de comportamento o seguinte decálogo:
1) Não deixes para amanhã o que podes fazer hoje;
2) Não peças o auxílio de outrem para o que podes fazer sozinho;
3) Não compres objetos inúteis sob o pretexto de que são baratos;
4) Não sejas vaidoso nem orgulhoso, pois o orgulho e a vaidade custam mais do que a fome e a sede;
5) Não te arrependas nunca de ter comido pouco;
6) Não dispenses dinheiro antes de o teres ganho;
7) Pratica de boa vontade todos os atos e nunca te cansarás;
8) Não tenhas apreensões, pois não sabemos o que o futuro nos reserva. As desgraças que mais tememos são, em geral, as que não se realizam;
9) Considera todas as coisas sob um ponto de vista favorável;
10) Quando estiveres contrariado, conta até dez antes de proferir qualquer palavra; contarás cem se estiveres encolerizado.
MATÉRIA
Aconteceu Nos Estados Unidos…
Acidentes curiosos e inéditos registrados em 1946 pelo conselho nacional de segurança onde se mostra que tudo pode acontecer e que o seguro morreu de velho
Os Estados Unidos são, não resta dúvida, a terra das coisas bizarras, dos acontecimentos inéditos, dos fatos fora do comum. E isso até mesmo no que respeita a acidentes, segundo o Conselho Nacional de Segurança, que registra todos os que sucedem no país. Como curiosa amostra do que dizemos, vejamos alguns desses bizarros acidentes, contados sucintamente, e extraídos do relatório anual do citado Conselho.
Cabeças Femininas Em Perigo
Na calçada de uma rua de St. Louis estava parada a Srta. Janette Esslinger quando um pequeno cubo de gelo, caindo da janela de um hotel, bate em cheio na cabeça. Com a pancada, a Srta. Esslinger foi posta “knock-out”. Levada para o hospital, a vítima foi tratada com… um saco de gelo!
Coisa mais leve do que um cubo de gelo pode, entretanto, pôr em perigo uma cabeça feminina. Senão vejamos:
Estava D. Margaret Standring caminhando numa rua de Philadelphia quando, de súbito, um cavalheiro e uma dama desconhecidos correm para ela e se põem a dar-lhe pancadas na cabeça. Agressão? Nada disso. A Sra. Standring estava pegando fogo! Um cigarro havia-lhe caído na cabeça e seus cabelos já ardiam sem que ela desse fé.
Este fato, aliás, não é inédito. Quem estas linhas escreve, quando há coisa de dois anos esperava um ônibus na rua S. Francisco Xavier, teve ocasião de tirar da loura cabeleira de uma vizinha uma ponta de cigarro acesa, jogada de um bonde. A jovem dona da cabeleira também não sentira o cigarro cair-lhe no cabelo. O autor bancou, pois, o herói, mas não casou com ela, como nas fitas americanas…
Animais Que Dão Tiros
Mas o pior aconteceu à sra. Ruth Patterson, de Baltimore. A sra. Patterson tinha um cão policial e tinha também (coisa esquisita!) uma pistola na prateleira do banheiro. Um dia estava tomando o seu banho quando o cachorro, não se sabe por afinidade policial, se aborreceu com o espetáculo, pôs-se de pé e esticou a pata para alcançar a arma. E para mal de sua dona, alcançou-a e a ela própria com um tiro no braço!
Vejamos agora o caso do caçador caçado por… um coelho. O fato passou-se em Louisville, com um rapaz de 16 anos, chamado William Humphrey. O nosso herói, ou melhor, a nossa vítima, havia pego um coelho vivo, colocando-o na bolsa que levava a tiracolo. Em determinado momento, o animal, em seus esforços para se libertar, põe uma pata para fora e, por azar, aciona o gatilho da espingarda, que estava carregada e com o cano virado para o chão. A arma disparou e Humphrey foi atingido no pé. Depois disso, o jovem caçador passou a usar, como amuleto, um pé de coelho… do coelho que o tinha caçado, desnecessário será dizer.
Desastres Causados Por Bichos
Em Hammond, Indiana, uma abelha causou um choque entre três automóveis. O sr. Walter Sohl ia guiando calmamente seu carro quando uma abelha o mordeu – apesar dele não sofrer de diabetes. Desorientado, Sohl atira o carro sobre outro, com tal violência, que o projeta sobre um terceiro automóvel.
Fato semelhante passou-se com a sra. Orson Rheingold, de Albany. Esta dama dirigia seu carro por uma estrada e, a certa altura, vê com horror (não fosse ela mulher) uma enorme ratazana dentro do auto. Resultado: mais um automóvel despedaçado de encontro a um poste e um rato a correr pelo campo.
Pequenas causas, grandes efeitos, dirá o filósofo. Acidentes deste gênero registrou o Conselho diversos, mas o mais extraordinário é o seguinte:
Um Salmão Que Espirra
Voltava o sr. James Mantakes, de La Grande, no Oregon, de uma pescaria carregando, orgulhoso, um belo salmão. Ao atravessar uma região deserta, ouve atrás de si um espirro. Espantado, olha para o interior do carro, mas nada vê de mais senão o salmão. Prossegue na viagem e mais adiante torna a ouvir o espirro. Volta-se novamente para trás e desta vez depara-se com o salmão olhando para ele com uma expressão de fúria e dor nos olhos injetados. Para complicar a situação, um gafanhoto penetra no carro nesse momento e o salmão salta em sua direção, mas falha o bote e cai no colo do espantado pescador que, para agarrá-lo, larga o volante. O carro, sem controle, sai da estrada e se espatifa, e o salmão dá mais dois ou três espirros e morre finalmente porque era ele que tinha espirrado, presume-se que devido a ter as guelras irritadas pela areia da região que o carro atravessava.
Entrar em um consultório dentário com dor de dentes e sair com dor de cabeça é algo que pouco recomenda o dentista… ou o construtor do prédio. Que o diga o sr. Staley Szot, de East Chicago, em Indiana. Quando o dentista, nas mãos de quem ele se entregara, se preparava para inserir o boticão em sua boca, um tremendo trovão estala, sacudindo o prédio e fazendo desprender um pedaço de gesso do teto, que cai em sua cabeça, deixando-o tonto. Aproveitando a oportuna anestesia, o dentista conclui o procedimento.
Mas, mais interessante foi o que aconteceu com a sra. Ralph Gilmore, de Philadelphia, provocado… pelo rádio receptor! A boa senhora estava em casa ouvindo rádio, afastada do receptor. Em certo momento, o programa muda e, como o aparelho estava alto, ela se apressa para abaixar o volume. Na pressa, tropeça no tapete e cai, se machucando. Agora, o mais curioso da história: o programa era do Conselho Nacional de Segurança, dando conselhos para evitar… acidentes domésticos!
Fogo Que Brinca Com Fogo
Para finalizar, vamos ver algumas histórias de fogo. Em Fairmont, um automóvel pega fogo devido a um curto-circuito. Não há ninguém nas proximidades e o carro, certamente, arderia por completo. Mas a buzina começa a tocar, dando o alarme. Por uma circunstância totalmente acidental, o curto-circuito ou as chamas fizeram a buzina funcionar.
Em um bar em Hugo, Oklahoma, surge um princípio de incêndio. Felizmente, está próximo de uma hidrante; as chamas fazem abrir a tampa e a água jorra, extinguindo o fogo.
Todos que usam isqueiros sabem quantas vezes lutamos em vão para que eles funcionem e nos acendam o cigarro. A mesma coisa acontecia com a srta. Janice Peterson, de Nova York, até que um dia ela viu que saía fumaça de uma gaveta da sua escrivaninha. Correndo para abri-la, verificou que era o isqueiro que tinha pegado fogo sozinho e incendiado a bolsa onde estava guardado!
Por aqui, vemos que onde está o isqueiro (ou seja, o homem… ou a mulher), está o perigo, e que o seguro morreu de velho.
Pelo Brasil Afora
ASPECTO DO CEARÁ: palmeiras, areais, mares verdes e jangadas de velas desfraldadas, eis a paisagem típica da costa cearense que esta fotografia fixa com tanta felicidade
MATÉRIA
Na Cruzeiro Do Sul Capitalização
Como transcorreu a posse do diretor gerente da novel empresa
Perante o grande número de amigos e admiradores, a Cruzeiro do Sul Capitalização, S.A., em 1º de setembro, empossou solenemente o seu novo Diretor-Gerente, Dr. Luiz Serpa Coelho, nome conceituado e de bastante projeção nos meios securitários, tendo ocupado lugar de relevo na organização e administração do modelar Instituto de Resseguros do Brasil.
O Sr. Donald de Azambuja Lowndes, Vice-Presidente da Companhia, abrindo a reunião, apresentou o novo companheiro de Diretoria, fazendo sentir a satisfação de todos os componentes da Cruzeiro do Sul Capitalização, S.A., em ver o Dr. Serpa Coelho na gerência da mesma, pela convicção que têm no sucesso de sua administração. Teve também ocasião de dizer que o novo diretor encontra a Companhia em situação privilegiada, exemplarmente organizada, com sucursais em diversas partes do país e apresentando em poucos meses de operação uma carteira de títulos em vigor de aproximadamente Cr$ 500.000.000,00. Este sucesso é uma prova convincente da excelência de seus títulos de previdência, e da operosidade e entusiasmo dos elementos de produção.
Aspecto da assistência à posse do novo diretor da Cruzeiro do Sul Capitalização, S/A
Discurso Do Sr. Donald Lowndes
“Meus Senhores:
A nossa presença, hoje, neste recinto se reveste de um caráter todo especial, que é o da solenidade de posse de nosso prezado amigo Luiz Serpa Coelho, no cargo de Diretor Gerente da Cruzeiro do Sul Capitalização, em vista do afastamento de Roberto Vayssière, que não mais pôde colaborar diretamente conosco, diante das responsabilidades assumidas com Lowndes & Sons, e o Banco Lowndes S.A.
Ao Sr. Roberto Vayssière devemos estender os nossos melhores agradecimentos pelos relevantes serviços prestados à nossa CRUZULCAP, em sua fase de organização e de início de operações.
A Serpa Coelho cabe a responsabilidade de continuar a tarefa tão bem assentada, e para tanto temos a convicção de que não poderíamos ter sido mais felizes na escolha. Isso demonstra a alegria que vejo estampada nos semblantes de seus inúmeros amigos e admiradores, que, aqui presentes, vieram demonstrar a sua satisfação e apreço.
Nunca é demais realçar os méritos e a operosidade de um homem.
Serpa Coelho faz parte do grupo de homens moços, com quem o nosso querido Brasil poderá contar para o seu progresso e desenvolvimento.
O seu passado é de quase todos nós, aqui presentes, conhecido, e mormente de mim, que com ele convivi nas bancas escolares do magnífico educador que foi Aldridge. Chamado por João Carlos Vital, para com ele, Adalberto Darcy, Rangel e Rodrigo de Médicis, colaborar na organização do então incipiente Instituto de Resseguros do Brasil. teve aos seus cuidados a importantíssima tarefa de dirigir os negócios do ramo de transporte em geral, e de sua eficiência e probidade na direção deste relevante setor de atividades, sobretudo durante o período de guerra, podemos nós, seguradores aqui presentes, dar amplo testemunho.
A escola de Vital foi boa, e a experiência e tirocínio de Serpa Coelho, nela adquiridos, quer na condução de negócios, ou na de homens, serão indubitavelmente de grande valor nas suas novas atribuições.
Os colaboradores da CRUZULCAP e seus esforçados elementos de produção terão em Serpa Coelho um administrador exemplar e entusiasta, digno das tradições da Companhia, para se obter uma produção ainda mais brilhante.
Com poucos meses apenas de funcionamento, encontra Serpa a CRUZULCAP em situação realmente privilegiada, com uma carteira de títulos em vigor se avizinhando de quinhentos milhões de cruzeiros, e diversas sucursais, com sedes em São Paulo, Recife, Bahia, Fortaleza e Porto Alegre, exemplarmente organizadas e em plena produção, que já estenderam o âmbito de suas atividades a importantes setores, tais como interior do Estado de São Paulo, Curitiba, Aracaju, Maceió, São Luiz do Maranhão, Rio Grande, Bagé e muitas outras cidades.
A excelência de seus planos de previdência, a sua sólida estrutura orgânica e o entusiasmo e fibra de seus Inspetores, Agentes e Produtores, são necessariamente responsáveis pelo animador sucesso alcançado.
A Organização Lowndes está realmente de parabéns com o desenvolvimento da Cruzeiro do Sul Capitalização, que, estrela de primeira grandeza, se colocará rapidamente na posição que lhe compete, entre as mais potentes sociedades de capitalização do Brasil.
Augurando a Serpa Coelho todas as felicidades no desempenho de seu encargo, em meu nome e no de meus companheiros de diretoria, convido-o a se aproximar desta mesa, para assinar, no livro de atas, a sua posse, e beber conosco e todos os presentes um brinde em sua honra.
Muito obrigado”.
O Dr. Luiz Serpa Coelho, após assinar o livro de atas, proferiu alocução, que abaixo transcrevemos:
O Dr. Serpa Coelho quando lia seu discurso após a posse
O Discurso Do Dr. Serpa Coelho
“Meus senhores:
O homem é, sem dúvida, o produto do meio em que vive, e, por isso, compreendo bem que o honroso convite para cooperar com a “Organização Lowndes”, na direção da “Cruzeiro do Sul Capitalização”, resulta das credenciais que me outorgam o Instituto de Resseguros do Brasil, obra magnífica de João Carlos Vital, de cuja criação tive a felicidade de participar, com o meu modesto mas sincero esforço, sempre orientado por esse proficiente e dinâmico brasileiro que sabe transmitir o entusiasmo que lhe é peculiar, a todos os colaboradores, entre os quais, naquele importante empreendimento, cumpre destacar Adalberto Darcy e Frederico Rangel.
E os alicerces tão bem lançados sustentam o monumento digno de servir de paradigma às melhores organizações do Brasil, em gozo de notório prestígio, graças ao seu corpo de funcionários, escolhidos pelo seu próprio valor, em provas concretas de competência, agora sob a direção do eminente servidor da Nação, Sr. General João de Mendonça Lima.
A escolha do meu nome para o novo encargo sensibilizou-me muito, vindo de um antigo companheiro dos bancos escolares, Donald Lowndes, cuja atividade no setor financeiro e de previdência privada se acentuam, seguindo os exemplos de austeridade do seu respeitável pai, Sr. Vivian Lowndes. Ambos formam, como tive a oportunidade de constatar em vários anos de mútua colaboração, entre aqueles homens que Ruy Barbosa enaltece com estes magníficos conceitos que não posso deixar de reproduzir:
“Uns plantam a semente da couve para o prato de amanhã, outros a semente de carvalho para o abrigo do futuro. Aqueles cavam para si mesmos. Estes lavram para o seu país, para a felicidade de seus descendentes, para o benefício do gênero humano.
Eis-me aqui, pois, penetrando a floresta amiga, conduzido por guias experientes a cuja confiança procurarei corresponder com o meu melhor esforço e ampla dedicação, para ver transformado em árvore frondosa o mais recente broto plantado pela “Organização Lowndes”.
Para esse objetivo não me faltará, estou certo, a cooperação inteligente e proveitosa dos Inspectores, Agentes e Produtores que tanto vêm contribuindo pelo desenvolvimento e prosperidade da “Cruzeiro do Sul Capitalização”, como muito justamente assinalou seu ilustre Vice-Presidente, pois também, como S. S. só julgo produtivo o trabalho comum quando executado com perfeito espírito de colaboração, sem desfalecimento e perseverante, lembrado sempre aquele conselho do velho Confúcio: “Transportai um punhado de terra todos os dias e fareis uma montanha.”
MATÉRIA
Southampton, Porta Marítima Da Inglaterra
Walter Holton, “copyright” do B. N. S.
(Especial para o “Noticiário Lowndes”)
Edifícios no “Civic Centre” em Southampton
Londres, agosto — Ao fundo de uma enseada que se abre por trás da ilha de Wight, ergue-se Southampton, um magnífico porto e a terceira cidade da Grã-Bretanha. Essa cidade foi fundada pelas 5 Legiões Romanas, durante o reinado do Imperador Cláudio, e continuou a ser utilizado como porto ao longo de 2.000 anos, até os dias atuais. Os invasores do Reino Unido sempre utilizaram Southampton como ponto de entrada. Após os romanos, vieram os dinamarqueses, os saxões e os normandos. Devidamente fortificada, a cidade tornou-se uma fortaleza e a herança que mais agrada aos habitantes são os restos dessas fortificações que salvaram a Inglaterra do fogo e da espada. Ao longo dos séculos, os soldados britânicos utilizaram a enseada de Southampton para partir para a guerra. Assim o fizeram os cruzados do século XII, os arqueiros ingleses que lutaram em Azincourt, os marinheiros e soldados que derrotaram Napoleão, e a juventude inglesa que, com tanques e canhões, fez as hostes germânicas recuarem no Dia D. A principal indústria de Southampton continua sendo a navegação. É o maior porto de passageiros do Reino Unido, a cidade das despedidas. Em 1892, a Southern Railway Company assumiu a administração dos cais, onde há 108 quilômetros de ferrovias.
As novas docas, que se prolongam por dois quilômetros e meio sobre os bancos do rio Test, constituem um triunfo da moderna engenharia ferroviária. Acham-se construídas sobre o barro ribeirinho. No final dessas docas está localizado o dique do Rei Jorge V, o maior dique seco do mundo, com mais de 360 metros de comprimento, no qual pode entrar facilmente um navio como o “Queen Mary”. As últimas cifras anuais de tonelagem oceânica entrada e saída no porto sobem a 23 milhões, com mais de um milhão de libras esterlinas de valor por semana. Nessa tonelagem se incluem os maiores navios britânicos de passageiros. Em certa época, esses transatlânticos zarpavam de Liverpool, mas logo voltaram a partir de Southampton, cuja distância de Londres é apenas de 124 quilômetros. A natureza dotou o porto de uma dupla maré alta de 12 horas, devendo-se isso à força da corrente do “Gulf Stream”, que atravessa o Atlântico e se aproxima do Canal da Mancha ao encontrar-se com as correntes que procedem do Mar do Norte. Assim, a maré alta se mantém estacionária por cerca de quatro horas, o que supõe abundância de água para os navios grandes. De fato, é Southampton o único grande porto que oferece acesso a qualquer hora do dia ou da noite aos maiores transatlânticos, quaisquer que sejam as condições da maré. A cidade possui muitas indústrias de pequena importância, não necessariamente relacionadas com a navegação. É um dos primeiros depósitos petrolíferos do Reino Unido e dispõe de fábricas de aviões, estaleiros para barcos menores e moinhos de farinha. Durante 150 anos estiveram ali situadas as oficinas centrais dos serviços cartográficos da Grã-Bretanha. A cidade tem seguido as pegadas do desenvolvimento do porto. Sua população é de cerca de 200.000 habitantes, os quais habitam uma extensão de 4.400 hectares, 400 dos quais destinados a parques e espaços abertos. Possui um campo de desportos sem igual em toda a Inglaterra. O centro cívico é formado por um belo grupo de modernas edificações, que se erguem entre espaçosos jardins. A Universidade é fundação recente e oferece a nota sem par de dispor, junto às Faculdades componentes, um Departamento de Navegação marítima e aérea. Com sua ilimitada energia e sua extraordinária vitalidade, Southampton desempenhará um papel de importância na Inglaterra do futuro.
As decas de Southampton, numa Vita grandiosa tomada use “Queen Mary”
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O Que Vai Pelas Editoras
E. S. Gardner — “O delegado traça um círculo”
Editora Vecchi — Rio
Pouco depois do advogado A. B. Carr ocupar sua residência, começam a acontecer coisas estranhas. Primeiro a Polícia de Los Angeles pede ao delegado local para descobrir um bandido que fugira da prisão, pois pensam que ele tentará estabelecer contato com Carr. Depois é a tinturaria, que informa que da residência de Carr havia recebido um terno para lavar, o qual apresentava manchas de sangue e uma perfuração que parecia de bala. Dali em diante o delegado Selby viu-se seriamente ocupado. Encontrou uma viúva fascinante e um homem que fora ferido à bala duas vezes no mesmo lugar. Encontrou um carro no qual o velocímetro marcava 90 milhas em cada viagem, e descobriu que, com todos esses indícios, estava dando voltas, sem chegar a conclusão alguma
Mas o delegado traçou um círculo, para desagradável surpresa de várias pessoas interessadas, inclusive o assassino.
Esta é, em resumo, a trama do novo e interessante romance policial de Erle Stanley Gardner, que a Editora Vecchi lançou recentemente, em tradução de J. G. Motta Florence, em sua vitória: a coleção “Os mais célebres romances policiais”.
J. Fenimore Cooper — “O filho do sol”
Editora Vecchi — Rio
Na sua coleção “Os audazes” lançou a Casa Vecchi mais um romance de Cooper, esse Alexandre Dumas da América dos pioneiros, que tão bem soube descrever as aventuras desses desbravadores de terras, nas suas lutas contra os peles-vermelhas e na sua penetração pelas selvas virgens de civilização do homem branco.
Em “O filho do sol” as eletrizantes aventuras sucedem-se com rapidez, mantendo tensa a atenção do leitor, subjugado pelo fascinante enredo deste romance, com o qual o autor conquistou fama perdurável.
Exímio romancista, achava-se insuperavelmente documentado sobre os usos e costumes, superstições e modos de guerrear dos índios. E não tinha segredos para ele a região dos Grandes Lagos, essa região outrora tão misteriosa, cujas grandes riquezas inexploradas exerciam invencível fascínio sobre os brancos.
“O filho do sol”, obra prima do romance de aventuras, pela segunda vez acaba de triunfar na tela, agora em versão da Colúmbia, tendo por protagonistas atores do porte de John Hall e Michael O’Shea.
MATÉRIA
Veja Se Sabe…
Veja se pode responder corretamente às 20 perguntas abaixo, experimentando assim sua cultura e sua memória. Cada pergunta certa vale 5 pontos. De 80 a 100 pontos, é um resultado ótimo; de 60 a 80, bom; de 50 a 60, regular. Confira os resultados com as respostas corretas no fim da revista.
- A quem é atribuída esta frase histórica: “Meu cavalo comerá a sua aveia no altar-mór de S. Pedro de Roma” a Hitler, a Atila ou a Maomé II?
- Luiz XV, rei de França, morreu na guilhotina, de varíola ou de uma queda de cavalo?
- A primeira linha de barcos a vapor que existiu no Brasil foi entre o Rio e Niterói, entre Cachoeira e Salvador ou na Lagoa dos Patos?
- Irineu Evangelista de Souza foi um grande brasileiro que ficou mais conhecido pelo título nobiliárquico com que foi agraciado. Qual destes: Visconde de Cairu, Barão do Rio Branco ou Visconde de Mauá?
- A lei que franqueou os portos do Brasil à navegação estrangeira foi promulgada por D. João VI, Pedro I ou pelo Marquês de Pombal?
- Qual o grande poeta português moderno que foi excomungado pela Igreja: Antero do Quental, Guerra Junqueiro ou António Nobre?
- Alexandre Herculano, famoso escritor português do século passado, celebrou-se como poeta, como romancista ou como historiador?
- Um grande poeta brasileiro pronunciou estas palavras ao morrer: “Já raia a madrugada, dêem-me café, vou escrever”. Quem foi: Castro Alves, Olavo Bilac ou Gonçalves Dias?
- Euclides da Cunha celebrou-se por ter escrito: “Casa Grande e Senzala”, “Os Sertões” ou “O Guarani”?
- Sherlock Holmes foi um detetive em carne e osso, um explorador famoso ou um personagem literário?
- “Aquarela do Brasil” é um quadro de Parreiras, um romance de Coelho Neto ou uma composição de Ary Barroso?
- A cavatina “Largo al Factotum” é de qual ópera: “As Bodas de Fígaro”, “O Barbeiro de Sevilha” ou “Carmen”?
- Frédéric Chopin era francês, polonês ou sueco?
- O osso chamado “estribo” faz parte da garganta, do pé ou do ouvido?
- Miografia é o estudo do miar dos felinos, a descrição do sistema muscular ou do cérebro humano?
- Um indivíduo abúlico é aquele que não se mexe com coisa alguma, que tem vontade frouxa ou que foi excluído da sociedade?
- Subericultura significa cultura em excesso, cultura motorizada ou cultura do cultivo de cortiça?
- Atronar significa subir ao trono, renunciar ao mesmo ou trovejar?
- A primeira travessia aérea do Atlântico Sul foi feita por franceses, portugueses ou brasileiros?
- Qual destes planetas está afastado da Terra: Júpiter, Urano ou Netuno?
Respostas
- Maomé 11
- De varíola
- Entre Cachoeira e Salvador, em 1819
- Visconde de Mauá
- D. João VI
- Guerra Junqueiro, devido ao livro “A velhice do Padre Eterno”.
- Como romancista com “Eurico, o presbítero” e como historiador.
- Olavo Bilac.
- “Os Sertões”.
- Personagem literário criado por Doyle, novelista inglês.
- Composição musical de Ary Barroso.
- Do “Barbeiro de Sevilha”, de Rossini.
- Natural da Polónia. nesse tempo sob domínio da Rússia, da Austria e da Alemanha.
- Do ouvido.
- Descrição do sistema muscular. (de mio-músculos).
- Frouxo de vontade.
- Cultura da cortiça.
- Trovejar.
- Pelos aviadores portugueses Sacadura e Gago Coutinho, em 1922.
- Netuno.
MATÉRIA
As Origens Da Rádio Transmissão
Um capítulo da vida de Heinrich Rudolf Hertz
H R. Hertz
A teoria do rádio não foi aceita assim, sem mais nem menos, pelo Conselho de Comprovações Científicas, que é uma espécie de comissão de cientistas mundiais, encarregada de estudar e dar as suas conclusões a respeito de toda nova teoria que venha a ser apresentada.
O fato é que não havia ainda, quando foi apresentada a teoria do rádio, uma evidência tal que permitisse uma defesa com caráter prático e com capacidade de poder provar o que se afirmava.
Para os engenheiros, físicos e investigadores que se assentaram no júri das últimas décadas do século passado, não pareceram muito evidentes, naquela ocasião, as conclusões a respeito da teoria do eletromagnetismo. Coube a Heinrich Rudolf Hertz a tarefa de revelar às gerações que vieram depois o porquê da caixa mágica das transmissões elétricas sem fio e provar que a teoria do eletromagnetismo era realizável, para o máximo benefício da humanidade.
Heinrich Rudolf Hertz, o assombroso descobridor das transmissões elétricas por ondas, nasceu em Hamburgo (Alemanha), no ano de 1857. Era um estudioso dos fenômenos da natureza, sem jamais ter sido um menino prodígio ou ficar até alta madrugada fazendo estudos intensivos, sem dormir. Era um estudante normal que um dia partiu para Munique em busca de um título de engenheiro.
Não obstante, não era a engenharia o curso de sua predileção, nem mesmo o que satisfazia suas ambições. Por isso, abandonou os cursos e concentrou-se no estudo da física sob a direção de dois mestres competentes e famosos: G. R. Kirchoff e H. von Helmholtz.
Sob essa orientação, Hertz se dedicou inteiramente aos problemas científicos.
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Para estimular os estudos de Hertz, os professores Kirchhoff e von Helmholtz o fizeram tomar parte em um concurso em que havia um prêmio importante. O concurso se realizava em Berlim, no ano de 1878 e se destinava o prêmio a quem apresentasse a melhor solução para a inércia elétrica.
Hertz levantou o tão almejado prêmio apresentando um trabalho ao qual deu o título de “Energia cinética da eletricidade em movimento”. Em 1880 seu trabalho foi publicado e recebido com elogios nos círculos científicos.
Encantado pelas aptidões que seu aluno demonstrava, as quais se evidenciavam no êxito que alcançara, von Helmholtz nomeou o jovem Hertz seu ajudante no Laboratório de Física do Instituto de Berlim.
Durante os três anos seguintes, Hertz investigou os efeitos das descargas elétricas e realizou também um minucioso trabalho sobre os efeitos da evaporação dos líquidos e dos corpos sólidos elásticos.
Tendo solucionado esses fenômenos, Hertz começou, em 1883, a estudar em Kiel a teoria eletromagnética de Maxwell, que eventualmente foi a que lhe deu fama. Consistia a referida teoria em aceitar que as ondas de luz eram ondas eletromagnéticas, o que Hertz demonstrou matematicamente. Foi nessa ocasião que expôs sua teoria de que existiam outras ondas também eletromagnéticas que não se podiam ver. E foi mais uma vez von Helmholtz quem financiou suas novas investigações. O mestre percebeu a inteligência de Hertz e sua aptidão para o trabalho, e o encaminhou para que provasse a teoria de Maxwell.
Foi esse o problema que desafiou o Conselho de Provas Científicas. E o problema foi resolvido definitivamente por Hertz, que provou, experimentou e fixou a teoria em seu justo alcance, oferecendo o fato concreto de suas afirmações. Corria então o ano de 1887.
Desde essa época, Hertz prosseguiu incansavelmente durante dois anos tratando de descobrir a propagação progressiva das ondas eletromagnéticas, ondas de rádio, no espaço, para medir o comprimento e a velocidade das referidas ondas e demonstrar que suas vibrações e sua sensibilidade de refração e polarização eram semelhantes às ondas de calor e de luz.
Ao submeter os resultados de suas investigações, Hertz declarou que suas experiências provavam conclusivamente que a luz era um fenômeno elétrico. E declarou: “Estou aqui para sustentar a afirmação de que a luz, seja de que natureza for, é por si um fenômeno elétrico, tanto a luz do sol, como a de uma vela ou do próprio vagalume. Retiremos a eletricidade do mundo e a luz desaparecerá, suprimamos o éter luminoso e os efeitos magnéticos e elétricos já não poderão tornar a produzir-se no espaço”. “Estas pesquisas que fiz não são mais do que um elo da longa cadeia. E é da cadeia e não do simples elo que vos desejaria falar”.
Ali estavam as bases para os trabalhos de Marconi e Crookes. Ali estava a chave do milagre da radiotelegrafia e, eventualmente, da radiodifusão.
Uma lenta e penosa enfermidade o levou ao túmulo no dia 10 de janeiro de 1894. Heinrich Rudolf Hertz preparou, para inestimável benefício dos investigadores que o seguiram, um tratado de princípios mecânicos que, juntamente com a contribuição já referida, o colocou entre os cientistas laureados.
E hoje, como tributo de justiça ao seu esforço e ao seu trabalho silencioso, damos o nome de “hertzianas” às ondas de rádio.
MATÉRIA
Allegretto Nova Iorquino
Conto de O. HENRY
Contos burlescos, irônicos e sarcásticos” — Editora Vecchi — Rio
A noite cairá sobre a grande e magnífica cidade, conhecida pelo nome de Bagdá, dos arranha-céus. E com a noite se difundia o mágico esplendor de que não somente a Arábia se pode vangloriar. As ruas, os bazares, as casas-cidadelas, da fabulosa cidade ocidental, um pouco diversamente camuflados, regurgitavam da mesma gente que tanto interessava o nosso velho amigo, o príncipe Harum-Al-Raschid. Todos vestiam trajes pelo menos cinco séculos mais modernos do que aqueles que Harum-Al-Raschid costumava admirar na velha Bagdá, porém, sob as roupas, eram os mesmos personagens. Com a segunda vista da fé, não era difícil reconhecer a cada passo Sindbad, o marinheiro, Fitbed, o alfaiate, a Bela Persiana, os Calendários zarolhos, Ali Babá e seus quarenta ladrões, o Barbeiro com seus irmãos e todos os personagens do velho repertório árabe.
O velho Tom Crowley era um califa. Isto é, possuía quarenta milhões de dólares em certificados hipotecários e em ações bancárias. Para merecer o título de califa em nossos tempos, é preciso ser super-rico. O antigo sistema de Califado praticado pelo Prof. Rachid, hoje propriamente não voga mais.
Se o leitor meter na cabeça, em nossos dias, deter um indivíduo num bazar ou num banho turco, ou numa viela, para submetê-lo a um interrogatório sobre a sua vida privada e sobre os seus negócios, o menos que lhe poderá suceder é acabar sob custódia.
O velho Tom estava cansado dos clubes, dos teatros, dos jantares, dos amigos, dos concertos, do dinheiro e de todas as coisas. Torna-se califa, precisamente, quando cheio de desprezo por tudo o que o dinheiro pode oferecer, põe-se a desejar qualquer coisa que não seja posta à venda.
“Darei uma volta pela cidade, incógnito”, pensou o velho Tom, “E tentarei descobrir alguma coisa inédita. A propósito, parece-me ter lido que um certo gigante Cardiff andava a passeio antigamente, munido de bigodes postiços, e discorria em persa com gente à qual não fora apresentado. Não me parece má ideia. A gente que conheço tem-me aborrecido profundamente. Aquele velho Cardiff ludibriava o tempo descobrindo personagens, quase irremediáveis, os quais enchia de dinheiro, moedas de ouro, parece-me, dando-lhes esposas, por fim, ou colocando-os em qualquer emprego do governo. Este género de ocupação não me desagradaria. O meu dinheiro não vale menos do que o dele, mesmo que os jornais me perguntassem cada mês onde o havia ganho. Sim, desejo precisamente concluir um pequeno negócio cardifico esta noite, e veremos como vai terminar.”
Vestido singelamente, o velho Tom Crowley deixou seu palácio na Madison Avenue dirigindo-se primeiro a oeste, depois ao sul. Enquanto perambulava pelo calçamento, o Destino, que dirige a extremidade dos fios nas centrais de todas as cidades mágicas, puxou um e, vinte casas adiante, um jovem olhou o relógio de parede e enfiou o capote.
James Turner trabalhava numa daquelas pequenas casas de lavagem de chapéus da Sexta Avenida, onde, quando alguém empurra a porta, soa uma campainha de alarme, e onde lhe escovam o chapéu “num minuto”, enquanto você espera quarenta e oito horas. James inspecionava de manhã até a noite uma máquina elétrica que fazia girar os chapéus mais vertiginosamente que a melhor maré de champanha.
Perdoando-lhe certa impertinente curiosidade a respeito do aspecto exterior deste desconhecido, darei dele uma descrição exatíssima. Peso, cinquenta e seis quilos; carnadura, cabelos e cérebro insignificantes; estatura, um metro e sessenta e oito; idade, perto de trinta e três anos; o conjunto revestido de uma roupa de lã cinza-esverdeada de dez dólares; bolsos contendo duas chaves e sessenta e três centavos em miúdo.
Pelo teor um tanto burocrático desta descrição, não vá, por favor, concluir que James estivesse morto ou extraviado. Devagar!
James trabalhava de manhã à noite. Seus pés eram delicados e extremamente susceptíveis de serem colocados sobre ou sob asperezas de quaisquer gêneros. De manhã à noite ardiam e protestavam, produzindo-lhe dores e tédio. Porém, James ganhava doze dólares por semana, que lhe eram necessários para sustentar seus pés, ainda que estes se recusassem a sustentá-lo.
Como você e eu, James Turner tinha uma concepção personalíssima da felicidade. Você, por exemplo, se diverte percorrendo o mundo de iate ou de automóvel, e atirando pérolas aos porcos. Eu gozo a vida fumando o cachimbo ao pôr do sol, observando um texugo, uma cascavel e uma coruja regressar à casa de maneira espalhafatosa, na conhecida pradaria de minha região.
A ideia que James Turner fazia da felicidade era muito diversa, mas em compensação era originalíssima. Terminada a faina diária, James se dirigia diretamente à pensão onde morava, e, depois de uma ceia composta de uma costeleta anã, batatas cozidas, uma maçã e uma infusão de chicória, subia ao seu alojamento-do-quinto-andar-sobre-o-pátio. Ali tirava as meias e os sapatos, pousava as indomáveis plantas dos pés nas barras frias da cama de ferro e mergulhava nas descrições náuticas de Clark Russel. O delicioso conforto do metal frio aplicado nas ardentes extremidades constituía o seu prazer noturno. Jamais se cansava dos seus livros favoritos: o mar e as aventuras dos navegantes eram a sua única paixão intelectual. James Turner era mais feliz que um milionário, quando repousava.
Deixada a casa de reforma de chapéus, James Turner fez o seu itinerário costumeiro desviar de três quarteirões, para dar uma olhadela nas bancas de um revendedor de livros usados. Mais de uma vez tivera a ventura de desentranhar daquelas montanhas um volume do imortal Clark Russell, a preço reduzido.
Enquanto estava avidamente curvado sobre aquela miscelânea literária pela metade do preço, chegou perambulando Tom, o velho Califa. O seu olhar perspicaz, ainda mais penetrante graças a vinte anos de experiência na manufatura de sabão lixívia (pobres lençóis!), reconhece imediatamente o estudioso pobre e inteligente, bem merecedor do qualifico interesse. Desce da calçada e, exordiando com expressões de introdução e de saudação, interpela sem hesitar o objeto da sua ponderada munificência.
James Turner voltou-se friamente com “Sartor Resartus” numa das mãos e “Um matrimônio maluco” na outra.
– Desista – disse – não pretendo adquirir máquinas aperfeiçoadas nem lotes de terrenos de Hankipoo, em New Jersey. Muitas recomendações à família.
– Rapaz – disse o califa, não se dignando levar em conta a audácia do limpador de chapéus. Percebo que tem disposição para o estudo. O estudo é uma das mais nobres paixões da humanidade. Da minha parte, jamais alimentei esta paixão, porém, admiro aqueles que a nutrem. Venho do Oeste, onde se cuida somente dos acontecimentos. Não estou em condições de avaliar a excelência e os objetivos dos livros que você está escolhendo, mas me agrada ver alguém que compreende o que eles contêm. Desejaria agora fazer-lhe uma proposta. Eu represento quarenta milhões de dólares, e me torno cada dia mais rico. Os quarenta milhões eu ganhei na maior parte fabricando o “Sabão Prateado da Zia Patty”. Inventei o processo de fabricá-lo; experimentei durante três anos antes de encontrar a quantidade exata de solução de soda e de potassa cáustica capaz de se ligar de maneira perfeita. E quando consegui à custa dela perto de vinte milhões de dólares, o restante acumulei nos cereais. Ora, desde que você tem índole literária e escolástica, eis o que farei. Providenciarei a sua educação no melhor instituto do mundo, pagarei as despesas das suas vagabundagens pela Europa e pelas galerias de arte, e finalmente introduzi-lo-ei no comércio. Se o sabão lhe inspirar objeções, você fará qualquer outra coisa. Vejo, pelas suas roupas e pela sua gravata antiestética, que você é consideravelmente pobre e que não tem maneira de recusar a minha oferta. Pois bem, quando queremos começar?
O reformador de chapéus pousou no velho Tom o olhar da Grande Cidade, um olhar que expressava suspeita fria e justificada, juízo suspeito tão alto quanto o foi enforcado Aman; defesa pessoal, desafio, curiosidade, desconfiança, cinismo e, embora pareça estranho, uma sede infantil de amizade e compreensão, que deve ser ferozmente sufocada quando se caminha nos “arraiais alheios”. Porque em Nova Bagdad, para a gente se conservar com vida, é necessário suspeitar de todo aquele que ceifa, more, beba, cavalgue, caminhe ou durma na poltrona, casa, barca, paiol, vereda ou quarto vizinho.
Diga-me uma coisa, Tizio, falou James Turner, em que artigo negocia? Cordões para sapatos? Repito-lhe que não tenho intenção de comprar nada. Fará melhor se desaparecer antes que aconteça qualquer enorme incidente. Saiba que não me interessam nem penas estilográficas, nem óculos de ouro encontrados na rua, nem ações ou títulos bancários de gênero algum. Pareço-lhe mesmo que caí da lua? Ou lhe entrou um argueiro no olho?
Filho, disse o califa com o tom mais harum-al-rascidico que ele conseguiu, como já disse, eu valho quarenta milhões de dólares. Não guardo excessivamente para levá-los todos comigo para o túmulo. Quero servir-me deles para praticar um pouco o bem. Eu o vi remexer entre estes volumes de literatura e pensei em encarregar-me do seu futuro. Dei dois milhões de dólares às sociedades missionárias, e o que consegui? Um recibo, assinado pelo secretário. Ora, você é precisamente o tipo de rapaz que me agradaria conservar junto comigo para ver o que poderia fazer com o dinheiro.
Naquela noite estava mais difícil do que de costume encontrar volumes de Clark Russel nas bancas do revendedor de livros usados. E os agitados doloridos pés de James Turner não contribuíam para dulcificar o seu humor. Embora não fosse mais do que um pobre limpador de chapéus, todavia, aquela noite estava em condições de fazer frente a um califa.
Rebateu desesperado cuide da sua vida. Não consigo entender qual é a sua intenção, a menos que você tenha um cheque falso de quarenta milhões de dólares para pôr em circulação. Aborrece-me não ter esta soma no bolso esta noite. Porém, em vez disso, tenho na extremidade do meu punho esquerdo um discreto esganador que lhe aplicarei já, se não o levarem as pernas.
“Asquerosíssimo cachorro sarmento!” – urrou o califa.
Então James Turner assentou o prometido esganador, e o velho Tom agarrou James pelo colarinho e lhe aplicou três safanões.
O limpador de chapéus recuou um bocado e deu um pontapé no califa; duas prateleiras caíram e os livros vieram abaixo. Chegou um policial, segurou-os cada um por um braço e os empurrou para dentro do posto de polícia mais próximo.
“Conduta desordenada e alteração violenta com vias de fato”, explicou o policial ao sargento de plantão.
“Trezentos dólares de multa”, decretou imediatamente e com ênfase o sargento.
“Sessenta e três centavos”, respondeu James com um sorriso amargo, e virou pelo avesso os bolsos das calças.
O califa apalpou os bolsos e reuniu algumas notas de pequeno valor e poucas moedas, na importância de quatro dólares e dez centavos.
“Valho quarenta milhões de dólares”, começou, “porém…”
“Leve-os para dentro”, ordenou o sargento.
Na cela, James Turner sentou-se sobre o seu capote, ruminando para si mesmo: “Os quarenta milhões de dólares, talvez os tenha e talvez não os tenha. Mas, tenha-os ou não, por que diabo vai passear para se meter nos negócios dos outros? Quando se sabe aquilo que se deseja e se pode obtê-lo, é precisamente o mesmo que possuir quarenta milhões de dólares”.
E neste ponto lhe ocorreu uma ideia que lhe iluminou a fisionomia.
Tirou os sapatos, arrastou o capote mais além, estendeu-se sobre ele voluptuosamente e colocou os pés torturados contra as barras frias da porta. Percebeu sob o capote algo duro e resistente. Apalpou os bolsos e tirou fora um volume de Clark Russel intitulado: “A noiva do marinheiro”. Emitiu um suspiro de alívio.
Naquele momento se apresentou na cela o carcereiro, e disse:
– Imagine só, aquele velho idiota que trouxemos para dentro com você parece ter dito a verdade. Telefonou aos seus amigos e agora se dirige para cá com um monte de papéis amarelos e largos, como guardanapos. Disse que deseja desembolsar a fiança também para você, e pergunta se está disposto a sair para fora, porque precisa te falar.
– Diga-lhe que não estou em casa – respondeu James Turner.
MATÉRIA
Educando a Criança Desvalida
por Matusalem Silva
Uma viagem, com a mudança dos cenários, faz sempre bem ao espírito. Permanecer num ambiente é levar uma vida como certas plantas de estufa, que precisam, de quando em quando, arejarem-se ao sol.
Há muito tempo não ia ao meu passeio predileto, Valença, no Estado do Rio, terra natal de meus saudosos antepassados.
Gosto de ir por ali, matar saudades e arejar o espírito, tirando-lhe o odor desta cidade maravilhosa, de vida tão desinteressante na atualidade, seja pela desordem dos transportes, seja pelo aspecto de cidade bombardeada e suja, seja pela pouca delicadeza dos transeuntes que se acotovelam por toda parte.
Sim, gosto de ir a Valença e dar um passeiozinho, ora aqui, ora ali, pelas proximidades.
Desta vez fui a Santa Tereza, cuja estação da Estrada de Ferro da Central do Brasil tem o nome de Rio das Flores. Parece que é assim, também não sei, tantas as alterações disparatadas que se fazem por aí a fora nos topônimos até seculares. Disparatadas mesmo quando parecem corresponder a uma elevação, como é o caso da secular Valença, que foi promovida a Marquês…
Mas, como ia dizendo, desta vez fui à velha Santa Tereza. Tive, então, oportunidade de visitar um asilo de meninos desamparados, do qual soube que o presidente é o Desembargador Augusto Saboia Lima, atual presidente do Tribunal de Justiça do Distrito Federal.
Esse asilo está instalado em uma fazenda próxima à localidade. Inaugurado em 1944, funciona provisoriamente no antigo casarão, esperando que concluam as obras do novo edifício, com capacidade para 600 meninos. Pelo que já está feito, verifiquei como serão os amplos e confortáveis dormitórios, as cozinhas moderníssimas, os refeitórios, o campo de esportes, o teatrinho, etc.
Impressionou-me a liberdade e a alegria em que vivem os meninos de boa formação ou reeducados pelo meio – cumprindo assinalar que não lhes falta também, de quando em vez, os anormais ou perdidos e que deviam destinar-se a outro tipo de asilo, apropriado ao caso.
Ali os garotos aprendem, além de ler e escrever, um ofício, sendo obrigatório a todos o ensino e prática da agricultura.
As estatísticas nos entristecem imensamente pelo número elevado de adolescentes abandonados que vegetam por este Brasil afora. Uma visita a um educandário como esse é um grande consolo. Praza aos céus que eles se multipliquem – e os Saboia Lima também!
Aspectos Do Panamá Moderno
O belo edificio do Nuevo Hotel Internacional na cidade do Panamá. (Foto gentilmente. oferecida pelo Embaixador da nação amiga Dr. J. Arias Abdiel)
MATÉRIA
Tem Mais Duas Sucursais a Cruzeiro Do Sul Capitalização S. A.
Prosseguindo na vitoriosa expansão de seus negócios em todo o território nacional, a Cruzeiro do Sul Capitalização instalou mais duas sucursais nos Estados do Ceará e no Rio Grande do Sul, de cuja inauguração damos notícia a seguir.
O Sr. Donald de A. Lowndes fazendo sua saudação no ato inaugural da sucursal de Porto Alegre
A Sucursal De Porto Alegre
A sucursal de Porto Alegre foi inaugurada em 17 de julho, revestindo-se o ato de toda a solenidade e brilhantismo. Com a presença do Sr. Donald de Azambuja Lowndes, vice-presidente da Cruzeiro do Sul Capitalização, que foi a Porto Alegre especialmente para esse fim, acompanhado do Sr. Humberto Ribas, auxiliar da diretoria, teve início a festividade, que foi assistida por numerosas personalidades do mundo oficial, da alta sociedade e dos negócios. Deu-se início ao evento com a bênção do Reverendo Padre Atílio V. Fontana, representante do Sr. Arcebispo Metropolitano.
Após este ato religioso, e depois dos presentes terem percorrido e apreciado as instalações, foi servida, em uma grande mesa, uma taça de champanhe, durante a qual vários oradores falaram.
O primeiro a discursar foi o Padre Fontana, que saudou a direção da Companhia, formulando votos por um próspero futuro e augurando o melhor êxito nas suas atividades no Estado.
Em seguida, o Sr. Humberto Ribas proferiu uma brilhante oração alusiva ao ato, demonstrando a sua confiança na Companhia e no pessoal que nela colabora.
Por último, o Sr. Donald de Azambuja Lowndes fez uso da palavra. O orador, após aludir ao significado da capitalização na economia privada, hoje matéria pacífica e reconhecida por todos, passou a fazer uma exposição das vantagens do plano da Cruzeiro do Sul Capitalização. Com nitidez e fluência, o orador mostrou as características peculiares do plano, que o impõem à atenção do público, como está provado pela rápida e geral aceitação que tiveram, logo de início, os seus títulos. O Sr. Donald enumerou e analisou essas vantagens, salientando certos pontos e terminando por agradecer aos presentes a honra que davam à Companhia ao comparecerem ao ato inaugural.
A festividade terminou em meio à muita cordialidade e geral satisfação, demonstrando aos convidados a melhor impressão do que haviam testemunhado.
A gerência da sucursal de Porto Alegre está entregue à proficiência do Sr. Anibal Carlos Kessler. Na qualidade de Chefe de Produção está o Sr. Vitor Humberto Agostinelli, ambos elementos bem conhecidos e destacados no ambiente de comércio local, de cuja atividade e inteligência muito é lícito esperar.
O Padre Atilio V. Fontana quando fazia uma alocução durante a cerimônia em Porto Alegre
A Sucursal De Fortaleza
Realizou-se solenemente no dia 24 de maio, às 16 horas, como fora anunciado, a instalação oficial da sucursal da Cruzeiro do Sul Capitalização S.A., na capital cearense.
A nova Companhia, vinculada à “Organização Lowndes”, uma das mais pujantes entidades econômicas de âmbito nacional, está destinada, a exemplo de suas coirmãs Lowndes, a dominar os meios capitalistas cearenses.
A instalação da nova sucursal demonstra de modo irrefutável a orientação dinâmica de seus dirigentes.
Primoroso programa foi executado durante a cerimônia de instalação.
Com a presença do representante do Excelentíssimo Senhor Governador do Estado, do Excelentíssimo Senhor Desembargador Francisco de Albuquerque Leite, presidente do Tribunal de Relação do Estado, dos representantes dos Excelentíssimos Senhores Prefeito da Capital e Secretários de Estado, do Excelentíssimo Senhor Presidente da Assembleia Legislativa do Estado, de alguns deputados, do ilustre e Reverendíssimo Padre Arquimedes Bruno, de representantes da Imprensa, do Comércio e da Indústria, e pessoas destacadas da sociedade local, o Ilustre e Reverendíssimo Padre Antônio Souto procedeu à bênção do Crucifixo e de todas as dependências da sucursal.
Essa atitude nobilitante dos dirigentes da Cruzeiro do Sul, merecedora dos mais francos elogios, calou profundamente no Ceará católico.
De início, falou o sr. José Alberto Resende Santos, chefe do Departamento de Produção do Norte, que proferiu belíssimo discurso, verdadeiro hino à capacidade construtora, à audácia e intrepidez dos filhos da Terra de Iracema.
Seguiu-se com a palavra um membro do Departamento de Produção que enalteceu as qualidades peregrinas do sr. José Alberto Resende Santos, ao mesmo tempo que, traduzindo o pensamento de seus colegas, externou as suas mais seguras esperanças no êxito da Cruzeiro do Sul, no Ceará, uma vez que esta Companhia já possui um quadro de colaboradores de escol, alguns pertencentes aos meios sociais e intelectuais, e outros aos meios comerciais do Ceará.
Coube o cargo de inspetor Geral ao sr. Abel dos Santos Lima, veterano em capitalização, cuja jurisdição se estende aos Estados do Maranhão e Piauí.
Por fim, falou o vice-presidente da Companhia, Donald de Azambuja Lowndes, que proferiu substancial discurso, apresentando uma síntese das vantagens de um título de capitalização.
Logo a seguir, foram servidas taças de champanhe e finos bolos às autoridades presentes e demais pessoas gradas.
A banda de música da Força Policial do Estado abrilhantou com variado programa o ato de inauguração da nova sucursal.
Flagrante da inauguração da sucursal de Fortaleza, vando-se o Sr. Donald de A. Lowndes cercado de altas personalidades locais
O Padre Bruno, representante do Sr. Arcebispo quando benzia a nova Sucursal de Fortaleza
MATÉRIA
Curiosidades De Ontem e De Hoje
O Aproveitamento Da Energia Solar
Os homens de ciência têm idealizado muitos aparelhos para aproveitar os raios do sol em benefício da economia.
Na verdade, já se construiu um mecanismo para ferver e tornar potável a água salgada e também para as instalações de aquecimento de casas e a desidratação de verduras e frutos. Também se conseguiu aquecer os banhos e fazer a limpeza por meio do calor do sol. No Turcomenistão, aquece-se água para o banho por meio de instalações solares colocadas nos tetos das casas.
Já se experimentaram também refrigeradores acionados pelo sol, os quais mantiveram uma temperatura de dois graus abaixo de zero quando a temperatura externa era de 40 graus acima.
Vidro Mortífero
O Dr. W. H. Hampton, cientista de Birmingham, descobriu acidentalmente um vidro mortal para as moscas, tão letal como um raio, e que se acredita fará parte do equipamento das futuras cozinhas.
Diz o Dr. Hampton que desconhece a razão pela qual a luz, filtrada pelo vidro, mata as moscas. Explicou que se dedicou à tarefa de produzir esse tipo de vidro a pedido do Almirante britânico, que precisava de uma substância “inativa” para proteger as embarcações de observação mais leves do que o ar. O resultado foi que o Dr. Hampton obteve seu “3-A imarcessível”, uma nova forma de vidro que absorve os raios de calor. Tem uma cor azulada e foi experimentado, pela primeira vez, na janela de um matadouro. Durante o primeiro dia de calor, as pessoas que estavam no local comentaram que a temperatura ambiente era muito mais agradável debaixo da janela dotada desse vidro. No dia seguinte, observou-se um fato ainda mais curioso: ao pé dessa janela jazia uma grande quantidade de moscas mortas. O novo vidro continua matando moscas em sucessivas experiências, no entanto, nenhum cientista sabe explicar a razão disso.
Mosca De Vôo Veloz
Existe na África uma espécie de mosca que voa à velocidade fantástica de 1.600 quilômetros por hora, ou seja, quase a metade da incrível velocidade do som. Um avião, se pudesse voar com tal rapidez, daria a volta ao mundo em 17 horas.
Pelo visto, o homem tem ainda muito a aprender com os animais.
No Mesmo Prato
Na Idade Média, nas mesas mais finas, inclusive nas dos reis, era costume comer com a mão, pois em matéria de talheres só existia a faca.
Era também hábito, e esse requinte, comerem do mesmo prato um cavalheiro e uma dama. A propósito disso, os manuais de etiqueta recomendavam às damas não comerem os melhores pedaços, deixando alguma coisa para os cavalheiros.
Como se vê, “comer de colher” é coisa moderna e mesmo assim só para certas criaturas…
Para Futuros Esposos e Maridos
As autoridades municipais inglesas, por sua gestão do Ministério da Educação, vão criar cursos de serviços domésticos e puericultura para moças casadoiras, bem como outros para jovens do sexo dito forte para instruí-los sobre seus deveres de esposos e de pais futuros.
No currículo desses cursos haverá instruções sobre: nutrição, cozinha, orçamento doméstico, lavagem de roupa e de louça, higiene, utilização econômica de combustíveis, reparos e decorações, etc., para os quais, diz o comunicado, há grande interesse no país.
Não resta dúvida de que, nos tempos que correm, os cursos serão de grande valia, não só para as moças, mas também para os rapazes que pretendem casar, principalmente para aprenderem matérias como: lavagem de pratos e cueiros, cozinha e… cuidar dos bebês.
Testamento Consciencioso
Boerhaave, que foi um dos mais famosos médicos da Europa no século XVIII, ao morrer de goto, em 1738, tinha apertado nas mãos um caderno que passava por conter o segredo de suas curas. Mal expirou, os colegas mais chegados atiraram-se sofregamente ao livro, na ânsia de conhecerem as receitas. Aberto o mesmo, tiveram uma surpresa decepcionante. Havia apenas uma folha escrita e esta dizia: “Mantenha a cabeça fresca, os pés quentes, o ventre livre, e zombai dos médicos”.
Como verdadeiro sábio, Boerhaave deixara um testamento científico consciencioso.
Seis Milhões De Metros De Fios
Os fios telefônicos e telegráficos existentes no famoso edifício Empire State, de Nova York, um dos mais altos do mundo, somam juntos cerca de 6.000.000 de metros. Já é ter linha…
MATÉRIA
Notas Sociais
VIVIAN LOWNDES
Mais uma vez a coluna deste “Noticiário” tem a grande satisfação de assinalar a passagem da data natalícia de Vivian Lowndes, no dia 19 de junho. Vivian Lowndes, que detém em suas mãos a presidência de várias firmas da Organização Lowndes, é o tipo perfeito de “self-made man”. Aliás, às qualidades de homem de negócios, une uma aprimorada educação, com maneiras sóbrias que a todos cativam. Por todos esses motivos, Vivian Lowndes recebeu, pela passagem do seu aniversário, demonstrações inequívocas de amizade dos funcionários desta Organização e de seus inúmeros amigos. À Sr. Vivian Lowndes, a redação deste “Noticiário” cumprimenta e formula votos para que a data se reproduza muitas vezes.
ROBERTO VAYSSIERE
Transcorreu no dia 5 de julho a data natalícia de Roberto Vayssière, alto funcionário de Lowndes & Sons, Ltda. e um dos Diretores do Banco Lowndes S.A. A Roberto Vayssière, o “Noticiário Lowndes” apresenta os cordiais cumprimentos.
JORGE SANTOS LIMA
Este “Noticiário” apresenta cumprimentos e votos de felicidades a Jorge Santos Lima, Diretor da Cia. de Seguros Cruzeiro do Sul, um dos mais relevantes membros da Organização Lowndes, por ter no dia 4 de junho completado mais uma primavera.
NESTOR RIBAS CARNEIRO
O dia 12 de agosto de 1947 amanheceu frio e chuvoso. Porém, esta circunstância não impediu que fosse desde cedo notado um insólito movimento de funcionários da Organização Lowndes, no 1º andar do Edifício Esplanada, justamente nas imediações da sala de Nestor Ribas Carneiro. Um vaso de flores vermelhas e brancas estava sobre a mesa do Sr. Carneiro, para dizer que algo de extraordinário estava acontecendo naquele dia. Na verdade, algo se passava, embora não fosse extraordinário, pois o que havia de positivo era o transcurso de uma data que, para todos da Organização Lowndes, tem um caráter festivo: o aniversário de Nestor Ribas Carneiro, que, pela sua maneira de agir e operosidade, conta com todos os seus auxiliares como um amigo dedicado. O “Noticiário Lowndes” aproveita a oportunidade para apresentar seus cumprimentos e votos de prosperidade ao dedicado amigo e colaborador desta revista.
CMTE. LUIZ CLOVIS DE OLIVEIRA
É-nos grato registrar a efeméride natalícia, em 28 de agosto, do Cmte. Luiz Clóvis de Oliveira, procurador de Lowndes & Sons, Ltda., Administração de Bens, e colaborador deste “Noticiário”, que pelo seu talento e dedicação tanto tem contribuído para a eficiência dos serviços que se encontram sob sua esclarecida orientação.
CASAMENTO
No dia 6 de setembro, a Srta. Yvone Lowndes Brasil, neta do Sr. Vivian Lowndes, casou-se com o Tenente-Aviador Hélio Alves. A cerimônia religiosa foi realizada na Igreja de São Francisco de Paula, com a presença de um grande número de pessoas amigas.
No dia 4 de setembro, nossa estimada amiga Celma Horta Raphael, ex-funcionária desta Organização, casou-se na Igreja Santa Cruz dos Militares com o Tenente-Aviador Hélio Simões Bastos.
MATÉRIA
Garotas Da Organização Lowndes
(Qualquer coincidência será mera semelhança Leão do Metrô)
Louras, morenas, esbeltos, bonitinhas, todas elas são assim – pois as que assim não são nos nossos olhos assim o são…
O ideal delas – durante as horas de expediente, é claro.
Nancy – (Delicada de maneiras, dominando com seu porte esbelto a sobreloja) – Minha amiga, depois que o Sr. Donald comprou a tal máquina de gravar as suas cartas (o falado ditafone!), passo o dia todo com o horrível aparelho no ouvido e os dedos no teclado da máquina de escrever. É bem verdade que o aparelho se assemelha aos que os médicos usam para auscultar os corações… Se ao menos este pudesse ouvir o que vai pelo meu…
Mina – (Dirigindo-se a um americano que emite uns sons guturais na língua de Shakespeare, um “slang” do “underworld” do Brooklin)
– I beg your pardon. Please repeat your last sentence…
Retruca o americano – Do you speak english?
Pobre da Mina! Estes americanos são maldosos ou… falam muito mal o inglês. E reti- rando-se para o seu “altar”, os cacetes arquivos, com aquele seu arzinho de zangada, desabafa:
– Qual!… esta vida sem os americanos e os arquivos seria um paraíso. Ah, São Paulo distante!…
Mirthes – A vida é um céu aberto depois que subi para o 2º andar, perto do Ribas e próximo da Contabilidade. Só uma coisa me aborrece: as tais reuniões de condôminos… Lowrides & Sons sem Condomínios estava a calhar… muito embora não desgoste de verificar as atas que escrevo, quando recebo um auxílio da Contabilidade.
Lourdes – (Simpática. Um sorriso franco e às vezes – seja dito de passagem – algo malicioso) – Não sei bem se este é o meu ideal… Pelo menos, penso que é: Copacabana nas horas de folga. Que pena não termos o horário dos bancários!…
Nair – (Gentil, com aquele jeitinho de Nancy, pois são amigas) Atas, reuniões de Diretoria… É este o meu calvário! Se ao menos pudesse escrevê-los em versos…
Therezinha – Que horror!… O sr. Ribas vai chegar e ainda não li o Diário Oficial, (E) nervosa, com aquela voz que só ela tem, ro “tele-speaker”). Departamento de Inspeção. Sr. Walmir… Therezinha falando!… Ah! se vida fosse só esse aparelhinho, que bom seria..
Tereza – A vida sem o dr. Leonel seria bem melhor pois sossegadinha, passaria nesta salinha, debaixo da escada, e de todos escondidinha…
Nota da Redação: Para que os funcionários da Organização Lowndes não digam que o “Noticiário” é “amigo da orça”, ou mesmo a própria “onça”, excluímos as casadas.
Pela verdade:
Siri-Gaita
MATÉRIA
Noticiário Lowndes Informa
Atividades Do Departamento De Administração De Bens
Além de muitas outras administrações recebidas por Lowndes & Sons, Ltda., durante o primeiro semestre do corrente ano, cumpre notar a dos imóveis do Exmo. Sr. Dr. José Rufino Bezerra Filho, conceituado capitalista e pessoa de destaque social nesta cidade.
Com a referida administração, aquela firma recebeu também a administração dos imóveis da Sociedade dos Edifícios Guararapes, Ltda., e de D. Eunice Bezerra Cavalcanti. Estas administrações compreendem um interessante conjunto de edifícios residenciais, a saber:
EDIFÍCIO GUARARAPES:
Av. Aparício Borges, 51
EDIFÍCIO GUARARAPES:
Rua Voluntários da Pátria, 236
EDIFÍCIO GUARARAPES:
Rua André Cavalcante, 51
EDIFÍCIO MAURICÉIA:
Rua Senador Vergueiro, 55
EDIFÍCIO SÃO PAULO:
Rua Ronald de Carvalho, esquina Avenida Copacabana.
EDIFÍCIOS SITUADOS À:
Rua Prudente de Morais, 12
Rua Prudente de Morais, 45
Rua Dom Pedrito.
Foi recebida também a administração de dois imponentes imóveis edifícios “City” e “All América”, ambos situados na Av. Rio Branco, nas proximidades da Av. Presidente Vargas, nesta capital, de propriedade do Exmo. Sr. Dr. Antônio Sintra Gordinho, conceituado homem de negócios, pessoa de grande projeção na cidade de São Paulo.
Além das administrações acima, passaram a ser administrados pela firma Lowndes & Sons, Ltda., dois magníficos edifícios de condomínio recentemente constituídos, que são os edifícios “Taunton”, na Av. Copacabana, esquina da rua Raimundo Correia, e “Palmares”, na Av. Copacabana, esquina da rua República do Peru.
Foi também recebida a administração de mais um imóvel do Exmo. Sr. Dr. Haroldo Coelho Sintra, o edifício de apartamentos, recentemente construído, situado à rua Paulino Fernandes, 67, em Botafogo.
Atividades Do Departamento De Compra e Venda
Lowndes & Sons, Ltda., no afã de atender aos interesses do público e especialmente a seus clientes, levou a efeito, neste último trimestre, a incorporação de três edifícios residenciais, de 3 pavimentos cada um.
O primeiro deles foi o edifício “Itaituba”, sito à Av. Paulo de Frontin, 481, que era de propriedade do Sr. Cap. Michael James Robinson, edifício de sólida construção, otimamente situado. A maior parte dos adquirentes foi constituída pelos próprios inquilinos, que, graças ao plano de financiamento apresentado por Lowndes & Sons, Ltda., puderam, com uma pequena entrada em dinheiro, com os próprios aluguéis, comprar seus respectivos apartamentos, tornando-se assim proprietários de imóveis em que residem, ao invés de simples inquilinos. Obedecendo ao mesmo plano, foram também divididos em condomínios os prédios situados à rua Ataulfo de Paiva, 482, no Leblon, e na rua Santa Alexandrina, 15.
Caixa De Socorro Da Organização Lowndes
Esta Caixa, fundada com o fim de prestar assistência médica aos funcionários de Lowndes & Sons, Ltda., após um período de vários anos, vem desenvolvendo-se graças aos esforços dedicados de Nestor Ribas Carneiro e Álvaro Comunale. Em sua folha consta uma série longa de inestimáveis serviços prestados aos funcionários de Lowndes & Sons, Ltda., pois a assistência médica diária, aplicações de injeções, custeio de despesas com médicos especializados, radiografias, etc., estão aí para confirmar estas nossas palavras. Como se não bastasse toda essa atividade, no dia 2 de agosto do corrente ano, os sócios desta Caixa de Socorro se reuniram em assembleia geral ordinária, sob a presidência do sr. Nestor Ribas Carneiro, a fim de dar à Caixa um caráter semi-oficial e ampliar os benefícios a serem concedidos aos sócios.
Nesta assembleia foi aprovado um regulamento, que entrou em vigor a partir daquela data, e foi eleita uma Diretoria para o biênio de 1947/49 que ficou assim constituída:
Presidente: Nestor Ribas Carneiro.
Vice-Presidente: Luiz Clovis de Oliveira.
Tesoureiro: Alvaro Comunale.
Chefe da Assistência Social: Walter Niemeyer.
Conselho Deliberativo: Donald Lowndes, Mário Bastos, Leocádio Vieira Neto, Mário Peixoto Esberard e Almerindo Caldas. O Sr. Vivian Lowndes foi unanimemente eleito presidente de honra.
Um dos primeiros atos da Diretoria acima foi o de contratar os serviços do Dr. David Klang, cirurgião-dentista, para atender aos associados.
LOWNDES & SONS. LTDA. — no desejo de bem servir os seus inúmeros clientes e amigos e tendo presente o seu lema “Por bem fazer bem haver” – aparelhou o seu Departamento de Inspeção cor a camionete que se vê na gravura, destinada ao serviço de inspeção de prédios e entrega do material de limpeza e conservação. Vemos na foto o Sr José Henrique da Silveira, Chefe do Departamento de Inspeção, e seus auxiliares, inspetores Oswaldo Augusto Quintas, Walmir Mattos Costa e Henry Robert Togo Carpenter
Armazém No Cais Do Porto Do Rio De Janeiro
Em 10 de junho último, fomos convidados para a “Festa da Cumieira” dos Armazéns que estão sendo construídos na Avenida Cidade de Lima, no Cais do Porto do Rio de Janeiro. Como registramos num dos nossos últimos números, a Organização Lowndes foi instrumental em incorporar diretamente um grupo de vinte armazéns no referido local, servidos pela linha férrea do Cais do Porto, cada um deles dotado de moderníssimas instalações, tais como “Monorails” elétricos, que permitem a carga e descarga direta dos caminhões e vagões ferroviários que se encostam nas plataformas destes armazéns. Além disso, são servidos por cinco modernos elevadores de carga, da marca “Induco-Shepard”, instalados pela Comércio e Indústria Induco S.A., que representa em todo o Brasil a Shepard Elevator Co., de Cincinnati, EUA. Estes elevadores, de grandes dimensões e de capacidade de três toneladas de carga, já estão chegando ao Rio, e dentro de pouco tempo estarão instalados nos referidos armazéns. Os “Monorails”, dispondo de guindastes elétricos de três mil libras de capacidade, estão sendo instalados em cada um dos vinte armazéns, e são de importação da Induco que representa também no Brasil a reputada firma Richard-Wilcox, de London, em Ontário, Canadá. A construção dos mencionados armazéns, ora em fase de acabamento, foi confiada à honrada firma Christiani & Nielsen, que está dando uma execução bastante rápida aos trabalhos. Na solenidade da “Festa da Cumieira”, verificamos a presença de quase todos os proprietários dos armazéns e seus representantes, como a Diretoria da Cia. de Anilinas e Material Técnico; sr. Paul J. Christoph e sr. Cunninghan, de Paul J. Christoph Co.; a Diretoria de Tecidos Miller S.A.; os sócios de E. Alexander & Cia.; o sr. Méghe, de Méghe & Cia.; o sr. Mário Silva, representando o sr. Carlos Telles da Rocha Faria; o sr. e sra. John Dunhofer; os sócios de Binyngton & Cia., representante da firma, presidente de Christiani & Nielsen; Dr. Américo R. Campelo, arquiteto da obra; sr. e sra. Vivian Lowndes, presidente do Banco Lowndes S.A., Sr. e sra. Donald Lowrides, sócio-gerente de Lowndes & Sons, Ltda., srs. Ralph Olsburgh, John Lowndes e Valentin de Virgiliis, diretores da Comércio e Indústria Induco S.A., sr. L. Bucowitz, representante técnico desta última, responsável pela instalação dos elevadores e “Monorails” elétricos; e muitas pessoas de destaque. Estavam presentes à Festa cerca de 300 operários, que executaram os serviços. O registro deste acontecimento é sobremodo relevante, principalmente, pelo fato de poder dispor a nossa cidade, dentro de poucos meses, na zona do Cais do Porto, de importante grupo de armazéns, que em parte irá atenuar a presente escassez deste género de estabelecimentos.
Curso De Extensão Do Instituto De Resseguros Do Brasil
No término do ano letivo de 1947, laureou-se a primeira turma de securitários, que desde 1944 vinha frequentando o Curso de Extensão, criado pelo Instituto de Resseguros do Brasil.
As Companhias, sob a orientação da Organização Lowndes, prestigiaram sempre essa louvável iniciativa do dr. João Carlos Vital, oferecendo todas as facilidades aos seus funcionários que desejassem cursar as aulas.
As dificuldades originadas da rigorosa seleção, estabelecida pela Direção do Curso, juntaram-se às decorrentes da falta de transportes e todas as demais que os brasileiros tanto sentiram durante a guerra, e ainda agora.
Foram inscritos cerca de quatrocentos alunos no início do Curso, dos quais somente dezenove conseguiram alcançar a meta final.
Entre esses esforçados, a Organização Lowndes teve a satisfação de ver classificados sete de seus elementos nas pessoas de:
Walter Braga de Niemeyer
Gilda Campello
Maria Helena Moura
May Real Belfort
Sérgio Castiglioni
Sílvio Mourinho de Abreu
Carlos Augusto Carneiro
Todos os funcionários acima empregaram o melhor de seus esforços para brindarem a Organização a que pertencem com as classificações obtidas, competindo com professores, advogados, atuários, contadores e bacharelandos.
Merece, entretanto, especial menção o sr. Sérgio Castiglioni, que conseguiu o primeiro lugar no ramo Transporte.
O Instituto de Resseguros do Brasil, para festejar o brilhante feito dos aprovados, realizou excelente programa de festas, no qual foram homenageados: o dr. João Carlos Vital, escolhido pela turma como Paraninfo de Honra; o professor Thales de Mello Carvalho, Paraninfo; os srs. Djalma Cavalcante e Walter Moreira da Silva, Diretores do C.E.I.R.B, e os professores, srs. Arcício Papini, Thales de Mello Carvalho, Fábio de Macedo Soares Guimarães, Paulo Barbosa Jacques, Ariosto Espinheira, Geraldo de Freitas, João José de Souza Mendes, Weber Ferreiro e Carlos Alberto Pestana Junior, que contribuíram com sua experiência de educadores e o brilho de suas inteligências, para o completo êxito dessa iniciativa e também a sra. Leonor Pereira Claussen, secretária do Curso.
Os Diretores da Organização Lowndes apoiaram as festividades e, em caráter particular, fizeram realizar uma comemoração na qual, usando da palavra, o sr. Donald de A. Lowndes agradeceu a dedicação desses funcionários e ofereceu-lhes valiosas lembranças.
Agradecendo em nome dos homenageados, falou o sr. Walter Braga de Niemeyer, que ofereceu aos Diretores da Organização Lowndes o esforço de seus colegas como prova de gratidão pelo apoio recebido durante o transcorrer das quais, sem as quais seria impossível a classificação obtida.
MATÉRIA
O Aparecimento Da Nossa Marinha
Maria C. Pacheco
Logo após a Independência, tomaram-se as primeiras medidas governamentais, em janeiro de 1823, para dotar o Brasil com uma frota de guerra.
Diante da imensa costa a defender, surgiam tais providências, pois então, como agora, os países de solo rico e pujante defrontavam-se com as ambições dos mais fortes. Acrescia ainda que, como nação independente, não podia o novo Império contar senão com os próprios recursos, afora a simpatia natural dos povos irmãos.
Capacitados eram os nossos dirigentes de sua responsabilidade na defesa da soberania nacional. O então Ministro da Fazenda, Martim Francisco Ribeiro de Andrada, aventou a ideia de uma subscrição pública. Apresentou um plano ao Imperador, que o aprovou e pôs em execução através de um decreto assinado, em 24 de janeiro de 1823, por ele e pelo referido Ministro.
Estabelece o decreto uma contribuição mensal, voluntária, de 800 réis, ficando imediatamente desobrigado o cidadão que se visse na impossibilidade de continuar o pagamento dessa quantia. Ademais, regulou o citado decreto a maneira de arrecadar, nomeando para isso uma comissão fiscalizada pelo então Ministro da Marinha, Luiz da Cunha Moreira.
Sem tardança afluíram os donativos, e o Brasil pôde em alguns anos constituir uma esquadra que tem merecido sempre a confiança da Pátria, desempenhando sua alta missão com bravura e glória, abnegação e patriotismo. Gravados se acham com letras de ouro, nos fastos da história, os seus feitos fulgurantes. Ainda na recente conflagração mundial não desmentiu a sua tradição: prosseguiu a marcha da vitória através dos mares, arrancando aos nossos irmãos norte-americanos as mais francas expressões de admiração e amizade.
Os primeiros navios, tão modestamente adquiridos, foram: a nau Pedro I, antiga Martim de Freitas, que pertencera à Armada portuguesa e foi reparada no Brasil, posta em serviço em março de 1823, sob o novo pavilhão; e a nau Imperador do Brasil, construída na Bahia.
Sobrevieram outras, e as construções navais foram avultando, com entusiasmo e patriotismo crescentes.
MATÉRIA
Risco De Automóvel
René Brossar
A necessidade do seguro de automóvel não está por demonstrar. Ela se justifica por um conjunto de circunstâncias inerentes ao tráfego, ao veículo, ao próprio motorista, à topografia, ao tempo, a mil e um fatores, enfim, que caracterizam o que, em termos de seguro, é chamado risco.
O seguro garante a reparação de um acidente possível, previsível, mas não certo; embora, em certas proporções, provável.
O risco, por sua vez, é um fenômeno certo, absoluto, concretizado em forma de acidentes que ocorrem com uma frequência variável e determinam danos materiais e pessoais, cuja gravidade pode atingir o máximo, ou seja, a perda total do automóvel, ou a própria vida do motorista.
O risco não é uma função fixa. Observado através de suas manifestações concretas, o risco de acidente de automóvel se revela maior ou menor em determinada escala de proporção, segundo características que esta nota, em linhas gerais, tem por objetivo ilustrar.
Da análise estatística resulta que de 100 carros acidentados:
54 o são quando parados (ou em via de parar ou partir);
46, quando em franco tráfego;
e que dos 54 primeiros:
18, quando ausente o motorista (acidentes de estacionamento);
36, quando presente o motorista (acidentes de manobra onde se acusa a imperícia do volante).
Os acidentes dessa categoria (carros parados) são, em sua imensa maioria, de pequena monta.
Para os carros em tráfego, a escala de gravidade do risco, em ordem decrescente, é a seguinte:
1º – derrapagem em tempo chuvoso,
2º – excesso de velocidade,
3º – desobediência a sinais,
4º – mau estado dos pneumáticos,
5º – imperícia do volante,
6º – insuficiência de afastamento,
7º – deficiência dos freios,
8º – imperícia alheia,
9º – deficiência do material.
Domina e prevalece sobre todos esses fatores uma característica da maior relevância em matéria de risco de automóvel:
A VISÃO DO CHOFER
- Quando total (360 graus), o risco é praticamente nulo.
- À medida que diminui o campo visual, cresce o risco em proporção acelerada.
- Quando mínimo o ângulo de visão (automóvel cercado de todos os lados), o risco deve considerar-se elevado. O tráfego prolongado em semelhante condição deve considerar-se “arriscado”.
É, entretanto, por tempo chuvoso e nessas mesmas condições comparativas que o risco de acidente tem a sua máxima expressão de frequência e gravidade, sendo de cinco a seis vezes maior que em tempo seco.
De cinco a seis vezes… senhores automobilistas.
Por fim, uma advertência:
TODO CARRO COM PNEUMÁTICOS LISOS CONSTITUI, POR TEMPO CHUVOSO, UM LEGÍTIMO PERIGO PÚBLICO.
Deveria existir lei proibindo trafegar os carros deficientemente equipados em suas rodas, para enfrentarem as condições do tráfego em tempo de chuva.
A diminuição do risco de acidente de automóvel depende, por conseguinte, quase exclusivamente da disposição em que se encontram os automobilistas, de interpretar devidamente a palavra risco e de agir, em consequência, em seu próprio benefício… que será também o da coletividade.
MATÉRIA
Piadas Do Z. K.
MARIDO MODELO
Aquilo sim, é que era um marido modelo – lamentava-se a viúva, enxugando as lágrimas – Tinha mais medo de mim do que do diabo!
ENTRE MÉDICOS
Na minha opinião, o doente tem febre tifóide…
Não concordo, colega; acho que é pneumonia.
Aparteia o doente: Gostaria que chegassem a um acordo.
Não tenha dúvida de que chegaremos – atalha um dos médicos.
Mas quando? – diz o doente esperançado.
Quando lhe fizermos a autópsia.
QUE ADIVINHO
Quantos filhos tens?
Tenho cinco. Três rapazes e…
…duas moças.
E boa!… Quem te disse?
QUE PENA
Que lindo metal de voz tem aquela pequena
Realmente… O que é pena é que só tenha esse.
POBRE HOMEM
Como sofria aquele pobre homem… Como ele próprio se queixava: de 5 em 5 minutos tinha um acesso de tosse de meia hora.
NÃO É BEM ISSO
A alentada e antipática matrona perguntava com gentil voz ao pretendente:
– Então o senhor deseja ser meu genro?
– Sim… Bem… D. Briolanja… não é bem isso; desejo apenas casar com a sua filha.
O PERIGO DAS DEFINIÇÕES
E o homem explicou no Pronto Socorro, depois de pensado:
Estávamos numa reunião brincando de definições. Pediram uma definição de esposa e eu dei esta: “esposa – caricatura de noiva”.
Bem… e depois?
E que minha esposa estava perto…
NÃO É DE CRER
A vida está cada vez mais cara, lamentava-se o Brederodes.
Ora, não acredites nisso, atalha o Calino.
Por quê?… Você acha que o C. C. P. está fazendo alguma coisa?
Não, mas ainda ontem um sujeito tirou a vida de outro por 25 cruzeiros.
INDISCRIÇÃO
Pois é doutor…. O senhor com todo o seu talento e seus trabalhos científicos, é de admirar que ainda não lhe tivessem dado uma condecoração.
Que quer o senhor? Nós, médicos, temos muitos inimigos neste mundo.
E no outro?
PARA QUE?
Era a primeira refeição que faziam em casa depois de casados, e a jovem esposa fez questão de ser ela própria a cozinheira, preparando um soberbo frango assado.
“Que maravilha, querida!”, exclama o marido com água na boca. E já de faca em punho, pergunta:
“Com que foi que o recheaste?”
“Recheio?”, responde a esposa admirada. “Para que, se ele não estava vazio?”
OH! SE HÁ…
Um importuno pergunta a um médico:
Diga-me, Doutor. Há algum meio para se conhecer os cogumelos venenosos
Há. Dé-os a comer à sua sogra e espere meia hora!…
NO TRIBUNAL
Sim, senhor, é certo que o réu já sofreu pena de trabalhos pelo crime de assassinato.
Sim, senhor, e honro-me em confessá-lo, porque o trabalho enobrece o homem.
MOTIVO SÉRIO
Conversava-se animadamente a respeito de pintura:
Ainda não há muitos dias, tive ocasião de ver um quadro que me fez chorar bastante.
Ah! então o assunto era comovente?
Nada disso. Era um quadro enorme, que. desprendendo-se da parede, me ia partindo a cabeça.
MATÉRIA
Receitas do Trimestre
A seguir encontramos as leitoras do “Noticiário Lowndes” seis receitas econômicas de pratos com carne, algumas delas próprias para aproveitamento de sobras que, nestes tempos bicudos que atravessamos, seria um crime jogar fora. Estas receitas, com exceção da última, que nos foi mandado por uma leitora, são do Standard Brands of Brazil Inc., fabricante do Pó Royal.
Almôndegas Com Tufinhos De Massa
1⁄2 quilo vitela ou outra carne crua, moída sal e pimenta do reino.
2 colheres (sopa) de cebola picada, louro, cheiro, etc.
3 xícaras água
1 lata pequena massa de tomate.
Tempere a carne com sal e pimenta. Faça 12 bolinhos e frite-os até dourarem. À parte, numa panela de tamanho médio, refogue a cebola, louro, cheiro, etc., e junte, então, a massa de tomate desmanchada na água. Depois de quente, coloque as almôndegas nesse molho. A seguir faça e cozinhe no mesmo molho os…
Tufinhos De Massa
DUMPLINGS
Deliciosos em qualquer molho de carne, ensopado, canjo, etc.
1 xícara farinha
2 colheres (chá) Royal
1/2 colher (chá) sal
1/2 xícara leite
Peneire juntos os ingredientes secos. Junte o leite e bata bem. Deite as colheradas (colher de chá) em ensopado ou molho fervendo. Tampe bem e cozinhe apenas uns 10 minutos. Para que fiquem bons é preciso haver bastante môlho.
Pudim Yorkshire
Prato tradicional inglês com rosbife:
1 1/2 xícara farinha
1/2 xícara araruta
4 colheres (chá) Royal
1 colher (chá) sal
2 ovos
1 xícara leite.
Peneire juntos os ingredientes secos. Junte as gemas batidas misturando-as ao leite. Mexa bem Bata as claras em neve e misture-os de leve à massa. Esquente uma forma rasa, unte-a e coloque na mesma a massa até a altura de 1 1⁄2 cm. Forno bem quente (245°C) uns 20 minutos. Tire da forma, corte em losangos e sirva com molho para acompanhar o rosbife.
Rolos De Presunto
3 colheres (sopa) manteiga
2 colheres (sopa) mostarda
1 1/2 xícara presunto moído
1 “Receita Econômica” Fofinhos (Vide nosso número anterior).
Misture bem a manteiga, a mostarda e o presunto. Faça a massa de Fofinhos e estende-a numa espessura de 34 cm. Por cima espalhe o presunto. Enrole como rocambole e corte em fatias de 4 cm de grossura. Coloque-as num tabuleiro untado, achatando-as um pouco. Forno quente, cerca de 15 minutos até ficarem bem dourados. Sirva bem quente com…
Molho De Queijo
3 colheres (sopa) manteiga
3 colheres (sopa) farinha
1 colher (chá) sal
3 xícaras leite
3/4 xícara de queijo ralado
Numa panela, sobre fogo baixo, derreta a manteiga. Junte a farinha e o sal, mexendo bem para não pegar no fundo, até ficar uma pasta lisa. Junte o leite aos poucos, mexendo sempre até engrossar. Ferva, então, por 2 minutos. Junte o queijo e mexa até derretê-lo.
VARIAÇÃO
Rolos de Carne com Molho de Legumes: Faça igual aos Rolos de Presunto, substituindo o recheio por qualquer outra carne moída, temperada e refogada em manteiga com cebola picada. Para o Molho de Legumes, siga as instruções acima, usando, em vez do queijo, 1 1⁄2 xícara de sobras de legumes ou verduras picadas, mexendo até esquentarem.
Tortinhas De Carne Temperada
Faça a massa da “Receita Econômica” Fofinhos. Estenda-a bem fina (mais ou menos 1/3 cm) e corte-a em quadrados de uns 10 cm. Com 1/2 quilo de carne crua, moída e bem temperada, faça bolinhos chatos e ponha-os sobre os quadrados da massa. Dobre para cima as bordas da massa. Enfeite com uma fatia grossa de tomate grande. Tabuleiro untado. Forno quente, cerca de 25 minutos.
Almôndegas com tufinhos de massa em molho de tomate. (Foto Standard Brands of Brasil Inc.)
Torta Cambalhota
1/2 “Receita Econômica” Fofinhos
1/4 xícara cebola em rodelas
2 colheres (sopa) manteiga
1 xícara tomates cozidos
1/2 colher (chá) sal
250 gramas de carne crua, moída
Faça a massa com 1/2 “Receita Econômica” Fofinhos, juntando, se quiser, pimenta-do-reino à farinha. Cozinhe a cebola na manteiga. Junte os tomates, o sal e a carne e deixe ferver. Unte uma torteira e espalhe nela a mistura da carne. Estenda a massa e cubra a carne com ela. Forno quente, cerca de 20 minutos. Vire-a com a parte da massa para baixo e sirva com molho de tomate ou de carne.
Docinhos Gostosos
Receita enviada por uma gentil leitora
2 latas de leite condensado
1/2 quilo de amêndoas moídas
4 gemas
4 colheres de açúcar
MODO DE FAZER: Junta-se tudo e leva-se ao fogo até aparecer o fundo da panela. Fazem-se pequeninas bolas e passa-se no açúcar refinado, pondo-se em seguida em forminhas de papel.
MATÉRIA
Água Corrente
OLEGÁRIO MARIANO
Água corrente! Água corrente!
O teu destino é igual ao destino da gente
Para onde vais? Tu mesma ignoras a tua sorte.
Vais para a Vida, para o sonho ou para a Morte?
Na correnteza, levas de mansinho
As paisagens que vês pelo caminho…
Uma árvore infeliz que o vento acalma
A asa de um moinho que ainda gesticula
Um pedaço de céu entre o nevoeiro
As pastagens, os bois, um boiadeiro
E a aldeia branca a se perder na encosta
Toda verde de um monte de esperança…
Água corrente! Água corrente!
O teu destino é igual ao destino da gente.
Passas cantando e ninguém sabe, água radiante,
Se o teu canto é de dor ou de alegria.
Cortas campos e campos desdobrados,
Refletindo as chamas e os arados,
O homem que o tesouro desenterra,
Fruto do coração verde da Terra.
O plantio e a colheita das searas
Tudo isso vai nas tuas águas claras
Vertiginosamente retratado…
Água corrente! Toma cuidado.
Que não passe de simples fantasia
Tudo o que em teu espelho se insinua
Não te vá iludir esta alegria,
Que é tão dos outros e tão pouco tua!
Água corrente! Água corrente!
Olha que o teu destino é o destino da gente!