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Este documento é parte do nosso Acervo Histórico

Noticiário Lowndes – Nº 17

1 de março de 1948
É fundamental destacar que as informações contidas em nosso arquivo histórico são uma expressão do contexto da época em que foram produzidas. Elas não necessariamente refletem as opiniões ou valores atuais da nossa empresa. À medida que progredimos e nos ajustamos às mudanças em nosso entorno, nossas visões e princípios também podem evoluir.

Prezados Senhores,

Agradecendo a visita de representantes dessa conceituada Sociedade e atendendo com prazer à solicitação feita para subscrição por parte de nossa firma, de títulos de sua emissão, foi com grande satisfação que nos tornamos portadores de 78 títulos no valor de R$ 3.900.000,00, constantes de três rodadas (séries) de títulos no valor nominal de R$ 50.000,00 cada, nos possibilitando um depósito mensal de R$ 7.800,00 que consideramos como a formação de uma reserva para nossa firma, independente da parte comercial.

Além das vantagens de seguro emprego de Capital que nos proporcionam as condições dos títulos da Cruzeiro do Sul Capitalização, S.A., as quais seriam o bastante para efetuarmos a referida transação, sentimo-nos satisfeitos em termos tido no mês de Novembro para um dos referidos títulos amortizados pelo sorteio, o que veio confirmar ainda mais as vantagens oferecidas pelos planos dessa Sociedade.

Como negociantes antigos desta praça, tivemos, assim, a oportunidade de criar essa reserva após a apreciação das vantagens do plano dessa Sociedade, que associado ao alto conceito do seu Conselho Diretor, foram os principais motivos da nossa deliberação.

Autorizando a Vv.Ss. fazer o uso que melhor lhes convier, firmamo-nos com elevada estima e apreço.

Amigos. Atos. Obrigados. 


MATÉRIA

A Ilha Fiscal

Cmte. Luis Clovis De Oliveira

Pequenina, despida de vegetação, quase plana, no coração da Guanabara, quedava obscura no meio da natureza exuberante da terra carioca, dominada pelas curvas graciosas do litoral, a Ilha dos Ratos.

O destino, entretanto, reservou-lhe um futuro invejável. Se o Criador se mostrara parcimonioso, o homem deveria dotá-la de arcadas inigualáveis e torná-la conhecida. Embora sob outro nome, Ilha Fiscal, através da história e dos trabalhos cuidadosamente elaborados por marinheiros de escol.

O gosto de artista do nosso segundo imperador exigia mais uma joia para enfeitar as águas mansas da terra de Ararigbóia. O lanço magistral e os trabalhos de engenharia de Adolfo José del Vecchio corresponderam aos anseios de S. M. D. Pedro II, projetando e construindo o imponente edifício em estilo renascença que hoje se ergue sobre a antiga ilha dos Ratos.

Terminada a construção em meados de 1889, teve o novo edifício o privilégio de ver os seus salões abertos para que S. Excia. o Presidente do Conselho de Ministros do Império do Brasil, o Visconde de Ouro Preto, homenageasse a Nação Chilena nas pessoas do Comandante e Oficiais do vaso de guerra daquela nação amiga, “Almirante Cochrane”.

Dizem as crônicas da época que esse baile contou com a presença de toda a sociedade carioca, a começar por Sua Majestade o Imperador e a Imperatriz, Sua Alteza a Princesa Isabel e seu esposo, o conde d’Eu, Sua Alteza Dom Pedro Augusto e todos os nobres da corte. O Rio de Janeiro jamais presenciara festa igual. Excedera em tudo, “toilettes” das damas, buffet e música, todas as outras festas. Foi o fecho de ouro de uma era, pois, nos quartéis, os fundadores do regime democrático tramavam contra os monarquistas despreocupados que dançavam sob os efeitos do “champagne” e de acordes maviosos naquela relíquia da Guanabara.

Estávamos então a 9 de novembro. Aquele ancião, que se via envergando uniforme de almirante, que dispunha naquele instante de uma esquadra inteira sob as ordens do Barão de Ladário e de Luiz Felipe Saldanha da Gama, deveria, sem um tiro, movido pelo seu alto espírito patriótico, ceder o seu lugar ao marechal Deodoro da Fonseca.

Assistia-nos, a Ilha Fiscal, naquele memorável dia, a realeza do Brasil cintilar pela última vez. Viriato Corrêa assim se expressa: “O baile da Ilha Fiscal foi talvez a mais bela festa que o Império fez nos seus sessenta e sete anos de vida… A realeza despediu-se de nós com uma festa de tão surpreendente magnificência que, até hoje, passados já quarenta e quatro anos, nela se fala como se se tivesse realizado há menos de um mês”. E assim passou ela para a História. 

Com o advento da República, foram instaladas várias repartições nela, até que foi destinada pelo Ministério da Marinha para sede da Diretoria de Navegação, hoje Diretoria de Hidrografia e Navegação. Reorganizado por aquele Ministério, o seu serviço de faróis, confecção de cartas, publicações, o seu nome corre hoje o Brasil e o mundo inteiro através dos referidos trabalhos que saem dos prelos daquela diretoria.

E assim o seu nome é de todos conhecido. Através do tempo sofreu pequenas modificações; apenas acréscimos no mesmo estilo, que em nada prejudicaram as suas linhas arquitetônicas.

Nestes últimos tempos tem sido pintada de verde, merecendo assim o título de esmeralda da Guanabara.


MATÉRIA

Uma Personalidade Do Comércio

Dr. A. Braga Rodrigues Pires

Na galeria dos líderes das classes produtoras, no Brasil, avulta, ao primeiro olhar, a figura simpática do Dr. Arthur Braga Rodrigues Pires. Médico, formado em 1927, pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, dedicado, embora, desde cedo, às atividades comerciais, teve sempre a nortear-lhe a vida operosa e fecunda, o sentimento generoso da solidariedade humana, apanágio incontestável da vocação hipocrática. Com o tempo, arrastado por seu temperamento de idealista e lutador, incoercivelmente atraído pela árdua mas indispensável tarefa de arregimentar e unidade das classes produtoras brasileiras, a fim de enfrentar e resolver com sucesso os complexos problemas que uma nítida transformação político-social criava em todo o mundo, entra o Dr. Arthur Pires a dedicar-se às atividades de representação de classe, ascendendo em pouco, mercê de seus incontestáveis méritos, à presidência do Sindicato do Comércio Atacadista de Maquinismos em Geral.

Aí, no alto posto a que o elevara a confiança dos companheiros em sua capacidade de realização e firmeza de atitudes e convicções, iniciaram-se os notáveis empreendimentos que hoje lhe asseguram um lugar à parte no campo da assistência social entre nós.

Eleito presidente da Federação do Comércio Atacadista do Rio de Janeiro em 1946, foi logo após, dada a sua atuação brilhante naquela entidade, eleito presidente da Administração Regional do Serviço Social do Comércio do Distrito Federal.

Aqui, melhor do que palavras, fala a obra notável que vem sendo realizada, em pouco mais de quinze meses de profícua atividade.

Vencendo toda a sorte de dificuldades e incompreensões, sobrepondo-se à desconfiança, fruto da ignorância e do descaso que, de longa data, envolviam, no Brasil, o vastíssimo setor da assistência social efetiva e eficiente, o SESC do Distrito Federal pode apresentar, atualmente, a realidade concreta de um serviço assistencial que honra, sobremaneira, nossos foros e tradições de cultura e civilização.

Quem conhece de perto a obra grandiosa não se pode furtar à surpresa, entre orgulho e emoção, de vê-la edificada.

Diz, entretanto, o Dr. Arthur Pires que está apenas começando, seu passado e presente nos autorizam a esperar ainda muito mais de sua atividade.


MATÉRIA

Acabará O Mundo Sob Uma Chuva De Cobras?

ANTONIO GIL
(Para o NOTICIÁRIO LOWNDES)

O dilúvio e a destruição de Sodoma e Gomorra — As profecias do Apocalipse — Chuva de vinho em Fortaleza e de ouro na Rua Mariz e Barros, e outras coisas alarmantes a que o leitor não deve dar muito crédito — O fim do mundo pela força atómica

Os jornais cariocas noticiaram, no ano passado, no mês de abril, e apenas com um dia de diferença, dois estranhos acontecimentos ocorridos, um em Portugal e outro no Brasil, em Fortaleza.

O primeiro foi o que ocorreu em Fortaleza, transmitido por um telegrama da Asapress, publicado em “O Globo” de 26 de abril e, em síntese, constou do seguinte: dois cidadãos locais (os srs. Olinto Simião e José Pereira da Silva, para que a história lhes guarde os nomes) procuraram a redação de “O Povo” para declarar que havia chovido uma substância semelhante a sangue. Num tanque de sua casa, explicou o primeiro, encontrara ao amanhecer uma substância avermelhada. Espantado com o estranho líquido, chamou toda a vizinhança para testemunhar o fato.

O outro cidadão foi mais peremptório e declarou que na quadra em que reside “havia chovido sangue ou vinho, pois a chuva era vermelha”. Entretanto, como duvidasse de seus próprios sentidos, acrescenta textualmente o telegrama, “a fim de constatar a realidade do fato chamou vários indivíduos que se encontravam numa taverna, para investigar o líquido”.

A escolha, embora parecendo o contrário, talvez não fosse das piores, pois, quem melhor poderia identificar o vinho caído das nuvens (se vinho era, realmente) senão esses cavalheiros que, àquela hora tardia, na taverna, certamente outra coisa não faziam?… E com efeito, esses peritos não tiveram a menor dificuldade em identificar o líquido celeste como bebida alcoólica. O veredito foi unânime. As dúvidas foram só com respeito à espécie de bebida, pois, esclarece ainda o telegrama: “Uns acharam que era vinho. Outros disseram que era conhaque. Outros ainda optaram pelo quinado”… E o comunicado remata, em seguida, com este fecho: “Apesar de provarem, o paladar acusou que era água, vermelha é claro” que de claro, aliás, pouco tem e parece dar a perceber que, afinal de contas, a chuva de sangue ou de vinho (quinado ou conhaque?) era mesmo água… barrenta.

O segundo fato, ocorrido em terras lusitanas, veiculado por um telegrama da Associated Press, aparecido em “A Manhã” de 27 de abril, é muito mais estranho e grave. Trata-se de uma profecia, nascida entre o povo de uma aldeia do Douro (Boelhe, ao que parece), pela qual uma “chuva de cobras” cairia do céu em 13 de maio, e tal coisa seria o prenúncio do fim do mundo.

“Esses estranhos rumores”, diz o telegrama, “nasceram das notícias difundidas por alguém, de que foram vistos em folhas novas de algumas árvores misteriosos desenhos de serpentes”.

Maio passou. Passou em 1947. As cobras não caíram do céu e a terra ainda por aí vai rolando no espaço, malgrado abrigar tanta gente mais perversa do que as próprias cobras.

Mas, sem sairmos do Rio e outra vez abrindo os jornais do ano passado, vemos outra estranha chuva, desta vez de melhor presságio; uma chuva que todos nós desejamos encher nossos tanques, nossas banheiras, todo o nosso vasilhame doméstico de serviço diurno ou noturno, e sobretudo os nossos cofres – um novo maná celeste, melhor do que aquele que choveu sobre os israelitas no deserto. Em resumo: uma chuva de ouro, felizmente não confirmada, pois senão seria – aí sim – o fim do mundo! 

Esse magnífico orvalho tombou sobre a rua Mariz e Barros, nos terrenos da avenida situada no 646, conforme atesta “O Globo” de 26 de junho, que mandou sua reportagem ao local, verificando que “em toda a redondeza o chão está coberto de pó dourado que se assemelha à limalha de um metal amarelo”.

A queda do alvissareiro pó, que tanto emocionou os moradores do local, fora testemunhada pelo vigia de uma fábrica situada próxima que, “cerca das 22 horas, viu um clarão no céu, como se estivesse chovendo, e em seguida constatou a queda desse pó amarelo”.

Para esclarecer as dúvidas da “chuva de ouro”, a reportagem de “O Globo”, não se querendo fiar em peritos de café, como o cavalheiro de Fortaleza, levou o pó ao Instituto de Tecnologia e aguardou a palavra serena da ciência. Esta não tardou e foi prosaicamente desapontadora: o pó não passava de uma mistura de “areia, óxido de ferro, calcários e mica”. E assim, todo o trabalho de coletar o pó dourado foi em vão. Ainda não foi dessa vez que a fortuna caiu do céu aos moradores daquele local.

A julgar pela história e pelas lendas, muita coisa estranha tem caído do céu, desde as copiosas chuvas do dilúvio, que afogaram a primeira raça humana e seus pecados, até às terríveis bombas arraza-quarteirão, voadoras, atômicas e outros engenhos superfinos dos nossos dias, criação subumana de uma civilização suicida. Sodoma e Gomorra foram, segundo a Bíblia, destruídas por uma chuva de enxofre e fogo que Jeová, enojado dos pecados dos seus habitantes, lhes derramou, abrindo as torneiras vingadoras do céu. Veneráveis autores clássicos, como Plínio, contam ter chovido leite e sangue no tempo dos cônsules Marco Atilio e Caio Pórcio. Chuvas de carne, ao que parece, eram “café pequeno” naqueles abençoados tempos, pois nos consulados de Volúnio e Sérvio Sulpício o fato verificou-se várias vezes – e não consta que em Roma houvesse Comissão Central de Preços… Entretanto, na Lucânia chovem ferro em forma esponjosa, um ano antes da destruição de Marco Crasso e suas tropas, às mãos dos Partos, o que por certo foi tido como profecia de mau agouro.

Pedro Norberto de Aucourt e Padilha, “Cavalheiro professo na Ordem de Cristo, Fidalgo da Casa Real e Escrivão da Câmara de S. Majestade na Mesa do Desembargo do Paço”, publicou em Lisboa, em 1759, um curioso livro intitulado “Raridades da Natureza e da Arte”, onde há um capítulo sobre chuvas, no qual registra estranhos acontecimentos dessa espécie, que andou encontrando em livros antigos ou ouviu de testemunhas. Depois de aludir a uma copiosa chuva de cinzas, caída no Japão em 20 de junho de 1596, e que deu para cobrir as ruas de Meaco e Tuxime, o que não é de admirar dada a existência de vulcões no Império do Sol Nascente, acrescenta: “Igualmente choveu grande abundância de pedras nas cidades de Jacai e Uzaca; pouco depois, com grande admiração, começaram a cair das nuvens chuveiros de cabelos brancos, como de pessoas decrépitas e com maior excesso nas terras mais ao Norte, de modo que todas ficaram cobertas desta inundação. Notaram nestes cabelos duas diferenças dos naturais; porque eram mais brancos e, lançados no fogo, não produziam mau cheiro”.

Depois dessa insólita chuva de cabelos, que os carecas de nossa civilização “descabelada” muito apreciariam, tombar-se hoje e brancos que fossem se colassem nos seus despovoados crânios, narra Padilha outra chuva ainda mais estranha, caída em Portugal dois anos antes da publicação do seu livro, nas terras de Gondomar, Tarouca e Lalim, em Lamego. Contou essa chuva como um “orvalho grosso, que cobriu as árvores, de que se via caírem fios” e… era doce como açúcar, do qual tinha a aparência. “Todos os que admiraram aquele estranho sucesso – acrescenta o autor – tiveram a curiosidade de examiná-lo, e acharam, que não só na vista se representavam sobre as folhas pedrinhas de açúcar; porém que no gosto da boca tinham o mesmo sabor”.

“Esta notícia – remata escrupulosamente Padilha — me participou André Ferreira da Mota, Capitão-mor do Tâmega, pessoa que pelo seu nascimento e honra, é incapaz de mentir”.

Não é meu intento, de modo algum, confirmar ou desmentir semelhante espécie de chuvas, ou sequer tentar justificá-las à luz da razão. Chuvas de cinzas teriam, aliás, fácil explicação pela presença de vulcões mesmo distantes: o vento encarregaria disso. O mesmo vulcão pode explicar, para aqueles que não seguem a interpretação bíblica, a destruição de Sodoma e Gomorra – assim como Herculano e Pompéia foram soterradas pelo Vesúvio. Até chuvas de peixes, rãs e outros bichos, maiores ou menores, que se diz terem ocorrido em outros lugares, podem ter uma explicação racional. Um ciclone, com seu torvelinho de ar ascendente, ou fenômeno meteorológico semelhante, ao passar sobre um cardume de peixes na superfície da água, ou em um local onde abundem rãs, etc., pode perfeitamente “absorver” esses pequenos animais e até coisas mais pesadas e levá-los a grande altura. Cessada a força que os elevou e soltos pelo vento, podem ir tombar muito longe, dando a impressão de terem caído do céu.

O Dr. E. W. Gudger, do Museu Americano de História Natural, que registrou mais de 70 casos dessas chuvas “animais”, ocorridas em vários países, admite-as, e é dessa maneira que as justifica. O “Times” de Londres, por exemplo, no seu número de 17 de junho de 1939, registra uma chuva de rãs, caída em Trowbridge sobre a piscina municipal, o que espantou seriamente o encarregado da mesma. Ignoro se alguém viu nisso uma profecia sobre os bombardeios aéreos que ocorreriam poucos anos depois na Inglaterra.

Não tento explicar, repito, lembrando-me do que dizia Shakespeare: “Há mais coisas ao nosso redor do que a nossa vã filosofia permite supor”. Depois que se conseguiu a desintegração do átomo, todas as concepções da Física e da Química, laboriosamente erigidas durante 3 séculos, foram abaladas num instante e com elas a própria solidez da matéria.

Segundo a crença dos camponeses de Boelhe, o mundo iria acabar sob uma chuva de cobras. Estas profecias aparecem de vez em quando, desde que o mundo é habitado, e, apesar de todos os cataclismos, ainda a humanidade se agita e barafusta à superfície da terra, convencida de que a sua espécie nunca se extinguirá, um ponto de vista perfeitamente humano, que os próprios percevejos podem ter em relação à sua espécie, na ignorância dos efeitos do DDT.

A Bíblia afirma que Jeová, aborrecido com a terra, quase que a liquidou com o dilúvio, abrindo as torneiras celestes por 40 dias e 40 noites. Conta-nos também a destruição de Sodoma e Gomorra, e adverte-nos por fim, no Apocalipse, que a terra acabará um dia e em seu lugar virão uma nova terra e novos céus.

Se isso for verdade, não acredito que Deus tenha necessidade de abrir novamente as celestes toneiras para fazer jorrar sobre a humanidade ímpia água, enxofre, pés a ferver ou qualquer outra substância afogante ou combustível, o que seria um desperdício desnecessário. Os próprios homens, na sua imbecil insensatez, se encarregarão disso. Basta deixá-los continuar na especulação da energia atômica. Um dia, cegos pelo poder que essa indomável força lhes dará, ao tentar empregá-la em uma nova guerra, de forma ainda mais impiedosa e esmagadora do que já realizaram, farão estourar a terra, desintegrando-a num instante, numa apocalíptica explosão suicida (1). Nesse dia terão descoberto o segredo final do átomo quando já for tarde para se arrependerem dos seus crimes e aproveitarem para fins menos egoístas e violentos.

Não é a cólera dos deuses que acabará com a humanidade, é a sua própria incurável cegueira. Eis porque não devemos fazer caso de chuvas por mais estranhas que pareçam.

(1) Acabava de escrever isto quando me caem à vista estas palavras do grande físico Louis de Broglie, do Instituto de França, a propósito da desintegração do urânio: “É certamente desejável realizar experiências que permitam favorecer o progresso, mas é igualmente desejável que, depois dessas experiências, ainda restem seres humanos que possam colher os frutos delas”. (“O futuro da física”, em “Para além da Ciência”). 


MATÉRIA

Efeitos Da Bomba Atômica Sobre Os Edifícios

Comte. LUIS CLOVIS DE OLIVEIRA

A história nos tem ensinado que, para todos os meios de agressão criados pelo homem, este mesmo homem descobre, em seguida, o meio de defesa correspondente.

Inicialmente, tem-se a impressão de que a nova arma revolucionará tudo e que será sempre um cutelo pronto a cair, para desferir golpes mortais indefensáveis. Assim aconteceu com o canhão, que lançava projéteis capazes de perfurar qualquer aço; com o torpedo e o submarino, que poderiam varrer dos mares os navios de superfície; com o avião carregado de bombas de alto explosivo, arrasando cidades inteiras; com os gases mortíferos, capazes de dizimar de uma só vez exércitos; e com as afamadas V1s, pesadelo do povo britânico durante a última guerra. Mas, para infortúnio do próprio homem, a todas essas armas ele, homem, respondeu sempre com inventos, se não capazes de neutralizar completamente seus engenhos diabólicos de destruição, pelo menos tão eficientes que os reduziram às suas devidas proporções. E, assim, tem podido o homem enfrentá-los com vantagens. Eis que agora surge, cercada pela mesma auréola de suas congêneres, a bomba atômica.

No dia 6 de agosto de 1945, a humanidade inteira foi surpreendida pelas notícias transmitidas pelas estações de rádio, de que os Estados Unidos da América do Norte tinham lançado sobre a cidade japonesa de Hiroshima, por volta das oito horas e trinta minutos, uma única bomba, que reduzira a referida cidade a escombros fumegantes.

Três dias depois, no dia 9, outra bomba idêntica desceu dos céus de Nagasaki.

E, finalmente, no dia 10 de agosto, o Japão se submetia às condições impostas em Potsdam.

Tudo indicava que o heróico povo japonês, que durante três anos lutava com bravura e desprendimento nas águas do Pacífico, havia capitulado em consequência dos citados ataques, ou seja, fora aniquilado por duas bombas apenas. A história dos povos não registra fato igual.

Hoje, decorridos dois anos e meses daqueles ataques e tendo sido possível dar publicidade aos resultados dos efeitos das mencionadas bombas e da outra, idêntica, lançada em New México, a título experimental, assim como da situação geral da guerra naquela ocasião, podemos dizer que os chefes nipônicos já haviam considerado a guerra perdida um ano antes do bombardeio atômico, e que este veio apenas antecipar um pouco a capitulação do Japão, fornecendo um motivo justo e honroso para a deposição das armas.

Estas informações são, de certo modo, confortadoras.

Sabe-se hoje que em Hiroshima morreram cerca de 80.000 pessoas vítimas, direta ou indiretamente, dos efeitos da bomba atômica, e em Nagasaki cerca de 40.000 habitantes pereceram em condições idênticas.

Percentagens — Habitantes Hiroshima 23%; Nagasaki – 16%.

Quanto à devastação na zona urbana: Hiroshima – 60% de edifícios destruídos e 6% danificados. Nagasaki – cerca de 75% de edifícios destruídos.

Observamos com bastante satisfação, entretanto, que os edifícios de concreto armado à prova de abalo sísmico pouco sofreram nas estruturas e que as pessoas que dentro deles se encontravam não sofreram os efeitos dos raios gama, provenientes da desagregação atômica, do calor e da radioatividade. Este último efeito, manifestado até trinta dias após as explosões, produziu gangrena das gengivas, diarreia, deterioração da medula óssea e inflamações agudas das mucosas da garganta, pulmões, estômago e intestinos. Somente após oito semanas cessaram completamente de aparecer tais casos.

Os efeitos do choque foram bem menores do que se poderia supor.

A explosão atômica, se assim podemos chamar a desagregação do átomo, se caracteriza por três aspectos de energia desprendida:

a) Calor.
b) Deslocamento violento do ar.
c) Radiação.

Tais efeitos são quase que instantâneos, pelo menos de muito curta duração. Assim, a energia calorífica desprendida foi da ordem de dez trilhões de calorias (10^13).

A temperatura foi tal que telhas de cobertura ficaram corrugadas a mais de um quilômetro de distância do ponto da explosão. Ensaios posteriores provaram que essas telhas foram submetidas, praticamente, a uma temperatura de cerca de 1.8000 graus Celsius durante um intervalo de tempo inferior a 4 segundos.

Pessoas a três quilômetros do ponto da explosão tiveram queimaduras de diferentes graus na pele desprotegida, porém as partes do corpo que estavam sob a proteção de roupas nada sofreram.

Tudo indica, pois, ter sido a duração do efeito calorífico da ordem de décimos de segundo.

Quanto à radiação, os seus efeitos também foram, praticamente, instantâneos, pois sementes germinaram normalmente nas imediações do ponto de explosão, pouco tempo após a mesma.

Insetos e minhocas nada sofreram nas proximidades do ponto de explosão, pelo fato de estarem algumas polegadas enterradas no solo.

Quanto à pressão, em Nagasaki, por exemplo, somente 9,5% dos edifícios de concreto armado, reforçados (à prova de abalos sísmicos), num raio de 500 a 1.000 metros do ponto da explosão, tiveram suas estruturas seriamente danificadas, o mesmo não acontecendo num raio maior, onde existiam construções mais fracas. Verificou-se também que os edifícios com estrutura de aço, ou aço e concreto, com paredes e teto de amianto corrugado, sofreram menos do que os edifícios que eram cobertos com chapas metálicas ou de aço corrugado, e simples paredes de tijolos ou madeira.

Em Hiroshima, dentro de um raio de 8 quilômetros, todos os vidros se estilhaçaram, porém, os obstáculos do terreno, tais como morros e pequenos acidentes do terreno, foram ótima proteção, pelo fato de se ter verificado a propagação dos efeitos da bomba atômica, radialmente, em linha reta.

Do exposto, podemos concluir que as edificações do futuro deverão obedecer às especificações de concreto armado reforçado ou de grandes estruturas metálicas, com revestimento e cobertura de amianto corrugado, e tendo as janelas guarnecidas com vidro inquebrável, isto é, idêntico ao usado nos automóveis.

Assim, preservaremos as nossas cidades de destruição total e daremos aos seus habitantes uma proteção muito boa em caso de ataques desta natureza. Além disso, acreditamos que os abrigos antiaéreos subterrâneos, de concreto armado, à prova de bombas arrasa-quarteirão, ainda são aconselhados, pelo menos como um meio defensivo para ataques de bomba atômica em pequena escala, como esses a que assistimos de uma única bomba.

Talvez um ataque maciço, isto é, em grande escala, represente o fim de um povo, se o homem não criar uma resposta a este seu último meio de agressão.

O Rio de Janeiro, devido aos seus inúmeros morros e às suas construções de concreto armado, nos figura uma cidade à altura da era atômica, ou melhor, de difícil destruição total.

Tratemos, pois, de tirar proveito dessas observações e tracemos uma diretriz em matéria de construção civil, tendo em mente que as guerras de hoje e do futuro não se limitam aos chamados “teatros de operações”, isto é, onde as forças armadas dos países beligerantes se empenham em luta. Pois hoje e no futuro, todo o palmo de terra de países em luta será teatro de operações – e que as guerras, como a última, não se decidirão nos chamados “Campos de batalha” e sim muito atrás, nos seus centros industriais e nas suas cidades, e que aos soldados do futuro caberá apenas tornar efetiva a vitória pela ocupação do país vencido.

A campanha do Pacífico teve o seu desfecho final em Hiroshima e Nagasaki, muitos morreram no mar, em terra e no ar. O Japão jaz por terra vencido. O mesmo diremos da Alemanha. Porém, em ambos os países, decorridos muitos meses, ainda lá existem contingentes para tornar efetiva a vitória e para que ganhemos esta problemática paz, que todos nós aguardamos ansiosos.

Trabalha-se febrilmente no aperfeiçoamento da bomba atômica. Acredita-se que atualmente uma bomba atômica (pois ainda é segredo) é carregada com 2 a 100 quilos de U-325 (base urânio), e que desta massa apenas 0,1% é utilizada na desagregação atômica.

Sabe-se que se procura atingir a uma utilização de 5%. Se isto for conseguido e o homem não criar um meio defensivo para tal engenho de morte e destruição, poderemos dizer que estamos próximos do fim do mundo. Este artigo foi calcado no trabalho intitulado “Das cinzas de Hiroshima e Nagasaki”, de autoria do Comandante Carlos Chagas Diniz, publicado no Boletim do Clube Naval, no 108, que assim termina: “Prevê-se a utilização de 5%. Quando isto for conseguido, a civilização terá a arma com a qual se poderá suicidar à vontade”.


MATÉRIA

Ciência Em Poucas Linhas

(Compilação especial para o NOTICIÁRIO LOWNDES)

Sobre O Esquecimento

A fraqueza da memória é largamente motivada pela perda de interesse, que permite à atenção vaguear. O proverbial esquecimento das pessoas idosas dos fatos recentes torna-se muitas vezes mais penoso para a família e os amigos por contraste com a lembrança, sempre viva, dos fatos passados e a tendência a rememorar os “bons tempos”.

Foi sugerido que essa tendência a reviver o passado deve ser evitada, estabelecendo-se como regra não falar de acontecimentos de mais de um ano, exceto quando eles fizerem luz sobre o assunto em foco.

(Dr. Wingate M. Johnson in “The Years After Fifty”). 

A Respiração E Os Estados Mentais

O modo de se respirar relaciona-se intimamente com os estados mentais. As duas coisas reciprocamente se influenciam. A agitação faz-nos reter o fôlego, e a tristeza suspirar. Inversamente, uma respiração lenta e regular acalma a agitação mental. A prática sistemática da respiração lenta, rítmica e profunda proporciona ao trabalhador mental uma muito desejável lucidez de espírito. Kant praticava diariamente a respiração profunda, regozijando-se por ter (segundo ele pensava) “ar fresco circulando no cérebro”. A respiração profunda reanima e alegra uma pessoa abatida.

(I. Fisher & H. Emerson in “Como devemos viyer”).

Ler Muito Produz Cansaço Visual?

Experiências feitas no Tufts College (Estados Unidos) sobre a visão mostram que a leitura contínua durante seis horas não produz fadiga apreciável. Durante as experiências, dirigidas pelo prof. Walter F. Dearborn, foi usado um novo dispositivo elétrico para registrar os movimentos dos olhos de 40 estudantes. Cada estudante leu durante dois períodos de seis horas, tendo os movimentos de cada olho registrados em cerca de 15 milhas de fichas. O estudo das fichas, que incluíam o número de vislumbres, de pausas de fixação, de movimentos de regressão e linhas lidas, mostrou ausência de fadiga visual. As conclusões aplicam-se tanto à leitura de livros impressos como à de projeções de microfilmes.

O estudo revelou, diz o doutor L. Carmichael, presidente do citado colégio, que se exagera o suposto cansaço ocular entre crianças das escolas quando, ao contrário, leituras longas desenvolveriam melhor a capacidade de leitura.

(William G. Weart in “The New York Times”)

A Carne Na Alimentação Humana

Há 50 anos, os mais eminentes fisiologistas afirmavam que a carne era necessária para a manutenção de um elevado grau de saúde e eficiência físicas; mas já não se considera isso uma verdade. Essa opinião é apenas defendida pelo comércio interesseiro. Todos os fisiologistas já reconhecem, hoje em dia, a excelência do regime pobre em proteínas estabelecido pelo prof. Chittenden em suas clássicas pesquisas, regime que virtualmente exclui a carne da alimentação humana. Os poucos opositores que, por espaço de alguns anos, se recusaram a concordar com isso, ficaram afinal convencidos de seu erro anterior, em virtude de suas próprias experiências, que foram as “Experiências Springfield”, havendo em vista disso mudado de opinião.

(E. V. Mc Collum autor de “Food, Nutrition and Health”, in “Como devemos viver”)


MATÉRIA

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MATÉRIA

Acidentite

Pelo Dr. FLANDERS DUNBAR
(Do livro “Mind and Body”)

Uma Nova “doença» Que Alarma as Companhias De Seguros

“Acidentes de toda a espécie roubam anualmente milhares de vidas e inutilizam milhares de pessoas, infligindo sofrimentos e provocando prejuízos da maior monta, às vítimas, suas famílias, às companhias de seguros e, em última análise, a toda a coletividade nacional.

Para atenuar ao máximo a enorme taxa de acidentes que ocorrem hoje em dia, como resultado da vida complexa e enervante nos grandes centros de população, tem-se experimentado campanhas educativas de segurança pública, meios de precaução, processos de proteção no trabalho industrial e outros recursos. Entretanto, como bem salienta o autor do presente artigo, a taxa de acidentes continua a ascender.

O fracasso de todos esses meios vinha intrigando os investigadores do magnífico problema até que, examinando fatos e estatísticas de diversas procedências, descobriu-se, ao que tudo indica, a principal causa de acidentes. Essa causa, segundo explica o Dr. Dunbar, não está nas circunstâncias externas, ocasionais, em que se processa o acidente, e sim no “fator pessoal” do acidentado ou provocador do acidente. Por outras palavras: em 80% das circunstâncias, não é o acaso que deve ser culpado, mas sim o conteúdo emocional do indivíduo, que o leva a desejar inconscientemente um desastre, um acidente, um azar qualquer que lhe inflija sofrimento (desejo de punição), o livre de uma situação embaraçosa ou lhe atraia os cuidados e as simpatias do próximo.

Esta constatação, que o autor diz ser surpreendente, e de tanto interesse para a coletividade em geral e as companhias de seguros em particular, não faz mais, aliás, do que confirmar uma velha lição de Freud, para quem, como se sabe, há um rigoroso determinismo psíquico. (Veja-se “La Psychopathologie de la Vie Quotidienne”, trad. francesa. Payot, Paris, 1926). Nessa obra, o mestre de Viena expõe a aplicação da psicanálise na interpretação dos atos da vida corrente, mostrando que os lapsos e erros de conduta, aparentemente casuais e sem explicação (como derrubar um tinteiro sem querer, esquecer um objeto, trocar um nome, etc.) têm, todos eles, uma causa profunda, arraigada no inconsciente — e, portanto, um motivo racional. E não apenas essas pequenas falhas: mutilações, acidentes mais ou menos graves, na aparência filhos do acaso, têm a mesma origem. Alguns deles são mesmo tentativas de suicídio inconscientes. Eis como se expressa Freud: “Os que creem na realidade das mutilações voluntárias semi-intencionais, se me é permitido empregar esta expressão um pouco paradoxal, podem admitir que existe, ao lado do suicídio consciente e intencional, um suicídio semi-intencional, provocado por uma intenção inconsciente que sabe utilizar com habilidade uma ameaça contra a vida e apresentar-se sob a máscara de um infortúnio acidental”. E mais adiante: “Conheço mais de um caso deplorável tido como acidente (queda de cavalo ou de carro) que, analisado de perto e todas as circunstâncias nas quais se produziu, autoriza a hipótese de um suicídio inconscientemente consentido”.

Depois de citar alguns casos, Freud vai mais longe dizendo que, diante de tais fatos, “não temos mais que dar um pequeno passo para admitir a possibilidade de estender essa concepção a falhas de conduta suscetíveis de ameaçar gravemente a vida e a saúde de terceiros”.

Vê-se pois que as conclusões a que chegaram os pesquisadores americanos, expostas no artigo que se segue, que é um resumo do livro “Mind and Body”, do Dr. Dunbar, aparecido na revista “Science Digest”, encontram apoio na teoria de Freud aceita, aliás, por outros grandes psicólogos, sendo de notar que os primeiros trabalhos do mestre vienense, nesse terreno, datam do fim do século passado.

O hábito de quebrar ossos não tem nome. Nos dicionários médicos, e no entanto, pelo menos 80% dos maiores acidentes que ocorrem anualmente são devidos a “acidentite”.

Não quer isto dizer que uma pessoa sofra necessariamente desse mal quando desloca uma articulação ou queima um dedo, nem tampouco é uma maneira elegante de chamar alguém de desajeitado. Há muitas pessoas incapazes de pregar um prego direito, mas que não esmagam os dedos com o martelo. Podem rolar pelas escadas, cair ao mar, bater com a cabeça numa parede, escorregar no gelo, raspar o para-choque do carro sem se machucar ou a outra qualquer pessoa, pois, malgrado sua falta de jeito, não têm o “hábito dos acidentes”.

Por outro lado, certas pessoas destros e aparentemente equilibradas, volta e meia são obrigadas a recorrer aos hospitais de acidentados. Pensam ser vítimas da má sorte ou da justiça divina. Na verdade, foram apenas vítimas dos seus conflitos emocionais.

Multiplicam-se as campanhas de segurança e os meios e processos de evitar acidentes, e os acidentes continuam a multiplicar-se.

A Taxa De Acidentes É Tremenda

Anualmente 740 pessoas em cada 10.000 habitantes da América do Norte sofrem injúrias físicas em grau suficiente para as incapacitar por um dia ou mais, e 26 delas o suficiente para as incapacitar permanentemente. Mais pessoas morrem de acidentes – 100.000 em 1946, segundo a estimativa do Conselho Nacional de Segurança – do que em resultado de qualquer doença conhecida, exceto moléstias do coração, câncer e hemorragia cerebral.

Os acidentes são a maior causa de morte entre a mocidade, ultrapassando todas as demais causas no grupo de 1 a 29 anos de idade, segundo atestam as cifras do Departamento Nacional de Estatísticas Vitais.

Os acidentes afligem mais os homens do que as mulheres; matam mais homens entre os 2 e os 38 anos do que qualquer doença.

Os riscos que enfrentamos no chamado mundo pacífico em que vivemos podem ser demonstrados pelo simples fato de que um cidadão que sofre uma queda, na sua rotina diária de casa para o trabalho, tem 6 vezes mais probabilidades de ficar permanentemente afetado do que um soldado ferido no campo de batalha.

Os acidentes de automóvel estão longe de ser a maior causa desse tremendo anual sacrifício de vidas e saúde, embora sejam eles que despertam mais a atenção. Das mortes ocorridas em 1946, por exemplo, 33.500 foram causadas por desastres de veículos automotrizes; 34.000 por acidentes caseiros; 32.500 por acidentes industriais, quedas de aviões, choques de trens e outros.

Onde Aparece a “Acidentite”

Estudos de um bom número de autoridades, em anos recentes, deram à luz a conclusão de que apenas 10 a 20% desses acidentes, fatais ou não fatais, são realmente causados por circunstâncias acidentais. A causa dos restantes está ligada à personalidade da vítima.”

Esta surpreendente constatação surgiu de várias fontes. Por exemplo: uma companhia possuidora de larga frota de caminhões viu-se seriamente alarmada pela sua alta percentagem de acidentes. Os gerentes da citada companhia lançaram mão de tudo para diminuir tal coisa, desde as observações sobre a influência do estado atmosférico até aos testes do tempo de reação dos seus empregados. Experimentaram uma educação intensiva dos motoristas e a imposição de penalidades severas nos que sofressem acidentes. A percentagem de desastres continuou subindo…

Intrigados pelo fracasso, voltaram-se então para o simples expediente de transferir os que mostravam mau registro de acidentes do assento de motoristas para qualquer outro trabalho nas oficinas. Em menos de 4 anos, joeirando cuidadosamente os motoristas mais propensos a desastres, a companhia conseguiu reduzir a percentagem de acidentes para cerca de um quinto da taxa registrada em 1928 e manteve-a baixa por muitos anos.

Entretanto, não tardaram em fazer uma observação curiosa: os homens afastados do volante dos caminhões e colocados no serviço interno mostravam o “hábito dos acidentes”. Na falta de caminhões para bater, agora se feriam em acidentes na oficina ou em casa.

A evidência em favor do “hábito dos acidentes” foi se acumulando. Estatísticas colhidas de um estudo em um hospital mostraram que os pacientes com fraturas tinham uma tendência 14 vezes maior de sofrer acidentes graves do que a média de todos os outros grupos de doentes observados.

A Figura Típica Do Acidentado Crônico

Certos traços da personalidade são comuns no grupo dos propensos à “acidentite”. E geralmente são tão decisivos que dão a impressão de que se trata de pessoas impulsivas. Concentram-se nos prazeres diários, com pouco interesse em finalidades a longo termo. Externam uma certa atitude generosa para com o sexo oposto e a família, mas tomam grande cuidado com a própria saúde. Sua percentagem de doenças está bem abaixo da média da população comum.

A frequência com que essas vítimas de acidentes descrevem a educação férrea que receberam é surpreendente. Mais tarde verificou-se que há nelas, habitualmente, um extremo ressentimento contra uma “autoridade”, muitas vezes inconsciente, seja essa “autoridade” representada pelos pais, tutor, parentes, cônjuge, igreja ou empregador. Uma larga e anormal proporção teve sintomas neuróticos em criança, tais como sonambulismo, mentira persistente, furto e vadiagem. Mais tarde essas tendências desapareceram, substituídas, aparentemente, pela “acidentite”.

Por estranho que pareça, verificou-se que, quando esse padrão de personalidade é posto em confronto com o de outros grupos da população, adapta-se com grande precisão ao do delinquente juvenil e ao do criminoso adulto. O comportamento do persistente violador de leis é quase idêntico ao do persistente auto-quebrador de ossos, até ao ponto em que, onde o primeiro comete um crime, o segundo sofre um acidente.

Foi constatado que poucos criminosos adoecem. Eles encontram uma forma de lidar com seus conflitos emocionais praticando atos contra a sociedade, assim como seus colegas dos hospitais de pronto-socorro encontram a deles no hábito de acidentes.

Aqui estão alguns exemplos do que afligia as vítimas de acidentes momentos antes deles ocorrerem.

O sr. A andava apressado à procura de um emprego. “Estou sempre com pressa, mesmo quando tenho tempo de sobra”, declarou ele. Ele havia sido dispensado de um emprego que gostava muito e temia não conseguir outro em breve. Mas esse receio se devia principalmente ao fato de ainda não ter contado à esposa que estava desempregado, pois temia a cena de lágrimas que ela faria quando soubesse. Ele estava justamente pensando nisso quando escorregou no gelo e quebrou uma perna.

O sr. B estava trabalhando em um domingo de manhã. “Isso me deixou furioso, mas não podia dizer não ao patrão”, disse ele. Ele ainda estava indignado com a injustiça dessa exigência – e pelo fato de ter que acordar às 6h30, em vez de ficar na cama até às 10h30, como costumava fazer aos domingos – quando acabou quebrando uma vértebra.

A sra. C foi atropelada por um carro ao atravessar a rua quando voltava do trabalho. Ela estava justamente em frente à sua igreja, uma igreja católica, e estava aborrecida porque tinha chegado tarde demais para assistir à missa pela manhã, como era seu hábito.

Analisando-se essas aflições pré-acidentais, vê-se que todas são uma e a mesma coisa, ou seja, envolvem as relações da vítima com uma “autoridade”. Os acidentes ocorrem quando a pressão da “autoridade” se torna grande, ou quando as vítimas sentem demasiado ressentimento contra seus superiores, seja no lar ou no trabalho.

Está claro que nisso tudo não há nada de perverso ou vergonhoso. Essas vítimas crônicas de acidentes não se ferem a si próprias por estarem possuídas por maus espíritos, nem tampouco por qualquer tendência masoquista. Na sua falta de capacidade para resolver seus conflitos internos, elas simplesmente atingiram um ponto onde, tanto o corpo como o espírito, estão na expectativa de que algo desagradável lhes aconteça. E de fato, nessa altura, a coisa desagradável torna-se física e emocionalmente uma necessidade.


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Métodos Para Combater a Ferrugem

LONDRES
(B.N.S.)

Uma publicação divulgada pelo Instituto de Pesquisas de Estanho anuncia que vêm sendo feitas interessantes experiências há mais de quatro anos, a fim de se descobrir o processo mais eficiente para proteger e combater a ferrugem. As experiências foram feitas com várias espécies de aço e vários tipos de superfícies protetoras, como óleo, verniz, etc. Em todos os casos, os resultados demonstram que o método mais seguro de proteger o aço contra a ferrugem era pela aplicação de uma leve camada de estanho. Uma camada de apenas 0.00003 de polegadas oferece uma garantia completa contra a ferrugem.

A aplicação da pintura sobre a camada de estanho é fácil e uma nova aplicação pode ser feita sem ser necessário retirar a pintura anterior. Por outro lado, se a pintura for aplicada diretamente sobre o aço, provocará fatalmente a ferrugem.


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Veja Se Sabe…

Veja se pode responder corretamente às 20 perguntas abaixo, experimentando assim sua cultura e sua memória. Cada pergunta certa vale 5 pontos. De 80 a 100 pontos, é um resultado ótimo; de 60 a 80, bom; de 50 a 60, regular. Confira os resultados com as respostas certas no fim da revista.

  1. Orizófago quer dizer: que se alimenta de arroz, que ri muito ou que se alimenta de raízes?
  2. Anemômetro é um instrumento para medir a velocidade do som, da luz ou do vento?
  3. Qual destes oceanos é denominado “O Grande Oceano”: Atlântico, Índico ou Pacífico? 
  4. Ao desenvolvimento excessivo de qualquer membro dá-se nome de: Ludomania, Macromelia ou Miografia?
  5. O rio Nilo pertence à Arábia, Egito ou Pérsia?
  6. O grande compositor Schubert era alemão, austríaco ou francês?
  7. Qual o grande compositor russo que morreu de cólera ? Tchaikovsky, Borodin ou Mussorgsky?
  8. A Lei do Sexagenário foi promulgada por D. Pedro I, José Bonifácio ou pela Princesa Isabel?
  9. O primeiro jornal brasileiro independente, o “Correio Braziliense “, era editado no Rio, em São Paulo ou em Londres?
  10. Quem foi o autor da “História da América Portuguesa”: Rocha Pitta, A. Herculano ou R. Southey?
  11. Qual era o nome primitivo de Belo Horizonte: Vila Rica, Curral d’El Rey ou Várzea do Marçal ?
  12. João Caetano foi um grande pintor, um afamado ator ou notável médico ?
  13. Fulton foi o inventor da locomotiva, da máquina a vapor ou do navio a vapor ?
  14. Interino quer dizer que está no interior, que provém de dentro ou provisório?
  15. Concomitante quer dizer: que se manifesta simultaneamente, habitante do mesmo lugar ou comissionado?
  16. Um galão equivale a 3 litros, 6 litros ou a 4 litros e meio ?
  17. Qual destes Eetados tem maior número de igrejas: Bahia, Minas Gerais ou São Paulo ?
  18. Qual era o nome do grande fundador da química, guilhotinado pela Revolução Francesa : Gay Lussac, Lavoisier ou Berthollet?
  19. O microscópio foi inventado na Holanda, no século XVII por: Van Dick, Leeuwenhoeck ou Van Helmont?
  20. Onde está, hoje, a Cinelândia, na Avenida Rio Branco, era antigamente um convento. Qual destes: Sto. Antonio, do Carmo ou da Ajuda?

RESPOSTAS

  1. Que se alimenta de arroz;
  2. Instrumento para medir a velocidade do vento;
  3. Pacifico;
  4. Macromelia;
  5. Egito;
  6. Austriaco;
  7. Tchaikovsky;
  8. Princesa Isabel;
  9. Em Londres;
  10. Rocha Pitta;
  11. Curral d’El Rey;
  12. Ator;
  13. Navio a vapor;
  14. Provisório;
  15. Que se manifiesta simultáneamente;
  16. Um galão equivale a 4 litros e meio;
  17. Minas com 2.496. Bahia vem em 4o lugar com 927;
  18. Lavoisier;
  19. Leeuwenhoeck;
  20. Convento da Ajuda.


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A Gravidade Da Epidemia De Roubo E Furto

Pesadas Perdas De Cargas Nos Portos E Em Trânsito — O Sr. Harold Mummery Propõe Novo Ataque Ao Problema Fusão De Vários Comités Num Só Órgão

Aproveitando a passagem por esta capital do Sr. H. H. Mummery, Underwriter da The London Assurance, temos o prazer de transcrever o artigo publicado no “Journal of Commerce and Shipping Telegraph”, de Londres, em 5 de fevereiro último:

Os esforços para o combate ao roubo e furto de mercadorias em trânsito, problema que descreve como “sério embaraço à exportação do país”, foram examinados pelo Sr. Harold H. Mummery, Underwriter e gerente do Departamento Marítimo da The London Assurance, num discurso pronunciado no almoço oferecido aos membros do “Institute of Export”, de Liverpool, em fevereiro último.

O Sr. Mummery declarou que a melhor maneira de abordar o problema, que estava causando sérios transtornos a todas as partes interessadas, seria, em primeiro lugar, reunir os representantes dos vários comitês num comitê principal, de forma a condensar o conhecimento e a experiência de todos eles.

O assunto, disse o Sr. Mummery, já há vários meses o vinha preocupando seriamente por duas razões. Em primeiro lugar, o que estava acontecendo viria certamente refletir-se nos lucros que ele procurava obter para a Companhia que tinha o privilégio de dirigir. A segunda razão era, talvez, ainda mais importante do que esta. Referia-se ao fato da vultosa importância que os seguradores estavam desembolsando para o pagamento de sinistros devidos a furto e roubo – sinistros que podiam ser atribuídos ao precário acondicionamento das mercadorias – constituir um verdadeiro entrave à exportação. Isto significava que o fato dos artigos destinados à venda no exterior serem roubados e introduzidos no mercado negro mundial reduzia o valor das exportações.

Facilitam Roubos

“Tenho a impressão certa ou errada,” disse ele, “que os seguradores neste país têm uma séria responsabilidade por causa disso. Compreende-se que embarcadores enfrentem dificuldades em vários sentidos e que é impossível esperar-se que possam obter acondicionamento comparável ao de antes da guerra. Isto, entretanto, não impede que haja uma considerável indiferença no acondicionamento das mercadorias, que constitui por si só um meio de facilitar os roubos.

“Se nós, como seguradores, aumentarmos as nossas taxas para fazer face ao custo das reclamações de roubo e furto, este prêmio adicional será, provavelmente, debitado pelo embarcador ao destinatário. Isto poderá prejudicar o fornecedor, quando este negocia num mercado competidor. O problema, certamente, deverá ser atacado de um ângulo inteiramente diferente.

“Sabemos que, presentemente, há diversos comitês estudando a questão de acondicionamento, estudando todos os pontos importantes do problema de roubo e furto e como este pode ser evitado. É um assunto que interessa aos embarcadores, às autoridades portuárias, aos transportadores e, por último (mas nem por isso menos), aos seguradores. Não seria conveniente que os representantes destes comitês individuais se reunissem e formassem um só comitê, representando todas as partes interessadas?”

Supervisão De Todas as Etapas Das Viagens

“Se isto fosse feito, poderíamos conhecer as necessidades individuais e poderiam ser apresentadas sugestões, frutos da experiência, que acreditamos seriam construtivas e ajudariam a resolver o problema. Fundamentalmente, creio que o segredo do combate ao mal de roubo e furto é, conforme já tenho declarado publicamente em mais de uma ocasião, o estabelecimento de um sistema adequado de supervisão em todas as etapas das viagens.

Não é exagero dizer que os ladrões agem durante o empacotamento, durante o trânsito do armazém dos embarcadores ao porto e dentro do porto. Isto é provado pelo número de casos que têm sido julgados em nossas Cortes. Adianto ainda que, em certos casos, as mercadorias são roubadas a bordo dos navios transportadores. São naturalmente roubadas em portos de baldeação. Para finalizar a série de calamidades, os ladrões agem no porto de destino.

O Sr. Mummery disse que, de vez em quando, notava um movimento da parte de certos grupos interessados no problema, no sentido de dividir as responsabilidades entre os encarregados do transporte nesta ou naquela etapa da viagem – sempre para sua própria vantagem. Esta prática de procurar contornar o assunto é condenável; foi uma reação negativa, enquanto que o mais importante a fazer seria que cada um dos interessados procurasse por sua casa em ordem e contribuir realmente para a solução do problema.”

Custo Justificado

“O sistema que idealizo e acredito que trataria convenientemente seria dispendioso, embora seja uma despesa que na minha opinião se justificaria rapidamente estabeleceria em cada etapa da viagem um determinado setor, onde seria realizada a inspeção devida. Este era o costume em tempos normais e, teoricamente, acredito que ainda hoje exista. Na prática, entretanto, já não existe. É um sistema que tem sido experimentado, e experimentado com sucesso, em outras partes do mundo. Sinto que os seguradores deste país no momento têm o dever de conservar o custo dos seguros no mínimo possível, desta forma ajudando o exportador a competir com os outros mercados e colaborando assim para o incremento da nossa exportação.

Seria oportuno lembrar que, depois da primeira Guerra Mundial, os seguradores foram obrigados a pagar grandes somas para liquidar sinistros de roubo e furto, com o resultado que, a fim de proteger-se a si mesmo o mercado foi obrigado a introduzir o que ficou conhecido como “Institute Theft, Pilferage and Non Delivery (75 per cent) Clause” e, mais tarde, a “Institute Theft Pilferage and Non Delivery (Shipping Value) Clause”. A introdução destas cláusulas certamente resultou na diminuição de reclamações por roubo e furto.

“Gostaria, portanto”, disse o Sr. Mummery, “de juntar à minha proposta relativa à questão da supervisão, uma sugestão para que o mercado mais uma vez introduzisse a ‘Institute Theft, Pilferage and Non-Delivery (Shipping Value) Clause’. Desta forma, ficaria o consignatário com um maior senso de responsabilidade para fazer todos os esforços possíveis no sentido de que as mercadorias a ele consignadas lhe fossem entregues em tempo razoável, de acordo com o estabelecido na ‘Institute Cargo Clauses (Wartime extension)’.

“No pé em que as coisas estão, parece-me que pouca diferença faz para o consignatário que a carga chegue intacta ou não, porque os seguradores estão garantindo seus lucros, e julgo que a questão do lucro é que deveria ser eliminada das reclamações de roubo, furto e extravio. As condições atuais, afinal, são inteiramente anormais. Todos nós sabemos que as mercadorias estão chegando ao seu destino apenas para se saber que não existe a licença de importação. Em muitas ocasiões, descobre-se até que não se conseguiu câmbio para pagar as mercadorias”.

Queda De Mercado

“Outro fator que algumas vezes persuade o consignatário a não se apressar em tomar posse das mercadorias é a questão de queda de mercado. A história nos conta que este fator por si só basta para aumentar tanto o volume como a importância das reclamações apresentadas aos seguradores. No entender do Sr. Mummery, fora deliberado pelos vários comitês fazer algumas recomendações aos armadores. Algumas destas recomendações, que ele tinha permissão para ventilar, eram as seguintes:

a) A provisão e uso efetivo de barras de ferro para evitar o acesso aos porões.
b) A construção de compartimentos para acomodar carga especialmente exposta a furto.
c) O controle efetivo de chaves, isto é, medidas para evitar o acesso livre a chaves convenientemente identificáveis por um provável ladrão.
d) O fechamento de possíveis meios de acesso aos porões, isto é, ventiladores, etc.
e) O estabelecimento da responsabilidade pessoal do capitão pela carga transportada pelo seu navio.
f) O estabelecimento de patrulhas de vigilantes durante as horas em que a carga e descarga não está sendo efetuada.

Inspeções De Surpresa

g) Inspeções de surpresa ou de rotina, do alojamento da tripulação, com o objetivo de descobrir carga furtada;
h) Colocação de avisos no alojamento da tripulação, chamando a atenção para os sérios transtornos ocasionados por furtos, do ponto de vista da indústria, e prevenindo os tripulantes quanto aos rigores das leis;
i) Processar e contratar os serviços de um advogado competente para impor as penalidades adequadas aos culpados;
j) Informar ao administrador da “National Dock Labour Corporation” sobre qualquer estivador ou trabalhador das docas culpado de furto, a fim de desligá-lo do registro.

“Todas estas recomendações”, continuou o Sr. Mummery, “somente dizem respeito a perdas ocorridas a bordo, durante a estadia ou passagem do navio pelo porto. Isto, naturalmente, é perfeitamente lógico, pois os embarcadores somente poderiam impor suas leis durante o período em que a carga está sob sua jurisdição. Mas além de fazer estas recomendações aos embarcadores, o Comité de Londres tentara também encorajar outros interesses ligados ao trânsito pelos portos a tomarem medidas idênticas”.

“Examinando o assunto de outro ângulo, e por instigação do Comité de Londres, um grupo de companhias de navegação tinha estabelecido um corpo de vigilantes de carga para agir como supervisor, e os resultados obtidos por aquela organização provaram ser eminentemente satisfatórios para as companhias interessadas”.

Demora De Três Anos

Souberam com especial prazer, no fim do ano passado, que em Liverpool, por iniciativa da “Board of Social Science and Administration of the University of Liverpool”, com o apoio da Câmara de Comércio de Liverpool, havia sido criado um Comitê de Roubo, que representava todos os setores do comércio ligados ao embarque e recebimento de carga. Os respectivos departamentos do Governo haviam sido convidados a tomar um interesse ativo nos assuntos do comitê, que estava sob a direção do senhor Graham White. Tinha à sua disposição um secretário permanente, para o fim de fazer um relatório sobre o roubo e furto em geral nas Ilhas Britânicas. Esse relatório, entretanto, só estaria completo dentro de 3 anos e ele achava que assim seria tarde demais.

Acentuou ele que esse comitê representaria não só elementos ligados ao embarque e recebimento de carga, mas também fabricantes, atacadistas e distribuidores. Fora ainda informado que o objetivo primordial do inquérito era verificar os fatos ligados ao roubo, particularmente a extensão dos sinistros que se estavam verificando. No momento, pouco se conhecia com relação ao montante das perdas no país em geral, e o conhecimento perfeito dos fatos iria naturalmente acentuar a gravidade da situação.

Havia sido proposto que o comité abrangesse representantes de todas as partes das Ilhas Britânicas. Por outro lado, os roubos e furtos que se estavam verificando no exterior também o preocupavam, e gostaria, portanto, de sugerir que o novo comité estendesse a sua atenção para um campo ainda maior.

Considerava que a melhor maneira de abordar o problema seria, em primeiro lugar, reunir os representantes dos diversos comités num só comité, de forma a condensar o conhecimento e a experiência de todos.

Sugeria que uma das primeiras iniciativas do comité recém-formado deveria ser considerar a possibilidade e a conveniência de se criar uma organização mundial destinada a supervisionar a carga e descarga de mercadorias, particularmente aquelas que, devido à sua escassez, fossem mais facilmente absorvidas pelo mercado negro. Sugeria ao comité que convidasse representantes do novo “Institute of Packaging”, porque, sem dúvida alguma, o mau acondicionamento por si mesmo encorajava os furtos.

“Espero que dentro em breve possamos contar com tal comité, composto de representantes da Câmara de Comércio, “Chamber of Shipping” e “Institute of Packaging”, delegados dos embarcadores e autoridades portuárias, polícia, sindicatos e demais meios de transporte, como fragateiros e rebocadores, além de delegados de todas as demais partes interessadas.

“Todo aquele que de qualquer forma estiver, direta ou indiretamente, interessado no incremento da nossa exportação, seja ele consignatário, transportador, autoridade portuária ou carregador, armador, oficial e tripulante, e, finalmente, mas nem por isso menos importante, o segurador tem perante a nação a responsabilidade de tratar com energia um problema que no momento está embaraçando seriamente a nossa exportação”, concluiu o Sr. Mummery.


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Uma Fronteira De Peregrinação

CRISTOPHER MARLOWE, “copyright” do B.N.S.
(Especial para o NOTICIÁRIO LOWNDES)

O Castelo de Bamburf no Northumberland

LONDRES, novembro – anos, a fronteira do país – Explore, há muitos essa fascinante área entre a foz do Solway e o mar do Norte, onde, em tempos idos, os escoceses combateram os ingleses, os ingleses os escoceses e as grandes famílias escocesas combatiam umas contra as outras. Acham-se agora castelos e abadias em ruínas, enquanto o espírito de luta ainda parece brotar dessa terra tão cheia de sugestões. Por uma manhã brilhante, parti de Carlisle para repetir a visita a esse admirável país. Carlisle é verde e anda esquecida. Por muitos séculos foi palco de guerras e frequentemente era atacada pelo Norte. É agora uma junção ferroviária de certa importância sede de uma e florescente indústria de biscoitos. A nove milhas das fronteiras, alcancei Sark Bridge, sobre o rio Esk, que é a real linha fronteiriça entre a Inglaterra e a Escócia; no lado escocês, passei pelo antigo “Sark Bar”, pela velha estrada tradicional do país, famosa pela sua tradição casamenteira. Gretna Green, uma milha adiante, foi o mais popular burgo para a realização de casamentos. Outros lugares de idêntica fama são Coldstream e Berwick-on-Tweed. Segui depois até Canonbie, onde a estrada cruza com a via principal que corre na direção do norte. Não longe dali fica o velho solar de Johnnie Armstrong, frequentado pelo Rei Jorge V, da Escócia. Dali alcancei as terras elevadas de Cheviots. Campos verdes se estendem até as vizinhanças de Peel Fell, a 1975 pés de altitude. Agora a fronteira aparece em toda a sua imponência e beleza, com suas ravinas e montanhas. Uma abadia do século XII campeia sobre a paisagem silenciosa e tocada de solenidade. Três quartos de milha à frente, surgem torres e ameias do século XVI, pertencentes ao castelo Ferniehurst, que, depois de muitas vicissitudes, se converteu em hotel de jovens excursionistas escoceses. Todo ano, centenas de rapazes e moças frequentam estas paragens, inspirando o ar livre e puro das alturas. Numa pequena aldeia próxima, descansa Grace Darling, heroína de uma turma de socorro que salvou a tripulação de um navio, naufragado ao largo das Ilhas Farne, em 1838. Indo para o norte, segui a costa de perto até Berwick-on-Tweed, uma pitoresca cidade de casas escuras e tetos vermelhos. À primeira vista não parece pertencer nem à Escócia nem à Inglaterra, pelo seu aspecto neutro, situada no campo fronteiriço. Nos dias presentes, porém, a verdadeira fronteira só é atingida mais além, em Lamberton Toll. De Berwick, rumei para oeste, encontrando logo as ruínas do castelo de Norham, que olha para o panorama romântico do rio Tweed. Aqui residiu Eduardo I, da Inglaterra, quando atuou como árbitro das disputas entre John Balliol e Robert Bruce pela Coroa da Escócia. Penetrei em Coldstream, onde, em 1660, o General Monk instalou o famoso regimento dos guardas, do mesmo nome. Outras milhas adiante, cerca de oito, aparece a abadia normanda de Kelso, fundada no século XII pelos beneditinos franceses. Em 1545, converteu-se numa fortaleza, tendo sido destruída pelos invasores ingleses. Há ainda, próximas, as ruínas do castelo de Roxburgh, residência de cinco reis e cena de centenas de batalhas. Foi capturado e recapturado pela sucessão dos anos, acabando perdido pelos escoceses, por ocasião da morte do seu Rei, James II, atingido por um canhonaço durante o cerco. Acompanhando o rio Tweed, atingimos a abadia de Melrose, que ainda se encontra em razoável estado de conservação. Melrose era muito visitada por Sir Walter Scott, cuja casa se situava em Abbotsford, perto da abadia de Bemersyde, onde jazem os restos mortais do marechal de campo Conde Haig, herói da Primeira Guerra Mundial. Ultrapassando Bemersyde, residência da família Haig por sete séculos, alcançamos Edimburgo, após cruzar uma região igualmente plena de reminiscências e impregnada de história e de lenda, terminando assim uma jornada de sonho e beleza.

Ruínas da Abadia de Melrose, na de Melrose, na Es- cácỉa, tão conhecidas pelas românticas descrições de Sir Walter Scott.


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10.831 Aquisições De Imóveis Em 1947

Mais de 1 milhão e meio de cruzeiros em operações – Cifras inferiores às de 1946 – Abril o mês que bateu o recorde

Durante 1947 foram efetuadas 10.831 operações de compra-venda de imóveis (terrenos e prédios) no valor de 1.684.333.314,89 de cruzeiros. Essas cifras, embora altas, são sensivelmente menores do que as do ano anterior (1946) que bateu o recorde das transações desse gênero, segundo mostram as estatísticas organizadas pelo prof. Amadeu Saraiva, da Escola Nacional de Engenharia, publicadas pelo “Monitor Mercantil”.

Com efeito, a partir de 1940 o número e o valor das operações imobiliárias sobem num crescendo acentuado que encontra seu pico em 1946, conforme se pode ver no quadro seguinte:

Mas não é apenas em número e valor global que 1946 foi o ano recorde das transações de imóveis. O quadro que se segue mostra-nos que o valor médio de tais operações atingiu sua maior cifra também no mesmo ano, ao mesmo tempo que nos dá uma ideia da crescente valorização da propriedade imobiliária até esse período, para mostrar um ligeiro declínio o ano passado.

Vejamos agora como se desenrolaram, mês a mês, em número e valor, as operações imobiliárias do ano passado, segundo ainda as cifras apuradas pelo professor Amadeu Saraiva:

Como é fácil supor, das cifras acima os maiores valores referem-se a prédios, como se verifica, analisando as tabelas que se seguem:

É curioso constatar que abril foi o mês de maior número e valor de transações, principalmente no que se refere a prédios, com vantagem bem nítida sobre os demais. Outra observação é que, após atingir o máximo nesse mês, a curva, mormente a dos valores, vai declinando lentamente até setembro, com pequenas altas e baixas, acentuando-se a queda a partir daí.

Pode-se inferir, dessas observações, que os melhores meses para transações imobiliárias são os de abril a setembro? Só a comparação com as cifras dos anos anteriores pode fazer luz sobre esta hipótese e, uma vez confirmada esta, seria então cabível perguntar qual a razão dessa preferência?

Deixamos as respostas aos peritos.


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O Último Espectáculo Do Coliseu

Mario Pacheco

Sabem qual foi o último espetáculo no grande anfiteatro Romano? Eis o que aconteceu: Roma estava em festa por terem as hostes romanas derrotado os exércitos de Alarico, imperador dos godos. O entusiasmo em delírio estrugia nas ruas da cidade, sem limites. Foi quando o povo se encaminhou para o velho circo, cujos espectadores há quatrocentos anos não assistiam às tenebrosas cenas das feras em luta ou dos gladiadores disputando a vida. E então, eis que surge como um espectro um gladiador com espada e lança. E a poeira dos tempos sacudida das velhas paredes fez ressurgir a arena ensanguentada de antanho.

Telêmaco, um eremita, velho, alquebrado, vergado sob o peso dos anos, também entrou na arena para suplicar ao povo a suspensão do triste espetáculo, já ensaiado com o aparecimento do gladiador, ao qual outros já acompanhavam.

A multidão se exasperou, e como atiçados por aquela gente desvairada, os gladiadores, num gesto de covardia revoltante, abateram o pobre velhinho. E os seus cabelos brancos se ungiram de vermelho com o sangue jorrado de suas feridas. E o seu manto branco, rasgado, pisado, impregnou-se de lama feita com a mistura daquela terra maldita com o sangue de suas chagas. Este foi o último espetáculo do Coliseu, cujas ruínas silenciosas guardam em Roma a lembrança desses tempos cujos dias marcam na história os fastos de um povo que governou o mundo e que por si próprio caiu, vencido e cansado de tantas vitórias, como uma árvore que, se agigantando às demais, tomba estremecendo toda uma floresta. Dir-se-ia que nas ruínas do Coliseu ainda sentimos o longínquo rumor da queda dessa árvore.


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Agraciado O Dr. Angelo Mario Cerne

Dr. Angelo Mario Cerne

Por ato de S.M. o Rei da Dinamarca, foi agraciado com o título de Cavalheiro da Ordem de Dannebrog, o nosso estimado amigo e prezado colaborador Dr. Angelo Mario Cerne, conceituado advogado no foro carioca e que também exerce funções de relevo no meio securitário brasileiro.

A referida condecoração foi entregue solenemente ao agraciado pelo Sr. Ministro da Dinamarca, Sr. Otto Wadsted, em 29 de dezembro do ano passado.

Em sessão no Rotary Club do Rio de Janeiro, falou sobre o ato o rotariano Donald Lowndes, tendo sido o Dr. Cerne muito cumprimentado pela distinção recebida.


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A Um Anjo Madrugador

Por DIENO CASTANHO

Quem és, ó anjo que cedo me apareces
Como no céu nublado a rubra aurora,
E ao coração, que desenganos chora,
Esperanças de amor, meiga, ofereces?

Eu te vi em sonhos e chamei-te em preces
Anjo bom da ilusão fascinadora!
Serás tu, ó imagem sedutora,
Que os meus sonhos, tão gélidos, aqueces?

Serás talvez a fada feiticeira
Que vem nas asas de odorantes brisas?
Ou acaso notícia alvissareira

Trazes nas mãos, tão límpidas e lisas?
Quem és?… Que queres?… “Sou a lavadeira
E vim cobrar a conta das camisas!”


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Cafeteira Que Não Esfria

LONDRES (B.N.S.) – Um dos problemas que sempre tem preocupado as donas de casa é o de manter quente o chá ou o café. Os sacos de lã em geral usados nos bules não são nem práticos nem estéticos.

Uma firma de Londres, H. H. Linton & Company, Ltd. resolveu o problema de maneira a unir o útil ao agradável, lançando à venda uma caixa de metal forrada internamente de feltro, que é colocada em torno do bule, conservando o calor durante longo tempo. Tanto o bico como a asa do bule ficam colocados fora da caixa, de maneira que o café ou chá pode ser servido sem necessidade de se tirar o conservador de calor. A fim de satisfazer os mais variados gostos, as caixas são apresentadas em cromo, cobre, alumínio e peltre.


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Garotas Da Organização Lowndes

(Qualquer semelhança com as “Bancarias” do Banco Lowndes S. A. é mera coincidência).

Estas garotas falam uma língua complicada “letra”, por exemplo, não faz parte do alfabeto, é algo mais transcendente; sabem matemática a fundo e o resultado é que os maridos, os noivos e os namorados vivem sempre sofrendo “descontos” nos seus vencimentos.

As nossas bancárias levam vantagem sobre as outras garotas, pois estão instaladas no andar térreo… bastando levantar os olhos para verem a multidão desfilar.

Na contemplação desse espetáculo foi que surpreendemos as nossas garotas bancárias bancando “tesouras afiadas”.

IRENE:

Estás vendo aquele casal que vai passando? Que linda ela é! Vestido da “Imperial”, sapatos caríssimos! Que bolsa! E ele, coitado! Roupa de meia-confecção, ar acabrunhado, cabeça prateada! Isto é o que se pode chamar de um bom depósito a juros compensadores.

ESTHER:

Sim, para ela, mas as promissórias dele estão vencidas e já foram para “protesto”.

ALENA:
Lá vem Mme. X, com os seus 50 anos no costado e com o seu jovem pelo braço.

ILDA:
Para ele, só interessam as contas correntes particulares, para poder sacar à vontade por conta da coitadinha.

ARINDA:
Vês aquele casal? Ele e ela jovens, elegantes e ricos. Classifico-os de “Conta em conjunto…e/ou…”

VERA:
Olha aquela matrona com cinco filhinhas casadoiras.

MIRIA:
“Letras a serem descontadas”. Quem serão os pacas que irão aceitá-las, apesar de ser fraco o “avalista”?

REGINA:
Reparem, garotas, aquela dona, que vai de braço com o marido e que está tirando uma “linha” com aquele “tarzan, filho do alfaiate”. É o cúmulo, lembra os “cheques cruzados”.

ALENA:
Estão vendo, meninas, aqueles beijos que aquele casal está trocando, ali no banco da Biblioteca Nacional? Formidáveis; porém convenhamos que eles estão sacando por conta… verdadeiros “cheques sem fundo”. Só entregando o caso à Polícia.

ESTHER:
Qual! esta pequena já passou por aqui umas vinte vezes, não pára, até parece as “contas de movimento”.

Chi! E aquele camaradinha todo de preto, carrancudo e austero, não parece uma “promissória em dia de vencimento”? E aqueles dois ali, agarradinhos em adoração, o que acham vocês? Não parece ele um usuário afagando a sua “caderneta de Depósitos”? Vamos desviar o olhar antes que ele comece a folheá-la.

VERA :
Sabem que o Dr. X ficou noivo de uma fazendeira ricaça? Sim, abriu a sua “Conta Garantida”. E aquela nossa cliente simpática, que sempre nos dá um dedinho de prosa, separou-se do marido, porque ele andava “extornando” dinheiro de sua conta para outrazinha? Enfim, fez o que devia tomada de contas.

E, finalmente vou dar a última aquela menina que anda pelos “quarenta”, apesar de vestidinho curto e ar ingênuo, conseguiu convencer a um “trouxa” que ainda não fez “dezoito”!

HERCY :
O que queres? Conseguiu fazer um “desconto por fora” já que “por dentro” não era possível. Leram o noivado da filha de D. Mercêdes com um tenente aviador? Pois bem conseguiu, como vêm, fazer a sua “quota de previdência”.

E quando estes diálogos iam em franca animação, eis que surge o “Seu Soares” e, sem mais aquelas, suspende o crédito das garotas.

Agora vocês, meninas, abram aí no banco uma continha a prazo fixo, a 8%, para a sua Siri-Gaita.


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Receitas do Trimestre

Para gáudio dos que apreciam os bons acepipes, publicamos a seguir um punhado de receitas culinárias que nos foram gentilmente enviadas por uma leitora.

Tigelinhas De Miúdos De Galinha

Cozinham-se algumas batatas com as quais se faz uma massa ligada com um pouco de manteiga, uma gema e queijo parmesão ralado.

Forram-se com essa massa as tigelinhas que já devem estar untadas com manteiga e polvilhadas com farinha de rosca. Acaba-se de enchê-las com um bom guisado dos miúdos de galinha.

Cobre-se com um pouco de farinha de rosca e leva-se ao forno quente, por pouco tempo.

Pode-se variar o recheio à vontade, com o que se quiser. 

Soufflé De Peixe

Levam-se ao fogo 2 colheres de sopa de manteiga com 1 de farinha de trigo e outra de maisena. Mexe-se e tempera-se com sal e pimenta. Junta-se pouco a pouco 2 xícaras de leite, e mexe-se até engrossar.

Acrescenta-se 1⁄2 xícara de farinha de rosca, 2 xícaras de peixe cozido, partido aos pedaços, 3 gemas bem batidas, um pouco de salsa picada e cebolinha. Junta-se as claras batidas e leva-se ao forno moderado, em forma untada com manteiga, durante uns 5 ou 10 minutos.
Pode-se servir com molho de camarão ou de tomates, que fica mais gostoso. 

Bolinhos De Arroz

6 ovos, sendo 3 sem claras; 250 grms. de manteiga; 250 grms. de açúcar; 1 pacote de creme de arroz (250 grms.); Leite de 1 coco.

Modo de fazer: Bate-se o açúcar com a manteiga e adiciona-se os ovos, um por um, tornando-se a bater um pouco. Depois o creme de arroz peneirado. Bate-se mais um pouco e coloca-se o leite de coco por último.

Mexa-se sem bater e coloque-se em forminhas untadas com manteiga. Leve ao forno quente. Não se deve deixar corar muito. Quando começarem a corar, tire do forno para não ficarem muito secos.

Docinhos De Ameixas E Damascos

350 gramas de ameixas pretas; 150 gramas de damascos secos.

Tiram-se os caroços das ameixas e, juntando-se aos damascos, passa-se na máquina de moer carne. Feito isso, põe-se açúcar até a massa ficar boa para enrolar. Pode-se juntar uma clara de ovo e misturá-la bem. Enrola-se com açúcar e coloca-se em forminhas de papel no tamanho menor. Vão ao sol para secar.

Bolo De Macarrão

1 prato raso de macarrão cozido, bem picado. 1 xícara de chá de leite; 2 colheres de manteiga; 1 xícara de queijo parmesão ralado; 4 gemas; 2 claras batidas em neve; 1 colher de farinha de trigo. Sal à vontade.

Modo de fazer: Dentro do bolo pode-se misturar presunto ou camarão e “petit-pois”.
Depois do bolo na forma, enfeita-se com farinha de rosca, azeitonas, queijo parmesão e rodelas de ovos cozidos.

Molho De Tomate Para Sanduiche

1⁄2 quilo de tomates inteiros.

Dá-se uma ligeira fervura, escorre-se a água e passa-se numa peneira.

Junta-se uma xícara de queijo parmesão ralado, uma colher de manteiga e vai ao fogo até engrossar um pouco.

Na hora de retirar do fogo, coloca-se uma gema (depois disso, não vai mais ao fogo).

Depois de tudo pronto, adiciona-se uma pitada de sal. 

Sanduíches Gostosos

Tomam-se 250 gramas de queijo (qualquer qualidade boa). Passa-se na máquina de carne. Depois, mistura-se à massa 3 colheres de manteiga e bate-se bem. Unta-se o pão dos dois lados com essa massa. Coloca-se no meio presunto, rodelas de tomate, de ovos cozidos e um pouco de molho inglês se se quiser. Pode-se também unir os sanduíches com folhas de alface depois de lavadas e passadas ao suco de limão.

Pão De Forma

3 ovos; 1⁄2 litro de leite; 1 quilo de farinha de trigo (menos 2 xícaras de chá); 1 tablete de fermento Fleischmann; 1 colher de sopa de manteiga; 3 colheres de sopa de açúcar; 1 colher de chá de sal.

Modo de fazer – Desmancha-se os ovos numa vasilha: põe-se a manteiga, o leite, o fermento (desmanchado na água tépida), o açúcar e a farinha.

Bate-se, espremendo com a mão, durante uns 20 minutos até soltar-se da pedra mármore. Coloca-se em forma untada e deixa-se descansar 2 horas para que cresça.

Assa-se em forno quente. 


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Noticiario Lowndes Informa

LOWNDES & SONS, LTDA.

Novas Administrações

Temos o prazer de apresentar abaixo os nomes dos novos clientes, que nos honraram com a sua preferência:

Dr. Antonio Pires Rebello: Imóveis à rua Barão de Iguatemy, 23 loja; Rua México, 31 – Grupo 1501; Rua Ministro Viveiros de Castro, 71-apto. 704.

Maria e Cecilia Raineri de Magalhães Machado: Imóvel à Av. Marechal Floriano, 159 Edifício com 6 pavimentos, sendo 1 loja e apartamentos residenciais.

Sem Perlin: Imóvel à rua Machado de Assis, 28 aptos. 503, 603 e 604.

Edmir Albuquerque Moreira: Imóvel à Rua Gal. Glicério, 445-apto. 1004 mobiliado.

Maria José de Siqueira Mesquita – Baronesa do Bonfim: Imóveis à Rua Affonso Penna, nºs. 113, 115, 117, 119. Trav. Cruz nºs. 14, 15, 17, 19. Rua Frederico Eyer, 22, 22-A e Rua Visconde de Itamaraty, 88-C 1/8 e 90-92.

Maria José de Mesquita Morcaldi, Condessa de Morcaldi: Imóveis à Rua Professor Gabizo, 89. Rua Ibituruna, n. 43/45. Rua Haddock Lobo, 392-458. Rua Gal. Dionysio Cerqueira, 40-42 e Rua Visconde de Caravelas 177-179.

Maria Luiza Precht de Mesquita: Imóveis à Rua Professor Gabizo, 203 e Rua Barão de Itapagipe, 259.

Jerônima de Mesquita: Imóveis à Rua Universidade, 62-62 sobrado 70 e 74 e Rua Senador Furtado, 25.

Antonio José de Mesquita e Bonfim: Imóvel à Rua Mariz e Barros, 554.

Dr. Antonio de Oliveira Lima: Imóvel à Rua Itaberá, 141.

Departamento de Compra e Venda

Vendas realizadas: 1947 — Outubro. Apart. n. 1, do Solar D. Pedro em Petrópolis ao Sr. Vivaldi Leite Ribeiro 320.000,00.

Apart. n. 1, do Solar D. Luiz, em Petrópolis, à Sra. Juracy Vivaldi 320.000,00.

NOVEMBRO Edifício Lowndes Av. Pres. Vargas 110 Pav. à Cap. Cruzeiro do Sul e Cia. de Seguros Cruzeiro do Sul 2.800.000,00.

Terreno. Rua Rocha Miranda S.N. à Irmandade Espiritual Estrela D’Aiva 70.000,00.

1948 – JANEIRO – Aparts. 1 e 2 do Edifício 21, da Rua Sta. Clara n. 48, às senhoras Léa e Cecilia Guthmann 400.000,00.

Apart. 2 do Edifício à Av. A. de Mello Franco, 16 Leblon, ao Dr. Carlos G. Horta Barbosa 350.000,00.

Atividades de Lowndes & Sons, Ltd.: O Departamento de Compra e Venda da firma em apreço recebeu do capitão Michael J. Robinson a seguinte carta, que é um documento espontâneo e expressivo da eficiência dos serviços que a mesma presta a seus clientes:

“Em nome de minha senhora, e de mim próprio, agradeço ao senhor mesmo e, por seu intermédio, a seus auxiliares, senhor Serpa e sua secretária senhorita Heny, os eficientes serviços prestados referentes à venda das nossas propriedades.

De fato, estamos profundamente reconhecidos devido às transações terem sempre corrido, de princípio ao fim, sem o menor inconveniente para nós. Sinceramente”.

(a) M. J. Robinson.


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Curiosidades De Ontem E De Hoje

A Altura Das Nuvens

Os peritos em meteorologia dos Estados Unidos idearam um sistema para determinar a altura das nuvens por meio de filtros ultravioleta feitos de um vidro cor de púrpura escuro. Os filtros cobrem toda a luz visível com auxílio de uma poderosa e pequena lâmpada de mercúrio, a qual funciona a uma temperatura tão alta que o filtro atinge, por vezes, um grau de calor superior ao da água fervendo. Um projetor envia a luz invisível à base da nuvem. Um aparelho fotoelétrico indica a situação da energia refletida sobre a base.

A altura é então computada por meio de cálculos. 

Os Botões Na Idade Média

Os botões datam da Idade Média e sua origem é obscura. O aparecimento dos mesmos, apesar de suas evidentes vantagens práticas, provocou uma onda de protestos. Até ao século XII as roupas de homens e mulheres eram costuradas no corpo ou presas com laços, pois os botões eram desconhecidos. Quando saíam a passeio ou para caçar, as senhoras levavam agulhas e linha para poderem recosturar as partes de seus vestidos que fossem obrigadas a desfazer… Entretanto, os primeiros que se encorajaram a usar botões em suas roupas foram considerados levianos e despudorados e tal conceito perdurou até meados do século XIII. Para o historiador F. Funck Brentano a moral dessa época lá tinha suas razões poderosas para repelir a moda dos botões. “É que apresentavam a singular comodidade e rapidez para nos despirmos e o diabo sabe com que intenções – e, em seguida, nos vestirmos de novo…”

Novo Material Sintético

O Instituto de Química de Moscou aperfeiçoou um novo material sintético, transparente e semelhante ao alcatrão. Trata-se do “vinilin”, nome com que foi batizado, e que tem as propriedades curativas do bálsamo do Peru. Segundo o químico G. Belonski, o “vinilin” cura as feridas abertas em um lapso de tempo excepcionalmente breve e, ao contrário do bálsamo do Peru, estimula o crescimento celular.

Animais Que Falam

Tivemos, há anos, no Cassino da Urca, o burro “Canário”, que sabia calcular. Em várias épocas têm aparecido animais sábios, capazes das mais extraordinárias habilidades. Pedro Norberto de Aucourt e Padilha, num livro impresso em Lisboa, no século XVIII, conta que, certo dia, a Imperatriz Rainha convidou o Infante D. Manuel para ouvir um cão, que à força de ensino, articulava a palavra chocolate. Refere também que, na “História da Academia de Ciências”, é citado um cão a quem ensinaram a falar, “e que dizia algumas trinta palavras, do número das quais era chá, café, chocolate, etc., mas que não a pronunciava senão por eco, depois que seu senhor as repetia”. Relata ainda o mesmo autor que a Rainha D. Catarina, mulher de D. João III, tinha uma cachorrinha que cantava ao som de um manacórdio, “e ainda que não pronunciasse palavras, eram muito entoadas, e conforme ao som as vozes, que proferia: como refere o “Anno Histórico”, no dia 12 de Fevereiro.

As Origens Da Porcelana

O início da fabricação de porcelana na China acredita-se que tenha ocorrido entre os anos 185 e 87 antes de Cristo. As primeiras garrafinhas de porcelana foram encontradas pelo sábio Rosellini em um túmulo egípcio. Na Europa, a porcelana não era conhecida até o princípio do século XVI, época em que os portugueses a trouxeram da China.

Tinta Em Pó Para Canetas Tinteiro

Um fabricante americano lançou recentemente no mercado tinta em pó para canetas-tinteiro. Segundo o mesmo, as vantagens são as seguintes: não congela, ocupa menos lugar e proporciona maiores facilidades de embalagem e embarque, e menor custo do frete. Não corre o risco de quebra e vazamento, como acontece com a tinta líquida em vidros. A nova tinta é vendida em pacotes a 35 centavos de dólar.


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Piadas Do Z. K.


QUEM SABE…

Um médico censurava um amigo pelo uso abundante que fazia de “whisky”:

– Ora, ora… retruca o censurado. Bebo desde a idade de 18 anos e apesar disso já fiz meus sessenta.
– Quem sabe, responde-lhe o médico; se nunca tivessem bebido talvez já contasses os teus setenta.


E O QUE INTERESSA

– Vais mesmo casar com o filho daquele milionário ?
– Vou sim.
– Toma cuidado; é um rapaz abobalhado… Deves olhar o teu futuro…
– Ora, o futuro a Deus pertence. que me interessa é o “presente”.


PERGUNTA INGÊNUA

Da confeitaria, que todos os anos servia os doces para o aniversário de madame, telefonam num desses dias de festa:

– Madame; seu bolo de aniversário está pronto.
– Mande-o já… E não esqueça as velas.
– Quantas deseja ?… A mesma quantidade do ano passado ?


RECEITA INFALÍVEL

– Homem, você não me dirá que é que o médico lhe receitou, que o fez bom em tão poucos dias?
– Foi bem simples, disse que me cobrava 200 cruzeiros por cada visita.


RESPOSTA À ALTURA

Certo sujeito, querendo fazer graça, apresenta um amigo a outro, nestes termos :

– O meu amigo Pinto, veterinário…
– Peço perdão, sou médico. O meu amigo chama-me veterinário por que já tratei dele.


DIÁLOGO DE BAILE

– Tem irmãos, cavalheiro?
– Sim, minha senhora, tenho um.
– Um só?
– Um só, minha senhora.
–  É admirável! Ainda há pouco fiz a mesma pergunta à sua irmã que me disse ter dois.


SINTOMA INFALÍVEL

O médico vai visitar a sua doente e, logo à entrada, pergunta à criada de quarto:

– Como passou a senhora esta manhã?
– Bem, doutor. Logo ao acordar tomou uma xícara de caldo…
– E depois?
– Depois atirou com a xícara e o pires na cara do marido.
– Muito bem, muito bem; vejo que está livre de perigo… já está boa !


AO CONTRÁRIO

Um motorista é detido por um guarda por excesso de velocidade:

– Será que estava correndo muito ? – pergunta aquele ingenuamente.
– Ao contrário… O sr. estava voando muito baixo.


A COISA É OUTRA…

O passageiro – Porque parou o carro ?
O motorista –  A moça não disse para “parar com isso”?
O passageiro – Continue andando. Ela não se dirigia a você.


ANEDOTA DO TRIMESTRE

Sala de espera de um consultório médico. Ampla, com bastantes sofás e cadeiras, todas ocupadas. E ainda alguns clientes esperando em pé. O tempo escorre-se monótono. Há, a princípio, uma palestra mole e convencional, que não tarda em cair. Alguns clientes bocejam, outros consultam o relógio de momento a momento, mirando com ânsia para a porta do gabinete, onde o facultativo está, há uma hora, fechado com um doente. O silêncio alonga-se, afogando o ambiente e tornando a espera mais tediosa. A certa altura, um cavalheiro que até aí parecia esperar placidamente, levanta-se e exclama:

– Com licença, senhores… Vou esperar em casa; prefiro morrer de morte natural. 

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Lowndes

Administradora Condomonial no Rio de Janeiro

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