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Este documento é parte do nosso Acervo Histórico

Noticiário Lowndes – Nº 24

1 de dezembro de 1949
É fundamental destacar que as informações contidas em nosso arquivo histórico são uma expressão do contexto da época em que foram produzidas. Elas não necessariamente refletem as opiniões ou valores atuais da nossa empresa. À medida que progredimos e nos ajustamos às mudanças em nosso entorno, nossas visões e princípios também podem evoluir.

MATÉRIA

Da Oficina Do Carpinteiro De Nazaré Nos Veio Mais Do Que Esculturas De Madeira

25 de Dezembro

Foi por amor que Jesus veio ao mundo. Esta mensagem de Natal quer dizer-nos: Onde quer que estejamos, podemos dizer: “Por nosso amor, Ele se fez pobre para que nos tornássemos espiritualmente ricos.”

E essa verdade vem à aproximação do Natal, enchendo nossos corações de júbilo, de paz, de vontade de olharmos mais ternamente uns para os outros, de perdoar, de amar.


MATÉRIA

Poetas

Hugo Bellard

Bem longe vai o tempo em que os pobres menestréis cabeludos e famintos percorriam, de alaúde a tiracolo, as estradas medievais, enregelados mas de imaginação ardente, e batiam, humildes, à porta dos castelos roqueiros, pedindo permissão para exaltar as qualidades dos truculentos barões feudais, a fim de obter, depois, a recompensa do direito de jantar na cozinha, ao lado dos jograis, pelotiqueiros, saltimbancos e cães amestrados.

Também já vai distante a época em que os honrados e patacudos negociantes por grosso e a retalho gostavam de convidar poetas para abrilhantar suas festas oferecidas aos amigos, mas trancavam-lhes sumária e definitivamente a porta, desde que lhes notassem qualquer olhar mais comprido para o lado das filhas…

Como era fatal que sucedesse, os primitivos artistas evoluíram, lenta mas incessantemente. E, ao lado dos distintos e bem conceituados atores de teatro e do cinema, descendentes em linha reta dos saltimbancos e dos pelotiqueiros, ao lado dos cães amestrados que percebem, em Hollywood, salários incríveis e invejáveis, encontramos hoje os poetas constituindo uma das mais dignas e respeitáveis classes.

Atualmente, para ser poeta, não é preciso ter um parafuso frouxo, nem usar cabeleira longa ou de qualquer espécie, pois já se acha praticamente demonstrado que a inspiração e o talento não se localizam no interior dos fios capilares. Nem é necessário, também, morrer tuberculoso como remate de algum amor infeliz.

O poeta dos nossos dias é cidadão pacato e metódico, bom funcionário de qualquer letra e tão excelente chefe de família como qualquer mortal que não haja bebido a água de Castália. E temos visto, e estamos vendo, bons poetas governarem Estados, colaborarem na confecção das leis, fulgurarem na diplomacia, dirigirem bancos, distinguirem-se nas ciências, educarem gerações de jovens ou fazerem fortuna no comércio. Evidentemente, não é indispensável citar nomes, pois todos nós poderemos apontá-los de improviso.

Finalmente, como culminância do permanente esforço dos filhos de Erato e de Calíope pela sua sobreelevação, pela sua redenção das condições de indivíduos que, em certa fase da história social, viviam relegados a plano inferior e sentiam-se felizes em deliciar os poderosos, contentando-se com a perspectiva de uma problemática consagração “post-mortem”, assistimos ao caso, relatado por uma revista literária, do poeta que, convidado para uma reunião em casa de um milionário paulista, dela participou, dizendo versos a pedido do anfitrião, e, ao fim da noite, quando as visitas se retiravam, exigiu pagamento pelos seus serviços, apresentando uma conta bastante polpuda. Quanto às conclusões do órgão noticiador, não deixam elas de ser bem consoladoras: “Os poetas ainda acabarão sindicalizados, para espanto de todos os que os veem como seres sempre no mundo da lua.”

E não é mesmo absurdo que, quando todo mundo considera imensa honra cobrar ao pintor ou ao escultor uma fortuna pelo quadro ou pelo busto encomendado, quando toda gente, além de pagar boa remuneração, adula o encanador para consertar uma torneira importuna ou o eletricista para substituir um fusível queimado, haja ainda pessoas que supõem fazer ao poeta grande favor por gostar de suas poesias?


MATÉRIA

Passeio Ao Rio Grande

Ib Kern (Secretário da Produção da Cruzeiro do Sul Capitalização, em Porto Alegre)

Paisagem gaúcha da região serrana, que no inverno se cobre de espesso lençol de neve. (Foto: Studio “Os 2” Porto Alegre).

Eu te convido, leitor, para um passeio rápido pelo meu Estado, tão rápido quanto o requer a falta de espaço peculiar a qualquer publicação. Esperemos que aterrisse o nosso avião, um DC 3 da Varig, organização gaúcha que primeiro organizou uma linha comercial de aviação no Brasil e que hoje mantém 30 unidades em tráfego aéreo, atendendo, só no Rio Grande do Sul, a mais de 20 cidades. Bem, tomemos o automóvel e sigamos, daqui do aeroporto, para o centro de Porto Alegre. Estás vendo todas essas chaminés? É o importantíssimo parque industrial da capital gaúcha. Logo ali estão as indústrias Renner, que produzem de tudo, desde artigos de esporte até modernas máquinas de costura. Depois vêm as fábricas de fogões, de móveis, de artefatos de couro, de artefatos de borracha, da gostosa cerveja e do chopp refrigerante (Ah, Rabelo!), de tecidos, fábricas de tudo. Estamos passando agora pelos primeiros edifícios de concreto, que rasgam os céus numa ânsia de espaço. Derivemos para as docas e apreciemos a quantidade imensa de embarcações lacustres, fluviais e marítimas que carregam e descarregam a nossa riqueza. Aquela chata ali descarrega as saborosas laranjas de Taquari; o barco de acolá, o milho e o feijão, que o Estado produz em considerável quantidade. Mais além, um navio argentino recebe madeira e um nacional toda aquela imensidade de produtos industriais e da agricultura.

Estamos agora na Avenida Borges de Medeiros, o corredor dos arranha-céus. No inverno, meu amigo, o terrível minuano, vento oriundo do polo, transforma este logradouro numa “frigidaire”, capaz de gelar até a alma do cidadão. Penetremos na Rua da Praia, que eu quero te mostrar logo, a mulher gaúcha, para que de imediato conheças a sua graça. Esta rua é sempre assim: faça chuva ou vento, ao sol ou à noite, está sempre cheia de rapazes e moças que se entregam ao “flirt” ou simplesmente ao passeio, de lá pra cá, de cá pra lá, numa quadra apenas de rua.

Desta primeira vez não podemos visitar tudo. O espaço é pouco e fica quase tudo para outra oportunidade. Se tivéssemos um tapete mágico, mesmo com pouco tempo, poderíamos ir à Região Colonial, que se divide em Italiana e Alemã — a primeira, estabelecida sobre a serra, onde a paisagem é de tal grandiosidade que esmaga o homem à constatação de que é infinitamente pequeno ante a natureza. Toda essa zona produz todos os cereais, além da preciosa uva de que se faz o vinho. Se então baixássemos de nosso tapete e, a um colono de Caxias do Sul, de Farroupilha ou de Bento Gonçalves, pedíssemos um copo de água, o homem nos daria um enorme canecão de vinho e se sentiria ofendido se não aceitássemos aquela bebida, ao invés da água. (E que vinho, irmão! Vinho puro, sem batismo nem misturas legais necessárias à sua conservação, quando exportado. Enfim, o verdadeiro vinho!) Sabias que, em certos dias de julho e agosto, o inverno veste toda essa região de alva e espessa camada de neve, emprestando-lhe maravilhosa paisagem europeia?

Na zona colonial alemã poderíamos ver, além dos que se empregam na indústria, homens e mulheres, velhos e crianças no amanho da terra que essa gente só acredita no trabalho e no progresso. Veríamos também suas festas típicas, o popularíssimo “Kerb” (a festa da colheita), na qual por 3 dias e 3 noites se come à farta e de graça! – leitões, galinhas e perus assados, regados a chopp e, mais modernamente, a champanhe. Veríamos que progresso essa gente está dando à sua região.

Dirigiríamos, depois, o nosso tapete mágico a Cachoeira do Sul, para que pudéssemos ver as intermináveis terras de cultura, que produzem arroz para abastecer o Brasil inteiro e para exportar para o exterior. Vagaríamos ainda por outras partes do Estado, observando, sempre, que este é todo cortado por rodovias e ferrovias, sem contar com as linhas de aviação. Apreciaríamos então as pradarias sem fim da zona pastoril, de onde as tropas de gado partem continuadamente para as charqueadas e para os frigoríficos, para serem transformadas em carne, para o Brasil e para o estrangeiro. Veríamos ainda a zona das missões, onde estão os tesouros de arte dos jesuítas. Pularíamos, em seguida, a Pelotas, a segunda cidade do Estado, e uma das maiores do Brasil. Tem 71.000 habitantes na zona urbana, é servida de bondes, tem faculdades, teatros, etc. E ainda teríamos Rio Grande, que, no progresso, rivaliza com Pelotas e que, igualmente, é servida de bondes elétricos.

Um dia ainda haveremos de percorrer essa terra toda, com bastante tempo!

Por todo o pampa sulino, através das Cias de Seguros Sagres, Imperial, Cruzeiro do Sul, London & Lancashire, London Assurance e da Cruzeiro do Sul Capitalização S/A, estendem-se os benefícios e o prestígio da “ORGANIZAÇÃO LOWNDES”, que é representada, em Porto Alegre, pelas firmas A. C. Barcelos & Cia. e Carlos Ebner, ambas de grande projeção no Estado. A Cruzeiro do Sul Capitalização S/A mantém Sucursal no Rio Grande do Sul, à Rua dos Andradas, 1332 térreo – em Porto Alegre. Atende à parte da Produção o Inspetor Geral do Extremo-Sul, Sr. J. B. de Lima Barros, e a de Administração o Gerente, Sr. Luciano D. Câmara.

Aspectos modernos de Porto Alegre: arranha-céus da Av. Borges de Medeiros, uma das grandes vias da capital gaúcha.

Vista da “campanha” gaúcha, em cujas vastas planuras pasta o gado, uma das riquezas do Estado.

Auditório Araújo Vianna, em Porto Alegre, onde a Banda Municipal dá concertos duas vezes por semana.


MATÉRIA

Presente De Natal

Conto de Antônio Gil

A memória de minha mãe

Na pequena sala, pobremente mobiliada, Matilde armara a modesta e escalavrada árvore de Natal que vinha guardando com todo o carinho há 5 ou 6 anos. Encostado ao frágil tronco, forrado de papel verde, equilibrava-se um retrato de homem, moço ainda e bem parecido. No quarto, ao lado, Pedrinho dormia o primeiro sono, esperando a hora ditosa em que papai Noel devia chegar com os presentes que tanto ambicionava. Matilde tinha desligado a lâmpada. A luz fazia-lhe mal aos olhos, cansados de costurar, dia e noite, na luta para manter a sua pobre casa e aquele filho, que mais amava ainda desde que o marido a tinha abandonado. A claridade anêmica da lamparina, acesa sob o Sagrado Coração de Jesus, ali estava ela, desde o jantar, olhos fixos no retrato, concentrada, evocando com um ritus de amarga resignação, a sua vida passada.

O retrato era o dele, do marido, do pai dessa criança, agora todo o seu mundo que desertara do lar havia anos, iludido pelo amor de uma aventureira.

No grande silêncio noturno do ambiente, na pequena casa semi isolada de uma rua de subúrbio, as recordações pareciam ter mais vida. O passado de Matilde erguia-se dos arcanos da memória e ela via, via positivamente, desfilar diante si, sem desfitar o retrato, todo o seu noivado com o Afonsinho assim o tratara sempre, carinhosamente – a cerimônia simples do casamento, a alegre festa em casa de seus pais, os meses de lua de mel, tão felizes, e os primeiros anos de vida em comum. Revia as atenções, os desvelos apaixonados do Afonsinho, sempre afetuoso e bom, sempre alegre… Raro era o dia em que ele não lhe trazia uma lembrança, uma guloseima; rara era a semana em que não iam ela travando-lhe o braço com ternura e orgulho a um passeio ou a um cinema, Afonso tinha um bom emprego, numa firma de construções. Era hábil, bem falante e de boa presença; ganhava bem.

Com que ternura, com que devotamento o amara! E ainda agora, ao evocar esses tempos de doce bonança, Matilde sentia o coração transbordar-lhe de afeto. Se ele voltasse, como lhe perdoaria!… Mas, por onde andaria ele? Em que remotas paragens estaria, nessa doce noite de Natal, em que as famílias, por toda a cristandade, se reunem para louvar o Deus menino, que nascera no humilde curral da Judela para nos redimir?

Matilde deixou escapar um suspiro, que era quase um gemido. Seus olhos ergueram-se para a imagem do Sagrado Coração, como a implorar ajuda. Depois, voltou a fixar o retrato do marido e remergulhou no passado.

Via agora o desmoronar da sua felicidade. A dor entrava na casinha tão alegre onde parecera residir para todo o sempre a bonança. Sua mãe, ainda forte, morre de repente e o pal, desorientado pela perda da velha companheira, dá em beber, perde o brio, relaxa o trabalho, não para mais em emprego nenhum. Os desgostos que tudo isso lhe deram. Finalmente, no dia que consegue dominar-se, tão envergonhado fica – ele, que fora sempre tão sóbrio e trabalhador – que resolve desaparecer. A princípio escrevera; estava em Volta Redonda, onde todo operário arranjava emprego facilmente. Mas um dia cessaram as cartas, e as de Matilde devolveu-lhas o correio com a lacônica notação: “Não reside no endereço”. E nunca mais soubera dele.

Mas o pior viria depois. Afonsinho, que era seu consolo, seu apoio, seu confidente, e agora o único ente querido que ela tinha, ia-se transformando noutro homem. Já não era o mesmo marido afetuoso e atento. Entrava agora em casa com ar embaraçado, fingia às vezes uma falsa bonomia, mas via-se que estranho constrangimento o enleava. Dera para sair à noite e nos dias de folga. Pretextava negócios ou o futebol. Andava, dizia ele, metido em negócios de cimento. A guerra estava enchendo de dinheiro quem conseguia cimento e ferro. O câmbio negro era uma mina; ele também queria aproveitar e tirar o pé do lodo.

A princípio Matilde tentou acreditar, mas seu instinto de mãe amorosa não tardou em desenganá-la. Afonso já não a amava — sentia-lhe bem a indiferença, a frieza mesmo, apesar dos cuidados que ele punha em disfarçar. E o que era pior — havia outra mulher no meio.

Os olhos de Matilde, fixos ainda no retrato, estavam agora vidrados de lágrimas. Era essa a fase mais cruel da evocação. De fato havia uma mulher. Matilde não demorara em saber tudo. Uma criatura desonesta e sem escrúpulos, que vira na juventude forte e na ambição de Afonso em tornar-se rico com os negócios de cimento, um bom meio para a sua sede de luxo e de prazeres. Era para essa mulher, que punha todos os cuidados em realçar as seduções do corpo, que estavam indo os primeiros lucros de Afonso no mercado negro.

Matilde tentava saltar por cima dessa recordação tão penosa. As cenas que tivera com o Afonsinho! As lágrimas que chorara!… Devotara-se para reconquistar-lhe o amor. Humilhara-se até, para o fazer olvidar essa mulher. Tudo em vão. E isso quando já sentia no ventre o ser a que seu amor dera vida.

O epílogo não demorou. Uma tarde, ao voltar de compras – estava então preparando o enxoval de Pedrinho – encontrou uma carta de Afonso na sala de jantar. Leu-a sacudida por um tremor. Era o desfecho que ela receava. Afonso partia. Com o laconismo do remorso, deixava-lhe algumas palavras de consolação e algum dinheiro. Que lá tentar fortuna na Argentina. Que perdoasse, que não tinha coragem para despedir-se… Falava ainda vagamente em cimento, grandes lucros, e que lhe mandaria notícias e dinheiro.

Matilde caiu numa cadeira estarrecida, esmagada, sem um coração amigo com quem partilhar a sua desgraça.

Mais tarde veio a saber o que já adivinhara: Afonso fora-se com a amante.

Passaram 6 anos desde que Afonso abandonara o lar. Como prometera, enviava notícias e dinheiro. As cartas vinham inicialmente da Argentina e depois da Bolívia e da Venezuela. Afonso, que nunca havia enviado seu endereço, soube do nascimento de Pedrinho por um amigo íntimo com quem se correspondia, e todos os anos, no aniversário do filho e no Natal, enviava algumas linhas acompanhadas de um cheque para que Matilde comprasse roupas e presentes para a criança.

Matilde fez de tudo para obter o endereço do marido. Como último recurso, enviava suas cartas para os consulados brasileiros nos países por onde Afonso passava, principalmente para a Venezuela, onde soube que ele estava trabalhando em uma das grandes empresas de petróleo que na época estavam recrutando trabalhadores de diferentes tipos nos países vizinhos.

Em mais de uma carta, ela enviou a foto do menino e em todas elas suplicava que ele voltasse para casa – se não por ela, pelo menos pelo Pedrinho.

Afonso nunca mencionou as cartas de Matilde. Talvez ele nunca tenha recebido uma única carta. As dele eram sempre curtas e convencionais. Apenas algumas palavras frias, acompanhadas de um cheque. No entanto, nos aniversários da criança e no Natal, ele nunca deixava de escrever, enviando o dinheiro. E ainda, de vez em quando, fora dessas datas, lá vinha uma carta dele com um cheque.

Este ano Matilde receberá três cartas de Afonso, a última nos anos de Pedrinho, que eram em setembro. Lacônicas também, sem dúvida, mas na do aniversário, menos concisa, ela sentirá maior interesse pela criança. E Matilde, que não se cansava de implorar a Deus a volta do marido, e ao filho ensinara a rezar também pelo regresso do pai, animara-se um pouco com a derradeira carta.

Mas a esperança estava desfeita. Era véspera de Natal e a carta, que chegava todos os anos, regularmente, uns 10 ou 15 dias antes da grande data cristã, não viera. Pedrinho adormecera perguntando pelo pai e ela, amargurada, nem ao menos tivera a missiva para ler-lhe.

Desde que a criança tivera entendimento, Matilde lhe prometia a vinda do pai. Descrevia-lhe com as melhores cores. Lia-lhe as cartas, juntando-lhe mil pormenores e dourando-as com a sua imaginação desejosa de tornar a ver o marido em casa.

Pedrinho, in crescendo nessa esperança, cada vez mais falava nele, reclamando a sua volta.

Essa véspera de Natal era particularmente amarga para Matilde. Sem parentes chegados, sem recursos para a ceia para os brinquedos que Pedrinho pedira, até a tão esperada carta do marido lhe faltava – triste consolo que já não podia dispensar.

Na sua aflição recorrera ao tal amigo. Pedira-lhe notícias de Afonso. Reclamara o seu endereço. Queria telegrafar-lhe. Em vão. O amigo manteve-se frio e discreto. O Afonso não queria de jeito nenhum que soubessem onde ele estava. Ademais, juntou à guisa de desculpa, o Afonso avisara-o, na última carta, que ia mudar de terras, em busca de melhor situação.

Matilde voltara descorçoada, mal deglutindo seu pobre jantar, a sós com o Pedrinho, sempre a falar no pai e nos presentes.

E ali estava ela, olhos fixos no retrato, à luz mortiça da lamparina, olhos vidrados de lágrimas, revivendo a sua dor, sem esperanças.

Passava das 10 horas. A criança mexia-se na cama. Matilde interrompeu a corrente de penosas recordações e levantou-se. Pedrinho tinha acordado e perguntava pelo Papai Noel. Se já tinha vindo trazer-lhe os presentes… E o papai, também não viera?…

Matilde foi readormecê-lo. Que dormisse, que Papai Noel vinha mais tarde. Tinha muitas casas a visitar e o subúrbio onde moravam era longe dos bairros onde residiam os ricos e os felizes… Ele viria, sim…

– E o papai?
– O pai virá também. Amanhã?
– Sim meu filho, talvez amanhã, talvez…

A palavra que lhe veio aos lábios Matilde não a ousou pronunciar. Nunca!… Talvez nunca!… Era essa a cruel, a fatal palavra que o desespero ditava ao seu coração mortificado.

Matilde emudecera. Uma onda de amargura e de fundo desânimo soltara-se dentro dela. Sentia-se vencida, alquebrada por completo. Toda a coragem, toda a esperança que a tinham sustentado nesses longos anos de abandono se desmoronavam naquele momento, ante a voz do inocente clamando pelo pai. O coração parecia estalar-se numa dor aguda. Tinha um nó na garganta. Uma aflição subia-lhe do estômago e quase lhe paralisava a respiração. Sentia-se desfalecer, mas as lágrimas rebentaram-lhe impetuosas, numa torrente que lhe aliviou a horrível tensão emotiva.

Abraçada à criança, que já dormitava, Matilde tombou então sobre a cama e adormeceu também, extenuada pela dor.

Quanto tempo teria dormido não saberia dizer. Acordou ao som de pancadas na porta da rua. Alguém batia com insistência. Levantou-se sobressaltada. Um telegrama, talvez. Afonso não pudera mandar a carta com antecedência e resolvera telegrafar… Sim, devia ser isso.

Correu à sala e perguntou:

— Quem é?
— D. Matilde dos Santos é aqui?

Matilde estremeceu. Deteve a mão que dirigia para a chave e respondeu mecanicamente: — Sim, é aqui…

Aquela voz!… Estaria ouvindo bem? Estava ainda meio tonta de sono… Não era possível…

Do quarto, Pedrinho, que acordara com as vozes, queria saber o que era: se era o Papai Noel com os presentes. A voz do lado de fora insistia, pedia que abrissem. Matilde, nervosa, não conseguia dar volta à chave. Por fim, conseguiu abrir a porta. Na soleira, indeciso, estava um homem de pele queimada pelo sol, com uma valise na mão. Pedrinho, do quarto, repetia as suas perguntas:

—  Mamãe, é Papai Noel?… Os meus presentes, trouxe-os?

Matilde estendeu então os braços para o recém-chegado. Nos seus olhos brilhavam agora lágrimas de felicidade. E voltando-se para o quarto:

— Sim, meu filho. Era o Papai Noel… Olha o presente que ele te trouxe: o melhor presente de Natal!… Anda, vem beijar teu pai…


MATÉRIA

Trovas

Arnaldo Nunes

Máo grado a treva que avança,
tem sempre bastante luz
para velar a esperança
O último olhar de Jesus.

Neste caos, que tudo mata,
uma esperança alumia:
— A alma das mães, que retrata,
pelo mundo, a de Maria.


MATÉRIA

A Canção Da Criança Sem Dia

Mario Gurgel (Da Academia Capixaba dos Novos, a propósito do Dia da Criança)

O menino parou na minha frente,
Hostil, solene, ríspido e valente, 
Como o gigante negro da vingança.
E velado de leve na penumbra,
Indicando a cidade que deslumbra,
Teve um triste sorriso de criança:

“EU SOU A CRIANÇA SEM DIA! 
Sem livros, sem paz, sem guia, 
Sem mesa, sem lar, destino! 
Sou uma criança sem berço!
Sem merendas, sem cantos, sem mestres, 
Sem Jardins de Infância, sem paradas, 
Sem piqueniques e sem Institutos”.

“Sem governo, sem leis e sem direitos”.

“Sou a criança que o Direito fere, 
Sou a criança que a Justiça esquece, 
Sou a criança que a policia prende. 
Mas não educa nem dirige em nada”.

“Não sei ler, nem cantar, nem sei o Hino! 
Não sei se isto é Brasil ou que lugar! 
Não sei se esta Bandeira tão bonita, 
Que no mastro balança o dia inteiro,
É minha e é também do companheiro”.

“Vou pela rua, cínico, sorrindo,
Dos colegas que choram na prisão.
Só me humilha o clamor da zombaria”.
“Mas amanhã vou ser homem, vou ter força
Vou me vingar de tanta ingratidão”.

“Porque sendo criança tive tudo. 
Miséria, dor, castigos e orfandade, 
Desprèso, esquecimentos e maldade. 
Mas não tive o calor da minha cama, 
Nem um beijo de mãe, um conselho de pai 
Não tive um livro nunca, nem um culto! 
Não tive Pátria nunca, nem Bandeira, 
Nem merendas, nem livros e nem mestres”.

“Vivo guardando um ódio em minha alma, 
Não sei o que é amor”!

“Deitado sob o céu, à luz dos astros,
Meus olhos buscam no infinito espaço, 
Um pouco de sossego e de bondade
A lâmpada de Deus que enfeita o mundo, 
Derrama sobre a Terra e sobre as coisas, 
O perfume da Fé!”

“Essa Fé não me inunda o coração,
Nem me adoça o sofrer!”

“Pergunto no vazio de um tormento: 
Então eu sou gente, meu senhor?
Não sou criança então? O que é que eu sou?”


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Direitos e Deveres Das Nações

Como os define a ONU, no seu esforço pela paz mundial

Aos governos dos 59 países membros da ONU foi entregue, para estudo e sugestões, um projeto de Declaração dos Direitos e Deveres dos Estados.

A ideia, que representa mais um passo na evolução do Direito Internacional e do Direito Político e, igualmente, no congraçamento dos povos, nasceu na Assembleia Geral da ONU de 1947, em face de um trabalho do Dr. Ricardo Alfaro, eminente internacionalista panamenho, sendo confiado à comissão de Direito Internacional o preparo de um projeto nesse sentido, o qual foi agora aprovado.

O projeto, que consta de 14 artigos, sobre os quais foi conseguido acordo entre a maioria dos representantes das nações que têm assento na ONU, é o seguinte:

ARTIGO 1 – Todo Estado tem direito à independência e, por conseguinte, a exercer livremente seus poderes legais, inclusive o de escolher sua forma de governo, sem sujeição à vontade de nenhum outro Estado.

ARTIGO 2 – Todo Estado tem direito a exercer jurisdição sobre seu território e sobre todas as pessoas e coisas que nele se encontram, sem todavia violar as imunidades reconhecidas pelo Direito Internacional.

ARTIGO 3 – Todo Estado tem o dever de se abster de intervir nos assuntos internos ou externos de qualquer outro Estado.

ARTIGO 4 – Todo Estado tem o dever de se abster de fomentar lutas civis no território de outro Estado, e de impedir que se organizem no seu atividades destinadas a fomentá-las.

ARTIGO 5 – Todo Estado tem direito à igualdade jurídica com os demais Estados.

ARTIGO 6 – Todo Estado tem o dever de tratar as pessoas sujeitas a sua jurisdição com o respeito devido aos direitos do homem e às liberdades fundamentais de todos, sem distinção de raça, sexo, idioma ou religião.

ARTIGO 7 – Todo Estado tem o dever de velar para que as condições prevalecentes em seu território não ameacem a paz nem a ordem internacionais.

ARTIGO 8 – Todo Estado tem o dever de solucionar suas controvérsias com outros Estados por métodos pacíficos, de tal maneira que não sejam postas em perigo nem a paz nem a segurança internacionais, nem a justiça.

ARTIGO 9 – Todo Estado tem o dever de se abster de recorrer à guerra como instrumento de política nacional e de toda ameaça da força, contra a integridade territorial ou a independência política de outro Estado, ou em qualquer forma incompatíveis com o direito e a ordem internacionais.

ARTIGO 10 – Todo Estado tem o dever de se abster de dar ajuda a qualquer Estado que tenha infringido o Artigo 9, ou contra o qual as Nações Unidas estiverem exercendo ação preventiva ou coercitiva.

ARTIGO 11 – Todo Estado tem o dever de se abster de reconhecer as aquisições territoriais efetuadas por outro Estado em violação ao Artigo 9.

ARTIGO 12 – Todo Estado tem o direito de legítima defesa individual ou coletiva em caso de ataque armado.

ARTIGO 13 – Todo Estado tem o dever de cumprir de boa fé as obrigações provenientes de tratados e de outras fontes de direito internacional, e não pode invocar dispositivos de sua própria constituição ou de suas leis como desculpa para deixar de cumprir este dever.

ARTIGO 14 – Todo Estado tem o dever de conduzir suas relações com outros Estados em conformidade com o Direito Internacional, e com o princípio de que a soberania do Estado está subordinada à supremacia do Direito Internacional.


MATÉRIA

Um Grande Vulto Brasileiro

Ruy Barbosa na evocação do centenário de seu nascimento

Ruy quando embaixador na II Conferência da Paz.

A figura excelsa de Ruy Barbosa reviveu este ano, mais agigantada, na memória dos brasileiros, por ocasião do centenário de seu nascimento, ocorrido em 5 de Novembro. Jurisconsulto sábio e erudito, estadista impoluto e orador de verbo fulgurante, foi ele uma das mais altas expressões da inteligência e do saber que o Brasil já teve.

Como um gigante do espírito, alçou-se de sua pequena estatura física para encher a pátria com seu talento de escol, projetou sua figura de jurista por todo o continente e sua palavra fez-se ouvir, acatadamente, na velha Europa quando, na II Conferência de Haia, representou o Brasil com brilho inexcedível.

Bahiano de nascimento, Ruy Barbosa tornou-se um símbolo da eloquência e do saber jurídico. Sua linguagem castiça, elegante, precisa, cheia de rutilações e de grandeza, enriquecida na leitura dos clássicos como Vieira, Camões, Bernardes, caldeada pelo sol dos trópicos; sua linguagem cheia de fulgor, fez dele um cultor insigne do idioma. Sua vasta erudição jurídica, seu respeito à justiça, conquistaram-lhe raro prestígio como internacionalista.

Ruy mostrou desde cedo sua inteligência de escol e seus pendores. Logo na mocidade foi figura destacada no jornalismo e na política. Aos 24 anos era deputado provincial em São Paulo e seis anos depois, deputado geral nas Cortes. Proclamada a República, foi Ministro nas Finanças e Vice-Chefe do Governo Provisório. Foi senador pela Bahia e candidato da oposição à presidência da República, no que competiu com o Marechal Hermes. Representou o Brasil na Conferência de Haia e esteve na Liga das Nações, onde foi o juiz mais votado para a Corte Permanente de Justiça Internacional.

Homem de letras, foi um dos fundadores da Academia Brasileira, da qual veio a ser presidente, e onde deixou brilhantes provas de seu talento. Paladino da Justiça e da Ordem, defensor acérrimo dos direitos e liberdades do homem, civilista dos mais ilustres das Américas, Ruy foi um vulto de excepcional relevo e um dos mais ilustres varões, a quem o Brasil, e em particular a Bahia, sua terra natal, acaba de prestar as mais brilhantes e justas homenagens.

De Ruy transcrevemos, adiante, uma de suas mais expressivas páginas, que aborda um tema de oportuno sabor.

Residência de Ruy, na Rua S. Clemente, hoje museu-biblioteca em sua homenagem.


MATÉRIA

Prece De Natal

De Ruy Barbosa

Mistério divino, em cujo seio, há mil e novecentos anos, se desenvolve a civilização humana, perdoa aos que deste lugar de fraquezas e paixões ousam explorar com o pensamento a tua pureza. Os moldes da única eloquência capaz de te não profanar quebraram-se com última inspiração dos teus livros sagrados. Desde então, de cada vez que o homem se desengana do homem e a alma precisa do ideal eterno, na melancolia das épocas agitadas e tenebrosas, diante da injustiça ou da dúvida, da opressão ou da miséria, é no cristal das tuas fontes que se vai saciar a nossa sede. Deixaste-as abertas na rocha da tua verdade, e há dezenove séculos que borbotam, com o mesmo frescor, sempre das primeiras lágrimas daquela, cuja maternidade virginal desabotoava hoje na flor da redenção cristã.

Tamanha é a tua grandeza, que excede todas as do universo e da razão: o espaço, o tempo, o infinito, acima dos quais a cruz da tua tragédia espantosa parece maior do que os voos da metafísica, as imensidades do cálculo e as hipóteses do sonho. Dai a palavra e a imaginação recuam assombradas, balbuciando. A criatura sente o teu amor, mas tremendo. Vê-se alvorecer a eternidade na magnificência de um abismo que se rasga no céu; mas nas suas arestas alguma coisa há de sombra e de ameaça. De onde, porém, tu penetras no coração de todos com a doçura de uma carícia universal, é daquele presépio onde a tua bondade nos amanheceu um dia no sorriso de uma criança.

Enquanto César cuidava do império, e Roma do mundo, assomavas tu ao canto de uma província e na vileza de um estábulo, sem que Roma, nem o império, nem César te percebessem, para ficar à posteridade a lição indelével de que a política ignora sempre os seus mais formidáveis interesses. Tiveste por berço as palhas de um curral. A última das mães sentir-se-ia humilhada, se houvesse de reclinar o fruto do seu regaço no sítio abjeto, onde recebeste os primeiros carinhos da tua. Mas a manjedoura, onde só abriste os olhos à primeira luz, rescende até hoje o perfume da mais esquisita poesia, e o dia do teu natal fez-se para a cristandade o mais formoso dia da terra, o dia azulado e cor de rosa entre todos, como o céu da manhã e o rosto das crianças.

Elas, de geração em geração, ficaram sabendo para todo o sempre a história do teu nascimento. E nessas festas do seu contentamento e da sua inocência tens, ó Deus dos mansos e dos fracos, dos humildes e dos pequeninos, a parte mais límpida do teu culto, o raio mais meigo da tua influência benfazeja. Esses ritos infantis estrelam de alegria as neves polares, orvalham de suave umidade os fulgores tropicais, estendem o firmamento debaixo de nossos tetos e dentro do nosso espírito mortificado, inquieto, triste, põem uma hora de alvorada feliz.

Cristo, como te sentimos bom quando te vemos entre as crianças, e quando as crianças te encontram entre si. Despindo a tua majestade toda, para caberes num seio de mulher e no tamanho de um pequenito, assentaste sobre as almas um império sutil e irresistível, por onde a espontaneidade da nossa adoração continuamente se renova e embalsama nas origens da vida. Todos aqueles, pais, irmãos ou benfeitores, a quem concedeste a bênção de amar um menino, e o têm nos braços ou o prenderam, vêem nele a tua imagem, a cópia idealizada pela fé e pelo amor, do eterno tipo do belo. Divinizando a infância, nascendo e florescendo como ela, deixaste à espécie humana a reminiscência mais amável e celeste da tua misericórdia para conosco.

De cada casa, onde permitiste que gorjeie e pipile esta manhã um desses ninos tecidos pela providência das mães no meio das nossas agonias, se estão exalando para ti as súplicas e os hinos do nosso alvoroço. Por essas criaturinhas, Senhor, é que o nosso espírito se peja de cuidados, e a nossa previsão, agora mesmo, enoiteceria de agoiros funestos, se te não víssemos de permeio entre elas e o futuro carregado e temeroso. Deus benigno e piedoso, que em cada uma delas nos deixaste a miniatura da tua face desnublada, poupa-as à expiação das nossas culpas. Multiplica os nossos sofrimentos em desconto dos seus. Doira-lhes o porvir de teu riso compassivo. Cura a nossa pátria da aridez da alma, que mata, semeando a tua semente nesta geração que desponta. Permite, enfim, que nossos filhos possam celebrar com os seus, em dias mais ditosos, a alegria do teu natal.

“A Virgem e o Menino”. Gravura dedicada a D. João VI, de autoria de João V. Priaz, (escola portuguesa) sobre um quadro de Raphael. Da coleção da Biblioteca Nacional.


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Uberaba – Metrópole Do Triângulo

Carlos B. Rabello

Parafuso ” Campeão da raça Indubrasil de 1947 Fazenda “Capão Novo”, do sr. José Barbosa Souza, em Uberaba, M. Gerais.

De há muito, sentia-me em falta com o Triângulo Mineiro, pois visitando o Brasil, de norte a sul, pelo menos duas vezes por ano, ainda não havia conhecido essa maravilhosa região do território brasileiro.

Felizmente para mim, apresentou-se uma oportunidade e quero agora penitenciar-me, descrevendo para os leitores de nossa revista, as emoções que senti, ao visitar essa tão linda cidade mineira que se chama Uberaba.

Não é sem razão que, a cada passo, se ouve denominar de Metrópole do Triângulo, a cidade de Uberaba. Tem mesmo foros de uma Metrópole, de uma Metrópole progressista e cheia de atrativos para qualquer turista.

Fundada em 1812 pelo Sargento-Mor Eustachio, já em 1836 foi elevada a categoria de Vila e em 1856, recebia foros de Cidade. Pelo decreto de n.o 2.500 de 12 de novembro de 1876, foi criada a Comarca de Uberaba.

A superfície do município é de 4.902 Km2. e tem uma altitude de 836 metros. Seu clima é ameno, seco e estável, gozando de uma temperatura média de 20°. Como a cidade de Roma, capital da Itália, é situada numa bacia, formada por sete montanhas.

Sua população é de 69.182 habitantes, dos quais, 44.000 povoam a cidade. O perímetro urbano da Metrópole do Triângulo, possui 7.913 casas, das quais mais de 600 são ocupadas por firmas comerciais.

A cidade de Uberaba está localizada na região limítrofe dos estados de São Paulo, Goiás e Mato Grosso, ficando a sua sede a 25 quilômetros do município de Igarapava, no estado de São Paulo.

Os meios de comunicação disponíveis são: a Estrada de Ferro Mogiana, de São Paulo; a Rede Mineira de Viação, de Belo Horizonte; e várias estradas de rodagem que a ligam a vários pontos do país, como Uberlândia, São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Diversas companhias de aviação, como a Panair do Brasil, a Aérovias Brasil e a Vasp, oferecem voos diários, conectando-a a várias cidades do Triângulo Mineiro, Belo Horizonte e Rio de Janeiro, bem como a algumas cidades de São Paulo.

A cidade de Uberaba é encantadora e bela, com lindos jardins, praças públicas artisticamente arborizadas, avenidas e ruas largas e bem projetadas. Tudo é muito limpo e bem cuidado.

Há dezenas de edifícios modernos de concreto armado em avenidas e ruas bem pavimentadas, cheias de pessoas saudáveis e felizes, que trabalham e progridem.

A arborização da cidade foi realizada com muito cuidado e bom gosto, proporcionando aos visitantes uma sensação deliciosa de frescor nos dias quentes e ensolarados.

A desculpa de todos os nossos compatriotas, que preferem viajar por regiões, muitas vezes exóticas, de outros países, deixando de conhecer as belezas de nossa pátria, é sempre de que faltam para seu conforto, bons hotéis onde possam se hospedar. Se é essa a desculpa, aconselho que visitem Uberaba, pois encontrarão, pelo menos, três hotéis que apresentam todos os requisitos para agradar aos seus hóspedes. Esses hotéis são: Grande Hotel, Palace e Regina.

O Grande Hotel, instalado em magnífico edifício de oito pavimentos, possui apartamentos magnificamente mobiliados, com água fria e quente, a qualquer hora do dia ou da noite, todos com telefone, com suas refeições fartas e saudáveis, é um verdadeiro hotel de classe, com características raramente encontradas em similares de muitas capitais brasileiras e sul-americanas.

Poucas são as capitais brasileiras que apresentam tão bons cinemas, como os que se veem em Uberaba. Em primeiro plano, destaco o Cine Teatro Metrópole, localizado no mesmo edifício do Grande Hotel que, sem favor algum, pode figurar entre os melhores de todo o Brasil.

A principal produção do município de Uberaba é o gado vacum selecionado de raça Zebu. Nesse particular, foi tamanho o trabalho de aprimoramento e seleção de seus fazendeiros, que conseguiram possuir o melhor gado Indubrasil do mundo inteiro.

Na sua Exposição-Feira Permanente, que todos os anos proporciona um espetáculo digno de ser apreciado, são expostos os mais lindos exemplares das raças Indubrasil, Nelore, Gyr, Guzerat e Induberaba, todos descendentes do puro Zebu indiano. Por essa ocasião, visitar Uberaba constitui um verdadeiro prazer.

As fazendas modelo, existentes nas cercanias da cidade de Uberaba, são dignas de serem apreciadas com muito cuidado.

Várias dessas fazendas foram por mim visitadas quando de minha estada em Uberaba. Dificilmente poderei externar as emoções que senti ao percorrer esses núcleos de trabalho e de esforço do homem. Ali é que comecei a compreender o valor que se dá ao gado Zebu. Percorrendo as fazendas Paraíso e S. Geraldo, de propriedade do Sr. Mario de Almeida Franco, admirei o trabalho e o cuidado que é dispensado ao gado de raça no Brasil. Nessas fazendas, compreendi também que se pode viver trabalhando e progredindo sem sacrificar o conforto e o bem-estar.

Ao lado de residências confortáveis e construídas com todo cuidado arquitetônico, onde se veem piscinas moderníssimas e campos de pouso para aviões particulares, de propriedade do abastado fazendeiro, encontram-se verdadeiros hospitais veterinários, onde são prestados ao Zebu cuidados e assistência médica dignos de um sangue azul como ele o é. Outros fazendeiros, como os Srs. José Barbosa Souza e seus três filhos, Dr. Ruy, Antonio e Romeu Barbosa de Souza, dão-se ao luxo de selecionar, em cada uma de suas fazendas, uma raça apenas de gado vacum.

Na fazenda “Capão da Lagoa” só existe gado Indubrasil; na “Capão Alto” somente Nelore e na “Capão Novo” somente Gyr. Pelo próprio sr. Barbosa me foi explicado que essa seleção é necessária para melhores cuidados e assistência.

Nessas fazendas e em outras que os srs. Barbosa possuem fora do município de Uberaba, não existe um único espécime que não seja registrado na Sociedade Rural do Triângulo Mineiro, o que significa dizer que são todos de pura raça indiana.

Os campeões contam-se às dezenas dentro das propriedades dos srs. Barbosa. Tive ocasião de estar cercado por milhões de cruzeiros, representados por exemplares raríssimos, como “Parafuso”, “Farra”, “Alegria” e muitos outros, distribuídos pelas melhores classificações em todas as exposições a que têm concorrido.

Quando visitei essas fazendas, os seus proprietários faziam transações de gado no valor de alguns milhões de cruzeiros com criadores de Belém do Pará, Rio Grande do Sul, Uruguai, Argentina e até da Venezuela.

Por incrível que pareça, a verdade é que, das 340.000 cabeças de gado vacum existentes nas 2.426 propriedades rurais espalhadas no município de Uberaba, não existe um único boi de corte. Tudo é gado selecionado da raça Zebu.

Muito escrevi já sobre gado e fazendas, esquecendo quase, outros informes sobre Uberaba. Perdoem-me os caros leitores; é que visitando Uberaba, sentimo-nos empolgados pelo Zebu, pela pecuária e pela riqueza do Brasil. Não é sem razão que Uberaba é conhecida como a Capital do Zebu.

Vários outros ângulos de Uberaba podem ser explorados em uma crônica como esta. A sua beleza panorâmica; seu clima delicioso; seu perfeitíssimo serviço de tratamento de água potável; o carinho com que é cuidada a sua Instrução Pública, com seus inúmeros colégios, onde são aprimorados os cursos primário, secundário e superior, e tantas outras coisas lindas que ali encontramos.

Seria, entretanto, indesculpável se não falasse aqui de uma das coisas que mais encantam o forasteiro que visita essa linda cidade: sua vida social, cultural e esportiva. Dentre o grande número de associações ali existentes, destacamos as seguintes: o Jockey Clube, com suas reuniões semanais sempre concorridas com o que de mais fino se encontra em Uberaba; a Associação Atlética, com suas quadras de tênis e vôlei, sempre muito concorridas; a Associação Esportiva e Cultural de Uberaba, viveiro exuberante de campeões atléticos mineiros, brasileiros e sul-americanos; o Uberaba Tênis Clube, cujas praças de esportes e jardins constituem os mais elegantes pontos de encontro da alta sociedade uberabense.

Por tudo o que acima expus, é que não receio dizer: “Brasileiros, visitem Uberaba, a Capital do Zebu, a Metrópole do Triângulo”.


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Ano Novo

Luiz Otávio

“Ano Novo… Ano Bom…” Velha Esperança
que por anos e meses, dia a dia,
nos embala num canto de bonança,
e quanto mais se vive, mais se adia…

“Ano Novo…” Ano Bom…” Desde criança,
entre votos ardentes repetia,
esta frase tão bela e que não cansa,
mesmo sendo ilusória e fugidia…

“Feliz Natal!… E um Ano bem feliz!….
Vai tôda Humanidade se enganando
nestes votos ingênuos que ela diz…

Mesmo assim, eu desejo, com ternura,
que cada vez, amor, mais eu te amando,
um Ano possas ter só de Ventura…


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Saudade

Geraldo Monteiro Guia

I

Saudade doce amargura,
Lamento d’uma lembrança,
Fazendo d’uma ventura
O pranto d’uma esperança…

II

Saudade – bem consumado
No pensamento da gente;
Saudade luz do passado
Iluminando o presente…

III

Saudade – consolo triste
De quem viveu na alegria,
Trazendo a um mundo que existe
A vida d’um que existia…

IV

Saudade – bem que retorna
Para um presente tristonho;
Saudade nuvem que adorna
As melodias de um sonho…

V

Saudade – véu da loucura,
Manto escuro da razão;
Saudade meiga tortura
D’uma incontida paixão…

VI

Saudade sonho que vem
D’um sonho que já passou,
Que traz ao peito de alguém,
Alguém que nele morou…>


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Notas Sociais

In Memorian

D. Alexina de Azambuja Lowndes

Quem a visse recém-chegada dos Estados Unidos, irradiando alegria, não poderia imaginar que um mês depois deixaria de existir. Deram-lhe o destino uma natureza exuberante de vida e de bondade. Dotara-a de uma atividade invulgar que a fazia ser tudo para todos no seio da família, que a tornava sempre presente junto da pobreza da sua querida Angra dos Reis e lhe garantia um lugar inesquecível no coração de quantos a conheciam.

Terrível golpe esse para o esposo que com ela conviveu 45 anos felizes, companheira dedicada que foi, sem um dia sequer de separação, sem um desfalecimento, por pequeno que fosse, no afeto e no carinho que lhe consagrava.

Perda cruel para os filhos que nela viam a mãe amantíssima, espelho de virtudes a ser imitado.

E que dizer da idosa mãezinha que aos 95 anos vê partir essa filha extremosa?

Como suportar tamanha dor? Como viver sem o amparo do ente idolatrado? Sua memória abençoada virá, porém, em auxílio de todos: da família, dos amigos e daqueles que trabalham na Organização Lowndes.

Reverenciando a memória de D. Alexina, aprenderemos com ela a aceitar a vontade de Deus, que desejou chamar certamente para o seu reino essa alma privilegiada.

«Noticiário Lowndes» apresenta à família os mais sentidos pêsames, compartilhando de sua saudade e de sua dor.

D. Alexina de Azambuja Lowndes era esposa do Sr. Vivian Lowndes e mãe dos Srs. Donald de Azambuja Lowndes, John Lowndes e da Sra. Augusta Lowndes Brasil, esposa do Comte. Luiz Octavio Brasil.

O passamento de D. Alexina de Azambuja Lowndes teve dolorosa repercussão na sociedade carioca, onde a distinta senhora era muito conhecida e estimada.

De todos os setores recebeu a família enlutada sinceras manifestações de pesar, pessoais e por telegrama, tanto por ocasião do funeral, como na data da celebração da missa de 7° dia, realizada na Igreja da Candelária, que teve a assistência de um elevado número de pessoas.

Donald de Azambuja Lowndes

Registramos aqui, com grande satisfação, o aniversário natalício de Donald de Azambuja Lowndes, ocorrido em 22 de Novembro.

Figura de invulgar prestígio em nossos meios financeiros e securitários, e na sociedade carioca, onde se impôs mercê de uma visão firme, uma grande capacidade de iniciativa, uma probidade à prova de tudo, e a fina sobriedade de um “gentleman”, o prezado chefe e amigo tem, há muito, papel destacado na Organização Lowndes, para cuja fundação e progresso muito tem contribuído.

Admirado e estimado por todos que com ele trabalham, aos quais sabe sempre dar o incentivo de uma palavra de simpatia e de encorajamento, Donald de A. Lowndes viu passar sua data natalícia entre manifestações de apreço e amizade, partidas de todo o pessoal da Organização e igualmente dos setores financeiro e securitário, bem como da sociedade carioca, onde é ornamento de escol, manifestações às quais juntamos prazerosamente as nossas, apresentando ao prezado aniversariante os nossos votos de felicidades.

John H. A, Lowndes

A data de 24 de Dezembro marca o aniversário natalício de John H. A. Lowndes.

Seguindo a trilha de seu irmão mais velho e de seu pai, o mais jovem dos Lowndes acha-se também vinculado à Organização Lowndes, onde a sua inteligência e a sua capacidade de trabalho estão forjando os recursos que farão dele, no futuro, uma figura angular, como são Donald A. Lowndes e Vivian Lowndes.

Franco, afável, dotado de perene bom humor, o aniversariante conquistou rapidamente as simpatias de todos, que nele veem um companheiro de trabalho de espírito compreensivo e sem preconceitos.

Por isso mesmo seu aniversário deu motivo a que recebesse numerosos cumprimentos, e a esses cumprimentos juntamos, com o maior prazer, os de “Noticiário Lowndes”.

Enlace Matrimonial

Uniram-se pelos laços do matrimônio, no dia 1º de dezembro, o Dr. Domingos C. Pereira e a Sra. Myrthes Campello da Silva. Para os componentes da Organização Lowndes, este acontecimento encheu a todos de satisfação, pois o noivo é o Superintendente de Lowndes & Sons, Ltda., Departamento de Administração de Bens, e a noiva foi durante muito tempo funcionária da referida firma.

O ato religioso teve lugar na Igreja de N. S. da Paz, em Ipanema. Entre os convidados presentes, estavam Nestor Ribas Carneiro, Roberto Vayssière, Comte. Luis Clovis de Oliveira e Sra. e inúmeros parentes e amigos dos noivos. Ao distinto casal, os nossos votos de felicidade.


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Reflexões

Oscar P. Carneiro

Se queremos o amor do próximo, amemos ao próximo tanto quanto almejamos ser amados.

Se queremos tranquilidade de consciência, não sejamos instigadores de discórdias, caluniadores, violentos, não sejamos, enfim, perturbadores de tranquilidade alheia.

Se queremos a vitória da moral cristã, cooperemos para essa vitória com o exemplo de um proceder sadio.

Se queremos respeitado o nosso direito de buscar o Cristo, pelo caminho que a nossa razão aceita, não julguemos inferior ao nosso o direito dos que o procuram por outros caminhos.

Se queremos ter autoridade para reprovar a violência, não nos apresentemos aos violentos como emulos seus, e sim, com a razão equilibrada pela calma.

Se queremos preparar um futuro mais feliz, preocupemo-nos menos com as imperfeições alheias, do que com o que em nós mesmos constitui obstáculos à nossa marcha evolutiva.

Se queremos merecer o perdão, saibamos perdoar aos que do nosso perdão carecem, tanto quanto do perdão de Deus todos nós carecemos e suplicamos.

Se queremos ficar isentos de culpa no sofrimento que a um nosso semelhante causam as consequências dos seus desatinos, não lhe aumentemos a dor, expondo-o aos exagerados comentários dos espíritos descaridosos.

Se queremos que a nossa palavra não resvale para o descrédito e para a desmoralização, confirmemos com a ação, a sinceridade de nossas afirmativas.

Se queremos enfim, ser olhados pelo Cristo como discípulos seus, não esqueçamos a grande lição por Ele ministrada:

“Nem todos os que dizem: Senhor! Senhor! Senhor! entrarão no reino dos céus, entrarão somente os que fazem a vontade de meu Pai que está nos céus.”


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Simpatia

Por Malibu

Simpatia: O que é simpatia? Lembrei-me agora daquela linda poesia de Casimiro de Abreu que termina assim:

Simpatia, meu anjinho,
É o canto do passarinho,
É o doce aroma da flor,
São nuvens de um céu de agosto,
É o que me inspira teu rosto…
Simpatia é Quase Amor!…

Quem ainda não leu o livro de Dale Carnegie “Como Fazer Amigos”, deve fazê-lo, principalmente para quem, como nós, vive em um ambiente onde precisa saber “fazer amigos”, pois nos deparamos a cada passo com um ou uma rival.

Lembrei-me disso lendo um dia desses o Boletim de uma grande casa comercial desta cidade, onde foram transcritos 6 itens desse ótimo livro de Carnegie, os quais cito abaixo:

1º) Dedique consideração aos outros. Trate-os como gostaria de ser tratado. Eis aí a base da compreensão humana, de onde nasce a verdadeira amizade.

2º) As inevitáveis divergências de opinião deixarão de causar aborrecimentos se forem tratadas com habilidade.

3º) Seja boa ouvinte e, mais do que isso, faça perguntas que revelem interesse e cujas respostas dêem oportunidade ao seu parceiro de falar de si mesmo. Mas note bem, evite perguntas indiscretas…

4º) Quando reconhecer na outra pessoa superioridade sobre você, em qualquer assunto, não lhe negue. Isso não diminuirá o seu próprio valor. Apenas aumentará o dela.

5º) Merecer um favor de alguém é boa psicologia. Toda pessoa que tem crédito sente-se mais importante.

6º) Enfim, procure ser alegre e prazenteira, sem ser dispersivo.

Creio, minhas boas colegas, que os conselhos acima são ótimos, e que devemos segui-los, pois muitas vezes perdemos boas amizades porque não sabemos disfarçar quando estamos aborrecidas e ficamos com uma carinha muito feia… e os outros não têm culpa, não é?

Termino com um lindo pensamento do autor desses 6 itens:

“Um riso franco e sadio terá muito mais força de persuasão do que um suspiro lastimoso e pessimista”.


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Visita o Banco Lowndes Uma Das Grandes Figuras Da Guerra Mundial

O Rio teve o prazer de hospedar, em Outubro, uma das mais valorosas figuras militares da grande guerra: o Marechal da R.A.F., Visconde Portal of Hungerford, que veio ao nosso país em viagem de negócios.

O Visconde Portal, atualmente diretor do Barclays Bank, foi chefe do Estado Maior do Ar, tendo-se distinguido, antes de merecer esse alto posto, como chefe do Comando de Bombardeiros.

Integrado hoje no mundo das finanças, o ilustre visitante veio ao Brasil acompanhado do Sr. W. H. Siviter, subgerente do Barclays Bank, tendo-se demorado algumas semanas em nossa capital.

Foi desse glorioso chefe militar, agora nas pacíficas funções de banqueiro, que o Banco Lowndes recebeu a honrosa visita. Esta teve lugar em 14 de Outubro, sendo o Visconde Portal, que se fazia acompanhar pelo Sr. W. H. Siviter, apresentado aos diretores do Banco Lowndes pelo Sr. William E. MacGregor.

Os visitantes percorreram todas as dependências da nova sede e mantiveram com os diretores cordial palestra, tendo manifestado sua boa impressão pelo que viram.


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Curiosidades De Ontem e De Hoje

A história em gravações

O disco está prestando aos historiadores futuros um grande serviço. Com efeito, as palavras pronunciadas pelos estadistas, nas principais reuniões das Nações Unidas, são gravadas em discos, os quais passam a fazer parte do arquivo histórico dessa instituição. Esse arquivo, inaugurado em 1945, conta já com 15.000 discos.

O arquivo em apreço, que vem a ser a primeira discoteca internacional com discursos de estadistas das cinco partes do mundo, conta também com mais de 18.000 programas sobre diversas atividades dessa instituição, gravados e transmitidos pelas emissoras das Nações Unidas.

A história contemporânea fica, dessa forma, registrada em documentos autênticos, pela própria voz dos homens que foram protagonistas dos acontecimentos ou neles tomaram parte.

100 retratos do autor

John Heywood, poeta dramático inglês, publicou em 1556 em livro intitulado “A Aranha e o Moscardo”, que se tornou célebre, não propriamente pelo seu valor intrínseco, mas por que trazia estampados nada menos do que 100 retratos do autor.

A primeira página ostentava a vera efigie de Heywood, de pé, e no verso do título de cada capítulo, em número de 99, lá vinha um novo retrato do mesmo em pose diferente.

Já é ser fotogênico!…

O número de famílias realojadas desde o fim da guerra, na Grã-Bretanha, alcança já 974.881. A construção de casas, desde essa época, sobe à cifra respeitável de 684.043. Só em junho foram ali construídas 16.489 casas, perfazendo um total de 101.177 no primeiro semestre de 1949.

Como se vê, a Inglaterra ressurge com vigor das feridas da grande conflagração.

O valor de um general

Durante a invasão italiana na Abissínia, as tropas deste país capturaram um general italiano. Sabedor disso, o Estado Maior mandou logo propor aos abissínios a troca do general.

Chega a comissão às linhas abissínias e os italianos declaram oferecer 4 coronéis em troca do general. Aqueles recusam. Insistem os italianos, que propõem 8 majores. Recusam ainda os abissínios. Perguntam então os italianos: Mas que querem vocês em troca? Os locais recolhem-se a uma tenda para resolver. Passados minutos voltam e declaram: “Dando ao caso toda a nossa atenção, resolvemos que o mínimo que podemos aceitar em troca do general são duas dúzias de latas de leite condensado”.

A invenção dos alfinetes

Esses pequeninos instrumentos, que tantos serviços prestam, principalmente às mulheres, foram inventados pelos ingleses em 1543.

Como é que elas se arranjavam até aí, e mormente antes da invenção dos botões, que ocorreu na Idade Média, é coisa que não tentaremos contar.

Segundo os pesquisadores da história, antes da invenção dos alfinetes usava-se espinhas de peixe, hastes de madeira ou de metal, cuja qualidade variava segundo as posses da pessoa que as usava.

O fabrico dos alfinetes foi sensivelmente melhorado, mais tarde, por Jecker, de Paris.

Ao distinto leitor do Noticiário Lowndes e à sua família, a Cruzeiro do Sul Capitalização, S. A. envia seus votos sinceros de felicidades para o Natal e o Ano Bom de 1950.

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Lowndes

Administradora Condomonial no Rio de Janeiro

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