A pandemia nos trouxe muitas mudanças e novas rotinas sem estarmos preparados. É normal não saber lidar com as situações do dia a dia neste “novo normal”. Muitas pessoas passaram a trabalhar boa parte da semana em casa e isso traz uma mudança no comportamento do condomínio em geral. Com mais gente habitando, ao mesmo, tempo aquele espaço que se concentrava majoritariamente aos fins de semana, maiores são os efeitos colaterais. A rotina de quase todos mudou e mesmo aquele condômino que já ficava em casa precisou se adaptar aos novos tempos.
Mais lixo, maior consumo de água, de energia, aumento do fluxo de pessoas nas áreas comuns, mais barulho, ou seja, tudo é muito. Imagina aquele morador que está acostumado a ouvir som alto durante o dia pois sabia que não havia vizinhos no horário comercial? Ele tem que lembrar que agora divide os dias com outras pessoas. E claro, não há desculpa (seja em pandemia ou não) para ultrapassar os limites do som, a Lei do Silêncio já ampara os vizinhos incomodados.
O mau humor muitas vezes toma conta e aturar o barulho alheio pode ser uma questão de saúde pública. As reclamações e conflitos dentro de condomínio tiveram um aumento de 72% na pandemia segundo dados da ABADI.
Chame o síndico!
O síndico é figura fundamental na gestão destes conflitos. Por isso, este gestor tem que estar preparado para a mediação e imparcialidade. Existem normas, legislações e decretos a serem seguidos, mas a condução dos conflitos de forma moderada e empática faz a grande diferença nas relações.
No geral, espera-se que as pessoas que escolheram a vida em condomínio saibam que há noções de boa convivência em comunidade. Contudo, sabemos que isso não é totalmente verdade. Quantas vezes você já ouviu falar que um relacionamento ficou insustentável simplesmente pela convivência? “Conviver é uma arte”, com certeza você já ouviu isso por ai. Concorda?
E o que fazer?
Técnicas de mediação, negociação e a comunicação não violenta precisam ser praticadas, mas geralmente condôminos nem sabem que tudo isso existe. Hora do síndico entrar em ação!
O síndico é o fiel desta balança e precisa sim conhecer boa parte destas técnicas, abrir um canal de comunicação eficiente para detectar rapidamente essas rusgas e tratá-las de forma rápida para que os problemas não aumentem.
Mas afinal, o que é a Comunicação Não Violenta, CNV?
O método criado pelo psicólogo americano Marshall Rosenberg baseia-se em uma técnica de competências de linguagem e comunicação que auxiliam na reformulação da forma como cada um se expressa e ouve. Com a CNV, as respostas deixam de ser automáticas e passam a ser mais conscientes e baseadas em percepções do momento, por meio da observação de comportamentos e fatores que tem influência sobre cada um. Por meio da escuta ativa e profunda, o método faz com que as interações ocorram com mais respeito, atenção e empatia.
Uma dica prática de como fazer:
“Ontem, já passavam das 22 horas e o barulho que vinha do seu rádio estava bem elevado…”
É simplesmente um fato observado, sem acusações. Agora perceba esta outra frase:
“Já estava tarde demais para aquele som alto, você não acha?”
Essa é uma crítica direta e causa no outro sentimento de defesa, mesmo que ele saiba que esteja errado. Ao conduzir a conversa desta forma, criamos barreiras na comunicação, não produzimos no outro o sentimento de reflexão e o diálogo fica bem mais complicado dali pra frente.
Consegue perceber a sutileza das diferenças?
A vida em condomínio só é difícil para aqueles que não querem enxergar que vivem em comunidade, bem próximos e que qualquer ação feita, precisa ser analisada se vai afetar o outro. É basicamente a lei da ação x reação. Devemos sempre analisar os nossos atos e perceber nossos impactos sobre o outro. É sobre ter empatia.
Não é fácil. É um exercício complexo, difícil e diário, por isso reforço que a figura do síndico é fundamental Cabe a ele ter o domínio destas ferramentas para uma melhor condução do dia a dia do condomínio evitando, até, ações jurídicas entre condôminos.