Eficiência. Esta é a palavra de ordem. E, no caso do consumo de energia, ela se traduz em soluções mais inteligentes que reduzem o consumo, mas não apenas isto. Quando se fala em eficiência energética, os benefícios são múltiplos, além da economia, garantem mais segurança, durabilidade e beleza. Dentre as soluções já consagradas está a substituição das lâmpadas antigas pelas de tecnologia LED, que, sozinha, reduz de 50% a 90% do consumo, sendo considerada a estrela principal quando o assunto é solução inteligente.
Quem já investiu está para lá de satisfeito. É o caso da síndica Andrea Caloni, do Edifício Canova, na Barra da Tijuca. Depois de recuperar valores de tarifas cobradas a maior pela Light, aproveitou a sobra de caixa para adotar as lâmpadas Led, começando pelas áreas em que as luzes ficam acesas 24 horas, como as da garagem, que ocupam o térreo e o subsolo. Pesquisou, foi pessoalmente a fábricas em busca de informação e produtos que pudesse comprar direto do fabricante e, no volume, conseguir algum desconto.
Comprou mais de 500 lâmpadas Led de uma vez, com orientação para a quantidade de lumens por área, sabendo que deveria privilegiar as vias de circulação dos carros mais que os locais onde ficam parados, entre outras informações importantes para o melhor aproveitamento da tecnologia. Com isto, pode estender a substituição também para as áreas do playground, do salão de festas, da churrasqueira, sauna, espaço de lazer, piscina, jardins e halls, tanto de serviço quanto social, nos corredores dos andares e nos elevadores.
Para a substituição, o condomínio contratou um eletricista, através de um contrato de trabalho temporário de três meses. Além de fazer a substituição das lâmpadas, o profissional também trocou todos os disjuntores das áreas comuns do prédio. “Foi uma opção que nos atendeu”, conta Andrea, acrescentando que também investiu na troca dos aparelhos de ar condicionado por modelos mais novos, que consomem menos energia, revisou bombas e instalou nas da piscina um sistema semelhante ao que já funciona nas demais bombas do prédio, em que há um software de controle de acionamentos. “Com tudo isto, o nosso consumo caiu de 14 mil para oito mil kWh” comemora a síndica.
Solução sem precisar fazer caixa
A inciativa não vale para todos. Os melhores fabricantes sequer atendem o consumidor final, repassando diretamente para representantes. Outro limitador é a sobra de caixa. Mas não é o caso de desanimar. Quem não tem a expectativa de ter um aporte de recursos, e nem teria demanda para comprar em grande quantidade, como aconteceu no Edifício Canova, também pode ter acesso aos benefícios desta tecnologia. Isto porque a modernização de iluminação é um dos serviços que já se pode contratar no formato pague com a economia alcançada. Foi a própria eficiência do produto que garantiu esta possibilidade. É o que garante o administrador e economista Cristiano Duvivier, dono de uma empresa que, depois de fazer uma avaliação do consumo do condomínio e projetar um comparativo de como ele ficará com a substituição das lâmpadas tradicionais, propõe o serviço, que inclui equipamentos, mão de obra para a instalação e para manutenção, tudo pago exclusivamente com a economia alcançada. “A tecnologia é tão eficiente e durável que o negócio é vantajoso. Não há possibilidade de fazermos esta troca e não alcançarmos uma redução de, pelo menos, 50%. Isto quando já se fez alguma intervenção para economizar, pois a média costuma ser mais alta. Já tivemos casos de uma redução da ordem de 90%”, afirma Cristiano.
Para demonstrar o que diz, ele cita dois casos concretos: “Em dois condomínios, um de grande porte e outro pequeno, um pagava R$ 1.900 e passou a pagar R$ 800 e o outro pagava R$ 400 e passou a pagar R$ 180. Então a solução traz bons resultados a todos os edifícios, independente de seu perfil”, diz. Quanto à durabilidade, ele diz que enquanto as lâmpadas comuns duram entre mil e duas mil horas, as de Led duram entre 20 mil a 50 mil horas, se revelando um produto que garante benefícios por longo tempo. “Isto nos permite bancarmos todos os equipamentos e serviços. Já com a economia, o condomínio fica com 30% dela, por 24 meses em média, dependendo do projeto, passando a ter 100% dela depois do projeto pago”, detalha.
Para os prédios com instalações elétricas em boas condições, mas com demanda maior por energia, o projeto é uma solução ainda mais vantajosa, pois com a redução do consumo, o problema fica resolvido. “Não há que se falar em necessidade de aumento de carga, visto que a redução do consumo é tão drástica que esta deixa de existir”, assegura.
Cristiano também chama a atenção para uma alternativa muito utilizada, de ir trocando as lâmpadas pelas de tecnologia Led à medida que as primeiras queimam. “Isto não traz economia significativa. O tempo que levará para ter todas elas substituídas é um tempo em que se está perdendo dinheiro”, afirma, acrescentando que não precisar mexer no bolso para fazer a troca total de uma vez resolve a questão. “O ganho é real e imediato, sem contar com outros benefícios, pois, diferente das ações pela economia de água, em que as soluções não são visíveis, as lâmpadas Leds são decorativas, embelezam e modernizam o ambiente”, completa.
Outros benefícios das Leds envolvem a questão ambiental. Elas também não emitem calor e não trazem problemas para o seu descarte, porque não têm metais pesados em sua composição.
Economia e segurança com reforma das instalações
A opção será mais vantajosa ainda para quem realiza com regularidade a manutenção em suas instalações. Estudos comprovam que em média de 1,5% a 2,5% do consumo da conta de luz devem-se a instalações elétricas mal feitas, com emendas e falta de isolamento adequado, fatores que também representam grande risco de acidentes por choques elétricos, que podem ser fatais, e de incêndio.
No condomínio Lord Byron, na Lagoa, uma conta alta de luz levou à contratação de um especialista em projetos de instalações elétricas para avaliar a situação. Experiente, o técnico Luiz Machado conta que encontrou o prédio necessitando de revisão geral. “Foi preciso trocar todos os disjuntores, que ainda eram de chave faca fusível, os barramentos de fase, colocar haste de aterramento, que não tinha, trocar todas as luminárias por Led, adotar sensores de presença nas escadas e hall de serviço e luz de emergência. Além dos serviços técnicos, Luiz ainda preparou os funcionários para os cuidados básicos de manutenção, como a orientação de fazer a descarga das baterias das luzes de emergência, que sem isso podem selar. Um trabalho que deve ser mensal de desligar o disjuntor – que devem ser exclusivo para a luz de energia –, deixar o sistema aceso até descarregar totalmente e depois ligá-lo. “Assim elas duram muito mais”, explica, reforçando a importância de se criar um circuito só para essas tomadas, na área de serviço, preparando ao menos um funcionário para fazer isto.
“Com a revisão das instalações tivemos uma economia significativa e ainda corrigimos problemas que expunham o edifico a sérios riscos”, conta Keila Ferreira, atual gestora do Lord Byron.
Quem também alerta para os perigos de instalações sem manutenção é Fernando Pinto, Diretor da Divisão Rio da Abracopel – Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade. “Eletricidade pode matar, mas como suas instalações na maioria dos casos não ficam visíveis, ainda há prédios com tubulações de meia polegada, de ferro. Há casos em que é necessária a troca de toda a instalação de cima abaixo do edifício e também nas unidades”, explica, ressaltando que de nada adianta termos trocado as tomadas antigas pelas de três pinos, por exemplo, se a instalação do edifício não tem aterramento. “E é alarmante, mas muitos não têm mesmo”, afirma.
Outro alerta feito pelo especialista é para o cuidado com a mão de obra para a execução do serviço. “É prática comum em condomínios contratar o que chamamos de “pedrericista”, ou “mexânico”, e é isto o que mais preocupa e motiva o trabalho da Abracopel, que faz junt com a Procobre e o Programa “Casa Segura” uma seleção dos profissionais para ajudar a quem precisa encontrar um bom profissional”, adianta.
Fernando também chama a atenção para o cuidado na compra de equipamentos. “Neste caso o barato pode sair caríssimo”, assegura, destacando que há quem diga que não faz diferença comprar em qualquer lugar porque na loja pagará pela marca. “Mas atrás daquela marca há anos de estudo e pesquisas que fazem a diferença. Falando do mínimo, basta experimentar uma fita isolante de qualidade para sentir a diferença. Ou o caso das lâmpadas eletrônicas chinesas, quando chegaram ao mercado, oferecendo seis meses de garantia, enquanto as de marca eram cinco anos. “Há que se pesar se vale a pena correr o risco, se nem o fabricante aceita fazê-lo”, completa.
A Abracopel, mantém parceria com o Programa Casa Segura e com a Procobre – Instituto Brasileiro do Cobre, para conscientizar a população e reduzir o número de acidentes com instalações elétricas no país. A Procobre é a responsável pelo Raio-X das instalações elétricas residenciais brasileiras, uma pesquisa anual, cuja edição mais recente diz que o Brasil teve 236 mortes por descarga elétrica entre janeiro de 2016 e março de 2017, e que quase metade as casas brasileiras (45%) não possui projeto elétrico. “Consideramos que uma das ferramentas mais importantes para mudar essa situação é a informação, a conscientização da população para o problema. E é com isso que trabalhamos”, conclui Fernando. A pesquisa e um conjunto enorme de informações sobre o tema podem ser obtidas nos sites de cada entidade: https://abracopel.org/ https://procobre.org/pt/, https://programacasasegura.org/.
Você também pode recuperar tarifas cobradas a maior pela Light
O advogado Daniel Klein, que tem realizado para muitos condomínios o processo administrativo para recuperar tarifas de energia elétrica cobradas a maior, explica que é por haver uma incongruência em grande parte das contas de energia, no que diz respeito à tipologia utilizada para as cobranças de consumo, o sucesso da iniciativa é fácil e rápido de ser conseguido. “Estamos obtendo, com grande sucesso, a recuperação de créditos perante a Light em razão da determinação da ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica que determinou o acerto dessa cobrança, concedendo um prazo de 03 (três) meses para a adequação das concessionárias às novas regras”, explica.
Ultrapassado esse prazo, algumas concessionárias, como é o caso da Light, não cumpriram essa determinação o que dá ensejo o pedido de devolução dessas diferenças, com ganhos significativos para os condomínios que conseguem não só reduzir suas despesas de energia, como também receber a devolução do que foi pago a maior, acrescida de juros e correção monetária. O processo para obtenção do referido ressarcimento é realizado administrativamente, e em média é encerrado no prazo de até um mês.
Daniel explica ainda que, com a análise prévia das contas dos anos de 2011 a 2013, ele pode informar ao condomínio de forma antecipada se é detentor, ou não, do direito ao recebimento.