Célia Regina Gomes é síndica do Condomínio Botafogo Easy Way, em Botafogo por quatro gestões. Ao longo deste tempo vem fazendo muitas melhorias na área social, de segurança e de manutenção, mas o seu grande foco é a administração de pessoal na qual realizou uma verdadeira revolução. O resultado é um novo comportamento, mais profissional, com efetivo aumento da qualidade de atendimento ao edifício. “Levou tempo, deu muito trabalho, mas hoje colhemos os frutos que plantamos”, comemora. Para a síndica, o funcionamento dos edifícios não pode mais ser o residencial, mas o empresarial. “Não cabe mais paternalismo de qualquer espécie. Toda a abordagem precisa ser profissional”, afirma. E é desta forma que imprime excelência ao condomínio.
Quando diz que o trabalho foi grande não está brincando. A reestruturação do quadro envolveu a redução do número de funcionários e a troca de vários outros, a instalação de ponto biométrico e de sistema informatizado de controle de acesso, com a criação de clausura, um recuo fechado que permite maior segurança na identificação antes da liberação do acesso de pessoas, e portão estepe na garagem que funciona da mesma forma, e de troca de informação entre síndica, conselheiros e colaboradores, por whatsapp, via wi-fi. Tudo feito para modernizar e dar pleno funcionamento ao edifício, com qualidade, agilidade e praticidade. “O maior desafio é sempre aquele que envolve pessoas”, diz, contando que, depois de formar a equipe, um grupo de 12 colaboradores, foi preciso ainda unir todos em torno de um mesmo ideal. Um processo de mudança de mentalidade, com o objetivo de profissionalizar o atendimento ao condomínio.
E, conforme ia vencendo as resistências, ia também ampliando e melhorando benefícios, dando a contrapartida que considera necessária. “É a sinergia com o foco da administração, que deve ser o fio condutor. Eles são a alma do prédio, o nosso cartão de visitas, e é fundamental que tenham este entendimento”, diz. Neste sentido, também mudou a administradora. “Sou empresária e foi esta experiência que quis trazer para cá. Condomínio não visa lucro, mas é preciso considerá-lo, substituindo-o por bem estar, e todos os envolvidos devem estar em sintonia com este objetivo”, defende.
Em paralelo, a este primeiro grande desafio, empreendeu o que considera outro de igual tamanho. Foi, aos poucos, montando um catálogo de bons prestadores de serviços para o atendimento das necessidades do Botafogo Easy Way. “Não foi fácil. Mas necessário. Dependemos das pessoas, e de pessoas que sejam profissionais capazes de fazer as coisas acontecerem. Mas depois que você consegue isto, tudo flui”, completa Célia.
Pessoas e qualidade de serviços em primeiro lugar
A preocupação da síndica com contatos de bons prestadores de serviço deve-se a seu foco na manutenção preventiva. O laudo de autovistoria foi um norte e ela vem liquidando aos poucos os pontos apontados. “Tudo sempre sem cotas extras, que é uma política que temos, um projeto de gestão”, afirma. Além das pequenas ações sinalizadas pelo laudo, o condomínio atualmente tem apenas a reforma de fachada como obra a empreender. “Esta, lamentavelmente, não dá para ser sem cota extra”, diz. Ela segue com rigor a periodicidade determinada para manutenção específica dos itens que compõem o edifício. E, além deste cuidado, investe também na área social.
A síndica investiu, criou uma brinquedoteca, refez o home teather e melhorou a sala de ginástica, modernizando os equipamentos. Também adotou piso tipo estado de borracha drenante em todos os ambientes de piscina e sauna. A segurança foi melhorada com um sistema de acesso digital e a entrada e saída de veículos controlada por TAG. “Também mexemos na estrutura física, pois não tínhamos espaço para fazer a divisão no acesso de visitantes e prestadores de serviço, o que fragilizava a segurança”, detalha. Com a criação de uma servidão na lateral, ela aproveitou para cadastrar todo mundo, até familiares e empregadas dos moradores, e adotou um identificador de digital. Isto permite que, ao chegar ao edifício, morador, visitante ou empregado doméstico cadastrado pode apenas colocar o dedo no identificador para abrir o portão da entrada social.
A iniciativa, aprovada em assembleia, teve um primeiro momento que foi o de fazer um caixa específico para isso. “Mas valeu a pena. Hoje temos mais segurança e também praticidade, com um acesso mais rápido e com controle efetivo”, afirma.
O sistema por TAG ajuda até no controle de quantidade de veículos por vagas. E, com ele, foi possível ficar sem dois porteiros noturnos. “Para completar, ainda criamos um portão estepe que só funciona se o outro quebrar”, detalha a síndica, explicando que, no final, o investimento acabou sendo pago somente com a redução da folha de pessoal.
A modernidade é algo de que Célia não abre mão e foi por isso que adotou o uso de smartphones e wi-fi para a gerência e a supervisão, a fim de permitir comunicação instantânea e de baixo custo, com a troca de imagens e mensagens entre eles e diretamente com a síndica e conselheiros, o que facilita a tomada de decisão. As ferramentas não são utilizadas com os condôminos, pois considera que o e-mail é uma garantia do registro das trocas que, dependendo da relevância, são arquivadas na pasta do morador.
A transparência e a franqueza nas relações é outro aspecto valorizado pela síndica no trato com os condôminos e com os empregados. “Aqui não tem desvio de função. Todos compreendem que não trabalham para o morador, mas para uma empresa, que é o condomínio. Não há lavagem de carro, por exemplo, ou qualquer outra atividade que misture as coisas”, diz. Isto, junto à abertura ao diálogo permanente, tem feito diferença e o resultado é dos mais positivos. “Convidamos a uma relação de parceria. No caso dos empregados, especialmente, tanto com o síndico quanto com os integrantes do conselho”, afirma, dizendo que a maior satisfação agora é ver a equipe dirigir-se a ela de igual para igual, sem medo e com uma postura autoconfiante. “Eles me dão um feedback do que acontece no prédio e é uma fala segura, de quem tem ciência de seu papel, sem uma conotação negativa sobre isto. Não são submissos. São subordinados, mas profissionais em serviço, respondendo por suas funções. Sem sentimentos de inferioridade. Este é o resultado de se investir em relações menos paternalistas. Aqui, todos somos profissionais em serviço e ponto”, afirma.
Para Célia, é motivo de satisfação vê-los cruzar com moradores, ou qualquer outra pessoa e dar um bom dia com um sorriso no rosto. “Isto demonstra que o caminho que tomamos está certo. Parte deste bom astral está no fato de terem entendido que são a base de todas as ações, inclusive as de economia. Ao verem que os recursos resultantes da qualidade de seu trabalho está sendo convertido em benfeitorias, ficam também satisfeitos, como eu. São pequenas melhorias, mas constantes. E compreenderem a relação do trabalho deles com isto é uma vitória”, comemora, acrescentando que aprovou em assembleia que toda e qualquer decisão sobre empregados só pode ser tomada em reunião com o conselho, reduzindo ainda mais a possibilidade de personalismos nas relações. “Qualquer coisa, mudança de horário, demissão, concessão de benefício ou abono. Nada nunca fica a cargo de um só”.
Ela defende que ser síndica não é mais só uma questão de ter tempo livre, que os edifícios se modernizaram e as gestões devem acompanhar. E sua administração vem dando exemplos disso. “Não há mais espaço para amadores. O perfil do morador também mudou. Hoje existem dois tipos principais, o jovem que anseia por serviços e praticidade e os que não têm vivencia de condomínio. São anseios e necessidades muito diferentes. Compatibilizar isto torna a administração algo delicado. Não é apenas a complexidade, mas a delicadeza para lidar com as situações humanas, a grande dificuldade que está posta para o síndico. Hoje posso dizer que grande parte do trabalho está feito e podemos colher os frutos, mas a mais sensível é cotidiana e segue diariamente nos impondo desafios. Mas gosto disso”, conclui.