A água é responsável por 20% das despesas mensais totais em um condomínio. Usualmente, a cobrança é feita de duas formas: fração ideal ou divisão igualitária. Na primeira, o valor muda de acordo com o tamanho da unidade. Na segunda, o custo é dividido igualmente por todos os moradores, independente do tamanho da metragem do imóvel ou da quantidade de habitantes. Existe ainda uma terceira maneira: a proveniente dos hidrômetros individuais.
Através desta, o valor cobrado de cada unidade varia de acordo com o consumo e não mais por meio de divisões igualitárias ou fracionadas. “Para a instalação individual, os condomínios podem consultar empresas especializadas para verificar a viabilidade técnica em função da arquitetura do edifício”, orienta Francisco Branco, diretor da Lowndes Condomínios e Locações. A individualização já é realidade em muitos clientes da administradora. Em tempo, a Lei Federal 13.312 garante que novas construções, a partir deste ano, já saiam do papel com o hidrômetro individual.
Além de deixar a conta mais justa, a individualização traz benefícios que vão além do bolso. Fica mais fácil detectar vazamentos e incentivar o uso consciente, já que se paga o que se usa. Dados do Instituto Trata Brasil colocam os fluminenses no topo de um ranking nada amigável quando falamos do consumo da água. Os moradores do Estado do Rio são os líderes em consumo médio de água por habitante, consumindo 207 litros, quando o consumo médio no país é de 153,9 litros. De acordo com a ONU, uma pessoa precisa, por dia, de 110 litros.
Os vilões do consumo de água são muitos, alguns conhecidos e outros invisíveis a olho nu. Vazamentos negligenciados, hábitos como não desligar o chuveiro enquanto ensaboa-se ou lavar calçadas com água potável são os erros mais comuns. De acordo com a CEDAE, um filete de 1mm de água escapando em um dia equivale a 280 litros, suficientes para uma família com cinco pessoas. Já um filete com 1,5mm somam 2.800 litros, suficientes para o atendimento de lavanderia e cozinha de seis pacientes internados em um hospital. Um inimigo que poucos se atentam é difícil de enxergar, mas fácil de sentir no orçamento: ar no hidrômetro. Quando entra na tubulação, o ar chega ao medidor fazendo o ponteiro girar para a frente, registrando um falso consumo. A instalação de um aparelho eliminador é a solução. No município do Rio, a permissão para colocar este aparelho é amparada pela Lei 6.634/19.
Síndicos e gestores condominiais precisam adotar uma rotina de verificação que leve os prédios a diminuir o desperdício e otimizar as contas. “Verificar os sistemas de alimentação do prédio, o funcionamento das bombas, os escoamentos e o nível da boia da caixa têm que ser parte da rotina semanal de manutenção predial. Tudo isso tem que vir acompanhado de campanhas de uso consciente não só com os moradores, mas também com os funcionários”, avalia Francisco. Alternativas como o reuso da água da chuva para lavagem das áreas externas ou a troca de todas as válvulas de descargas das áreas comuns e dos apartamentos devem entrar nas pautas de discussão nas assembleias.